Qual foi a estratégia utilizada por Mahatma Gandhi na luta contra o colonialismo britânico?

Graduada em História (UFF, 2017)
Mestre em Sociologia e Antropologia (UFRJ, 2012)
Graduada em Ciências Sociais (UERJ, 2009)

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O conceito de não-violência está ligado às estratégias de desobediência civil como forma de luta contra leis consideradas ofensivas e humilhantes. O princípio básico é o reforço da noção de cidadania através do direito dos cidadãos de rejeitar leis injustas sem que seja adotada a utilização de violência.

Essa forma de resistência pacífica aparece no texto de Henry Thoreau (EUA) com título final de “Desobediência Civil”, onde afirma a ideia de que para se fazer oposição a um governo com o qual não concordava a população poderia utilizar a estratégia de desobedecer às leis ao invés de fazer uso da violência física. Uma forma de não apoiar ao governo seria, por exemplo, o não pagamento de impostos.

A estratégia de não-violência como método de luta ficou conhecida principalmente a partir da resistência pacífica utilizada por Mahatma Gandhi na luta pela independência indiana. A Índia era desde o início do século XVIII uma das colônias mais importantes do império britânico, principalmente por causa do grande fluxo comercial favorecido pelo vasto mercado consumidor do país.

No final do século XIX inicia-se o movimento para tornar a Índia livre do domínio inglês. Há, porém, problemas internos importantes que dificultavam esse processo de independência. Um deles é a questão da divisão religiosa entre os adeptos do hinduísmo (e seu sistema rígido de castas estratificadas) e os muçulmanos (que não toleravam a prática politeísta hindu).

Nesse contexto ganha notoriedade Mohandas Karamchand Gandhi, um indiano que estudou direito na Inglaterra tendo tido influência de vários pensadores, inclusive Thoreau e sua recusa aos meios violentos como forma de luta. Liderando a população contra o sistema de domínio inglês, Gandhi estimulava a não cooperação com os colonizadores a partir da organização de greves, recusa ao pagamento de impostos e também o boicote aos produtos ingleses (preferindo, por exemplo a compra de tecidos das tecelagens locais no lugar dos tecidos das fábricas inglesas). Dessa forma não se respondia à violência das leis injustas do Estado com violência e sim não as acatando.

A estratégia da luta sem violência também foi adotada por Martin Luther King (1929-1968) ao não obedecer a legislação segregacionista americana, não acatando as leis racistas vigentes. O objetivo dessa reação pacífica não era, portanto, o rompimento com a ordem jurídica e institucional estabelecida, mas sim uma luta contra leis consideradas injustas e prejudiciais àquela parcela da sociedade.

O fato de não utilizar violência como forma de luta não significa que esses movimentos não sofreram repressão das autoridades. Pelo contrário, seus líderes foram perseguidos, presos e reprimidos. Uma das maiores mobilizações pacíficas ficou conhecida como “Marcha do Sal”, que foi uma caminhada de aproximadamente 500 Km liderada por Gandhi em direção ao mar com o objetivo de produzir o próprio sal para contestar o monopólio inglês sobre o produto. A reação britânica foi a prisão de Gandhi e de pessoas que apoiaram a marcha. É importante destacar que que não resistir a repressão também faz parte das estratégias de desobediência, pois é uma espécie de desmoralização do governo e de seu sistema repressivo.

Os métodos pacifistas continuam orientando a prática de diversas organizações, muitas delas em defesa da ecologia. Para que as exigências de seus direitos sejam cumpridas, é muito importante que opinião pública esteja convencida de que a luta é justa e manifeste apoio.

Bibliografia:

Historia: volume único / Ronaldo Vainfas... [et al.]. – São Paulo: Saraiva, 2010

Tempos moderno, tempos de sociologia: ensino médio: volume único/ Helena Bomeny...[et al.]. – 4.ed. – São Paulo: Editora do Brasil, 2016; Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2016. (Série Brasil: ensino médio)

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/sociologia/nao-violencia/

Lista de 10 exercícios de História com gabarito sobre o tema Independência da Índia com questões de Vestibulares.


