Qual foi o legado da Revolução Francesa deixado para a humanidade?

A Revolução Francesa foi o ponto culminante de um movimento de ideais que mudou a face do mundo e que tem raízes não só na França, mas em todos os centros vitais do pensamento europeu nos séculos XVII e XVIII. Pensamento que vem sobretudo de Locke e Hobbes, de Spinoza, Descartes, Montesquieu, Voltaire, Diderot e Rousseau; que ganhou corpo no Iluminismo, na Encyclopédie, nas doutrinas daqueles que eram então conhecidos simplesmente como lês philosophes (os filósofos), pensadores que elaboravam a idéia do progresso geral e da felicidade do gênero humano à luz da ciência, da razão esclarecida e do humanismo, contrapostos ao obscurantismo e à aceitação cega dos dogmas.

 

Precedentes da Revolução Francesa

A França vivia sob o Absolutismo Monárquico, predominavam as práticas mercantilistas e a relação de servidão, tendo em vista que a maioria da população era camponesa e pagava altíssimos impostos a uma restrita classe aristocrática. Na agricultura a situação tornou-se grave; devido à seca, as colheitas foram péssimas, fazendo escassear, sobretudo o trigo. O custo de vida subiu rapidamente. A população urbana não desfrutava de melhores condições, composta por assalariados de baixa renda, desempregados e pequenos burgueses que também pagavam impostos e sofriam com um custo de vida cada vez mais elevado. A sociedade era divida em 3 estamentos o terceiro composto pelo povo, o primeiro estamento, o clero, e o segundo a nobreza. Esta vivia nababescamente, sem sequer se dar conta dos problemas sofridos pela população.

A Guerra de independência dos EUA, deflagrada em 1775, exerceu grande influência nos rumos da França por agravar as crises financeiras francesas, em decorrência da guerra com a Grã-Bretanha. Em 1787, o pagamento da dívida publica francesa absorvia mais da metade da receita. A balança comercial entrou em déficit. Começaram a eclodir motins originados pela fome, quer nos campos quer nas cidades, estas invadidas pelos trabalhadores agrícolas desempregados.

Várias foram as tentativas de reerguer as combalidas finanças francesas, Turgot, o ministro Charles Alexandre de Calonne (1732-1802), o arcebispo de Tolouse Loménie de Brienne (1727-1794) foram responsáveis por várias dessas tentativas. O ultimo insistiu em um reforma onde a criação de impostos cairia sobre o clero e a nobreza, a Assembleia dos Notáveis, representativa dessas duas classes, reagiu dizendo que tal medida só poderia ser tomada pelos Estados Gerais e Luiz XVI dissolve a assembléia. Estava aberta a fase pré-revolucionaria, a chamada revolta da Aristocracia.

Brienne submeteu o seu projeto tributário ao parlamento de Paris, algumas das reformas foram aceitas, porém o essencial foi recusado e insistiu na convocação dos Estados Gerais, o governo cedeu e convocou tal para 1792. Como a situação não se resolvia o parlamento tentou adiantar essa convocação para 1789, em revide a essa rebeldia o governo priva o parlamento de suas atribuições mais importantes.

 

