Vantagens e desvantagens do sistema de gestão ambiental

O SGA determina como as organizações deverão realizar a gestão de meio ambiente, os indicadores que precisarão ser monitorados, a forma como os processos afetarão o meio ambiente, entre outros.

A série de normas ISO 14000 estabelecem requisitos para as organizações que desejam obter um SGA e que buscam uma certificação, e com isso reduzirem os danos que suas atividades causam no meio ambiente.

A ISO 14001 é uma norma internacional e responsável por regulamentar o SGA. Ela estabelece requisitos de implementação e operação. Engana-se quem pensa que um SGA só é aplicável em grandes organizações, pelo contrário, qualquer empresa pode implantar o seu sistema de Gestão Ambiental e obter uma certificação.

Além das empresas obterem melhores oportunidades de negócios ao adotar um SGA, outros benefícios podem ser destacados como:

  • Melhoria na imagem da empresa;
  • Redução de riscos e acidentes ambientais;
  • Melhoria na administração de recursos energéticos e materiais;
  • Redução de gastos desnecessários;
  • Cumprimento da legislação ambiental;
  • Competitividade internacional;
  • Possibilidade de obter melhores financiamentos.

O SGA promove revisões do processo produtivo e sua relação com o meio ambiente, social e econômico, identificando as atividades poluidoras, desperdício de matéria-prima e energia e organiza uma sistemática de monitoramento do Sistema.

A implantação do SGA é o primeiro passo das empresas em busca do desenvolvimento sustentável, convergindo seus interesses técnicos, econômicos e comerciais à redução dos impactos ambientais causados por suas atividades. Alcançando, assim, seu principal objetivo que é promover o equilíbrio entre a proteção ambiental e as necessidades socioeconômicas.

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Análise das Vantagens e Desvantagens da Implantação da ISO 14001 e o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) Gabriela da Silva MORAES1 Fernanda Serotini GORDONO2

Resumo Na medida em que aumentam as preocupações com a manutenção e a melhoria da qualidade de vida no meio ambiente aumentam também, a exigibilidade das empresas para comercializarem seus produtos e serviços. Para realizar seus negócios e expandir suas divisas nacionais e internacionais, muitas empresas precisam preparar-se com um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), visando conquistar novos mercados e se manterem competitiva no seu campo de atuação. Neste contexto, a Norma ISO 14001 disponibiliza parâmetros para que as mesmas possam adequar-se as exigências de competitividade e adequabilidade de gestão. O presente estudo focou as vantagens e as desvantagens da aplicação desta norma em duas empresas da cidade de Bauru (SP), que possuem esta certificação. Palavras-chave: ISO 14001; sistema de gestão ambiental; meio ambiente.

1. Introdução As ações humanas causam impactos sobre a vida de todos os seres que habitam o planeta e, aqueles são ampliados com a inserção e evolução de novas tecnologias que surgem constantemente. Estas visam proporcionar melhor qualidade de vida, porém, o meio ambiente, degradado pela ação humana necessita de ações que objetivam racionalizar tanto o uso dos recursos naturais durante o processo fabril, quanto o descarte final de resíduos. De acordo com Medina (2008) o problema da prevenção do meio ambiente é uma questão moral, porque além de afetar a qualidade de vida apresenta ameaças à sobrevivência, sendo assim, as empresas precisam buscar alternativas que possam tratar os resíduos e/ou minimizar sua produção.

1. Faculdade de Agudos – [email protected] 2. Universidade do Sagrado Coração e Faculdade de Agudos e SENAI – [email protected]

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Atualmente, há uma exigência do mercado quanto ao consumo de produtos que não degradem o meio ambiente, assim, as organizações procuram uma forma de não perder seus consumidores, surgindo o Sistema de Gestão Ambiental (SGA). De acordo com Ferreira (2003) o gerenciamento do meio ambiente requer conhecimentos específicos, pois a sociedade exerce pressão sobre as empresas no que se refere às relações ambientais e, dessa forma torna-se necessário desenvolver um sistema de informação com registros, medições e relatos de ações que visam a atender não só os anseios da sociedade, mas também os principais objetivos da Gestão Ambiental.

