Bruno Gualano, pesquisador da Faculdade de Medicina da USP, dá orientações para manutenção da saúde durante o isolamento 31/03/2020 - Publicado há 3 anos Atualizado: 08/05/2020 as 18:13 Como lidar com cuidados básicos, como alimentação saudável e atividade física, durante a quarentena? É o que explica, ao Jornal da USP no Ar, Bruno Gualano, professor e pesquisador do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição da Faculdade de Medicina da USP. Segundo ele, a má alimentação e a falta de atividade física já são, em si, uma epidemia, agravada pela covid-19. “As mudanças de rotina na epidemia do coronavírus influenciam para que as pessoas tenham menos hábitos saudáveis em isolamento”, comenta o professor. As cartilhas que vêm sendo produzidas pelo grupo são baseadas em informações da Organização Mundial da Saúde, “em ciência, que está no front do combate à epidemia”, completa. Toda rotina mudou com a quarentena e, segundo o professor, a organização para a alimentação deve ser feita dentro dessa nova rotina. Sobre a prática de estocar alimentos em meio à pandemia, ele aponta os motivos para não estocar: “Além de evitar o consumo de alimentos ultraprocessados, mais fáceis de estocar, há a questão do desperdício e da solidariedade com as outras famílias”. Uma boa estratégia é cozinhar e estocar os alimentos caseiros, em potes, por exemplo, para “quando bater a fome já ter uma comida pronta, evitando o consumo de industrializados”, sempre dando preferência para alimentos in natura. Além disso, ele esclarece que não há alimentos milagrosos, que vão fortalecer a imunidade. “Deve-se ter uma alimentação rica e diversificada, o que contribui, de verdade, para a saúde do corpo”, comenta Gualano. Sobre a prática de exercícios físicos, o professor diz que, mesmo em épocas de não confinamento, já é difícil seguir uma rotina. “A insuficiência de atividades físicas nesse período sedentário, em que muitas pessoas ficam sentadas por muito tempo, é nociva à saúde”, afirma. Como dica para exercícios dentro de casa, ele recomenda os canais especializados no assunto, de fácil acesso pela internet, que auxiliam com informações, e também as cartilhas que o grupo vem adaptando para a população. Para os que preferem fazer atividades ao ar livre, Gualano aconselha evitar aglomerações e atividades em grupo, e reservar um espaço isolado para colocar a roupa usada, sempre buscando se higienizar antes de entrar em casa. E recomenda, por fim, que todos os tratamentos e indicações médicas devem ser mantidos nesse período, e alerta para o prejuízo de dietas milagrosas e informações falsas sobre alimentação. Ouça a entrevista na íntegra. Jornal da USP no Ar Política de uso Read more articlesAtravés da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) que foi realizado pelo Ministério da Saúde em 2018, foi identificado um aumento da prevalência de obesidade na população brasileira em 67,8% entre os anos de 2006 e 2018. Sabe-se que a obesidade está diretamente relacionada com doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como a Diabete Melito (DM). Sendo identificado que em 2017, cerca de 8,8% da população mundial com idade entre 20 e 79 anos de idade vivia com DM (SBD, 2019-2020). Essas informações causam preocupação principalmente durante a pandemia, devido às evidências já estudadas sobre o COVID-19. Sabendo que as DCNT afetam os idosos, uma das principais ações que corroboram com o processo de envelhecimento saudável e ativo é a prática regular de atividade física (BRITO et al, 2019), ou seja, de acordo com a OMS para ser considerado atividade física regular, é necessário que tenha uma duração mínima de 150 minutos distribuídos ao longo da semana. A atividade física pode possibilitar um adiamento dos processos e desgastes procedentes do envelhecimento, assim como auxilia na prevenção do aumento da incidência de DCNT. Também permite que o idoso tenha uma maior qualidade de vida e bem-estar (BRITO et al, 2019). Outros benefícios da prática regular da atividade física para os idosos é a melhora da capacidade respiratória, reserva cardíaca, força muscular, cognição, memória recente e habilidades sociais (SILVEIRA et al., 2011). É importante ressaltar a importância da prática de exercício como um fator de proteção para o surgimento de doenças crônicas (PEREIRA; NOGUEIRA; SILVA, 2015). Atenção! Já é comprovada a existência de uma associação positiva entre as variáveis de aptidão física, como a melhora da sintomatologia depressiva e por conseguinte a promoção de uma melhora na qualidade de vida (POSSAMAI et al, 2019). A atividade física está diretamente relacionada a alterações do comportamento psicológico, fisiológico e do sistema neuroendócrino. Tendo