Os Estados Gerais e a Tomada da Bastilha

Nova concessão do poder: um decreto de 05/07/1788 anunciou que os Estados Gerais se reuniriam a 1º de maio de 1789, não em Paris, por medo à turbulência da população, mas em Versalhes. Eram compostos por 1200 deputados: 300 da nobreza, 300 do clero e 600 do terceiro estamento. Essa convocação de 1789 é a era verdadeira do nascimento do povo. Ela chamou o povo inteiro ao exercício de seus direitos. Como descreve Jules Michelet “todos se reuniram para eleger, todos escreveram suas queixas, foi uma comoção imensa, profunda, como um tremor de terra; a massa com isso estremeceu até as regiões obscuras e silenciosas, onde menos se teria suspeitado a vida.” Porém, o efeito não foi tão abalador, o 1º e o 2º estado foram privilegiados, tenda em vista que a votação não era por individuo e sim por estado, logo somaram-se dois votos contra 1 do terceiro estado.Os deputados deste se rebelaram proclamando-se em Assembleia Geral Nacional e atribuíram-se de imediato, o direito de criar impedimento a política financeira do governo, através de boicotes aos impostos que não lhes fossem submetidos.No dia 20 de junho, o rei manda fechar a sala de reuniões, os deputados transferiram-se então para outro dependência a sala de Jeu de Paume e ali unanemente fizeram o juramento de nunca se separarem e reunirem-se onde quer que as circunstâncias  o exigissem até que fosse votada a constituição, eles juraram pela igualdade, liberdade e fraternidade.A Assembleia continua seus trabalhos até que em 09 de julho de 1789 se declara em Assembléia Nacional Constituinte, com o intuito de elaborar uma constituição para a França, significando assim que o rei deixaria de ser o senhor supremo, a burguesia francesa apela para o povo e no dia 14 de julho de 1789 toda população parisiense avança, em um movimento jamais visto sobre a Bastilha, a prisão política da época.

A 13 de julho, Paris só pensava em defender-se. A 14, atacou. No dia 13 à noite ainda havia duvidas, e já não as houve pela manhã. A noite estava cheia de confusão, de furor desordenado. A manhã foi luminosa e de uma serenidade terrível.

Uma idéia nasceu sobre Paris com o dia, e todos viram a mesma luz. Uma luz nos espíritos, e em cada coração uma voz: “Vai, e tomarás Bastilha!” (Michelet, 1989, p.153)

Para manter a ordem foi improvisada uma guarda nacional armada que adotou as cores azul, vermelha e branca na cocarde •, insígnia que logo se tornou o emblema da nação francesa. Criou-se uma administração formada de notáveis, que passou a governar a capital, exemplo logo depois seguido pelas cidades da província. Foi o inicio da revolução. Os camponeses foram sobre as propriedades rurais exigindo a reforma agrária, a burguesia exigia a extinção dos direitos feudais como única forma de conter a revolta camponesa. Tal exigência foi realizada e precisava-se agora da criação de uma declaração de direitos, a exemplo do que fora feito na Revolução Americana na década anterior.

 

A Declaração dos Direitos do Homem

Diferentemente do ocorrido na Revolução Americana, o intuito aqui era fazer uma declaração universal que atingisse todos os povos e todos os governos. O sentido de tal declaração aprovada em 26 de agosto de 1789 é a ênfase na liberdade. Luís XVI, alarmado, recusou-se a sancionar tal declaração bem como a abolição dos privilégios, de 4 de agosto, continuava a pensar em medidas de força contra a insubordinação da assembléia, esperando valer-se de tropas mercenárias alemãs e suíças.Diante da ameaça,Paris levantou-se de novo em direção a Versalhes e trouxe de volta o rei e a rainha, mantendo-os reféns no palácio das Tulherias.A Assembléia, agora também instalada em Paris, passa a governar efetivamente o país.aqui surge também o movimento Jacobino composto pelo patriotas mais exarcebados.

 

A Constituição de 1791 e a queda da monarquia

A assembléia deu por cumprida sua missão ao concluir, em 1791, a feitura da Constituição. Era um documento de conciliação que não chegava a proclamar a republica democrática nem o sufrágio universal, mas deixava algumas prerrogativas ao rei, como o direito de veto suspensivo, e dava o exercício do poder político aos homens de posses, fossem eles nobres ou burgueses. O feudalismo foi abolido, suprimindo-se as antigas ordens sociais e os privilégios, com a proclamação da igualdade civil.

