Quando foi criado o Programa Nacional de controle de infecção hospitalar?

RELATO DE EXPERI�NCIA

Um projeto interdisciplinar de controle de infec��es hospitalares - passos para a implanta��o e poss�veis desdobramentos

An interdisciplinary project of nosocomial infections control - steps to the implantation and possible unfoldings

Un proyecto interdisciplinar de control de las infecciones hospitalarias - pasos para la implantaci�n y posibles desdoblamientos

Maria Cristina Soares Rodrigues

Enfermeira e Farmac�utica-Bioqu�mica. Doutora em Ci�ncias da Sa�de. Professora Adjunto do Departamento de Enfermagem da Faculdade de Ci�ncias da Sa�de da UnB. Pesquisadora do N�cleo de Estudos em Enfermagem, Educa��o e Processo de Trabalho em Sa�de, Ambiente e Vigil�ncia NEEPTS. Coordenadora do Projeto de Extens�o de A��o Cont�nua "Atua��o de Enfermagem no Programa de Controle de Infec��o Hospitalar do Hospital Universit�rio de Bras�lia". Universidade de Bras�lia (UnB). Bras�lia DF.


RESUMO

Este trabalho apresenta um projeto de extens�o de enfermagem no controle de infec��es hospitalares, desenvolvido em um hospital-escola. Tem como pressupostos a intera��o ensino-pesquisa-extens�o e a integra��o universidade-comunidade. Trata-se de um relato de experi�ncia que parte das bases te�ricas que subsidiaram a elabora��o da proposta, seguido da descri��o dos objetivos da a��o extensionista e dos agentes de atua��o, o cen�rio da pr�tica, as etapas de operacionaliza��o e o sistema de avalia��o do projeto, indicando seus componentes metodol�gicos e o financiamento da proposta. Os resultados nessa fase inicial de desenvolvimento do projeto apontam a necessidade de avan�o e de inova��o das atividades de a��o cont�nua de enfermagem na vigil�ncia de infec��es hospitalares. Assim, essa experi�ncia integradora e interdisciplinar contribuiu para a forma��o do futuro profissional enfermeiro (a), abriu canais de interlocu��o para o enriquecimento rec�proco e estreitou a rela��o entre trabalho acad�mico e assist�ncia � sa�de.

Palavras-chave: Infec��o Hospitalar. Controle de Infec��es. Rela��es Interprofissionais. Enfermagem.


ABSTRACT

This work presents a nursing extension project about the control of cross infection development in a school hospital. It has as purposes the interaction between education-studies-extension and the integration between university and community. It is a report of an experience starting from the theoretical basis which fomented the elaboration of the proposal, followed by the description of extensionist action's purposes and its agents, the scenery of practice, the operation stages, the project evaluation system which indicates its methodological components and the proposal's financing. The results in this initial phase of the project's development point to the necessity to advance and innovate the activities of nursing continuous action on the nosocomial infections' vigilance. Thus, this integrator and interdisciplinary experience had contributed to the formation of future nursing professionals, opened communication channels for a reciprocal improvement and narrowed the relations between academic work and health assistance.

Keywords: Cross Infection. Infection Control. Interprofessional Relations. Nursing.


RESUMEN

Este trabajo presenta un proyecto de extensi�n de enfermer�a en el control de infecciones hospitalarias desarrollo en un hospital-escuela. Tiene como presupuestos la interacci�n entre ense�anza-investigaci�n-extensi�n y la integraci�n entre universidad comunidad. Se trata de un relato de experiencia partiendo de las bases te�ricas que animaron la elaboraci�n de la propuesta, seguida de la descripci�n de los objetivos de la acci�n de extensi�n y de los agentes de actuaci�n, el escenario de la pr�ctica, las etapas de la operacionalizaci�n, el sistema de evaluaci�n del proyecto indicando sus componentes metodol�gicos y la financiaci�n de la propuesta. Los resultados en esta etapa inicial de desarrollo del proyecto indican la necesidad de avanzar e de innovaci�n de las actividades de acci�n continua de enfermer�a en la vigilancia de infecciones hospitalarias. As�, esa experiencia integradora e interdisciplinaria contribuy� para la formaci�n del futuro profesional enfermero(a), abri� cauces de interlocuci�n para el enriquecimiento rec�proco y estrech� la relaci�n entre trabajo acad�mico y asistencia a la salud.