2. SIstema de Gestão Ambiental Para a prática da gestão ambiental pelas empresas faz-se necessário o desenvolvimento de uma política do meio ambiente, que vai definir os objetivos dessa gestão, buscando diminuir ou eliminar efeitos negativos provocados por suas atividades no meio ambiente, mantendo um controle sobre o impacto ambiental (TINOCO; KRAEMER, 2006). Abreu (2000, p.47) define as etapas para implementação de um SGA: t Política Ambiental – na qual se descreve as ações que serão implementadas, assim como a forma, quando, por quem e os prazos. t Planejamento – na qual se estabelece, a partir da identificação dos aspectos e impactos ambientais da empresa, um Plano de Gestão Ambiental. t Implementação e Operação – na qual se implementa e se operacionaliza o Plano de Gestão Ambiental definido na etapa anterior. t Verificação e Ação Corretiva – na qual se mede, monitora e avalia o desempenho ambiental da empresa, a partir do seu Plano de Gestão Ambiental. t Análise Crítica do SGA pela Administração – na qual se avalia criticamente o SGA, visando a identificar novos caminhos para a empresa atingir uma melhoria contínua do seu desempenho ambiental. Estas etapas são conhecidas como ciclo do PDCA, Sousa (2008), explica que o ciclo consiste em “ações seqüenciadas na ordem estabelecida pelas letras que compõem a sigla: P (plan: planejar), D (do: fazer, executar), C (check: verificar, controlar), e o A (act: agir, atuar corretivamente)”. Tornando-se uma ferramenta gerencial utilizada para garantir que as metas sejam alcançadas, buscando uma melhoria contínua a cada novo ciclo.

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Os cuidados com o meio ambiente não devem ser considerados apenas como fonte de despesas, pois podem tornar-se lucros. Na visão da gestão ambiental, os recursos com os quais antigamente não se tinham tanta preocupação como: água, ar, energia, resíduos em geral e sucatas, transformaram-se em uma oportunidade para reduzir, reutilizar e reciclar, agregando valores sustentáveis para as empresas que possuem um SGA em funcionamento. (VILAS, 2005). Para Dias (2006), do ponto de vista empresarial, gestão ambiental é a expressão utilizada para se denominar a gestão empresarial que se orienta para evitar, na medida do possível, problemas para o meio ambiente. Em outros termos, é a gestão cujo objetivo é conseguir que os efeitos ambientais não ultrapassem a capacidade de carga do meio onde se encontra a organização, ou seja, obter-se um desenvolvimento sustentável. O mesmo autor ainda define que a gestão ambiental é aplicável em empresas de qualquer tamanho e setor. Qualquer empresa pode reduzir o consumo de energia, de água, ou pode incentivar o uso de produtos recicláveis. Assim, o SGA implantado de maneira correta torna-se um instrumento organizacional que possibilita às instituições alocação de recursos, definição e responsabilidades; bem como também a avaliação contínua de práticas, procedimentos e processos, buscando a melhoria permanente de seu desempenho ambiental. No mercado competitivo em que vivem as empresas, a necessidade de inovar tornou-se fundamental, e os aspectos ambientais também devem ser considerados. A implementação de um SGA, dependendo do objetivo e dos resultados esperados pela organização, constitui um passo importante rumo a um comportamento ético-ambiental. Como o ambiente empresarial é caracterizado por uma incessante mudança, a adaptação e a flexibilidade da empresa são vitais para o seu sucesso no alcance dos objetivos ecológicos e econômicos. (ROLIM, 2008).