O rei Luis XVI julgou o momento oportuno para fugir e armar a contra-revolução, porém foi descoberto perto de Varennes e obrigado a voltar a Paris. Outros movimentos por toda Europa foram influenciados pelo sucesso da Revolução Francesa. Quando essas potencias perceberam o  perigo que lhes aproximava resolveram unir-se para uma contra-reforma, a invasão da França era cada vez mais iminente.A invasão ocorre, o exército austro-prussiano e o exército dos emigrados, comandados pelo Duque prussiano Brunwick e apoiados secretamente por Luis XVI tomam o país.No dia 10 de agosto houve a sublevação popular chamada de segunda revolução francesa, influenciada pelo jacobino Maxmilien Robespierre e por Marat.Destacamentos de civis armados atacaram pela madrugada o palácio das Tulherias, o rei fugiu com a família para pedir proteção a assembléia, porém foi preso pela Comuna de Paris, caía a monarquia na França.Foi nesse dias agitados que surgiu como hino da revolução, em luta contra o despotismo estrangeiro, o Chant de guerre pour l’armée Du Rhin , e que se tornaria conhecido como A Marselhesa, por ter sido adotado pelos voluntários de Marselha.

A hostilidade aos nobres, considerados traidores, aumentou, a massa parisiense comandada por Marat e Danton atacou os aristocratas nas prisões, foi o massacre de setembro. Com a guerra acelerou-se o processo revolucionário, os choques internos se transformaram em guerra civil aberta. A 20 de setembro de 1792 o exercito austro-prussiano foi batido em Valmy. Na mesma noite em Paris foi proclamada a República.

 

A Convenção

A história dessa assembléia responsável pela proclamação da republica, foi marcada pela luta entre duas facções que recusavam o nome d partido: os girondinos e a Montanha, nesse ultimo estavam os jacobinos, cuja influencia era cada vez maior. Inspirada pela idéia de levar a revolução a toda a Europa, a Convenção preocupou-se antes com a situação externa.No dia 19 de dezembro,por proposta dos girondinos,aprovou um decreto pelo qual a nação francesa se comprometia a “outorgar a fraternidade e ajuda a todos os povos desejosos de recuperarem sua liberdade.”O destino do rei era alvo de duras discussões, os girondinos procuravam defende-lo contra a camada popular da revolução.Saint Just e Robespierre integrantes dos republicanos radicais defenderam a condenação do rei, estes prevaleceram ao ser descoberto em Tulheria documentos que comprovavam a cumplicidade de Luis XVI com os inimigos do país. A 21 de janeiro de 1793 o cidadão Luis Capeto  foi guilhotinado. Mais tarde foi guilhotinada também Maria Antonieta. Isso ampliou as forças da contra-revolução e a França não tinha mais como manter a ofensiva. Novos homens foram convocados para o exercito e novas revoltas insurgiram. Diante da situação que se agravava, os radicais redobram a atividade. Os Jacobinos entraram em disputa com os Girondinos, acusando a estes de sabotarem a Convenção e o Congresso, 29 lideres girondinos foram presos e a Montanha saiu vencedora, porém agora só lhe restava o caminho do terror.

A convenção votou rapidamente a constituição no ano I.A nova carta era mais democrática que a de 1791, consagrava o voto universal e o plebiscito. A 10 de outubro de 1793 a Convenção decretou que o governo da França seria revolucionário.

O novo regime caracterizou-se pela criação de um executivo com vastos poderes, divididos em dois órgãos responsáveis perante a Convenção: o Comité de Salut Public (comissão de salvação pública) e o Comité de Sûreté Generale (Comissão de Segurança Geral).

Os levantes contra-revolucionários se multiplicavam, não só no antigo foco de Vendeia, mas também em Bordéus, Marselha e Lyon. Em 13 de julho de 1793 Marat foi apunhalado por uma jovem possivelmente ligada aos girondinos. Para reprimir a contra-revolução a Convenção ordenou colocar o terror na ordem do dia. O terror atingiu o auge em 1794 quando atingia os próprios membros da Convenção. Para se manter no poder Robespierre precisou eliminar todas as oposições. Os girondinos que tinham saído de cena para salvar suas cabeças retornam ao palco e Robespierre não conta mais com o levante parisiense, pois tinha eliminado seus líderes. No dia 9 de termidor, foi aprisionado juntamente com Saint-James e guilhotinado.