Palabras clave: Infecci�n Hospitalaria. Control de Infecciones. Relaciones Interprofesionales. Enfermer�a.


INTRODU��O

A sociedade do s�culo XXI vivencia a situa��o do acr�scimo populacional, as limita��es das fontes de recursos e a demanda excessiva por educa��o1. No que se refere � educa��o superior, a Universidade brasileira � conclamada a redefinir estrat�gias que lhe possibilite sobreviver e atender �s suas finalidades, vivenciando um momento de discuss�o e reflex�o, na perspectiva da reforma universit�ria.

Considerando os desafios pelos quais as Institui��es Federais de Ensino Superior (IFES) passam a busca da qualidade cient�fica, tecnol�gica e art�stico-cultural e de intera��o com a sociedade por meio de a��es de promo��o e garantia de valores democr�ticos de igualdade e desenvolvimento social e levando em conta o perfil acad�mico e o papel social, � que se legitima a extens�o universit�ria, como processo org�nico e cont�nuo do trabalho acad�mico2.

No cerne desses pressupostos, a extens�o universit�ria � concebida como o processo educativo, cultural e cient�fico que articula o ensino e a pesquisa de forma indissoci�vel e viabiliza a rela��o transformadora entre universidade e sociedade3. Esta concep��o se baseia na premissa do compromisso social da Universidade, enquanto institui��o empenhada no equacionamento de quest�es que afligem a sociedade. Desse modo, a extens�o universit�ria constitui elemento capaz de operacionalizar a rela��o teoria/pr�tica, promovendo a aprendizagem rec�proca entre alunos, professores e comunidade envolvida.

A partir dessas diretrizes norteadoras, as a��es de extens�o realizadas pela Universidade de Bras�lia (UnB), e que s�o viabilizadas pelo Decanato de Extens�o (DEX), t�m o prop�sito prec�puo de promover a intera��o transformadora entre a institui��o e a sociedade, integrando as artes e a ci�ncia ao ensino, � pesquisa e ao desenvolvimento social4.

De acordo com a pol�tica de extens�o em vigor na UnB, as a��es de extens�o apresentam grande diversidade e derivam da natureza da institui��o, cuja fun��o � cultivar o saber, no sentido de sua produ��o, dissemina��o e aplica��o4. Assim, diferentes projetos de extens�o s�o conduzidos e refletidos pela comunidade acad�mica da UnB, indo ao encontro das necessidades das diversas comunidades que integram o Distrito Federal (DF).

Em 2004 foi implantado o Projeto de Extens�o `Atua��o de Enfermagem no Programa de Controle de Infec��o Hospitalar do Hospital Universit�rio de Bras�lia'. A proposta foi idealizada a partir do interesse de uma professora do Curso de Enfermagem da institui��o com o prop�sito de tornar oportuno o saber-fazer e saber-ser enfermeiro (a) na preven��o e controle de infec��es hospitalares, por meio de a��o extensionista. Esta inten��o se fundamentava no fato de que havia uma lacuna na forma��o do discente de enfermagem nesta �rea do conhecimento e, por outro lado, havia um contexto oportuno para atua��o interdisciplinar em conjunto com a Comiss�o de Controle de Infec��o Hospitalar (CCIH) do Hospital Universit�rio de Bras�lia (HUB).

OBJETIVO

Descrever a experi�ncia vivenciada na elabora��o e no desenvolvimento de um projeto de extens�o de enfermagem na preven��o e controle de infec��es hospitalares no Hospital Universit�rio de Bras�lia, na cidade de Bras�lia DF.

TRAJET�RIA METODOL�GICA

Trata-se de um relato de experi�ncia na �rea do processo de ensino-aprendizagem em enfermagem integrado � extens�o universit�ria.

Neste trabalho s�o descritas as fases de elabora��o e implanta��o do projeto de extens�o de a��o cont�nua de enfermagem, ocorrido em abril e maio de 2004 respectivamente, e sua operacionaliza��o, de junho de 2004 a novembro de 2005.