Com a implantação de um SGA a empresa consegue demonstrar a preocupação com meio ambiente, trilhando um caminho correto para o crescimento com o mínimo de prejuízo ambiental, incorporando desenvolvimento e preservação. Para demonstrar comprometimento ambiental e credibilidade no mercado as empresas aderem à série ISO 14000 que estabelece padrões sobre a gestão ambiental.

3. ISO 14000 A International Organization for Standardization (ISO), é uma organização não governamental existente desde 1947, com sede em Genebra, Suíça. Se– 432 –

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gundo Dias (2007), o termo ISO não é uma sigla, mas sim um nome derivado da palavra grega isos, que significa igual, esta palavra foi escolhida para representar o sentido de igualdade, evitando a proliferação de siglas em função dos vários idiomas dos países membros. No Brasil, a ISO é representada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que é uma sociedade privada, sem fins lucrativos, formada por pessoas físicas e jurídicas. Criada em 1940, reconhecida pelo Governo brasileiro como “Fórum Nacional de Normalização”, ela elabora normas de vários domínios de atividades, além disso certifica produtos e sistemas. Contudo, todas as normas desenvolvidas pela ISO são voluntárias, entretanto, os países acabam frequentemente adotando as normas ISO e as tornam obrigatórias. A ISO é uma federação mundial de institutos nacionais de normalização, que agrupa 145 países, representando 95% da produção industrial do mundo. Esta organização foi criada para reunir normas técnicas e uniformizar medidas e especificações, como por exemplo: o tamanho de papéis, de parafusos, normas de segurança, entre outras, conforme relata Reis (2002). De acordo com Valle (1995, p. 95) com todas essas normas técnicas a ISO decidiu criar um sistema de normas para padronizar as ações que deveriam ser tomadas sob ótica de proteger o Meio Ambiente, e se convencionou mencionar estas ações pelo código ISO 14000. Neste contexto Reis (2002) relata que: O conjunto de Normas ISO-14000 nasceu primariamente como resultado da Rodada do Uruguai de negociações do GATT (General Agreement on Tariffs and Trade), encerrada em 1994, e da CNUMAD (Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento), mais conhecida como ECO-92. Enquanto o GATT tinha a preocupação em reduzir as barreiras não tarifárias, a ECO-92 gerou o comprometimento de proteção do meio ambiente em todo o planeta e fortaleceu a discussão do conceito de Desenvolvimento Sustentável.

A série ISO 14000 agrupa normas internacionais que estabelecem regras para as empresas. De acordo com Valle (1995), as normas ISO são elaboradas por vários Comitês Técnicos (TC), compostos por especialistas dos diversos países-membros. Estes comitês organizam normas internacionais que garantem uma abordagem sistêmica à gestão ambiental e permitem a certificação das empresas e dos produtos que as cumprem. Ainda com relação ao Comitê Técnico Tinoco e Kraemer (2006, p. 55) reforçam que este, apresenta seis subcomitês (SC) que tratam dos seguintes assuntos, conforme mostra o Quadro 1:

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Quadro 2

Os seis subcomitês.

Subcomitês

Descrição

SC01

Sistemas de Gerenciamento Ambiental, coordenado pela Inglaterra e com dois grupos de trabalho (WG – Work Group), o WG-1 para Especificações e o WG-2 para Orientações Gerais.

SC02

Auditoria Ambiental, coordenado pela Holanda e com três grupos de trabalho, o WG-1 para os Princípios de Auditoria o WG-2 para Procedimentos de Auditoria e o WG-3 para Qualificação de Auditores.

SC03

Rotulagem Ambiental, coordenado pela Austrália e com três grupos de trabalho: o WG-1 para Princípios para Administradores de Programas, WG-2 para Rotulagem Ambiental de Tipo II e o WG-3 para Princípios para Programas de Rotulagem Ambiental.

SC04

Avaliação de Desempenho Ambiental, coordenado pelo EUA e com dois grupos de trabalho: WG-1 para Avaliações Gerais de Desempenho Ambiental e o WG-2 para Avaliações Gerais do Setor Industrial.