Com o golpe Termidoriano, a Convenção se impôs a Comuna de Paris e ao Comitê de Salvação Pública, que haviam assumido o controle da nação. Os girondinos que eram escassos foram chamados a reocupar seus lugares, as idéias liberais voltaram a predominar. Os cárceres se esvaziaram, chegava ao fim o reinado do terror.

 

O Diretório- reação Burguesa

Depois da morte de Robespierre o poder caiu nas mãos da alta burguesia, movimento conhecido com Pântano, ligado aos girondinos instaurou a fase conhecida como reação Termidoriana. Em novembro de 1795 a Convenção cedeu lugar a um sistema de governo baseado na constituição do ano III. O poder executivo era composto de cinco diretores de onde derivou o nome diretório. Os golpes não estavam de todo extintos e em 1795 um jovem oficial obtem na Itália uma serie de vitorias, era Bonaparte.

O segundo diretório preocupou-se em sanear as finanças, cuja situação chegara ao descalabro. Conseguiu êxito com a decretação de uma série de medidas, a começar pela redução da divida publica em dois terços. O recrutamento para o exercito foi regulamentado em definitivo pela decretação do serviço militar obrigatório e universal. O antijacobinismo do segundo diretório patenteou-se com o resultado das eleições de abril de 1798, que deram vantagem aos radicais. Não querendo reconhecer essa vitoria, o governo eliminou, por lei de 11 de maio, 106 parlamentares eleitos, dos quais 104 eram jacobinos e dois realistas. Foi o chamado golpe de Estado do 22 floreal.

O curso as revolução estava cada vez mais ligado á sorte das armas francesas no exterior. Em maios de 1798, Napoleão empreendeu a campanha do Egito. Mas a 1º de agosto, em Abukir, a esquadra inglesa, sob o comando do almirante Nelson, obteve um triunfo de grande repercussão. A Turquia, até então neutra, entrou em guerra com a França; o rei de Nápoles atacou a republica romana. O exercito russo, comandado por Aleksandr Vassilievitch Suvorov invadiu a Suíça e depois o norte da Itália; a Áustria voltou a tomar armas.

 

O 18 de Brumário

Napoleão retornou a França em outubro de 1799, preocupado com a amplitude que ganhara a segunda coligação antifrancesa, liderada pela Grã-Bretanha. O Diretório estava desmoralizado. Um novo golpe de Estado, o de 30 pradial (18 de julho) de 1799, modificara o quadro político interno, com a substituição de dois diretores, numa ligeira guinada a esquerda. O poder ia as mãos de Napoleão pela ordem natural das coisas. ”Busco uma espada”, dizia Sieyes, que, dentro do Diretório, tramava pelo golpe. Cumpria-se a previsão de Robespierre, de que a guerra só poderia terminar pelo esmagamento da revolução ou pela ditadura militar.

O golpe de Estado consumou-se em 18 de brumário do ano VII (9 de novembro de 1799). O Diretório foi derrubado e presos dois dos diretores. A chefia do novo governo coube a um Consulado de três membros, Bonaparte, Sieyés e Ducos. No dia de natal foi outorgada a nova constituição, de acordo com a qual todo o poder era entregue ao primeiro cônsul, Bonaparte, tendo os outros dois apenas atribuições consultivas.

Com o 18 de brumario, entretanto, a republica permanecia. A burguesia consolidava suas posições. Napoleão assumia o poder cercado da simpatia da maior da população. O século XIX iniciava-se sob o signo da era napoleônica, que seria o remate da Revolução Francesa, com amplas repercussões pelo mundo inteiro.

