Em qual continente a maior movimentação de migrantes internacionais?

Ao longo dos séculos XIX e XX, a população mundial cresceu a um ritmo acelerado, principalmente entre 1800 e 1914, aumento demográfico devido, em parte, à vaga de imigração oriunda do Velho Continente.
Na Europa, o crescimento demográfico processou-se a um ritmo superior ao dos restantes continentes, apesar da emigração para outras regiões, principalmente para as áreas ainda pouco colonizadas da América do Norte, Austrália, Sibéria e América Latina, entre outras regiões novas.
As razões desta expansão demográfica devem-se, essencialmente, à melhoria das condições climatéricas, à vacinação (particularmente a antivariólica) e aos progressos na higiene pessoal. Também a melhoria verificada ao nível dos rendimentos e do emprego assim como o aumento da produção e distribuição alimentares proporcionam melhores condições de vida, embora tenham causado posteriormente um efeito oposto, devido ao grande surto demográfico desencadeado. Por outro lado, a revolução das ideias, insuflada pelo liberalismo, viria também a criar um novo quadro mental.
O facto de a Europa estar na linha da frente na luta contra a mortalidade permitiu-lhe aumentar o seu contingente populacional em relação ao resto do Mundo.
Por isso, no século XIX, parte da Europa para outros continentes uma grande quantidade de população excedentária, o que fez com que este continente registasse uma quebra demográfica acentuada, provocada, essencialmente, pela crescente atração exercida pela América do Norte (cuja população duplicou entre 1830 e 1914), e pela América Latina.
Contudo, nem todos os países europeus marcaram presença nesta expansão ou migração para outros continentes. Foi o caso da França, que desde cedo adotou um sistema de incentivo à limitação dos nascimentos.
A Irlanda, por exemplo, enviou um grande contingente de emigrantes entre 1820 e 1844 para os EUA, constituindo quase metade do fluxo de imigrantes dos EUA. Como causas desse "boom" migratório islandês estão as fomes e as más colheitas cíclicas, a par de uma mentalidade longe dos novos padrões ocidentais.
Os ingleses e os escoceses registaram vários surtos emigratórios entre 1815 e 1914, estabelecendo-se em zonas como o Canadá, EUA, Austrália e África do Sul.
Os alemães emigraram para os EUA, para o Brasil, Austrália e África Austral; os escandinavos juntaram-se às vagas alemãs e britânicas; os italianos emigraram para os EUA, América Latina e para outras regiões da Europa.
No início do século XX, surge a emigração da Europa Central e Oriental (austro-húngaros, russos e polacos) que vão para os EUA, para outras regiões da Ásia e muitos ainda para o Cáucaso e Sibéria.
Apesar do forte crescimento da população dos EUA, o continente americano continuou a registar uma densidade demográfica baixa e pouco uniforme, já que a densidade populacional do litoral leste contrastava com muitas áreas do interior quase despovoadas.
No que respeita a África, este continente registou o crescimento demográfico mais baixo do Globo, devido à falta de infraestruturas, grandes áreas insalubres e fraco conhecimento do interior, o que dificultava a fixação de novos povos.
O continente asiático registou, nesta altura, uma grande percentagem de afluência de europeus, dispersos na sua maior parte pelo litoral e zonas dos vales dos rios e menos nas zonas do interior montanhoso e desértico. As ilhas do Pacífico, excetuando Java e as Filipinas, são pouco povoadas, acabando por registar uma quebra demográfica ao longo do século XIX. A Índia acolheu também alguns grupos de colonos britânicos.
No que diz respeito à Austrália, nos meados do século XIX intensificou-se a emigração para este continente, motivada pela exploração das minas de ouro, o que acabou por aumentar a população residente, ainda bastante escassa entre 1830 e 1858 e quase praticamente composta por ex-degredados ou seus descendentes e respetivas famílias, para além de aventureiros.