SC05

Análise do Ciclo de Vida, coordenado pela França e com quatro grupos de trabalho: WG-1 para Código e Prática, WG-2 para Inventário, WG-3 para Análise de Impactos e o WG-4 para Análise de Avaliação de Melhoria.

SC06

Termos e Definições, coordenado pela Noruega, com a finalidade de padronizar terminologias e coordenar o uso de normas com outros comitês da ISO. Esse subcomitê não está dividido em grupo de trabalho.

Fonte: Adaptado de Tinoco e Kraemer (2006, p. 55).

Entretanto, estes subcomitês servem para desenvolver um plano de normalização, por sua amplitude e pelo curto prazo em que se pretende implantálo. A série ISO 14000, foi designada para cobrir as seguintes áreas: sistemas de gestão ambiental, auditoria ambiental, rotulagem ambiental, aspectos ambientais das normas de produtos, análise do ciclo de vida do produto e desempenho ambiental. O conjunto de Normas ISO 14000 fez com que todo o planeta olhasse as questões ambientais, encorajando a procura de um mundo mais limpo, protegido e vantajoso para todos. A existência destas normas permitiu que as empresas dirigissem seus esforços de adaptação ambiental contra os critérios de uma norma de concordância mundial, de modo que não apareçam conflitos regionais quanto à interpretação da boa prática ambiental, de acordo com Reis (2008). 3.1 ISO 14001 As primeiras normas da série ISO 14000, são as que abordam o SGA, objetivo fundamental de toda série. As normas ISO 14001, é uma especificação para um SGA, e foram desenvolvidas para uso na certificação por terceiras– partes. A implementação da ISO 14001 permite descobrir os desperdícios e ações ineficientes, tornando possível a fabricação de mais produtos, com menos

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quantidade de matérias primas e criando menos quantidade de resíduos. (BETTIOL 2008). A ISO 14001 é uma norma flexível, ou seja, é aplicável em empresas públicas ou privadas, em organizações multinacionais, ou em pequenas empresas que se preocupam com as questões ambientais, segundo Abreu (2000). A autora ainda comenta que, o primeiro passo para a Certificação Ambiental na ISO 14001 é constatar o processo em que a empresa se encontra no que se refere às questões ambientais por influência do chamado “Relatório de Análise Crítica Preparatória”, este que serve para a identificação dos pontos que devem ser direcionados no processo de implantação do SGA. O relatório pode ser bastante estimulante ou ao mesmo tempo desanimador, pois algumas empresas abandonam o projeto nesta etapa, adiando todo o procedimento de certificação. Na prática a Análise Crítica Preparatória não pode haver descuido, devese verificar na empresa o seu método em todos os aspectos, explorando assim os pontos fortes e os pontos fracos em relação a todas as condições exigidas pela norma ambiental. Deve-se observar que a ISO-14001 não estabelece exigências absolutas para o desempenho ambiental além de compromissos, expressos na política, de atender a legislação e regulamentos aplicáveis e de se buscar a melhoria contínua. A norma se aplica nos efeitos ambientais que possam ser controlados pela organização e sobre os quais espera-se que a mesma tenha influência. (REIS apud ABREU, 2000 p.53).

A norma ISO 14001 tem colaborado de forma eficaz para a evolução da preservação do Meio Ambiente. A grande vitória desta norma é o empenho com a melhoria contínua, que levam as empresas a novas e melhores opções para resolverem seus problemas ambientais. (ABREU, 2000).

4. As Empresas Certificadas pela ISO 14001: Foco da Pesquisa Para realizar a pesquisa, foram aplicados questionários dois gestores de duas empresas de médio porte na cidade de Bauru, que por não autorizarem a divulgação dos dados serão chamados de empresa “T” e “Z”. As empresas pesquisadas pertencem ao ramo de Fabricação de Baterias (“T”) e de Construção Civil e Telecomunicações (“Z”) e ambas possuem as certificações ISO 9000 e 14001, conforme mostra o Quadro 2.

