Para neurocientista, falta de experiência e emoções limita o pensamento das máquinas (Foto: Pexels) Show Inteligência artificial é um tema polêmico. Em meio ao desenvolvimento de sistemas baseados em machine learning, capazes assumir tarefas cada vez mais sofisticadas e de melhorar com a "prática", surgem dúvidas para profissionais, organizações e gestores públicos: em quais postos as máquinas não vão nos substituir? IA vai gerar mais empregos do que vai destruir? O que estudar, nesse tipo de mercado de trabalho? Isso sem mencionar cenários mais sombrios, com sistemas inteligentes ganhando mais autonomia (e imprevisibilidade), sendo usados como armas ou sendo hackeados com fins malignos. O pesquisador Álvaro Machado Dias, da Unifesp, prefere não projetar um cenário tão drástico. Para ele, sem a
vantagem de milhões de anos de evolução, sem emoções nem empatia verdadeiras, as máquinas não serão capazes de pensar como nós. Mas ele vê, sim, outras ameaças no horizonte, associadas à difusão da I.A.. Álvaro se encontra num ponto privilegiado para fazer essa análise: é um pesquisador multidisciplinar, neurocientista e psicólogo comportamental com conhecimento profundo de I.A., coordenador da linha de pesquisa em tomada de decisão do Laboratório de Neurociências Clínicas da EPM-Unifesp (ele
atua também como cientista-chefe do Projeto Rhizom, que desenvolveu o primeiro protocolo de blockchain latino-americano). As máquinas podem resolver todos os nossos problemas? “Um algoritmo é um conjunto de instruções para se chegar de um ponto inicial a um desfecho, e a premissa é que ele seja eficiente para chegar a esse desfecho. O grande ponto é que em muitas das situações que a gente vive e que caracterizam a nossa humanidade, a utilidade esperada não é na ponta, ela acontece ao longo do processo”. Álvaro Machado Dias, neurocientista, psicólogo comportamental e estudioso de tecnologia da informação: as ameaças ambientais e de dissolução social parecem mais próximas do que qualquer risco cibernético (Foto: Divulgação) Máquinas podem pensar como os humanos? “Como uma máquina pode fazer isso sem ter consciência? Não faz sentido. A relação social que temos a partir do pensamento depende de consciência. Isso já limita fundamentalmente o atingimento da inteligência plena [pelas máquinas]”, diz Dias. As máquinas também não conseguiriam alcançar a empatia humana. “A gente gesticula, olha nos olhos, sorri, interage, sincroniza comportamentos a partir dessas coisas, e não adianta criar uma ‘máquina de sincronização comportamental’ para resolver esse problema. Isso não resolve porque justamente a grande medida da empatia é a autenticidade, a sensação de que a pessoa está sendo genuína – e essa capacidade é absolutamente determinada pela existência da emoção”, afirma. Se não teremos uma inteligência artificial geral, capaz de substituir os humanos em tudo, para onde a tecnologia caminha? A consciência humana é capaz de integrar áreas de conhecimento, filtrando o que interessa e articulando as informações que importam. “Essa capacidade de transferência de conhecimento poderia ser possível às máquinas, mas nunca será plena se não houver emoção e experiências sensoriais”. Robôs podem dominar o mundo? O cientista apresenta um cenário hipotético -- imaginemos que uma I.A. hostil decida, por conta própria, criar outras versões de si mesma e se espalhar. Isso pode ocorrer, mas esse sistema vai encontrar resistência. "Não podemos pensar nessa questão como um robô contra um humano. É um robô contra bilhões de humanos. O que está em discussão não é a capacidade de um sistema sobrepujar uma pessoa, e sim sobrepujar bilhões de pessoas e pelo menos 10 mil anos de evolução cultural”. Então não devemos nos preocupar? Isso não significa que a discussão deve ser completamente descartada. “Quando nos preocupamos com alguma coisa, produzimos mais do que medo. Produzimos uma filosofia, uma forma de pensar o mundo que é muito valiosa”, diz. “Precisamos pensar no risco existencial a partir do aumento da desigualdade por causa da automação”. Como a tecnologia pode aumentar a desigualdade? “Todos os saltos tecnológicos da humanidade foram acompanhados por um aumento extremo de desigualdade entre os países. Todo processo de transformação social torna o ‘fazer’ de uma determinada forma completamente obsoleto. Em geral, essa forma que se torna obsoleta está mais disseminada nos países mais pobres”, diz o pesquisador. A agravante, hoje, é a velocidade. As mudanças acontecem em ritmo mais acelerado do que em revoluções anteriores – e talvez não haja tempo para que grandes parcelas da população aprendam novas profissões. “Talvez tenhamos a proliferação de algoritmos capazes de ocupar o papel de pessoas na esfera produtiva com mais velocidade do que as pessoas conseguem reinventar seus empregos. Se isso for verdade, podemos ter um aumento irreversível de desemprego e desigualdade”. Quer receber as notícias de Época NEGÓCIOS pelo WhatsApp? Clique neste link, cadastre o número na lista de contatos e nos mande uma mensagem. Para cancelar, basta pedir. Qual o perigo da inteligência artificial para a humanidade?“Imagens e vídeos falsos usados para espalhar informações incorretas ou prejudicar a reputação das pessoas, robôs on-line utilizados para manipular o discurso público e a opinião, ou a criação de algoritmos treinados com tendências preconceituosas são apenas alguns exemplos dos riscos a que estamos expostos.
Quais são os pontos negativos da inteligência artificial?Riscos de gerar o aumento de desemprego
A inteligência artificial pode ocasionar preocupação para muitas pessoas em relação às oportunidades de emprego. Afinal, é possível otimizar processos e realizar tarefas sem a necessidade da intervenção humana.
O que a inteligência artificial pode causar?Com a redução de erros e o aumento da produtividade, empresas que adotam a inteligência artificial conseguem eliminar custos operacionais facilmente. Por exemplo, as equipes de RH lidam com grandes quantidades de documentos diariamente, principalmente na contratação de novos funcionários.
Como a inteligência artificial afeta o nosso dia a dia?Hoje, existem vários exemplos de inteligência artificial no dia a dia, uma prova de que essa tecnologia é realmente revolucionária. Aplicativos, câmeras com reconhecimento facial e até painéis digitais de publicidade. A verdade é que a inteligência artificial já é um importante componente tecnológico do mercado.
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