Percurso Inicial

O caminho inicial para constru��o e operacionaliza��o do projeto de extens�o de enfermagem na modalidade de a��o cont�nua seguiu normas estabelecidas pelo DEX. Foi utilizado formul�rio pr�prio, em que constam os principais elementos de um projeto.

Posteriormente, a proposta foi submetida � an�lise para parecer pelas seguintes inst�ncias: Coordenador de Extens�o da Unidade Faculdade de Ci�ncias da Sa�de e do Representante de Extens�o do Departamento de Enfermagem. Os pareceres emitidos foram apreciados pelo Colegiado do Curso de Enfermagem para orientar a decis�o dos membros da C�mara de Extens�o CEX/DEX/UnB. Al�m disso, recebeu visto e ci�ncia da Dire��o do Hospital Universit�rio e do Presidente da CCIH, que v�m dando valioso apoio �s inten��es da proposta do projeto.

Ap�s aprecia��o nas referidas inst�ncias, o projeto foi encaminhado � C�mara de Extens�o, que emitiu parecer favor�vel � implanta��o do projeto ora apresentado e homologou a proposta. Assim, em maio de 2004, as atividades de extens�o de enfermagem em conjunto com a CCIH/HUB foram iniciadas.

Referenciais Te�ricos que Subsidiaram a Elabora��o do Projeto de Extens�o de Enfermagem: As Pr�ticas de Vigil�ncia das Infec��es Hospitalares no Brasil

Os avan�os tecnol�gicos relacionados aos procedimentos invasivos,diagn�sticos e terap�uticos, e o aparecimento de microorganismos multirresistentes aos antimicrobianos usados rotineiramente na pr�tica hospitalar tornaram as infec��es hospitalares (IHs) um problema de sa�de p�blica mundial5.

No Brasil, na d�cada de 1950 surgiram os primeiros relatos de IHs relacionados � esteriliza��o de material hospitalar (1956) e sobre o uso indiscriminado de antibi�ticos (1959), que foram publicados na Revista Paulista de Hospitais6.

Em 1963, no Hospital Ernesto Dorneles em Porto Alegre Rio Grande do Sul, foi criada a primeira CCIH, representando um marco de uma iniciativa institucional na implanta��o de controle de infec��o hospitalar (CIH)7.

Mas, somente no in�cio da d�cada de 1970 o processo de recomenda��o de controle das IHs teve seu in�cio, com a iniciativa do Instituto Nacional de Previd�ncia Social (INPS) aos hospitais a ele conveniados, seguido da implanta��o de comiss�es em alguns hospitais p�blicos de ensino ligados �s universidades, como o Hospital de Cl�nicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) (1978)7,8.

Contudo, a preocupa��o emergente com a IH no pa�s efetivamente surgiu a partir da d�cada de 1980, com a morte do Presidente eleito Tancredo Neves, que teve sua condi��o cl�nica agravada devido � infec��o. A partir desse marcante fato, incentivaram-se a a��es governamentais por meio de cursos, manuais e portarias.

Inicialmente, a Portaria n� 196 do Minist�rio da Sa�de (MS), promulgada em 24 de junho de 1983, afirmava que "todo hospital, independentemente da entidade mantenedora, porte ou especialidade, deveria constituir Comiss�o de Controle de Infec��o Hospitalar", sendo que a implanta��o e a fiscaliza��o da mesma seria de compet�ncia das Secretarias de Sa�de dos Estados. E a Portaria n� 140 do MS, publicada em 8 de abril de 1987 criava a Comiss�o Nacional de Controle de Infec��o Hospitalar6,7.

Em 1988, por meio da Portaria n� 232, institui-se o Programa Nacional de Controle de Infec��o Hospitalar ligado � Secretaria Nacional de Programas Especiais do MS7. Entretanto, foi somente com a Portaria n� 930/1992 do MS que se determinou a obrigatoriedade da exist�ncia, em todo hospital brasileiro, de uma Comiss�o de Controle de Infec��o Hospitalar, segundo recomenda��o da Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS). Apesar das tentativas de implementa��o de controle da infec��o, dados da Coordenadoria de Controle de IH do MS demonstraram pouca efetividade das a��es, estimando-se que apenas 10% dos hospitais haviam criado comiss�es para esse fim9.