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Quadro 2 Identificação das Empresas Pesquisadas. Entrevistado “T”

“Z”

Fabricação de Baterias

Construção Civil e Telecomunicações

ISO 9000 e ISO 14001

ISO 9000 e ISO 14001

Identificação Ramo de Atuação Certificação das Empresas

Fonte: Adaptado pelas autoras.

Em relação aos entrevistados, o Quadro 3 apresenta a formação profissional e a função de cada entrevistado nas empresas. Independente do tempo da atuação nas empresas ambos conseguiram atingir os processos que a Norma exigiu, e obtiveram, com êxito, a certificação, visto que já tinham experiências gestoriais na área. Quadro 3

Identificação dos Entrevistados nas Empresas Pesquisadas.

Entrevistado “T”

Especificação Formação Profissional Função na Empresa

“Z”

Responsável pela Segurança do Trabalho Coordenador do Departamento de Meio Ambiente e Segurança

Analista de Qualidade e Meio Ambiente

14 anos

3 Anos

Tempo de atuação na empresa

Engenheiro

Fonte: Adaptado pelas autoras.

Ambos ressaltam que a alta administração deve escolher um representante com responsabilidade e autoridade para garantir que o SGA está implementado e mantido de acordo com a Política Ambiental nos requisitos descritos na ISO 14001. É recomendado que a equipe responsável possa ter, em seu quadro de funcionários, um especialista que possua condições de articular a teoria contida nas Normas com a prática, isto é, que tenha experiência e formação técnica para descortinar e facilitar o processo de certificação. Para verificar os objetivos quanto a implantação do SGA, conforme apresenta o Quadro 4. O entrevistado “T” considerou como objetivo da implantação do SGA a melhoria contínua de processos e serviços, principalmente pelo sistema já existente na empresa e fez referência ao ato de cuidar do Meio Ambiente bem como o aproveitamento de resíduos.

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Para que a empresa consiga a obtenção da Certificação ISO 14001, necessita ter como premissa a ideologia da Conservação do Meio Ambiente, e esta conscientização só é possível desde os funcionários de base até o nível hierárquico superior da organização. Visando reforçar essa idéia o entrevistado “T” ressaltou que: “[...] a preocupação era a preservação do Meio Ambiente, [...] consciência de preservação, da saúde do trabalhador e também do Meio Ambiente [...]”. Porém o entrevistado “Z” salientou que já possuía medidas na empresa para evitar desperdícios, sem comentá-las. Quadro 4

Categorização do Processo Antes da Certificação.

Entrevistado “T”

“Z”

Sistema existente Melhoria Continua Cuidar do Meio Ambiente

Exigências de Mercado Mercado Competitivo Respeitar o Meio Ambiente

Aproveitamento dos resíduos

Aproveitamento dos resíduos

Objetivos SGA Ambiental Reutilização de Material

Fonte: Adaptado pelas autoras.

O entrevistado “Z” completou que a idéia do SGA partiu da própria exigência do mercado, e dos clientes. Portanto a empresa que trabalha teve que se adequar às novas perspectivas do mercado. Vale destacar que foi uma visão diferente do entrevistado “T”. Neste enfoque ambos os entrevistados destacaram que houve dificuldade para que os colaboradores entendessem as exigências da ISO 14001, pois já haviam participado da ISO 9000, conforme relata o entrevistado “T”: [...] no treinamento do pessoal, em relação a política ambiental, [...] existia uma política da qualidade, aí dois sistemas de gestão seguidos, o da qualidade e um ambiental, eles faziam a maior confusão, misturavam as duas coisas. O entrevistado “Z” reforçou este item e destacou: [...] até você reeducar o povo é complicado, [...] o cara está acostumado a fazer aquilo, até você por na cabeça do cidadão que está errado, é complicado, [...] então eles não estão nem aí pra você, e pra você mudar essa mentalidade dentro da empresa mesmo é complicado. Após a etapa de reeducação com os funcionários o próximo passo à certificação foi à contratação de um Organismo de Certificação de Sistema (OCS), que apresenta um ciclo de aproximadamente três anos e que é realizado pela Certificação Periódicas. Esta é necessária para averiguar o que foi comprometido no inicio do processo de certificação, conforme mencionou o entrevistado “T”: [...] contratamos um órgão certificador, e ele veio aqui fazer