 

O mundo pós-revolução

A transformação social iniciada na revolução foi a mais violenta, a mais profunda, a mais surpreendente, em suas rápidas e quase caóticas mutações, de quantas se verificaram no mundo até então. Teve um caráter social que não há paralelo anterior.

A Grande Revolução como viria a ser conhecida, elevou ao poder uma nova classe, que transformou a sociedade à sua imagem, tendo para isso que travar uma verdadeira guerra interna, até a destruição de seu inimigo, a aristocracia feudal. Ao mesmo tempo, singularizou-se por levar essa guerra além de suas fronteiras nacionais, acelerando o movimento revolucionário na Europa e implantando-o em outros países que até então pareciam imunes a tal contágio.

As nações modernas, na maior parte da Europa surgiram a partir do impulso dado pela França de 1789.

Esta foi a responsável pelo fim de um modo de produção, passando o mundo de feudal para capitalista, trouxe o Estado Democrático de Direito, o advento do Constitucionalismo, adotado por quase todas as nações. Foi aqui que se inicia a separação da Igreja e do Estado, e ouvem-se os princípios dos direitos humanos.

Foi a revolução também a responsável por trazer á tona o nacionalismo, o sentimento de orgulho das nações.

O legado da Revolução Francesa é especialmente importante pelo poder simbólico do reconhecimento de três valores fundamentais: a liberdade, a igualdade e a fraternidade. O primeiro valor corresponde aos direitos e às garantias para o exercício das liberdades individuais ou coletivas, O valor da solidariedade, que os franceses chamaram de fraternidade, corresponde à exigência de participação na vida política pública e de responsabilidade, partilhada por todos, em relação ao bem comum. E o valor da igualdade vai além de uma igualdade de oportunidades, diz respeito a uma igualdade de dignidade.

A educação publica também emerge dos ideais da Revolução, que apoiada no Iluminismo defendeu a idéia da escolarização universal como forma de progresso social e econômico.Até os dias de hoje ainda se tenta, principalmente nos países de terceiro mundo, colocar em pratica os ideais dos revolucionários franceses, principalmente do filosofo Concorcet.

Foi a Revolução das Revoluções e suas conseqüências permearam todo cenário da época se alastrando até os dias de hoje.

 

O Pensamento político de Max Weber

Max Weber, economista, sociólogo e filosofo alemão, reconhecido como um dos fundadores da Sociologia. Diferenciava-se de Marx e Durkheim tanto pela metodologia desenvolvida quanto pela sua compreensão da sociedade, uma vez que para ele era importante levar em conta o sentido que os indivíduos constroem para legitimar suas ações.  Segundo Weber, a sociologia deveria ser uma ciência compreensiva da atividade social onde o tipo ideal  era o elemento mais conceitual apropriado. Seus estudos sobre a historia comparativa, surgimento do capitalismo e da burocracia, fizeram dele um dos autores mais reconhecidos e importantes da Sociologia.

Biografia

Maximillian Carl Emil Weber (Erfurt, 1864 – Mônaco, 1920) nasceu de uma família onde os interesses politicos e culturais eram muito vivos, atraves do pai que era advogado, Max Weber teve a ocasião de entrar bem cedo em contato com historiadores, filosofos e juristas importantes da época. Após ter estudado Direito, Historia e Economia nas universidades de Heidelberg e de Berlim, formou-se em Gottinga em 1889 com uma tese em historia econômica sobre A Historia das sociedades comerciais na Idade Media.

Em 1892 conseguiu trabalhar como livre-docente e em 1894 obteve a cátedra em economia política na Universidade de Friburgo e em 1896 passando ‘a Universidade de Heidelberg. A sua atividade cientifica e acadêmica foi interrompida em 1897 por um esgotamento nervoso devido, principalmente a morte de seu pai; somente em 1903 retomou os estudos.

