Como a mudança climática pode prejudicar o desenvolvimento da agricultura mundial?

Estudo mostra que 21% da produção agrícola mundial foi impactada negativamente por mudanças climáticas geradas pelo

Um novo estudo publicado pela Nature Climate Change revela o impacto negativo das mudanças climáticas na produção agrícola. A pesquisa mostra que cerca de 21% da produção agrícola mundial, incluindo pecuária, cultivo de árvores e culturas tradicionais como milho e soja, foi impactada negativamente desde 1960.

A produção agrícola em todo o mundo cresceu nos últimos 60 anos, principalmente em países ricos, graças ao uso de tecnologias e técnicas mais eficientes. Mas, de acordo com a pesquisa, existem evidências de que a mudança climática – e o subsequente aumento de secas, inundaçõe e calor extremo – freou os ganhos agrícolas e, consequentemente, a garantia de segurança alimentar.

Com base em modelos semelhantes aos usados o economista Ariel Ortiz- Bobea, principal autor do estudo, e sua equipe mapearam dados climáticos entre 1960 e 2020 e os compararam a um modelo sem as mudanças climáticas causadas pelo homem. Depois a produtividade entre os dois modelos foi comparada.

A MUDANÇA CLIMÁTICA BASICAMENTE ELIMINOU CERCA DE SETE ANOS DE MELHORIAS NA PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA NOS ÚLTIMOS 60 ANOS

De acordo com o economista, sem as mudanças climáticas, relacionadas  ás emissões de gases de efeito estufa e ao aquecimento do clima, a
produção agrícola global teria atingido o nível que está hoje em 2013.

Os maiores impactos climáticos são vistos em países mais quentes, como os da África, América Latina e Ásia, justamente onde estão a maior parte dos países em desenvolvimento. Nestes países, o acesso ao avanço tecnológico e a sistemas de gestão para a agricultura também é menor.

  VER INFOGRÁFICO: Efeitos socioeconômicos da mudança climática [PDF]

O RELATÓRIO STERN E O MODELO DE NORDHAUS

Considerada até há pouco como um simples fator externo, a saúde ambiental, passou a desempenhar um papel-chave nos modelos dos economistas atuais.

Em 2006, o governo britânico foi o primeiro a encomendar a elaboração de um relatório sobre o clima a um economista. O escolhido foi Nicholas Stern — ex-economista chefe do Banco Mundial — e o resultado foi um texto de 700 páginas que se converteu em uma referência nessa área e onde Stern já afirmava que “as emissões de gases de efeito estufa são a maior falha do mercado que o mundo já viu”. Em forma de síntese, a principal conclusão do Relatório Stern é a necessidade de fazer um investimento equivalente a 2% do PIB mundial para mitigar os efeitos da mudança climática.

Por outro lado, os economistas norte-americanos William D. Nordhaus e Paul Romer receberam em 2018 o Nobel de Economia por terem integrado a mudança climática na análise macroeconômica a longo prazo. Nordhaus foi o primeiro economista a desenvolver um modelo quantitativo que reproduz a interação entre o desenvolvimento econômico e a evolução do clima em escala global. Para Nordhaus, a solução para frear a mudança climática consiste em pôr um preço dissuasório ao carbono, pois o atual é muito baixo e não incentiva a busca de alternativas como as energias renováveis.

É POSSÍVEL FREAR A MUDANÇA CLIMÁTICA E IMPULSIONAR A ECONOMIA?

Apesar das reticências iniciais da comunidade empresarial, cada vez mais estudos e atuações demonstram que as medidas destinadas a combater o aquecimento global são uma oportunidade de ouro para garantir o desenvolvimento sustentável e impulsionar o crescimento econômico. Tal como explica a Comissão Mundial sobre a Economia e o Clima em um relatório do final de 2018, a adoção de medidas climáticas ambiciosas poderia gerar um lucro econômico de 26 bilhões de dólares até 2030, assim como 65 milhões de novos empregos com baixas emissões de carbono.

De acordo com este relatório, para construir um modelo de crescimento mais resiliente e benéfico para as pessoas devemos acelerar a transformação estrutural em cinco setores-chave da economia:

Sistemas de energia limpa

A descarbonização dos sistemas de energia combinada com tecnologias de eletrificação descentralizadas e disponibilizadas digitalmente pode proporcionar acesso a serviços de energia modernos para 1 bilhão de pessoas que atualmente não dispõem dela.

Desenvolvimentos urbanos mais inteligentes

Cidades mais compactas, conectadas e coordenadas economizariam 17 bilhões de dólares até 2050 e estimulariam o crescimento econômico melhorando o acesso ao trabalho e à habitação.

Uso sustentável da terra

A mudança para formas de agricultura mais sustentáveis combinadas com uma importante proteção florestal poderia gerar um lucro econômico que se situaria ao redor de 2 bilhões de dólares por ano.

Gestão inteligente da água

As regiões com escassez de água poderiam registrar uma queda em seu PIB que poderia chegar a 6% até 2050. Isso pode ser evitado usando a água de forma mais eficiente através de melhorias tecnológicas e do investimento em infraestrutura pública.

Economia circular industrial

Hoje, 95% do valor do material de embalagem de plástico — até 120 bilhões de dólares anuais — é inutilizado após o primeiro uso. Políticas que fomentem um uso mais circular e eficiente dos materiais poderiam melhorar a atividade econômica mundial e reduzir os resíduos e a poluição.

A Comissão Mundial sobre a Economia e o Clima também pede aos líderes do setor público e privado que tomem as seguintes providências de caráter urgente nos próximos dois ou três anos: fixar um preço para o carbono e obrigar as empresas a divulgarem os riscos financeiros relacionados ao clima, acelerar o investimento em infraestrutura sustentável, aproveitar ao máximo o poder do setor privado reforçando a inovação e avançando na transparência da cadeia de valor, e adotar uma abordagem focada nas pessoas para garantir um crescimento equitativo e uma transição justa.

A Organização das Nações Unidas (ONU) indica que ainda não é tarde para reverter a mudança climática e minimizar seus terríveis impactos. E a verdade é que hoje em dia a humanidade conta com a devida capacidade organizacional e tecnológica para compensar e restituir todos os problemas e danos causados ao planeta, e assim se reconciliar novamente com a natureza

Como a mudança climática pode prejudicar o desenvolvimento da agricultura mundial?
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Como as mudanças climáticas podem impactar a agricultura mundial?

As mudanças climáticas podem interromper a produção e disponibilidade de alimentos e comprometer sua qualidade. O aumento de temperatura projetado, a redução de precipitação, eventos climáticos extremos e escassez de água reduzirão significativamente a produtividade agrícola.

Quais as consequências das mudanças climáticas para a agricultura?

O impacto da agricultura na mudança climática compreende os seguintes fenômenos. Depleção e degradação do solo (erosão do solo, redução da matéria orgânica, salinização, acidificação, perda de fertilidade).

Como as mudanças climáticas podem afetar a produção de alimentos?

O aumento da temperatura, secas cada vez mais intensas e frequentes e grandes tempestades podem resultar na quebra de safras, na diminuição da produção e no aumento do preço de alimentos. Alguns estudos apontam que o ar mais quente implica na produção de cereais menos nutritivos.

Como os fatores climáticos interferem no setor agropecuário?

Os impactos do clima no agronegócio Questões como intensidade luminosa, umidade do ar e do solo, temperatura, índice pluviométrico e intensidade dos ventos são fundamentais para a escolha do que plantar, afinal são esses fatores que determinam o sucesso da colheita.