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a auditoria, para a certificação, ou as auditorias de manutenção, [...] primeiro eles vêem e vão fazer a auditoria prévia, [...] para ver se vou passar em outras auditorias ou não [...] depois se faz a auditoria de manutenção, a cada três anos, [...] depois desta auditoria de manutenção se faz uma outra auditoria de re-certificação. Este também foi reforçado pelo o entrevistado “Z”: Em um primeiro instante ela (certificadora) vem ver o que você vai fazer, [...] na auditoria da ISO, que daí é quando você é certificado por mais três anos, aí tem a de manutenção. Para que não ocorram possíveis falhas no processo de Pré-Certificação o entrevistado “Z”, aconselhou a contratação de um consultor externo: [...] tem que pagar um consultor externo, você nunca pode ir à cega, mesmo em uma empresa grande que tenha departamento de qualidade, Meio Ambiente não dá para arriscar. Quadro 5 Vantagens Empresariais Advindas da Certificação ISO 14001. Entrevistado “T”

“Z”

Mercado Internacional e Instituições Financeiras Imagem da empresa Não comentou

Conquista de novos Mercados e Retenção de clientes Não comentou A norma é flexível

Vantagens Mercado EconômicoFinanceiro Marketing Ecológico Adaptação à Norma

Os mercados Nacional e Internacional têm pressionado as empresas a adotarem estratégias para aprimorar o nível de competitividade em seus produtos e os serviços, visando que sejam aceitos de forma universal. Tendo em vista este objetivo, a ISO 140001 têm influência nas empresas, pois, criam padrões que norteiam as decisões como a preservação do Meio Ambiente. O entrevistado “T” citou: [...] agora o que muda muito é a amplitude do mercado, o mercado pede muito, e vê a gente com outros olhos, clientes no exterior, [...]. O entrevistado “Z” comentou que os seus clientes não contratavam uma empresa que não tivesse respeito com o meio ambiente. E para normatizar as ações ambientais foi necessário recorrer à norma ISO 14001, senão teria dificuldade em manter os clientes e conquistar novos mercados. Já o entrevistado “T” destacou a preocupação com a imagem da empresa, em relação à sociedade, pois esta procurou adequar-se às normas visando, mantê-la em ordem, pois na cidade de Bauru há uma empresa concorrente, que ocasionou sérios problemas ambientais (envolvendo contaminação por chumbo) e reforça a importância do marketing ecológico e as conseqüências

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que podem sofrer a imagem da empresa em relação a degradação ambiental que ela pode provocar. Em relação ao item adequação às normas, o entrevistado “Z” citou que existe flexibilidade no cumprimento da norma ISO 14001, o que a ABNT NBR ISO 14001:2004 cita em seu Objetivo: Esta norma especifica os requisitos relativos a um sistema da gestão ambiental, permitindo a uma organização desenvolver e implementar uma política e objetivos que levem em conta os requisitos legais e outros requisitos por ela subscritos e informações referentes aos aspectos ambientais significativos. Aplica-se aos aspectos ambientais que a organização identifica como aqueles que possa controlar e aqueles que possa influenciar. Em si, esta Norma não estabelece critérios específicos de desempenho ambiental.

