Qual o problema de Eugênio com a simplicidade Olhai os lírios do campo?

Principal avaliação positiva

5,0 de 5 estrelasUm elo com as principais obras literárias

Avaliado no Brasil 🇧🇷 em 19 de junho de 2018

Olhai os Lírios do Campo figura entre minhas obras prediletas da Literatura Nacional. Obra que deu projeção nacional a Érico Veríssimo, publicado em 1938, a obra apresenta um personagem principal - Eugênio ou Genoca - que busca incessantemente a fuga da situação social a qual está inserido. O livro nos traz as preocupações dos anos 30, inclusive antevendo a catástrofe que a comunidade judaica seria submetida no velho continente.

O livro é dividido em duas partes, onde a primeira se desenvolve do momento em que ele toma conhecimento da deterioração da saúde de Lívia, e o percurso em que faz de automóvel até o hospital, rememorando a sua vida; e uma segunda parte onde o personagem discorre mais sobre o passado recente e o presente. Genoca, criado na privação de uma Porto Alegre que recebe ainda ondas de imigrantes europeus em busca de paz em uma Europa que novamente se preparada para a guerra, não consegue aceitar as privações as quais é submetido em decorrência de um pai pobre, alfaiate. É um personagem neste momento que em diversas vezes lembra Pip, de Grandes Esperanças: uma criança deslumbrada com as possibilidades inerentes a riqueza.

Com uma narrativa fluida, bem escrita, o autor apresenta praticamente um Romance de Formação, onde temos um personagem paulatinamente evoluindo, deixando - ou esforçando-se para deixar - uma vida baseada em desejos materiais, ambições, revolta contra sua infância pobre, para uma vida em prol de algo superior.

Duas das cenas que mais atraíram minha atenção envolvem o suicídio de Mr Tearle e o momento quando Eugênio finge não conhecer seu próprio pai, por temer insinuações dos seus amigos que o acompanham sobre sua miséria.

A primeira cena me trouxe a mente o personagem Septimus do livro Mrs. Dolloway, de Virginia Woolf, que também não consegue conviver com suas lembranças da Guerra e acaba cometendo suicídio.

A segunda cena, chocante ao ponto de um filho renegar seu próprio pai por não aceitar sua condição miserável (algo que nos remete a algumas obras de Dostoiévski, como Crime e Castigo, Humilhados e Ofendidos, O Duplo), recusando-se a cumprimenta-lo diante de colegas de estudo, em muito no remete a ganância social de um Lucien, no livro Ilusões Perdidas, ou as filhas Anastacia e Delfina, de O Pai Goriot, ambas a obras de Honoré de Balzac.