A subida das taxas de crescimento anual da Europa do século XIX resultou da melhoria das condições de vida, sanitárias e dos progressos da medicina. As pestes quase desapareceram com a difusão das vacinas. O desenvolvimento dos transportes e a industrialização reduziram as crises de subsistência tornando-as mais esporádicas.
Tendo em conta estas melhorias, a mortalidade diminui e, a partir de 1870, a natalidade também, em consequência de uma maior difusão das práticas malthusianas, "redescobertas" em muitos países que então se debatiam com excedentes de população.
No século XIX, as regiões da Europa com maior densidade populacional são a Irlanda, a Inglaterra, a Bélgica, a Holanda e a França, apesar de se ter verificado uma diminuição da taxa de natalidade.
No caso da Irlanda, apesar de densamente povoada, perdeu quase metade da sua população entre 1850 e 1913, devido às migrações e, principalmente, à terrível "Fome da Batata", que conheceu vários "surtos" entre 1845 e 1848. Paralelamente, dão-se surtos de doenças nos porcos, o que diminui drasticamente a quantidade de alimentos da dieta tradicional das famílias irlandesas. De oito milhões de habitantes na véspera da "fome", a população baixou para cerca de 6,5 milhões ao longo de cinco anos. Só no primeiro ano, sucumbiram mais de meio milhão de irlandeses, para além de cerca de 800 000 encetarem um movimento migratório para a Inglaterra e, principalmente, EUA e também Canadá e Austrália, já que em algumas regiões a agricultura era o único meio de subsistência, o que levou à fome, que por sua vez desencadeou a emigração.
Nas regiões de Inglaterra não atingidas pela industrialização, a densidade populacional continua muito alta até 1870. A partir desta data, a população sentiu-se atraída pelas regiões industrializadas, diminuindo a densidade populacional nestas áreas em benefício dos centros mineiros e industriais da Região Centro.
Por outro lado, o movimento migratório do século XIX teve início quando os habitantes dos países industrializados começaram a sentir crises de desemprego, já que o crescimento da população não cessava e a oferta de mão de obra era maior que o número de postos de trabalho. Foi o que aconteceu, por exemplo, na Inglaterra e na Escócia em meados do século XIX.
A agravar o excedente de mão de obra nos países mais industrializados está a emigração de camponeses dos países menos desenvolvidos no setor secundário.
Estas migrações são constituídas por homens e mulheres jovens, o que faz com que os países acolhedores mantenham uma alta taxa de fecundidade. Em termos estatísticos, económicos e sociais, estas migrações refletiram-se nos países de destino num plano muito positivo como é o caso dos EUA.
A América Latina recebeu um novo impulso com a migração dos século XIX e XX.
No que respeita à Austrália, este país tornou-se, a exemplo da Nova Zelândia, um espelho da sociedade anglo-saxónica.
Este movimento migratório europeu no século XIX é distinto dos anteriores pelas suas motivações e amplitude, uma vez que é uma consequência do crescimento demográfico da Europa e do desenvolvimento das comunicações transatlânticas.
A Grã-Bretanha foi a mais atingida com a migração. Nos principais destinos dos ingleses, escoceses e irlandeses estavam o Canadá e os EUA, para além da Austrália, Nova Zelândia, África do Sul e mesmo a Índia e a Argentina. Estas regiões eram agora novos destinos dos movimentos migratórios europeus, que não visavam já a América do Norte.
Para além do crescimento populacional e do desenvolvimento das comunicações, as populações emigraram também devido a um conjunto cíclico de crises económicas e políticas na Europa, principalmente na segunda metade do século XIX, que intensificaram ainda mais o movimento migratório e as regiões de destino.
Fora da Grã-Bretanha e Irlanda, durante o século XIX os maiores "fornecedores" de emigrantes para o Novo Mundo e hemisfério sul, os níveis de emigração mantêm-se relativamente baixos até meados do século XX. Contudo, a partir daqui a população europeia, devido ao crescimento demográfico e ao desemprego causado pela industrialização, atraída pela prosperidade de novos países, entrou num novo período.