 

Pensamento político de Weber

Weber sempre dedicou muito espaço, como parte do seu pensamento político, para o debate sobre a política da Alemanha de seu tempo.  Primeiro, devemos ressaltar que Weber nunca se cansou de apoiar fortemente a Alemanha a aplicar uma política do tipo imperialista, voltada a garantir a nação alemã um papel preponderante na política mundial ou um papel como superpotência (Weber foi convencido de que uma nação deve, inevitavelmente, chegar a um poder que lhe permite exercer uma espécie de política imperialista, por que para ele, uma nação ideal não era separável do ideal de poder).

A expansão do poder da Alemanha no mundo representava para Weber uma prioridade absoluta, sendo assim qualquer tipo de reflexão sobre a política interna e justiça social deveriam ser colocada em segundo plano.  Por isso, é claro que o pensamento político de Weber sobre a política externa deveria ser um primado absoluto em relação a questões internas, incluindo a questão da estrutura constitucional interna da Alemanha.  Em relação à estrutura constitucional interna da Alemanha, devemos lembrar que na primeira fase do seu pensamento político de Weber disse que a monarquia parlamentar era a melhor forma de governo, mas depois mudou de idéia e disse que a melhor forma de governo para a Alemanha era uma república presidencial.

Tal mudança de idéia só pode ser explicada pelo fato de Weber estar convencido de que a república presidencial era mais adequada que a monarquia para garantir à Alemanha um papel como superpotência mundial.  Isso devido ao fato de que, segundo Weber, a Alemanha deveria ter o mesmo grau de liberdade política das grandes potências da Europa Ocidental.  Esta expansão da liberdade política só poderia ocorrer com uma clara expansão do poder do Parlamento, ao abrigo de um sistema de monárquicos e republicanos, pois mesmo dentro de uma monarquia parlamentar, o rei teria poder demais.

Devemos também ter em mente que a época histórica em que viveu Weber foi caracterizada pelo governo de Guilherme II e do poder político da burocracia que foram as principais causas da infeliz e irresponsável política externa da Alemanha, que levou a grande humilhação para a nação alemã.  Weber não se cansava de repetir que o amadorismo político de Guilherme II expôs a Alemanha a toda sorte de humilhações e fracassos no mundo inteiro.  Por isso, é claro que Weber queria a democratização da Alemanha e da eliminação do poder arbitrário e caprichoso de Guilherme II, não por razões de justiça social, mas sim para levar à Alemanha a possibilidade de se tornar uma potência global.  Em resumo, a democratização da estrutura do Estado alemão foi para servir não tanto o sucesso da “livre vontade do povo” em prol da liberdade política em si, mas deve ser principalmente da “conditio sine qua non” para permitir que a Alemanha fosse uma grande potência no mundo.

Podemos dizer, portanto, que Weber não foi apenas subordinado aos interesses do poder ideal republicano constitucional da nação alemã, mas que Weber não percebeu que, considerando o quanto a realização final da Alemanha a um papel de superpotência poderia abrir o caminho para um regime ditatorial.  O perigo de degeneração ditatorial foi particularmente forte se tivermos em mente que Weber estava convencido de que só um líder carismático que exercesse um forte fascínio sobre as massas poderiam assegurar a Alemanha um papel como superpotência.  Em particular, Weber não se deu conta que mesmo um líder carismático eleito livremente pelo povo poderia estabelecer um regime ditatorial carismático.

Weber acreditava que uma política social mais responsável era o único meio de alcançar a unificação social da nação eliminando os conflitos sociais que tinham impedido a Alemanha de tirar o máximo do seu potencial político e militar.  A unificação social da Alemanha não foi uma tarefa fácil, pois requeria uma cooperação leal e construtiva entre a classe operária e a burguesia, que eram separadas por duríssimos contrastes.  Weber estava convencido de que uma política social moderna e funcional só poderia ser construída com a colocação de trabalhadores em uma situação social e econômica melhor do que o existente, libertando os trabalhadores da sua dependência social e psicológica e da subordinação a burguesia. Segundo Weber existiam dois pontos fundamentais que deviam caracterizar uma política social moderna e democrática: para dar aos trabalhadores a liberdade de autodeterminação e para educa-los a suas responsabilidades.

