Márcia kubitschek morte

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09/08/2000 - 10:00

A filha do ex-presidente Juscelino Kubitschek, Márcia Kubitschek, morreu no sábado 5 vítima de insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos. Ela foi deputada federal na Constituinte de 1988 e a primeira vice-governadora eleita por voto direto no Distrito Federal. Márcia tinha 57 anos e estava internada desde o dia 20 de junho em São Paulo com cirrose hepática.


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KUBITSCHEK, Márcia

*const. 1987-1988; dep. fed. DF 1987-1991.

Márcia de Oliveira Kubitschek nasceu em Belo Horizonte no dia 22 de outubro de 1943, filha de Juscelino Kubitschek de Oliveira e de Sara Luísa Lemos de Oliveira. Seu pai foi deputado federal por Minas Gerais nas legislaturas 1935-1937 e 1946-1959, governador de Minas de 1951 a 1955, presidente da República de 1956 a 1961, fundador da cidade de Brasília e senador por Goiás de 1961 a 1964.

Formou-se em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro em 1963. Com a instauração do regime militar em abril de 1964, no dia 8 de junho desse ano foi assinado o ato que cassava o mandato e suspendia os direitos por dez anos de seu pai. Juscelino imediatamente decidiu exilar-se e levar sua família para a Europa. Márcia acompanhou-o, e em 1965 casou-se, em Lisboa, com o empresário Baldomero Barbará. Retornou ao país em 1967.

No início da década de 1970 ingressou no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar. Entre os anos de 1974 e 1977, foi diretora da Fundação Cultural do Rio de Janeiro. Nesse período, em 1975, separou-se do marido. Em 1980, casou-se com o bailarino do American Ballet de Nova Iorque Fernando Bujones, filho de cubanos nascido em Miami, e acabou fixando residência nos Estados Unidos. Ainda em 1980, completou sua formação acadêmica, concluindo o curso de mestrado em ciências políticas na Universidade de Nova Iorque.

Com a extinção do bipartidarismo, em 29 de novembro de 1979, e a conseqüente reformulação partidária filiou-se ao Partido Popular (PP). Mais tarde, em fevereiro de 1982, com a incorporação do PP ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), ingressou nessa agremiação.

Designada, em 1985, chefe do escritório da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) em Nova Iorque, permaneceu no cargo até pouco antes das eleições de novembro de 1986, quando retornou ao país. Com uma campanha baseada no nome de seu pai para capitalizar sua popularidade entre os eleitores de Brasília, foi eleita deputada federal constituinte pelo Distrito Federal na legenda do PMDB. Sua eleição foi questionada em disputas judiciais, devido ao fato de não se ter desincompatibilizado do cargo público que ocupava em Nova Iorque para concorrer às eleições.

No entanto, assumiu a cadeira em 1º de fevereiro de 1987, quando tiveram início os trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte (ANC). Nesse mesmo ano participou da Subcomissão da Educação, Cultura e Esportes, da Comissão da Família, da Educação, Cultura e Esportes, da Ciência e Tecnologia e da Comunicação e foi suplente da Subcomissão da União, Distrito Federal e Territórios, da Comissão da Organização do Estado na ANC.

Nas principais votações da ANC, pronunciou-se contra a limitação do direito de propriedade privada, o mandado de segurança coletivo, a remuneração 50% superior para o trabalho extra, a jornada semanal de 40 horas, a nacionalização do subsolo e a criação de um fundo de apoio à reforma agrária. Votou a favor do rompimento de relações diplomáticas com países com política de discriminação racial, a pena de morte, o aborto, a proteção ao emprego contra despedida sem justa causa, o turno ininterrupto de seis horas, o aviso prévio proporcional, a unicidade sindical, a soberania popular, o voto aos 16 anos, o presidencialismo, a proibição do comércio de sangue, o mandato de cinco anos para o presidente José Sarney, a anistia aos micro e pequenos empresários e a desapropriação da propriedade produtiva. Esteve ausente nas votações que decidiram questões relativas à estatização do sistema financeiro, à limitação dos juros reais em 12% ao ano e à limitação dos encargos da dívida externa.

Com a promulgação da nova Carta Constitucional em 5 de outubro de 1988, voltou a participar dos trabalhos legislativos ordinários da Câmara dos Deputados. Não tendo concorrido a um novo mandato em outubro de 1990, deixou a Câmara em janeiro do ano seguinte, ao final da legislatura.

Em 1989, apoiou a candidatura vitoriosa de Fernando Collor de Melo à presidência da República no pleito de novembro/dezembro, tendo, inclusive, sido sondada a integrar a chapa na condição de candidata a vice-presidente. Em outubro de 1990, já filiada ao Partido da Reconstrução Nacional (PRN), agremiação pela qual Collor se elegera presidente, disputou o cargo de vice-governadora do Distrito Federal, em chapa encabeçada por Joaquim Roriz, do PMDB. Eleita, assumiu o cargo em março de 1991.

Separada de Fernando Bujones, Márcia Kubitschek casou-se pela terceira vez em 1991, com o advogado José Carlos Barroso.

Em setembro de 1992, em pleno processo de apuração das denúncias de envolvimento do presidente Collor com um amplo esquema de corrupção e que resultaria no seu impeachment, o PRN apresentou na televisão um anúncio fazendo referências a três presidentes brasileiros, Getúlio Vargas, Jânio Quadros e Juscelino Kubitschek, procurando estabelecer paralelo entre as dificuldades do presidente Collor e as enfrentadas pelos outros presidentes brasileiros. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Márcia Kubitschek anunciou seu desligamento do partido, alegando que o anúncio conteria “insinuações mentirosas que tentam manchar a memória de Juscelino Kubitschek”, seu pai. Collor foi acusado de crime de responsabilidade por ligações com um esquema de corrupção liderado pelo ex-tesoureiro de sua campanha presidencial, Paulo César Farias. Afastado da presidência logo após a votação na Câmara, renunciou ao mandato em 29 de dezembro de 1992, pouco antes da conclusão do processo pelo Senado Federal, sendo efetivado na presidência da República o vice Itamar Franco, que já vinha exercendo o cargo interinamente desde 2 de outubro.

No pleito de outubro de 1994, Márcia Kubitschek concorreu a uma vaga no Senado Federal pela legenda do Partido Progressista, obtendo apenas a terceira colocação. Encerrou seu mandato como vice-governadora do Distrito Federal em 31 de dezembro de 1994.

Em 9 de maio de 1995, Fernando Henrique Cardoso, então eleito presidente da República em outubro do ano anterior, anunciou a nomeação de Márcia Kubitschek para o cargo de secretária-adjunta da Secretaria do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo. Em 1996, com a fusão da Secretaria Nacional de Turismo e a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), tornou-se vice-presidente da entidade.

Ao longo de sua vida foi também jornalista do Jornal do Brasil, Última Hora e da Manchete.

Faleceu em Brasília no dia 5 de agosto de 2000.

Do seu casamento com Baldomero Barbará, teve duas filhas. Uma delas, Ana Cristina Kubitschek Barbará, casou-se com Paulo Otávio, deputado federal pelo Distrito Federal entre 1991 e 1995 e a partir de 1999. Do seu casamento com Fernando Bujones, teve mais uma filha.

Márcia Quarti

FONTES: ASSEMB. NAC. CONST. Repertório (1987-1988); Estado de S. Paulo (12/9/92); Folha de S. Paulo (19/1/87, 9/5/95); INF. BIOG.; Jornal do Brasil (6/8/00); NICOLAU, J. Dados.