relação com o sistema imunológico, que é responsável pela defesa do nosso organismo contra microrganismos, através do reconhecimento e eliminação dos mesmos (MARTINEZ; ALVAREZ-MON, 1999). A realização da atividade física vai articular a quantidade de substâncias que o sistema imunológico vai liberar para o corpo, tanto para mais quanto para menos e a relevância vai resultar de acordo com a intensidade e duração do exercício. Quando ocorre um treino de longa duração e de alta intensidade que podem provocar imunodepressão, relacionado a teoria da ‘’janela aberta’’, ou seja, quando é identificado uma depressão no sistema imunológico, o que deixa o organismo mais suscetível aos vírus e bactérias por um período de 3-72h (LIMA, 2020). Porém, destaca-se que em exercícios de intensidade leve a moderada e com uma duração não tão extensa esse período de imunodepressão é bem mais curto, sendo muito benéfico para o corpo e mente principalmente para a população identificada como de maior risco, ou seja, que apresentam maior chance de desenvolvimento da condição grave da COVID-19 que são os idosos, diabéticos, hipertensos, asmáticos, entre outros. Por outro lado, a realização de um treino de forma controlada e com constância tem demonstrado uma melhora na função imune, oportunizando uma maior reatividade do organismo contra a doença, ou seja, que o organismo esteja mais preparado contra o COVID-19 (LIMA, 2020). Orientações da OPAS para ter um estilo de vida ativo e fortalecer seu sistema imunológico:
Acad. Enf. Rafaela Linck Davi – UFRGS Acad. Enf. Ayume Oliveira Yamamoto – UFRGS Mda. Rosaura Soares Paczek – PPGEnf Dra. Letice Dalla Lana – UNIPAMPA Dra. Ana Karina Silva da Rocha Tanaka – UFRGS Referências LIMA, Luiz Cezar Junior. Alimentação saudável e exercícios físicos em meio a pandemia da COVID-19. BOLETIM DE CONJUNTURA (BOCA) ano II, vol. 3, n. 9, Boa Vista, 2020. MARTINEZ, Alfredo Córdova; Alvarez-Mon, Melchor. O sistema imunológico (I): Conceitos gerais, adaptação ao exercício físico e implicações clínicas. Rev Bras Med Esporte vol.5 no.3 Niterói May/June 1999. OPAS. Organização pan-americana da saúde. Infográfico para pessoas idosas com orientações para um estilo de vida ativo e fortalecer seu sistema imunológico. ago. 2020. Disponível em <https://www.paho.org/pt/documents/infographic-tips-older-adults-keep-active-and-healthy-during-covid-19>. Acesso em 28 de agosto de 2020. PEREIRA, Déborah; NOGUEIRA, Júlia; SILVA, Carlos. Quality of life and the health status
of elderly persons: a population-based study in the central sertão of Ceará. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 18, n. 4, p. 893-908, 2015. SILVEIRA, Michele et al. Atividade física e qualidade de vida em idosos. Saúde e Pesquisa, Maringá, v. 4, n. 3, p. 417-424, 2011. SBD. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de diabetes. 2019-2020 São Paulo, 2019.Disponível em: https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/DIRETRIZES-COMPLETA-2019-2020.pdf. Acesso em: 28 set. 2020. COMO CITAR: TANAKA, A.K.R; LANA, L.D; PACZEK, R.S; YAMAMOTO, A.O; DAVI, R.L. A importância do exercício físico em tempos de pandemia. (online). Blog LEVi@enf2020(viewed 23October2020) Avaliable from: https://www.ufrgs.br/levi/a-importancia-do-exercicio-fisico-em-tempos-de-pandemia/#page-content Qual a importância da prática de atividade física em tempos de pandemia?O exercício ajuda a prevenir muitas doenças e fatores de risco, melhora a sensação de bem-estar, é coadjuvante no tratamento e controle de várias doenças, além de ajudar a manter uma boa imunidade e uma composição corporal mais adequada.
Qual a importância de uma alimentação saudável durante a pandemia?Deve-se ressaltar que, embora não haja comprovação científica da relação entre o consumo de determinados alimentos ou suplementos e o combate ao coronavírus, a alimentação saudável exerce um papel primordial para a manutenção da saúde e do sistema imunológico.
Qual a importância de atividades físicas e alimentação saudável?Em conjunto, atividade física e alimentação saudável promovem a redução do excesso de gordura e o aumento da massa magra, além de diminuir os riscos de doenças como a obesidade. Alimentação saudável e atividade física compõem os dois pilares para o emagrecimento.
Qual a importância da prática regular de atividade física durante o período de quarentena?A união de atividade física e relaxamento é uma ferramenta valiosa para manter a calma e continuar a proteger a saúde durante esse período de isolamento. Para se manter ativo em casa, realize tarefas simples, como dançar, brincar com as crianças, cuidar dos animais e plantas e subir escada.
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