Qual a principal divergência que surgiu entre os membros do partido Operário?

Os movimentos de esquerda, mesmo tendo como principal foco a transformação social, não foram sinônimo de plena harmonia. Durante a ascensão dos movimentos contrários ao governo liberal e a economia capitalista, podemos observar bem essa diferença na cisão ideológica acontecida entre socialistas e anarquistas. Para ambas as facções a condução da experiência revolucionária deveria passar por diferentes etapas.

Os socialistas acreditavam que a instalação do comunismo deveria acontecer por meio da formulação de um novo Estado controlado por trabalhadores. Seria por meio da chamada Ditadura do Proletariado que as etapas do desenvolvimento social e econômico culminariam na eliminação desse governo e a adoção de um regime comunista. Contrário a esse “novo Estado necessário” os anarquistas promoviam uma diferente compreensão.

Na visão anarquista todo e qualquer governo tinha como fim último legitimar uma nova classe no poder e cercear as liberdades individuais. Por isso, a Ditadura do Proletariado era vista pelo ideal anarquista enquanto uma mera reprodução dos Estados Liberal-Burguês ou Absolutista. Dessa maneira, conforme salientou Rosa Luxemburgo a Vladimir Lênin, uma ditadura do proletariado poderia muito bem se transformar em uma ditadura sobre o proletariado. Em resposta, muitos socialistas passariam a considerar o anarquismo como uma corrente contra-revolucionária.

No entanto, os anarquistas levantavam a clara hipótese de que toda revolução em nome de “algo” ou “alguém” abre portas para um processo de exclusão. Na ótica anarquista, não se poderia colocar em condição suprema um determinado grupo mais capacitado à direção revolucionária. O estado de revolução deveria ser permanente, constante. Ao contrário de uma constituição oferecendo os direitos e os deveres, a população deveria se lançar à construção de associações libertárias onde o contrato social fosse permanentemente rediscutido.

Dessa maneira, o pensamento anarquista possuía uma clara diferença à tônica socialista. Para os últimos, a revolução se dava com a tomada do Estado. Já os anarquistas queriam o fim do mesmo e, por isso, alertavam que um Estado socialista seria o início de um governo que não conseguiria abolir o autoritarismo de uma ditadura renomeada. A maior constatação empírica dessa crítica viria a acontecer com a experiência da Revolução Russa.

Muitos anarquistas desconhecidos deram apoio à transformação consolidada ao longo do ano de 1917. No entanto, a sua fidelidade ideológica aos textos de Bakunin, Kropotkin e Proudhon os transformou em inimigos da revolução bolchevique. Por fim, muitos foram mortos, exilados ou condenados aos campos de concentração. Essa seria uma prova da crítica anarquista ou uma contingência histórica? A possível resposta dessa pergunta seria um chamamento a novas discussões.

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Por Rainer Sousa
Graduado em História

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Eram denominados "mencheviques", ou minoria, (em russo: menscinstvó) os membros de um partido político russo, do início do século XX, de tendências revolucionárias moderadas e que se contrapunha aos bolcheviques (maioria).

Os mencheviques originaram-se da cisão ocorrida no Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), fundado em 1898. No segundo congresso do partido realizado em Londres, em 1903 (tratava-se, pois, de um partido clandestino na Rússia), ocorreu uma importante disputa ideológica entre dois dos importantes líderes do partido, Vladimir Lênin e Julius Martov. O grupo simpatizante das ideias de Lênin, os bolcheviques (que mais tarde dariam origem ao Partido Comunista da União Soviética - PCUS) se opuseram aos objetivos pregados pelo grupo capitaneado por Martov, que defendia que os trabalhadores podiam conquistar o poder participando legalmente das atividades políticas. Acreditavam, ainda, que era preciso esperar o pleno desenvolvimento capitalista da Rússia e o desabrochar das suas contradições, para se dar início efetivo à ação revolucionária. Os simpatizantes de tal visão constituíam a minoria do antigo POSDR, e por isso passaram a ser conhecidos como mencheviques.

Assim, no entendimento deste grupo minoritário, a revolução deveria ser moderada, permitindo o surgimento da democracia e o pleno desenvolvimento do capitalismo para depois finalmente ocorrer a instalação do socialismo. Os mencheviques, enfim, não acreditavam na possibilidade de luta política revolucionária devido ao atraso econômico da Rússia. Vistos como reacionários por muitos dos bolcheviques, tal orientação encontrava respaldo no pensamento de Marx, em especial no "Manifesto do Partido Comunista", onde o capitalismo não é visto como modelo antagonista do socialismo, mas uma etapa a ser completada rumo ao socialismo, sendo que a Rússia czarista encontrava-se em um estágio de desenvolvimento considerado medieval.

Tal divergência em relação aos bolcheviques, apesar de crucial para manter os dois grupos afastados, não significava que ambos não partilhassem o mesmo objetivo de implantação de um modelo socialista de governo, ambos apenas divergiam sobre quando e como isto deveria ocorrer. Tentativas posteriores de unificação acabaram em fracasso, e os dois grupos seguiram clandestinamente lutando pela queda do regime czarista.

Vencidos na disputa partidária os mencheviques porém tiveram por muito tempo mais apoio popular do que os bolcheviques. Quando ocorreu a queda do regime czarista em 1917, o Governo Provisório Russo designado para substituí-lo era majoritariamente menchevique, e mesmo após sua deposição, os bolcheviques tiveram que recorrer a uma luta política intensa contra seus simpatizantes, tanto na guerra civil quanto por cerca de um ano depois. Com o total controle do país pelos bolcheviques, os mencheviques tornaram-se proscritos, e suas ideias ilegais. Forçados a abandonar a agora União Soviética, passaram a ser inimigos do sistema vigente.

Bibliografia:
A divisão do Partido: Mencheviques e Bolcheviques. Disponível em <http://liceurr3d.blogspot.com/2009/09/divisao-do-partido-mencheviques-e.html>. Acesso em: 04 mar. 2012.

(?) Thalyta, Milena, Hellen e Grazielle. Mencheviques, Bolcheviques, Duma e Sovietes. Disponível em <http://ahistoriaapartirde1905.blogspot.com/2010/04/mencheviques-bolcheviques-duma-e.html>. Acesso em: 04 mar. 2012.

CANCIAN, Renato. Bolcheviques, mencheviques, Lênin e a Rússia pré-revolução. Disponível em <http://educacao.uol.com.br/historia/bolchevismo.jhtm>. Acesso em: 04 mar. 2012.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/uniao-sovietica/mencheviques/

Qual a principal divergência que surgiu entre os membros do Partido Operário Social

b) A principal divergência dizia respeito à forma de governo a ser adotada posteriormente à queda do czarismo.

Quais as principais divergências entre os bolcheviques e mencheviques?

Os mencheviques não desejavam uma revolução violenta, mas queriam que a transição fosse política e pacífica. Os bolcheviques já desejavam a revolução comunista a qualquer custo. Em russo, “bolchevique” quer dizer maioria; e “menchevique”, minoria.

Qual foi o erro dos mencheviques?

Durante os dias do Governo Provisório de Kerensky, os mencheviques cometeram o erro de associar-se com Kerensky – como eles consideraram que os bolcheviques eram mais de um inimigo para a Rússia do que o líder do Governo Provisório.

O que defendiam os membros do partido Operário?

Pregavam a formação de uma ditadura do proletariado, na qual também estivesse representada a classe camponesa. Como esse grupo obteve mais adeptos, ficou conhecido como bolchevique, que significa maioria. Trótski, inicialmente menchevique, aderiu aos bolcheviques mais tarde.