Bruna 29/09/2013

Romance publicado em 1938 Olhai os l�rios do campo � um dos livros nacionais que maior n�mero de edi��es alcan�ou. Esse romance (na acep��o amorosa da palavra) vem conquistando o p�blico leitor com sua linda, por�m dram�tica hist�ria de Eug�nio e Ol�via. Entretanto, Erico n�o escreve somente mais uma hist�ria de amor, o ponto principal da obra � a li��o de vida que ela nos passa: o respeito aos nossos ideais. Olhai os l�rios do campo narra a hist�ria de Eug�nio, um jovem m�dico, que sofre a ang�stia do mundo moderno. O livro divide-se em duas partes sendo a primeira o cruzamento de dois n�veis temporais: o presente: aqui temos Eug�nio dentro do carro em dire��o ao hospital para reencontrar sua amada Eug�nia, rememorando os fatos que fazem parte do seu passado, onde, junto a ele, relembramos sua inf�ncia, seus traumas, seus aprendizados com Ol�via, o casamento com Eunice, a frustra��o, o sentimento de se ter vendido para vencer. A segunda parte desenvolve-se de maneira mais linear, embora o passado se misture ao presente da filha. Assim, nesta narrativa de v�rios planos temporais, entrela�a-se uma cr�tica � sociedade f�til e vazia, ao ac�mulo de riquezas e � conseq�ente hipocrisia das rela��es sociais. Saindo da fazenda em dire��o ao hospital, Eug�nio come�a por relembrar fatos de seu passado, a dif�cil inf�ncia, a fam�lia humilde. Surgem fatos como a humilha��o no col�gio, por ter sua cal�a rasgada nos fundilhos numa brincadeira, por ter um pai alfaiate, simpl�rio, quando ele gostaria que seu pai fosse mais altivo. Nesse relembrar, notamos uma forma��o �cida em Eug�nio, um rancor que se foi formando ao longo dos anos. Seu irm�o que nada quer da vida, sua m�e que n�o reage ao modo de vida que levam. Todos esses fatores sociais formam um perfil psicol�gico ambicioso, determinado, que pensa fazer o que for preciso para vencer na vida, ao contr�rio de seus pais, que nunca buscaram progredir.
Nesse processo, a faculdade de medicina � o caminho mais curto, pois � a �nica forma de um jovem pobre tornar-se um doutor. Por�m na faculdade Eug�nio mente sobre suas origens, tem vergonha de sua fam�lia. Um dos epis�dios mais dram�ticos da obra surge num passeio com dois colegas de medicina em que Eug�nio v� seu pai, vestindo um terno roto e surrado, com um embrulho de baixo do bra�o, provavelmente alguma roupa para ser entregue. Ao ver seu pai prestes a parar e cumprimentar o orgulho da fam�lia, Eug�nio finge n�o conhec�-lo, deixando-o de chap�u na m�o, em plena rua. Em casa, ro�do de remorso, anseia pelas cr�ticas paternas, pela raiva do pai, mas ele se decepciona, pois seu pai mant�m a mesma passividade, a vergonhosa humildade que tanto Eug�nio odiava, ignorando o acontecido. Neste mundo em crise, surge uma voz que traz um certo alento, que apresenta certa alegria na vida desse jovem determinado em ser algu�m na vida, mas movido por rancores: Ol�via. Ela surge como uma colega de faculdade que, como ele, tamb�m vem de origem humilde, que com dificuldade formou-se. Fazendo aquele homem fechado sorrir, Ol�via o conquista desde o primeiro dia, tendo encontros em seu pequeno apartamento, que representam a felicidade que Eug�nio ainda n�o havia experimentado. Entretanto, o trabalho e a vida ao lado de Ol�via n�o ofereciam ascens�o esperada por ele. Eis que surge, ent�o, Eunice, rica, bela e interessada nele. Seduzido pela beleza dessa mulher e, principalmente, pela perspectiva de subir na vida, de ter posses e dinheiro, de ingressar na sociedade, sonho h� muito almejado. Eug�nio troca os momentos felizes que tinha com Ol�via, por essa vida a tanto almejada. Por�m, segundo a �tica do romance de 30, Erico Ver�ssimo busca mostrar que dinheiro n�o traz felicidade. Com Eunice ele conquista a satisfa��o material, mas a felicidade conjugal n�o. Tempos depois, reencontra Ol�via, que tem uma filha, mas n�o est� casada. Isso o faz repensar toda a sua vida. Por�m, mesmo angustiado, n�o abandona a riqueza. Somente quando fica sabendo que Ol�via est� no hospital, �s portas da morte, Eug�nio toma a decis�o que muda sua vida, partindo de uma mensagem de otimismo e confian�a que Ol�via deixara para ele. Era preciso pensar nos outros e fazer alguma coisa em favor deles.... Por que n�o come�ar algum trabalho em benef�cio das crian�as abandonadas? Por que n�o dar-lhes alimenta��o adequada, boas roupas e higiene, instru��o, assist�ncia m�dica e dent�ria, col�nia de f�rias, oportunidades de se divertirem, de serem alegres...?
Ent�o nosso protagonista assume a filha, abandona a casa do sogro rico, abandona a mulher Eunice e assume-se como um m�dico comunit�rio. � sintom�tico que o her�i do romance, Eug�nio, seja m�dico. O m�dico tornou-se na sociedade atual, aquele mediador entre a ci�ncia, a t�cnica e o sentimento humanit�rio. Pensando primeiro em si mesmo, egoisticamente, Eug�nio evolui para a solidariedade, atrav�s das coloca��es de Ol�via, que embora morta, � um personagem presente no romance, fazendo contraponto com Eug�nio. O lirismo rom�ntico da hist�ria de Eug�nio, descobrindo que o dinheiro n�o traz felicidade, exatamente nos moldes do romance urbano de 30, de car�ter socialista; a ambi��o de Eug�nio tra�ada a partir de uma vida dif�cil, que o alimenta de amargor e determina��o na busca de sua afirma��o material. O grande sucesso dessa dram�tica hist�ria de amor pode ser creditado � habilidade do autor de construir personalidades psicol�gicas complexas: ningu�m � s� bom nem s� ruim na obra.

Qual mensagem e reflexão é feita pela obra Olhai os lírios do campo?

Olhai os Lírios do Campo” traz uma mensagem, como na passagem bíblica de que a verdadeira felicidade está nas coisas simples e não no apego aos bens materiais.

Por que o título Olhai os lírios do campo?

O título da obra é retirado do Sermão da Montanha, onde Cristo fala aos seus apóstolos, em uma analogia, que a verdadeira felicidade está em cuidarmos das coisas simples e não nos preocuparmos com as coisas complexas.

Qual o tema do livro Olhai os lírios do campo?

Olhai os lírios do campo - Erico Verissimo - Grupo Companhia das Letras. Olhai os lírios do campo narra a trajetória de um homem dividido entre o amor e a ambição, a consciência e as alianças sociais. Este romance de 1938 tornou-se o primeiro grande sucesso de Erico Verissimo.

De quem é a frase Olhai os lírios do campo?

Lançado em 1978, “Olhai Os Lírios do Campo” é uma das principais obras do autor Erico Veríssimo e um clássico da literatura brasileira.