Quanto ao primeiro ponto (conceder aos trabalhadores a liberdade de autodeterminação), Weber argumentou que o fracasso de todas as políticas sociais patriarcais era que eles estavam preocupados apenas em melhorar as condições materiais dos trabalhadores, procurando, no entanto manter ou mesmo enfatizar a sua dependência social, psicológica e subordinação das classes dominantes e, em seguida, negar-lhes qualquer chance de alcançar sua liberdade de autodeterminação.  Segundo Weber era preciso, em ultimo caso, liberar os trabalhadores de todas as condições de subordinação social e psicológica, dando-lhes o direito de dialogar em pé de igualdade com as outras classes sociais.

No entanto, devemos dizer que Weber opõe-se firmemente a teoria de Marx segundo a qual a emancipação da classe operária só poderia ocorrer através da destruição do sistema econômico  capitalista, que foi mantida por meio da exploração da classe trabalhadora.  Ao contrário de

Marx, Weber estava convencido de que a emancipação da classe operaria deveria realizar-se dentro do sistema capitalista, que deveria ser praticada uma política social moderna, bem diferente daquela praticada no passado por Bismarck.

Quanto ao segundo ponto fundamental que deve caracterizar a nova política social (educar classe trabalhadora a suas responsabilidades), Weber acreditava firmemente que era necessário fazer com que os trabalhadores entendem-se bem seus direitos mas acima de tudo seus deveres, suas responsabilidades para garantir que esses não se deixassem iludir pelas falsas propagandas dos socialistas. Weber considerava as teorias socialistas de Marx uma utopia, assim como a ideia dos socialistas de  eliminar  a “dominação do homem pelo homem” (de acordo com Weber teorias marxistas não refletiam a realidade, mas simplesmente um tipo ideal).  Em resumo, podemos dizer que Weber critica tanto a política marxista social quanto a política social de Bismarck, considerada por Weber um exemplo típico de uma política social patriarcal (apesar de Bismarck ter tentado melhorar as condições econômicas dos trabalhadores pondo em prática uma dura política de repressão contra os sindicatos).

Weber também estava convencido de que a unificação social de uma nação não poderia acontecer sem uma cooperação leal e construtiva entre a burguesia e a classe trabalhadora.  Essa colaboração só poderia acontecer quando a burguesia deixasse de ter medo das reivindicações dos trabalhadores e se os mesmo tivessem abandonado a idéia de Marx, de destruir o sistema capitalista. Weber sempre considerou uma grande tragédia social que o desenvolvimento interno da Alemanha foi comprometido pela desconfiança mútua entre a classe operária e a burguesia.

Conclusão

Weber acreditava que uma política social mais responsável era o único meio de alcançar a unificação social de uma nação, eliminando os conflitos sociais e libertando os trabalhadores da sua dependência e subordinação a burguesia. Seu grande desejo era transformar a Alemanha em uma potencia mundial, mas embora tenha sido um grande pensador político não foi capaz de eleva-la a tal nível, não concretizando seus ideais políticos.

 

Obras de Max Weber

•          História agrária de Roma e sua significação para o direito publico e privado

•          A ética protestante e o espírito do capitalismo (parte 1)

•          A ética protestante e o espírito do capitalismo (parte 2)

•          As relações de produção na agricultura do mundo antigo

•          Critica positiva da concepção materialista da historia

•          A ciência e política como vocação

•          Historia econômica geral

•          Economia e sociedade

 

ANEXOS

A Declaração dos Direitos do Homem

e do Cidadão

 

I – Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos; as distinções sociais não podem ser fundadas senão sobre a utilidade comum.

II – O objetivo de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem; esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.