01. (UDESC) As principais religiões praticadas na Ásia Meridional e no Sudeste são o hinduísmo (dominante na Índia), o islamismo (Paquistão, Bangladesh e Indonésia), o budismo (Indochina e península Malaia) e o catolicismo (Filipinas). O hinduísmo é o grande fator de unidade nacional na Índia, país onde se falam cerca de 17 línguas e 1600 dialetos.

Analise as proposições sobre a Índia.

I – O domínio britânico na Índia trouxe sérias implicações econômicas: desarticulou a indústria artesanal, proibiu o surgimento de fábricas e forçou os indianos a abrirem grandes espaços para as culturas industriais como o algodão, o chá e a juta, agravando o problema de escassez de alimentos.

II – As reações mais fortes à presença britânica, na região, datam do fim do século XIX e cresceram após o fim da Primeira Guerra Mundial, sob a liderança de Mohandas Karamchand Gandhi chamado de Mahatma, que quer dizer “Grande Alma”.

III – A campanha de independência da Índia comandada por Gandhi contra o governo britânico era pacífica; como armas eram utilizadas as greves e o boicote aos produtos britânicos.

IV – A Índia conquistou sua independência após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1947.

V – Após a independência da Índia veio à tona o conflito entre hindus e muçulmanos – que já existia e que Gandhi inutilmente tentara resolver. Este conflito resultou na divisão do território indiano em dois países: a Índia (de maioria hindu) e o Paquistão (de maioria muçulmana).

Assinale a alternativa correta.

  1. Somente as afirmativas III, IV e V são verdadeiras.
  2. Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
  3. Somente as afirmativas I e V são verdadeiras.
  4. Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
  5. Todas as afirmativas são verdadeiras.

02. (Enem 2012)

Qual foi a estratégia utilizada por Mahatma Gandhi na luta contra o colonialismo britânico?

O cartum, publicado em 1932, ironiza as consequências sociais das constantes prisões de Mahatma Gandhi pelas autoridades britânicas, na Índia, demonstrando

  1. a ineficiência do sistema judiciário inglês no território indiano.
  2. o apoio da população hindu à prisão de Gandhi.
  3. o caráter violento das manifestações hindus frente à ação inglesa.
  4. a impossibilidade de deter o movimento liderado por Gandhi.
  5. a indiferença das autoridades britânicas frente ao apelo popular hindu.

03. (FGV) Não é absurdo pensar que o único tipo de transgressão que o governo nunca previu foi a negação deliberada e prática de sua autoridade [...].

Sob um governo que prende qualquer homem injustamente, o único lugar digno para um homem justo é também a prisão.

THOREAU, H. Desobedecendo. A desobediência civil e outros ensaios. Trad., Rio de Janeiro: Rocco, 1984, p. 36 e 38.

Henry Thoreau foi um ativista estadunidense do século XIX que influenciou, com suas ideias, diversos movimentos políticos posteriores. Entre eles, podemos identificar

  1. o nazismo, exemplificado pela prisão de Hitler, quando escreveu o livro Mein Kampf.
  2. a revolução cubana, marcada pela intensa movimentação da sociedade civil.
  3. o peronismo e a sua proposta de organização social e política, baseada nos sindicatos.
  4. o franquismo e sua perspectiva de separação entre Igreja e Estado na Espanha.
  5. a resistência pacífica liderada por Mahatma Gandhi, pela independência da Índia.

04. (UFSM) A primeira coisa, portanto, é dizer-vos a vós mesmos: Não aceitarei mais o papel de escravo. Não obedecerei às ordens como tais, mas desobedecerei quando estiverem em conflito com a minha consciência. O assim chamado patrão poderá sussurrar-vos e tentar forçar-vos a servi-lo. Direis: Não, não vos servirei por vosso dinheiro ou sob ameaça. Isso poderá implicar sofrimentos. Vossa prontidão em sofrer acenderá a tocha da liberdade que não pode jamais ser apagada. (Mahatma Gandhi)

(In: MOTA, Myriam; BRAICK, Patrícia. “História das cavernas ao Terceiro Milênio”. São Paulo: Moderna, 2005. p.615)