O entrevistado “Z” ainda acrescentou que a empresa tem o livre-arbítrio de adequar a norma à sua realidade, porém pode perder a certificação se não cumpri-la. Quando os entrevistados foram questionados quanto a desvantagens da Certificação ISO 14001, uma das desvantagens citadas pelos entrevistados foi o aumento da carga tributária à empresa, pois, para cada procedimento ou etapa a ser “vencida” na norma, foi necessária a autorização dos órgãos ambientais, está relacionada ao recolhimento de taxas para analises de processos e até a aquisição das normas. O entrevistado “T” afirmou: Nos tributos a gente paga mais por isso, você vai na CETESB, (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) vai pedir uma instalação de alguma máquina, [...], vai subsidiar uma área dentro da empresa, esse processamento é bastante caro. Com a norma não facilitou em nada, [...] o que facilitou é em relação aos bancos, nos bancos a gente entra de outra forma, [...] hoje, os bancos já estão se preocupando em se voltar praticamente para o meio ambiente. Outra desvantagem é com relação à legislação ambiental, pois o governo não está preparado para atender a todos os requisitos desta norma, como afirma o entrevistado “Z”: [...] a norma pede muitas coisas, que de repente nem o governo está preparado para atuar ali. Por exemplo, tem uma lei “X” [...] só que o poder público não está preparado para fiscalizar aquela lei, então você fica travado. Mais eu tenho que cumprir essa legislação se não eu não sou certificado na ISO 14001. Além dos custos elevados, outra desvantagem citada pelo o entrevistado foi com relação à demora na análise dos documentos pela certificadora. Com destaque à documentação, o entrevistado “Z” comentou que a empresa precisa ter controle absoluto sobre os mesmos e também com os registros ambientais, pois é necessário provar à certificadora cada etapa presente nos objetivos. – 439 –

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5. Considerações Finais Pode-se verificar que as empresas precisam acompanhar o mercado econômico e financeiro, devem existir procedimentos para os requisitos da implementação até a operação da Norma ISO 14001, na qual se avalia o desempenho ambiental da empresa, a partir de seu Plano de Gestão Ambiental, levando em consideração que a padronização auxilia no desenvolvimento econômico, social e ambiental das empresas estudadas, uma vez que se sobressaíram na busca de soluções para a redução ou a eliminação dos impactos causados pelo processo produtivo. Quanto às vantagens e as desvantagens que as empresas obtiveram ao implantar o SGA e, consequentemente a Norma ISO 14001, os entrevistados foram unânimes ao destacar que obtiveram mais vantagens do que desvantagens e que o processo de implantação possibilitou a cooperação, a integração e a colaboração mútua, em todos os níveis hierárquicos. Os objetivos foram alcançados, durante as etapas vivenciadas no procedimento, pois, todos desejavam além da certificação a melhoria na qualidade de vida dos funcionários e com isso, da sociedade. O processo de implantação do SGA colaborou, inclusive com a melhoria contínua das etapas de trabalho, com a conservação do meio ambiente e também com a responsabilidade sócio-ambiental, pois as empresas atuaram direta e indiretamente em instituições beneficente e em programas educativos com os seus colaboradores e seus familiares. Desse modo pode-se considerar que a ISO 14001 é um meio de agregar valores econômicos, sociais e ambientais ao meio empresarial, mas também à sociedade, pois o próprio mercado consumidor passou a selecionar produtos e serviços de empresas que possuem certificação ambiental. O SGA não é obrigatório, ou seja, não há legislação de qualquer nível, em qualquer lugar do mundo, que obrigue uma organização produtiva a desenvolver e a implantar o SGA. Contudo, o comercio internacional cada vez mais vem estabelecendo como condição de comercialização de produtos e serviços a certificação formal dos fornecedores em gestão ambiental. Faz-se necessário que as empresas envolvidas no processo tenham como foco a melhoria contínua em relação ao meio ambiente, e para isso é preciso compreender o impacto ambiental que tais empresas podem causar. As organizações pesquisadas atuam em diferentes mercados, porém vivenciam o impacto de concorrências, pois a exigência do mercado tem sido cada vez mais assídua e competitiva.

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