A partir desta data, e até 1914, a emigração europeia faz-se a um ritmo mais acelerado, envolvendo povos como os latinos e nórdicos. É este o período de maior fluxo migratório europeu dos últimos 300 anos.
São camponeses que emigram principalmente para a América do Norte, Austrália, Nova Zelândia, Brasil, Argentina, Venezuela, África do Sul, Uruguai, entre outros.
No caso de Portugal, a emigração dirige-se para o Brasil. A emigração para a América do Norte é um fenómeno quase exclusivamente açoriano e orientado para o trabalho em tripulações baleeiras americanas. Há também contingentes para a Venezuela e África do Sul, oriundos da Madeira.
A emigração britânica dos finais do século XIX e inícios do século XX faz-se para a África do Sul ou Austral e para a Oceânia. Quanto à Irlanda, continua a mandar os seus contingentes preferencialmente para a América do Norte.
A Itália atinge, em finais do século XIX, os seus maiores valores de emigração devido à crise que atingiu este país entre 1882 e 1892, principalmente nas regiões agrícolas que produziam vinho e seda no Centro Norte do país, para além das tradicionais Campânia, Calábria e Sicília, no Sul. A juntar a estes fatores, o superpovoamento e o desenvolvimento quase nulo da Itália meridional e central nos finais do século XIX agravaram a situação, continuando a aumentar a emigração, principalmente de camponeses.
A emigração europeia, por outro lado, fez com que os efeitos da industrialização sobre a mão de obra não se fizessem sentir tanto, ao mesmo tempo que incentivou a economia dos países acolhedores.
O continente americano foi, todavia, o que mais sentiu com este movimento migratório, já que os EUA foram o país que maior quantidade de emigrantes europeus recebeu, principalmente vindos da Grã-Bretanha. Estes emigrantes acabaram por colonizar e explorar várias áreas praticamente desabitadas do Norte e do Oeste americanos. Contudo, acabariam por surgir sinais de saturação, o que originou as primeiras leis restritivas de imigração.
Também para o Canadá emigram populações britânicas. Porém, muitas delas fixaram-se apenas temporariamente, pois tinham como último destino os EUA.
Entre 1840 e 1914, seria a vez de a América Latina tirar partido, em termos de receção dos contingentes de emigração europeia e da saturação do continente americano.
No caso do Brasil, a cultura do café, em constante progresso, aliada à abolição da escravatura, resultaria num movimento migratório muito intenso que, a par das excelentes condições naturais do país, levou a um crescimento demográfico em flecha. Também o "ciclo da borracha", em meados do século XX, e depois o do cacau, atraíram inúmeros europeus para as regiões descolonizadas do Brasil, como a Amazónia.
Na Austrália e na Nova Zelândia, a imigração foi o principal (quase único) fator de crescimento demográfico. A partir de 1850, a emigração para a Austrália aumentou, devido às explorações auríferas, intensificando-se no final do século XIX, com o desenvolvimento agropecuário do país (gado ovino).
Na Ásia e na África, a emigração europeia foi pouco relevante.
No primeiro caso, apesar da intensificação da procura de matérias-primas, o povoamento europeu não foi significativo e limitou-se às cidades, pois a Ásia conhecia índices demográficos muito superiores aos do Ocidente. No segundo caso, e para além da tardia tentativa francesa de se fixar no Norte de África, sem resultados, a população europeia fixou-se em algumas cidades da costa, permanecendo no entanto pouco numerosa até 1914. No caso da Argélia, verifica-se uma exceção, pois este país torna-se mesmo um apêndice económico-social e político da França. Na África Austral, apesar da colonização europeia ser mais antiga, ela fez-se de modo incipiente até meados do século XIX. Contudo, as descobertas de ouro e diamantes suscitaram, a partir de 1860, um movimento migratório mais acelerado.