Em 1998, o MS revoga a Portaria n� 930/1992 e publica a Portaria n� 2.61610. Esta legisla��o vigente disp�e sobre as diretrizes e as normas para preven��o e controle das IHs, considerando, entre outros aspectos, as determina��es da Lei n� 9.43111, de 6 de janeiro de 1997, sobre a obrigatoriedade da manuten��o, pelos hospitais do pa�s, de Programa de Controle de Infec��es Hospitalares (PCIH). Para os efeitos desta lei, definiu-se PCIH como "um conjunto de a��es desenvolvidas deliberada e sistematicamente, com vistas � redu��o m�xima poss�vel da incid�ncia e da gravidade das infec��es hospitalares". O programa seria desenvolvido por membros executores da CCIH, com diferente forma��o profissional.

Vale ressaltar que, na Portaria n� 2.616/98, destaca-se que um dos membros da CCIH deve ser, preferencialmente, um enfermeiro. Infere-se que este destaque est� respaldado na express�o deste profissional como um dos agentes principais da CCIH, que se deve � abrang�ncia de seu conhecimento t�cnico-cient�fico, atuando como elo canalizador entre os demais profissionais de sa�de e, dessa forma, facilitando o desenvolvimento de a��es previstas no PCIH.

Al�m dessas legisla��es, o MS publica, em 13 de outubro de 1999, a Portaria n� 1.241, que determina que as atividades de CIH passem a ser executadas pela Ger�ncia de Controle de Risco � Sa�de da Diretoria de Servi�os e Correlatos da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (ANVISA)7.

Outra relevante iniciativa do MS foi o Estudo Brasileiro da Magnitude das Infec��es Hospitalares em hospitais terci�rios, publicado em 1995. Foi a primeira pesquisa brasileira sobre IH, realizada de maio a agosto de 1994, que avaliou 8.624 pacientes com mais de 24 horas de interna��o. Os resultados mostraram que o tempo m�dio de perman�ncia encontrado foi de 11,8 dias, mas esse n�mero passa para 21,7 dias entre os pacientes que contraem IH. A taxa de pacientes com IH encontrada foi de 13,1%, variando de 10%, nos hospitais privados sem fins lucrativos, a 18,4% nos hospitais p�blicos. Considerou-se que essa diferen�a se explica pelo fato de os casos mais complexos serem encaminhados aos hospitais p�blicos, e que � preciso considerar que n�o existe uma taxa v�lida universalmente. Por fim, os autores reconhecem, entre outros aspectos, que cada hospital deve conhecer o perfil de seus pacientes, a qualidade do atendimento de sua equipe e o conjunto de microorganismos presentes que podem ser prejudiciais12.

J� o estudo da Avalia��o da Qualidade das A��es de Controle de Infec��o Hospitalar em hospitais terci�rios, publicado em 1995, apontou que medidas de abrang�ncia nacional deveriam ser implantadas para se corrigir o baixo desempenho das a��es de CIH detectado nos hospitais pr�prios e conveniados do SUS13.

Por parte da comunidade cient�fica, surgiu o interesse por eventos cient�ficos voltados ao CIH, o que fez crescer o n�mero de estudos para aperfei�oamento dos m�todos de vigil�ncia epidemiol�gica. Na segunda metade da d�cada de 1990, houve a necessidade de se controlar a qualidade dos hospitais, que cresceram, tendo os profissionais e as institui��es de sa�de come�ado a buscar modelos operacionais14.

Em rela��o � produ��o cient�fica nacional, desde a d�cada de 1950, v�-se voltada predominantemente para o ambiente (procedimentos de anti-sepsia, esteriliza��o, desinfec��o, higiene, �reas de risco, fluxo de pessoal, material). Entretanto, a partir da d�cada de 1970, destaca-se a multicausalidade, atribuindo-se as infec��es n�o mais apenas ao ambiente, mas tamb�m � suscetibilidade individual e � introdu��o de novas tecnologias14, 15.