“Acenderá a tocha da liberdade que não pode jamais ser apagada” são palavras de Mahatma Gandhi (1869-1948) que, no contexto da Guerra Fria, inspiraram movimentos como

  1. o acirramento da disputa por armamentos nucleares entre os EUA e a URSS, objetivando a utilização do arsenal nuclear como instrumento de dissuasão e amenização das disputas.
  2. a reação dos países colonialistas europeus visando a diminuir o poder da Assembleia Geral da ONU e reforçar o poder do Secretário-Geral e do Conselho de Segurança.
  3. as concessões unilaterais de independência às colônias que concordassem em formar alianças econômicas, políticas e estratégicas com suas antigas metrópoles, como a Comunidade Britânica de Nações e a União Francófona.
  4. o reforço do regime de “apartheid” na África do Sul que, após prender o líder Nelson Mandela e condená-lo à prisão perpétua, procurou expandir a segregação racial para os países vizinhos, como a Rodésia e a Namíbia.
  5. o não alinhamento político, econômico e militar aos EUA ou à URSS, decisão tomada pelos países do Terceiro Mundo reunidos na Conferência de Bandung, na Indonésia.

05. (UNESP) Mohandas Karamchand Gandhi (1869-1948) iria acabar conseguindo mobilizar as aldeias e bazares da Índia, às dezenas de milhões, em grande parte com o mesmo apelo ao nacionalismo da espiritualidade hindu, embora tendo o cuidado de não romper a frente comum com os modernizadores (dos quais num sentido real, ele fazia parte) e de evitar o antagonismo à Índia maometana, sempre implícito na visão militantemente hindu do nacionalismo.

(Eric Hobsbawm, Era dos Extremos.)

Acerca do processo de independência da Índia britânica, é correto afirmar que

  1. as relações entre hindus e maometanos permaneceram harmoniosas no subcontinente.
  2. o fundamentalismo hindu tornou-se hegemônico na Índia, eliminando a liberdade religiosa.
  3. houve uma divisão entre as forças que Gandhi tentou manter unidas na luta de libertação.
  4. os valores tradicionais foram abandonados em nome da ocidentalização e da aproximação dos EUA.
  5. Gandhi tornou-se um herói nacional e assumiu a direção política e religiosa do subcontinente.

06. (UFPEL-RS) “A primeira coisa, portanto, é dizer-vos a vós mesmos: ‘Não aceitarei mais o papel de escravo. Não obedecerei às ordens como tais, mas desobedecerei quando estiverem em conflito com minha consciência’. O assim chamado patrão poderá surrar-vos e tentar forçar-vos a servi-lo. Direis: ‘Não, não vos servirei por vosso dinheiro ou sob ameaça’. Isso poderá implicar sofrimentos. Vossa prontidão em sofrer acenderá a tocha da liberdade, que não pode jamais ser apagada”.

PAZZINATO, Alceu L. e SENISE, Maria Helena V. História Moderna e Contemporânea, São Paulo: Ática, 2002.

O texto caracteriza a política de Desobediência Civil defendida por

  1. Mahatma Gandhi, como estratégia para a independência da Índia.
  2. Nelson Mandela, no processo de descolonização e independência da África do Sul.
  3. Agostinho Neto, na luta pela independência de Angola.
  4. Patrice Lumumba, líder nacionalista do Congo Belga.
  5. Abdel Nasser, na luta pela libertação do Egito.

07. (FUVEST) Gandhi (1869-1948) conseguiu mobilizar milhões de indianos na luta para tornar o país independente da dominação britânica, recorrendo ao:

  1. socialismo, à denúncia do sistema de castas e à guerra revolucionária.
  2. nacionalismo, à modernização social e à ação coletiva não violenta.
  3. tradicionalismo, à defesa das castas e à luta armada.
  4. capitalismo, à cooperação com o imperialismo e à negociação.
  5. fascismo, à aliança com os paquistaneses e ao fundamentalismo religioso.

08. (UFF) Quando comparada à revolução chinesa, a independência indiana adquire uma singularidade que, ainda hoje, desperta a atenção dos estudiosos. Ao contrário de uma revolução comunista, a Índia adquiriu sua independência pela via pacífica.