As outras regiões da África Negra não exerceram qualquer tipo de atrativo sobre os europeus limitando-se a funcionar, unicamente, como postos militares e administrativos, com exceções pontuais, como os casos do Quénia, o Congo Belga ou até o Senegal.
Como consequência destas migrações, a concentração urbana nos países novos cresce muito rapidamente.
Esta deslocação de pessoas da Europa para outros continentes fez com que se constituíssem novas comunidades de colonos brancos, que produziam alimentos e matérias-primas que depois exportavam para os seus países de origem, para além de servirem de mercados aos produtos industriais das nações industrializadas da Europa.
As migrações dentro dos próprios estados deviam-se sobretudo a motivos de trabalho nos campos durante o período das colheitas ou então nas cidades, onde existiam maiores oportunidades de trabalho, devido às fábricas e minas, ou nos serviços, como o caminho de ferro e a construção civil.
Convém também sublinhar os muitos casos de emigrantes que não tinham qualquer alternativa. É o caso dos condenados deportados da Inglaterra para a Austrália até 1867, da França para a Ilha do Diabo (em frente à Guiana Francesa), dos presos políticos russos, exilados na Sibéria, dos escravos da África Ocidental que iam para as Américas ou de Zanzibar para a Arábia. Outros emigraram por causa das suas convicções políticas e religiosas, como os "quakers" os puritanos ou outros credos cristãos.
Para além disto, e com carácter mais pontual e localizado sempre que se registava um decréscimo de rendimentos maior nas regiões industriais da Europa, uma boa parte dos trabalhadores afetados pelo desemprego emigravam.
Os EUA tornaram-se na terra prometida. A esperança de fazer fortuna rapidamente fez com que milhares de pessoas emigrassem para a América durante a corrida ao ouro da Califórnia, em 1849, e para a Austrália, em 1851, principalmente para Victória, no Leste, e Kalgoorlie, no Oeste.
Na China registou-se um movimento migratório para a Tailândia, Java e Malásia, onde estabeleceram novas colónias, para a Califórnia, Nova Gales do Sul e Colúmbia Britânica (Canadá), atravessando o Atlântico. Os Chineses foram para a América do Norte para trabalharem na construção do caminho de ferro do Pacífico. Concluído este grande projeto, tanto nos EUA como no Canadá, por ali ficaram e começaram a dedicar-se ao comércio e outras atividades menos queridas na Europa.
Na Índia, os emigrantes atravessaram o Índico e estabeleceram-se no Natal (África do Sul) e na África Oriental, para além de certas regiões da América do Sul e da Malásia. Os indianos emigravam basicamente para trabalhar nas plantações, por vezes nas minas ou no serviço doméstico.
Para além destas migrações por via marítima, registaram-se ainda migrações por via terrestre como é o caso da colonização russa da Sibéria e da Ásia Central.

Em qual continente há maior movimento de migrantes internacionais?

Mais de 40% de todos os migrantes internacionais em todo o mundo em 2019 nasceram na Ásia, sendo a Índia o maior país de origem, com 17,7 milhões.

Qual o continente que mais recebe imigrantes e por quê?

Enquanto que a maioria dos imigrantes vive na América do Norte e na Europa, no ano passado houve um movimento migratório maior entre os países em desenvolvimento do que dos países em desenvolvimento para os desenvolvidos.

Qual grupo de países concentra o maior número de migrantes internacional?

Os principais destinos da migração internacional são os países industrializados, entre eles estão: Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália e as nações da União Europeia. Os Estados Unidos possuem o maior número de imigrantes internacionais – dos 195 milhões, 39 milhões residem naquele país.

Qual foi a maior migração do mundo?

Os Estados Unidos possuem o maior número de imigrantes internacionais – dos 195 milhões, 39 milhões residem naquele país. A migração internacional promove uma série de problemas socioeconômicos.