Quando na d�cada de 1980 a IH evoluiu em quantidade e gravidade, chamando a aten��o dos ve�culos de comunica��o, a produ��o cient�fica manifestou-se com den�ncias, evidenciando a necessidade de organiza��o da CCIH. Assim, iniciaram-se as principais a��es governamentais, validando e padronizando produtos, tais como desinfetantes, anti-s�pticos e esterilizantes. Na d�cada de 1990, com a implanta��o da CCIH nos hospitais, a aten��o voltou-se para os m�todos de vigil�ncia epidemiol�gica, na tentativa de preven��o e controle da IH14,15.

Como produto do desenvolvimento do sistema de vigil�ncia epidemiol�gica das IHs no pa�s, foram publicadas fontes de refer�ncia orientadoras de a��es de medidas de preven��o e controle de IH, como: o Manual de Controle de Infec��o em Cirurgia do Col�gio Brasileiro de Cirurgi�es, de autoria de Edmundo Machado Ferraz (1982); o Manual de Controle de Infec��o Hospitalar pelo MS (1985); o Manual de Processamento de Artigos e Superf�cies em Estabelecimentos de Sa�de (MS, 1994); o Manual de Vigil�ncia Epidemiol�gica por Componente tradu��o do sistema National Nosocomial Infection Surveillance (NNIS) do Center for Disease Control and Prevention dos EUA (1994); e o Estudo Brasileiro da Magnitude das Infec��es Hospitalares em hospitais terci�rios (MS, 1995). E, tamb�m, diversas obras liter�rias de eminentes estudiosos brasileiros na �rea foram publicadas.

A partir do in�cio da d�cada de 2000, a ANVISA, dentro da Ger�ncia de Tecnologia em Servi�os de Sa�de (GGTES), criou a Unidade de Controle de Infec��o Hospitalar (UCISA), que, por meio da Portaria n� 385/2003, passou a ser a Ger�ncia de Investiga��o e Preven��o das Infec��es e dos Eventos Adversos (GIPEA). A GIPEA vem desenvolvendo diversas atividades relacionadas � pesquisa e � educa��o dos profissionais de sa�de, referentes �s a��es de vigil�ncia epidemiol�gica das IHs, de investiga��o de surtos, entre outras. A perspectiva nestes focos de trabalho � a amplia��o e o fortalecimento do sistema de vigil�ncia � sa�de no pa�s.

Considerando os relevantes fatos hist�ricos que determinaram a implanta��o e os avan�os das medidas de controle de IH no Brasil, pelas pr�ticas de CIH determinadas por pol�ticas p�blicas sociais na �rea da sa�de, tra�ou-se a proposta do Projeto de Extens�o de Enfermagem no PCIH do HUB, a seguir apresentada.

Objetivos da A��o Extensionista

Com o intuito de contribuir para a melhoria das a��es previstas no PCIH do HUB e tornar oportunas aos discentes de enfermagem viv�ncias contextualizadas de a��es de preven��o e controle de IHs, foram tra�ados como objetivos do projeto:

- Apoiar o Servi�o de Controle de Infec��o Hospitalar, especificamente com a Comiss�o de Controle de Infec��o Hospitalar, atuando de acordo com as a��es previstas no Programa de Controle de Infec��o Hospitalar do Hospital Universit�rio de Bras�lia.

- Desenvolver compet�ncias t�cnico-cient�ficas, atitudes e valores referentes � atua��o do (a) Enfermeiro (a), permeadas por a��es de preven��o e controle de infec��es hospitalares e de educa��o em servi�o.

Atores e Cen�rio da A��o Extensionista

O projeto caracteriza-se pela execu��o interdisciplinar e interinstitucional UnB/HUB, envolvendo os seguintes agentes: dois docentes do Curso de Enfermagem da Universidade de Bras�lia, coordenadores e executores do projeto; dois extensionistas volunt�rios em 2004 e cinco bolsistas de extens�o em 2005; e os membros executores da CCIH/HUB (dois m�dicos, uma enfermeira, duas auxiliares de enfermagem e uma secret�ria).

Foram cen�rios de desenvolvimento das atividades os diferentes servi�os da institui��o hospitalar.