III – O princípio de toda a soberania reside essencialmente na razão; nenhum corpo, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane diretamente.

IV – A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique a outrem. Assim, o exercício dos direitos naturais do homem não tem limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo desses mesmos direitos; seus limites não podem ser determinados senão pela lei.

V – A lei não tem o direito de impedir senão as ações nocivas à sociedade. Tudo o que não é negado pela lei não pode ser impedido e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordenar.

VI – A lei é a expressão da vontade geral; todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou por seus representantes, à sua formação; ela deve ser a mesma para todos, seja protegendo, seja punindo. Todos os cidadãos, sendo iguais a seus olhos, são igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo sua capacidade e sem outras distinções que as de suas virtudes e de seus talentos.

VII – Nenhum homem pode ser acusado, detido ou preso, senão em caso determinado por lei, e segundo as formas por ela prescritas. Aqueles que solicitam, expedem ou fazem executar ordens arbitrárias, devem ser punidos; mas todo cidadão, chamado ou preso em virtude de lei, deve obedecer em seguida; torna-se culpado se resistir.

VIII – A lei não deve estabelecer senão penas estritamente necessárias, e ninguém pode ser punido senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada ao delito e legalmente aplicada.

IX – Todo homem é tido como inocente até o momento em que seja declarado culpado; se for julgado indispensável para a segurança de sua pessoa, deve ser severamente reprimido pela lei. X – Ninguém pode ser inquietado por suas opiniões, mesmo religiosas, contanto que suas manifestações não perturbem a ordem pública estabelecida em lei.

XI – A livre comunicação dos pensamentos e opiniões é um dos direitos mais preciosos do homem; todo o cidadão pode, pois, falar, escrever e imprimir livremente; salvo a responsabilidade do abuso dessa liberdade nos casos determinados pela lei.

XII – A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública; essa força é então instituída para vantagem de todos e não para a utilidade particular daqueles a quem ela for confiada.

XIII – Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração, uma contribuição comum é indispensável; ela deve ser igualmente repartida entre todos os cidadãos, em razão de suas faculdades.

XIV – Os cidadãos têm o direito de constatar, por si mesmos ou por seus representantes, a necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente e de vigiar seu emprego, de determinar sua quota, lançamento, recuperação e duração.

XV – A sociedade tem o direito de pedir contas de sua administração a todos os agentes do poder público.

XVI – Toda a sociedade na qual a garantia dos direitos não é assegurada, nem a separação dos poderes determinada, não tem constituição.

XVII – A propriedade, sendo um direito inviolável, e sagrado, ninguém pode ser dela privado senão quando a necessidade pública, legalmente constatada, o exija evidentemente, e sob a condição de uma justa e prévia indenização.

O que a Revolução Francesa deixou de legado para humanidade?

Ante o exposto, pode-se notar que a Revolução Francesa deixou um importante legado na história da humanidade: pôs fim ao Antigo Regime e inaugurou o Estado moderno onde vigora um contrato social com tripartição de poderes, significando que a população forma uma entidade responsável pela organização social, que está ...

Quais foram os principais legados da Revolução Francesa?

Liberdade, igualdade, fraternidade e cabeças rolando marcaram o final do século 18 na Europa.

Qual foi o legado da Revolução Francesa no mundo contemporâneo?

A Revolução Francesa marcou a ascensão da burguesia como classe social dominante, superando a aristocracia proprietária de terras, bem como a criação de novas instituições e novas formas de organizar a vida econômica, política e social que iriam se expandir para todo o planeta.

Qual a importância da Revolução Francesa nos dias de hoje?

O ciclo revolucionário foi fundamental para a formação da sociedade moderna, pois trouxe concepções importante a respeito da democracia. "A Revolução Francesa teve importância na sociedade moderna e liberal atual, ressaltando a importância das liberdades individuais, tripartição dos poderes", explicou.