Identifique o comentário que se refere, corretamente, à política implementada por Gandhi para obter a independência.

  1. A política de desobediência civil, cujo exemplo foi a chamada Marcha do Sal, fundamentava-se no princípio da resistência pela violência.
  2. O sistema hindu, fundado na igualdade social e no sistema de castas, representou um obstáculo à independência indiana.
  3. Parte significativa da burguesia indiana apoiou a política de Gandhi, pois, o seu programa de defesa do produto nacional ajudava a combater a concorrência dos materiais ingleses.
  4. A doutrina da dignidade do trabalho defendida por Gandhi implicava a defesa intransigente de greves de cunho político.
  5. O principal impulso do programa de Gandhi era a proposta de reformulação da aldeia tradicional com a introdução da mecanização no campo.

09. (UNICENTRO) No processo de independência da Índia, destacou-se a figura de Mahatma Gandhi, que defendia a

  1. desobediência civil como forma de luta.
  2. divisão da região em dois países: Índia e Paquistão.
  3. guerra dos indianos contra os ingleses.
  4. separação entre muçulmanos e indus.
  5. ajuda internacional dos Estados Unidos, como país mediador.

10. (UniCESUMAR) "Todos os homens reconhecem o direito de revolução, isto é, o direito de recusar obediência ao governo, e resistir-lhe, quando ele se revele despótico ou sua ineficiência seja grande e intolerável. (...) Leis injustas existem: devemos contentar-nos em obedecer-lhes ou empenhar-nos em corrigi-las; obedecer-lhes até o momento em que tenhamos êxito ou transgredi-las desde logo? (...) Se mil homens se recusassem a pagar seus impostos este ano, isso não seria uma medida violenta e sangrenta, como seria pagá-los e capacitar o Estado a cometer violências e derramar sangue inocente. Esta é, na realidade, a definição de uma revolução pacífica, se tal for possível. Se o cobrador de impostos, ou qualquer outro servidor público, perguntar-me, como um já perguntou, 'Mas que farei eu?', minha resposta será: 'Se quer realmente fazer algo, peça demissão do cargo.' Quando o vassalo recusar sujeição e o servidor público resignar ao cargo, então a revolução estará feita."

Henry David Thoreau. A desobediência civil e outros ensaios. São Paulo: Cultrix, 1987, p. 21, 27 e 31.

O princípio exposto no texto foi formulado originalmente por Henry David Thoreau, em 1849. É possível afirmar que ele inspirou, entre outros,

  1. a reação vietcong ao colonialismo francês na Indochina.
  2. o republicanismo de Simón Bolívar, contra a colonização espanhola da América.
  3. a revolução cultural, liderada por Mao Tsé-Tung na China.
  4. a resistência de Mahatma Ghandi, contra o domínio britânico na Índia.
  5. o indigenismo de Emiliano Zapata, contra a ditadura porfirista no México.

Que estratégia Gandhi usou contra a Inglaterra?

Gandhi pregava a resistência à dominação e a luta contra os britânicos por meio da não-violência e da desobediência civil, métodos que já havia empregado contra o Apartheid, na África do Sul, onde vivera.

Qual foi a principal estratégia utilizada por Mahatma Gandhi?

A estratégia utilizada por Gandhi na luta pela independência consistia em boicotar as fontes de obtenção de renda utilizadas pelos britânicos. Gandhi colocou-as em prática somente a partir de 1919, quando a Primeira Guerra Mundial encerrou-se.

Como podemos caracterizar a estratégia de Gandhi contra a colonização inglesa no seu país?

Política de Não-Violência Por isso, Gandhi lidera três grandes campanhas anti-britânicas: 1919 – Greve Geral de vários setores como transportes e limpeza; 1920 e 1922 – Resistência pacífica: não colaborar com os ingleses como não votar; 1930 e 1934 – a desobediência civil: consiste em transgredir as leis.

Qual foi a estratégia de Gandhi para conseguir resultados na sua luta pela independência da Índia e a garantia dos direitos?

A estratégia de Gandhi era o uso da paz para conseguir a independência da Índia que encontrava-se sob o domínio inglês.