A��es Extensionistas

O Quadro 1 indica as a��es extensionistas a serem desenvolvidas pelos agentes executores do projeto, descritas em tr�s etapas de operacionaliza��o.

Sistema e Componentes da
Avalia��o do Projeto

Os componentes da avalia��o do processo da a��o extensionista s�o apresentados na Figura 1. Ressalta-se que o principal referencial da avalia��o foi o comportamento da realidade como conseq��ncia do projeto, ou seja, de que modo foram produzidas transforma��es nos atores envolvidos e no contexto de desenvolvimento do projeto.

Assim, as informa��es providas da avalia��o de cada ator envolvido, de forma individual e coletiva, foram expressas em Relat�rio Final elaborado anualmente, e encaminhado � Diretoria T�cnica de Extens�o DTE/DEX para fins de avalia��o institucional de extens�o universit�ria.

Financiamento

O apoio financeiro � operacionaliza��o das atividades de extens�o foi oriundo do Programa de Apoio a Projetos de Extens�o de A��o Cont�nua do DEX/UnB, por meio de edital de concorr�ncia lan�ado anualmente.

Em 2004, o projeto foi selecionado e contemplado com recurso financeiro � obten��o de materiais de consumo e permanente, essenciais � viabiliza��o das a��es previstas. J� em 2005, recebeu apoio do Programa de Bolsas de Extens�o e de Estudantes Extensionistas Volunt�rios, a fim de viabilizar a participa��o do estudante de enfermagem no projeto de forma remunerada.

RESULTADOS

As experi�ncias vivenciadas, percebidas e sentidas no cotidiano do desenvolvimento das a��es extensionistas de enfermagem, pelas docentes cooordenadoras-executoras, dos bolsistas de extens�o e dos extensionistas volunt�rios, juntamente com os componentes da CCIH/HUB, ocorreram permeadas pelo saber-fazer e saber-ser construtivista e colaborativo.

Desse modo, as seguintes a��es de enfermagem foram realizadas: reconhecimento do funcionamento e rotina do Servi�o de Controle de Infec��o Hospitalar da institui��o (SCIH); conhecimento do PCIH do HUB, debatendo especificamente sobre a atua��o do(a) enfermeiro(a) na vigil�ncia epidemiol�gica das IHs; leitura de textos acerca da legisla��o brasileira em controle de IH e de outros referenciais te�ricos, com momentos de discuss�o para ensino e aprendizagem; participa��o no "Curso de Controle de Infec��o Hospitalar para Residentes" oferecido pela CCIH/HUB; imers�o na pr�tica, realizando a busca ativa de casos de IH na Unidade de Cl�nica M�dica, Cl�nica Cir�rgica, Pronto Socorro, Unidade de Tratamento Intensivo, Maternidade e Ber��rio; notifica��o dos casos diagnosticados como infec��o hospitalar ou infec��o comunit�ria total de 67 notifica��es; realiza��o de monitoramento de casos diagnosticados, implantando medidas de controle segundo normas e rotinas estabelecidas pela CCIH; aux�lio ao SCIH no c�lculo das taxas de IH do hospital, utilizando o Programa Excel�; colabora��o na interpreta��o e na an�lise dos dados providos pelo Sistema de Vigil�ncia de Infec��o Hospitalar (SVIH), auxiliando na elabora��o de relat�rio mensal dos indicadores epidemiol�gicos; realiza��o de visitas t�cnicas no Centro de Material e Esteriliza��o, Centro Cir�rgico, Centro Obst�trico, Lavanderia e Laborat�rio do hospital; implanta��o, em mar�o de 2005, do Programa de Vigil�ncia Cir�rgica P�s-alta Hospitalar atividade de acompanhamento de pacientes da cirurgia geral at� o 30� dia p�s-operat�rio, na sala de egressos, com vistas ao seguimento da vigil�ncia de ocorr�ncia de infec��o de s�tio cir�rgico (ISC); elabora��o do Manual do Servi�o de Acompanhamento Ambulatorial de Egressos Cir�rgicos (SAAEC), estabelecendo normas, rotinas e procedimentos a serem realizados pelo servi�o; seguimento, de mar�o a dezembro de 2005, de 685 pacientes na sala de egressos cir�rgicos, sendo notificados 76 casos de ISC; participa��o, em outubro de 2005, da V Semana de Extens�o da UnB, com apresenta��o do projeto � comunidade participante do evento.

