De acordo com essa reação química, a ansiedade poderá causar a alcalose sanguínea

A alcalose é o estado em que os fluidos do corpo ficam alcalinos, ou seja, com pH superior a 7,45.  Isso ocorre, principalmente, quando há excesso de bases (compostos alcalinos) no sangue.

“A alcalose pode ocorrer em qualquer idade, pois é um distúrbio hidroeletrolítico do corpo. Ela provoca reações bem desagradáveis, desde sinais como vômito e diarreia, até arritmia e coma”, conta Antônio Wanderson Lack de Matos, especialista em nutrição clínica.

Essa condição é um estado contrário à acidose, em que os fluidos corporais se tornam mais ácidos. Estar com alcalose ou acidose reflete no equilíbrio do pH do corpo, o que pode causar desequilíbrios no organismo.

Cada tipo de alcalose tem uma causa específica:

  • Alcalose metabólica é causada pela prevalência de bicarbonato (uma base) no sangue, que pode ser provocada tanto pelo aumento dessa substância, quanto pela perda das substâncias ácidas
  • Alcalose respiratória é ocasionada pelo nível baixo de dióxido de carbono (CO2) no sangue, que pode ser causado por hiperventilação (em geral decorrente de alguma dor ou de ansiedade)
  • Alcalose hipoclorêmica é resultado pela perda de compostos químicos chamados cloretos, o que pode acontecer durante crises de vômito, por exemplo
  • Alcalose hipocalêmica é a reação dos rins quando o corpo apresenta baixa de potássio
  • Alcalose compensada é quando os níveis de compostos ácidos e básicos estão altos ao mesmo tempo.

Além disso, a alcalose pode ser causada por algum problema nos rins, que elimina a mais ou a menos as substâncias ácidas e básicas.

"Como a alcalose é um distúrbio do equilíbrio dos elétrons da homeostase, chamado molaridade do corpo, ela faz com que as águas, tanto do meio, de dentro ou de fora, vão para o lugar errado, provocando esse desequilíbrio", explica Antônio.

O especialista explica que isso faz com que as células não funcionem da maneira correta, o que compromete a funcionalidade dos órgãos e sistemas do corpo, causando diferentes reações adversas. 

Existem alguns diferentes tipos de alcaloses, de acordo com a causa do problema. São elas:

  • Alcalose metabólica
  • Alcalose respiratória
  • Alcalose hipoclorêmica
  • Alcalose hipocalêmica
  • Alcalose compensada.

Cada tipo de alcalose apresenta sintomas específicos. A alcalose metabólica, por exemplo, apresenta sinais apenas quando evolui para algo mais grave, o que pode causar:

  • Dor de cabeça
  • Letargia
  • Excitação neuromuscular.

Entre os sintomas gerais da alcalose, estão:

  • Náuseas
  • Sensação de torpor
  • Espasmos musculares prolongados
  • Tremor nas mãos
  • Contração muscular.

Em quadros graves, as reações causadas pelo problema são:

  • Tonturas
  • Dificuldade para respirar
  • Confusão
  • Estupor

Entre os sintomas da alcalose respiratória estão:

  • Delírio
  • Confusão
  • Parestesias periféricas
  • Cólicas
  • Sincope.

A alcalose respiratória crônica pode não apresentar sintomas.

A alcalose é considerada uma doença difícil de ser diagnosticada, pois seus sintomas podem ser confundidos com outras complicações de saúde. Em geral, ela só é percebida com a solicitação de alguns exames, como:

  • Gasometria arterial
  • Dosagem de eletrólitos séricos
  • pH da urina
  • Urina tipo I.

Dependendo dos resultados, o médico pode pedir novos exames para tentar encontrar a causa do problema.

O tratamento da alcalose varia conforme a causa do problema. A alcalose respiratória, por exemplo, é tratada com a redução da velocidade da respiração.

No caso da alcalose metabólica, o tratamento conta com a reposição de água e dos eletrólitos do sódio e potássio, além do tratamento específico da causa deste desequilíbrio. Quando o quadro é muito grave,  ácido diluído pode ser administrado por via venosa.

De acordo com Antônio, se não houver nenhuma causa patológica, a melhor forma de prevenir um quadro de alcalose é através da dieta. “Consumir bastante legumes, hortaliças, verduras - alimentos ricos em eletrólitos - faz com que o próprio corpo cuide de ter esse equilíbrio ácido base sendo mantido de maneira eficiente”.

 Alimentos ricos em potássio, como bananas, cenouras, feijões e espinafre também são boas pedidas para auxiliar no equilíbrio do pH do sangue.

Para quem é atleta ou faz exercícios de intensidade moderada ou alta, por mais de uma hora por dia, o recomendado é repor os eletrólitos com bebidas isotônicas, como o soro caseiro, água de coco ou bebidas isotônicas industrializadas.

Manual Merck 

Antônio Wanderson Lack de Matos, especialista em nutrição clínica e responsável pelo setor de nutrição do Hospital de Clínicas do Ingá(HCI).