Quando os primeiros mapas mundiais confiáveis começaram a ser construídos, os cientistas notaram que os continentes, particularmente a América do Sul e a África, podiam encaixar-se como em um jogo de quebra cabeças. Em 1516, o geógrafo flamenco Abraham Ortelius observou o encaixe dos limites dos continentes em ambos os lados do oceano Atlântico, como se as Américas, Europa e África tivessem sido agrupadas em algum tempo e posteriormente separadas. Próximo do final do Século 19, o geólogo austríaco Eduard Suess juntou algumas peças do quebra cabeças e postulou que outrora os continentes meridionais tinham formado um único continente gigante, o Gonduana. Show Entretanto, foi um meteorologista alemão, Alfred Wegener, no início do Século 20, o primeiro a investigar exaustivamente a idéia da deriva dos continentes (continental drift). Em seu livro "A Origem dos Continentes e Oceanos" de 1915, Wegener baseou sua teoria não somente na forma dos continentes, mas também em evidências geológicas, tais como similaridades entre as rochas, estruturas geológicas e os fósseis encontrados no Brasil e na África. Nos anos que se seguiram, Alfred Wegener postulou a formação de um supercontinente chamado Pangea na Era Paleozóica (565-252 Ma), que estava unido até o Período Carbonífero (354-290 milhões de anos) e que começou a se fragmentar na Era Mesozóica (200 Ma), formando os continentes que conhecemos atualmente, com o oceano preenchendo os espaços entre eles. O meteorologista alemão acreditava que os continentes, constituídos de rochas silicosas menos densas, eram arrastados sobre as rochas mais densas do fundo oceânico por forças relacionadas a rotação da Terra que criariam uma força centrífuga em direção ao Equador. Wegener acreditava que o Supercontinente Pangea tinha originado-se perto do pólo sul e que a força centrífuga do planeta tinha provocado o rompimento do protocontinente, movendo então os continentes recém formados na direção do Equador. Faltava a Wegener dados sobre a natureza da formação da crosta oceânica, o que lhe impediu a formação de uma teoria mais completa da dinâmica terrestre. Após uma década de debates acalorados, a maioria dos geólogos e geofísicos rejeitaram a teoria de Alfred Wegener, pois segundo eles, as forças geradas pela rotação da Terra seriam insuficientes para mover os continentes. Entretanto, alguns poucos geólogos europeus, sul-africanos e australianos, entre os quais se destacam Alexander L. du Toit e Arthur Holmes, acrescentaram novos e importantes dados geológicos, paleontológicos e paleoclimáticos a teoria dos movimentos dos continentes. Em 1929, Arthur Holmes propôs a idéia que o manto terrestre sofria convecção termal, baseando seu conceito no fato que pode ser observado facilmente quando se aquece um recepiente com água. Quando uma substância é aquecida sua densidade diminui e por conseqüência ascende para a superfície. Na superfície ela é resfriada, aumenta sua densidade e então mergulha para baixo novamente.
Repetidos aquecimentos e resfriamentos resultariam em uma corrente mantélica que poderia ser suficiente para provocar o rompimento e movimento dos continentes. Esta idéia também recebeu pouca atenção na época. Dados paleomagnéticos foram utilizados para testar a idéia do espalhamento do assoalho oceânico. Certas rochas vulcânicas, como o basalto, contém minerais de ferro chamados magnetita. Quando o basalto resfria atingindo temperaturas abaixo de 500 graus Celsius, as magnetitas tornam-se orientadas na direção do campo magnético terrestre daquele momento. Deste modo, os minerais que constituem a rocha tornam-se magnetos fósseis, isto é, mostram a orientação do campo magnético terrestre no momento da cristalização e resfriamento. Este processo é chamado de paleomagnetismo termoremanente. Algumas rochas sedimentares podem também mostrar um outro tipo de magnetismo remanente. As rochas sedimentares são formadas quando partículas de sedimentos assentam e acumulam, por exemplo, no fundo de um corpo de água. Grãos magnéticos entre as partículas, como fragmentos de magnetita, tornam-se alinhados na direção do campo magnético terrestre no momento da deposição, e esta orientação poderá ser incorporada na rocha quando as partículas tornarem-se litificadas. Este tipo de magnetismo é chamado de paleomagnetismo remanente deposicional. O estudo das propriedades magnéticas de numerosas amostras de basaltos oceânicos, de muitos locais da Terra, demonstraram que o campo magnético terrestre mudou muitas vezes nos últimos 70-80 milhões de anos. Épocas de polaridade normal (isto é, períodos quando o campo magnético estava orientado como ele é hoje, com o pólo norte magnético no norte e próximo a sua locação atual) têm sido seguidas por períodos durante o qual as locações do pólo norte magnético e pólo sul magnético foram revertidos. Se o espalhamento do assoalho oceânico realmente ocorre, ele pode ser registrado no magnetismo dos basaltos na crosta oceânica, pois se o campo magnético muda intermitentemente, novos basaltos extrudidos no rifte podem ser magnetizados de acordo com a polaridade do tempo em que eles se formaram. Investigações subseqüentes do fundo mar comprovaram esta teoria, pois quando o assoalho oceânico se movimenta, o campo magnético é registrado na crosta ao longo de cada lado da cordilheira oceânica, com as rochas identificando períodos com polaridades normais e reversas alternadas.Para muitos geólogos, a evidência mais convincente para a comprovação da teoria da Tectônica de Placas vem desde a amostragem dos sedimentos que estão sobre o assoalho oceânico. Os sedimentos mais jovens e com menor espessura estão localizados sobre o fundo do mar próximo da cordilheira oceânica, onde nova crosta está sendo criada. Longe da cordilheira, os sedimentos que estão diretamente acima dos basaltos oceânicos tornam-se progressivamente mais antigos e mais espessos, estando os sedimentos mais antigos próximos das margens continentais. No final da década de 1960, uma nova geração de geólogos ampliou os conceito da deriva continental e do espalhamento do assoalho oceânico em uma teoria mais ampla, a Tectônica de Placas. Eles estenderam as idéias iniciais em torno da mobilidade da litosfera com a identificação dos limites de placas e a discussão de seus movimentos relativos e dos fenômenos tectônicos, vulcânicos e sísmicos que ocorrem nos seus limites. O desenvolvimento da Teoria da Tectônica de Placas foi para a geociências o que a Teoria da Relatividade de Einstein foi para a Física e a Teoria da Evolução de Darwin foi para a Biologia, uma revolução no conhecimento científico. Essa teoria teve um grande impacto nas ciências geológicas e isso aconteceu porque ela fez com que os geólogos reconhecessem que tudo está interligado no planeta. Não existe, por exemplo, uma teoria sobre como os sedimentos se formam e outra que explique como os vulcões agem. Tudo faz parte de um só grande quadro e compreender cada parte desse quadro ajuda a entender todo o sistema. Esse sistema, é claro, é a Terra. A teoria da Tectônica de Placas está atualmente firmemente estabelecida, sendo aceita como a teoria fundamental da dinâmica terrestre. Ela foi primeiramente utilizada, como foi visto acima, para explicar as feições do assoalho oceânico. Agora a ênfase tem mudado para os continentes, e muitas das primeiras observações geológicas continentais estão sendo reexaminadas na luz dessa teoria. Referências bibliográficas utilizadas na confecção do texto acima:Hamblin, W.K. & Christiansen, E.H. 1998. Earth,s Dynamic Systems (Eighth Edition). Prentice-Hall, Inc. 740 p. Press, F. & Siever, R. 1998. Understanding Earth (Second Edition). W.H. Freeman and Company. 682 p. Como a teoria das correntes de convecção e a da Tectônica de Placas e relacione a com a Deriva Continental?Esses blocos se encontram em movimento lento e constante sobre o magma, o que é causado pelas chamadas correntes de convecção. A teoria da deriva continental, em conjunto com a tectônica de placas, é a mais aceita e utilizada para a explicação da formação dos continentes e configuração atual da litosfera terrestre.
Qual é a relação entre a teoria da deriva continental e as placas tectônicas?A Teoria da Tectônica de Placas, que aperfeiçoou a Teoria da Deriva Continental, é, atualmente, a forma mais aceita de se explicar a formação dos continentes. Ocorre devido ao movimento convergente, quando duas placas se chocam.
Qual a relação entre as placas tectônicas e as correntes de convecção?As placas tectônicas literalmente flutuam sobre o magma. Desse modo, o que faz as placas tectônicas movimentarem-se é justamente o movimento desse magma! E esse movimento não acontece de uma maneira qualquer, mas sim obedecendo a uma variação cíclica, que chamamos de correntes ou células de convecção da Terra.
O que explica a Tectônica de Placas?A Teoria das Placas tectônicas parte do pressuposto de que a crosta terrestre está dividida em grandes blocos semirrígidos, ou seja, em placas que abrangem os continentes e o fundo oceânico. Essas placas movimentam-se sobre o magma, impulsionadas por forças vindas do no interior da Terra.
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