Na avalia��o feita conjuntamente, considerando-se as inten��es do projeto e o que de concreto se realizou, os seguintes aspectos foram ressaltados como positivos: inser��o do discente de enfermagem na CCIH; acolhimento pelos membros do Servi�o de Controle de Infec��o Hospitalar (SCIH); co-participa��o dos funcion�rios da CCIH no projeto; desenvolvimento de atividades espec�ficas de atua��o do(a) enfermeiro(a) na preven��o e controle de IH; fortalecimento da integra��o entre a Universidade e a comunidade hospitalar; aproxima��o do discente de enfermagem com a produ��o t�cnico-cient�fica, por meio de viv�ncias pr�ticas.

Os aspectos julgados como necess�rios a serem fortalecidos foram apontados e discutidos, firmando-se a relev�ncia de se dar continuidade ao projeto com algumas inova��es. Assim, a proposta do projeto foi renovada para o ano de 2006 com a concess�o de bolsas de extens�o, fortalecendo as a��es j� previstas na proposta inicial e ampliando para outras a��es tais quais: implanta��o de sistema de vigil�ncia p�s-alta a pacientes submetidas a cesarianas no hospital; atua��o cont�nua no ambulat�rio de egressos cir�rgicos; revis�o do manual do SAAEC; elabora��o e desenvolvimento de projeto de pesquisa sobre incid�ncia de infec��o de s�tio cir�rgico (ISC) em pacientes submetidos a herniorrafia; elabora��o de proposta de atividade de educa��o em servi�o sobre medidas de preven��o e controle de IH.

CONCLUS�O

Considerando a magnitude e complexidade que envolve o processo de trabalho para preven��o e controle de infec��es hospitalares na assist�ncia � sa�de nos diversos microcontextos de uma institui��o hospitalar, assim como a relev�ncia acerca do preparo inicial de discentes neste campo do saber-fazer e saber-ser, nos � permitido afirmar que a implanta��o e execu��o do Projeto de Extens�o `Atua��o de Enfermagem no Programa de Controle de Infec��o Hospitalar do Hospital Universit�rio de Bras�lia' trouxe benef�cios para alunos, professoras e membros executores da CCIH/HUB, assim como para a comunidade do hospital-escola.

Em rela��o �s viv�ncias de ensino-aprendizagem, as atividades de extens�o desenvolvidas ocorreram como estrat�gia de ensino-aplica��o, como Loyola e Oliveira16:432 afirmam:

� na extens�o que as enfermeiras v�o entender e fundamentar os conceitos e teorias aprendidos nas atividades de ensino, consolidando e complementando o aprendizado com aplica��o. Este � um dos grandes m�ritos da extens�o, o de permitir a efetiva��o do aprendizado com aplica��o.

Focalizando uma an�lise na perspectiva da comunidade hospitalar envolvida, pode-se inferir que, neste cen�rio, houve alguns avan�os, na medida em que se fortaleceu a pr�tica assistencial, empenhada em oferecer cuidados aos usu�rios do Sistema �nico de Sa�de do Hospital Universit�rio de Bras�lia, pautados no aprimoramento t�cnico-cient�fico, especificamente no controle de infec��es hospitalares.

Assim, considerando o contexto interdisciplinar e interinstitucional em que a proposta foi idealizada e concretizada, pode-se considerar que o projeto de a��o cont�nua de enfermagem no controle de IH:

- se desenvolveu como trabalho processual, onde houve intera��o universidade-professoras-alunos-comunidade hospitalar, ocorrendo m�tua modifica��o e complementaridade nos sujeitos-a��o, na perspectiva de oferecer uma assist�ncia � sa�de voltada � realidade e necessidades dos sujeitos-alvo;

- se constituiu de estrat�gia efetiva de aprendizado m�tuo e de realiza��o de a��es simultaneamente transformadoras entre Universidade e comunidade hospitalar;

- propiciou a forma��o de profissionais-cidad�os capazes de discutir e apresentar propostas �s quest�es relacionadas ao controle de infec��es hospitalares;

- serviu como ve�culo de comunica��o permanente, aprimorando a interlocu��o entre os setores Universidade/comunidade hospitalar;

- oportunizou a viv�ncia social, pol�tica e profissional entre professoras, alunos, profissionais da �rea da sa�de, t�cnico-administrativos e, principalmente, dos usu�rios do Sistema de Sa�de do Hospital Universit�rio de Bras�lia.

Concluindo, essa experi�ncia de extens�o universit�ria oportunizou a troca m�tua de saberes, uma vez que o planejamento e a execu��o da proposta do projeto possibilitaram e promoveram a aproxima��o da Universidade de Bras�lia - Curso de Enfermagem com a comunidade do Hospital Universit�rio de Bras�lia, e, dessa forma, alguns muros (in) vis�veis foram ultrapassados.

REFER�NCIAS

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10. Portaria n� 2.616 de 12 de maio de 1998. Expede na forma de anexos, diretrizes e normas para preven��o e controle das infec��es hospitalares. Di�rio Oficial da Republica Federativa do Brasil, Bras�lia (DF), 13 mai 1998:Se��o 1:1.

11. Lei n� 9.431 de 6 de janeiro de 1997. Disp�e sobre a obrigatoriedade da manuten��o de programa de controle de infec��es hospitalares pelos hospitais do pa�s. Di�rio Oficial da Republica Federativa do Brasil, Bras�lia (DF), 06 jan 1998: Se��o 1:1.

12 Prade SS, Oliveira ST, Rodr�guez RD, Nunes FA, Martins Netto E, Felix JQ et al. Estudo brasileiro da magnitude das infec��es hospitalares em hospitais terci�rios. Rev Control Infec Hosp 1995;2:11-25.

13. Prade SS, Silva AR, Lentz R, Rodr�guez RD, Martins Netto E, Oliveira ST et al. Avalia��o da qualidade das a��es de controle de infec��o hospitalar em hospitais terci�rios. Rev Control Infec Hosp 1995;2:26-40.

14. Poveda VB. An�lise dos fatores predisponentes � infec��o do s�tio cir�rgico em gastrectomia [disserta��o de mestrado] Ribeir�o Preto (SP): Escola de Enfermagem de Ribeir�o Preto/ USP; 2004.

15. Lacerda RA. Produ��o cient�fica nacional sobre infec��o hospitalar e a contribui��o da enfermagem: ontem, hoje e perspectivas. Rev Latino-Am Enfermagem 2002;10(1):55-63.

16. Loyola CMD, Oliveira RMP. A universidade "extendida": estrat�gias de ensino e aprendizagem em enfermagem. Esc Anna Nery Rev Enferm 2005 dez;9(3):429-33.

Recebido em 22/11/2005
Reapresentado em 26/07/2006
Aprovado em 30/08/2006

Quando foi criado o CCIH?

A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do CHC-UFPR/Ebserh foi criada em 1978, antes que houvesse qualquer exigência governamental relacionada ao tema, com a missão de prevenção e controle das infecções hospitalares.

Como surgiu o controle de infecção hospitalar?

Os primeiros relatos no país quanto à ocorrência de infecção hospitalar, surgiram na década de 50, e, embora se utilizasse o termo “contaminação hospitalar”, referiam como causas a esterilização do material hospitalar, o uso indiscriminado de antibióticos e o surgimento de microorganismos resistentes(5-6).

Quando foi criada a primeira CCIH no Brasil?

A primeira Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Brasil foi criada no Hospital Ernesto Dornelles de Porto Alegre – RS em 1963, 20 anos depois o Ministério da Saúde (MS) criou o Grupo de Trabalho para discutir sobre o tema, tendo publicado a portaria 196 determinando a todos os hospitais brasileiros ...

Qual o Dia Nacional de controle de infecção hospitalar?

A data, instituída pela Lei nº 11.723/2.008, tem o objetivo de conscientizar autoridades sanitárias, diretores de hospitais e trabalhadores de saúde sobre a importância do controle das infecções hospitalares.