Qual a intenção dos portugueses descrita na Carta de Pero Vaz de Caminha?

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A carta que Pero Vaz de Caminha escreveu para D. Manuel, o rei de Portugal na época do descobrimento do Brasil, relata com detalhes a chegada dos portugueses no Brasil, como foram os primeiros contatos destes com os indígenas e, a partir desta carta, podemos perceber as intenções portuguesas quanto à nova terra e o que seria dela depois de então.

A partida da frota portuguesa de Belém, Portugal, ocorreu no dia 9 de março, a chegada às ilhas canárias no dia 14 do mesmo mês e no dia 22 chegaram à ilha de São Nicolau. No dia 21 de abril toparam com os primeiros sinais de terra, o que eles chamam de botelho, espécie de ervas compridas. No dia seguinte houve o avistamento de terra, que foi chamada de Terra De Vera Cruz, a qual tinha um monte alto que recebeu o nome de Monte Pascoal.

Avistaram os primeiros habitantes da terra, os quais eram, de acordo com a descrição de Caminha, pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e narizes, nus, traziam arcos e setas, o beiço de baixo furado com um osso metido nele, cabelos corredios e corpos pintados. Com eles tentaram estabelecer um primeiro contato, o que foi uma surpresa, pois um deles começou a apontar para o colar de ouro do capitão da frota e, em seguida, para a terra, como se quisesse dizer que naquela terra havia ouro. A mesma coisa ocorreu com o castiçal de prata e o papagaio. Ao verem coisas que não conheciam, faziam sinais, dando-se a entender que queriam propor uma troca.

Qual a intenção dos portugueses descrita na Carta de Pero Vaz de Caminha?

Conclui-se então que desta forma começou a troca de ouro, prata e madeira por quinquilharias vindas da Europa. Os portugueses traziam os indígenas para as embarcações a fim de estabelecer um melhor contato com os indígenas. No início, eles mostraram-se muito esquivos, mas com o passar dos dias passaram a conviver mais com os portugueses e, até mesmo, ajudá-los no que precisavam e levá-los às suas aldeias.

Os portugueses realizaram uma missa, construíram uma enorme cruz. Tudo para mostrar aos nativos a acatamento que tinham pela cruz, ou melhor, pela religião. Desde já, possuíam a vontade de convertê-los à igreja, tendo em vista, sua inocência, já que faziam tudo o que os portugueses faziam ou mandavam… A intenção de dominá-los é facilmente observada na seguinte passagem : “Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente.”

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Graduada em História (UFF, 2017)
Mestre em Sociologia e Antropologia (UFRJ, 2012)
Graduada em Ciências Sociais (UERJ, 2009)

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A descoberta da terra que viria a ser chamada de Brasil no ano de 1500 foi anunciada a D. Manuel I, monarca português, através da famosa carta escrita por Pero Vaz de Caminha (1450-1500). Este documento se constituiu em valiosa fonte para o estudo do chamado “descobrimento do Brasil” principalmente pelo fato de ter sido escrita em forma de diário de viagem, narrando os acontecimentos daquela ocasião e também as primeiras impressões sobre a terra recém-descoberta.

Caminha trabalhou como cavaleiro das casas de D. Afonso V, D.João II e D. Manuel I, acompanhando de perto o auge da expansão ultramarina portuguesa. Desenvolveu seus conhecimentos em escrita e um ano após a sua participação na Batalha do Toro (1475), tornou-se funcionário do erário régio, ao alcançar o posto de mestre da Balança da Moeda, um cargo semelhante ao ocupado anteriormente por seu pai. No ano de 1497, foi escolhido para redigir os capítulos da Câmara Municipal do Porto que deveriam ser apresentados às cortes lisboetas. Após o período de 3 anos ocupando essa função, recebeu a nomeação de escrivão da futura feitoria a ser construída em Calicute, na India. Por este motivo, Pero Vaz Caminha estava entre os tripulantes da esquadra de Pedro Álvares de Cabral.

O escrito foi levado para Lisboa por intermédio de Gaspar de Lemos, o comandante da nau de mantimentos da esquadra, permanecendo nos arquivos portugueses por mais de três séculos. O original se mantém conservado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. No ano de 1817, o historiador Manuel Aires de Casal fez a publicação do relato na obra inaugural da edição de livros no Brasil: Corografia Brasílica. A carta era um dos três testemunhos diretos do descobrimento do Brasil, juntamente com a “Relação do Piloto Anônimo” e da “Carta do Mestre João”.

Em sua carta ao rei, datada de 1° de maio de 1500, Caminha tece considerações sobre a terra encontrada e seus habitantes. O escrivão da frota de Cabral faz elogios a natureza Brasílica, diz ele: “em tal maneira é tão graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-ia nela tudo”. Esta célebre frase, aponta para as potencialidades da nova terra, formando imagem da exuberância da natureza enaltecida em outros trechos.

Este documento tem sido, desde a sua primeira publicação, objeto de diversos estudos. Inicialmente o que chamava a atenção dos estudiosos, era a chamada “questão da intencionalidade”, isto é, a intenção ou não da descoberta das terras em 1500. Isto porque embora a carta faça alusão à tempestade no Oceano Atlântico, que seria o responsável pelo desvio da rota, não revelaria nenhuma surpresa quanto à descoberta da nova terra. Na historiografia brasileira houve o embate entre os defensores da intencionalidade da descoberta como Varnhagen e os defensores do acaso como Capistrano de Abreu. O que muitos estudiosos afirmam é que, tirando o tom sereno, não há nenhuma sustentação sobre a intencionalidade portuguesa de realizar o desembarque no que seria o Brasil.

No trecho final da famosa carta, Caminha pede ao rei o fim do exílio na África de seu genro que havia sido condenado por ter cometido um assalto. Pero Vaz não chegou a exercer a sua função de feitor em Calicute, pois morreu ainda no ano de 1500 em combate, quando a frota de Pedro Álvares de Cabral encontrou resistência e hostilidade por parte da população local.

Bibliografia:

Dicionário Biográfico Ilustrado de Personalidades da História do Brasil – George Ermakoff , Casa Editorial, Rio de Janeiro 2012

Vainfas, Ronaldo (organizador) . Dicionário do Brasil colonial (1500-1808) / Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/carta-de-pero-vaz-de-caminha/

Qual era a intenção da carta de Pero Vaz de Caminha?

O motivo da carta A missão dada pelo rei Manoel a Caminha era simples e ao mesmo tempo importantíssima: relatar o que havia nas novas terras descobertas – principalmente se havia metais preciosos. É importante ressaltar que D. Manoel já sabia, desde ao menos dois anos antes, que o “Brasil” já existia.

Quais os interesses portugueses descrito na carta de Pero Vaz Caminha?

A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza o seguinte objetivo: A Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos.