O por quê do chororo do botafogo

Rio - Ex-atacante de Flamengo e Vasco, Souza tem uma relação de muita provocação com a torcida do Botafogo. Neste sábado, ele esteve presente no Nilton Santos, na partida entre a sua equipe, o Madureira, e o Glorioso. Após ser vaiado durante todo o confronto, o jogador provocou os torcedores alvinegros ao ser substituído. O atacante respondeu fazendo o gesto do ‘chororô’.

A coreografia foi feita pela primeira vez pelo atacante em 2008, quando o Botafogo foi derrotado pelo Flamengo e os jogadores alvinegros deram uma coletiva chorando reclamando de um suposto erro da arbitragem. Na ocasião, ele integrava o elenco rubro-negro.

Apesar de provocar o Botafogo, Souza não teve uma grande noite, passou em branco e não conseguiu tirar o Madureira da lanterna do Grupo C da Taça Guanabara. O Glorioso classificou na segunda posição e encontrará o Flamengo na semifinal.

O Botafogo ficou rotulado como time do ‘chororô’ após a final do Campeonato Carioca de 2007, quando todos os atletas do elenco, o então treinador Cuca e o presidente Bebeto de Freitas foram para a coletiva de imprensa reclamar dos erros de arbitragem de Marcelo De Lima Henrique. Entretanto, o escritor alvinegro Paulo Cezar Guimarães lançará na próxima terça-feira o livro “Jogo do Senta: a verdadeira origem do chororô”, que acirra a rivalidade com o Flamengo, dizendo que o Rubro-negro foi o primeiro a reclamar efusivamente do homem de preto durante clássico entre as equipes.

O autor deixa claro que o livro é totalmente baseado em fatos históricos, com reportagens de jornais da época. Paulo Cezar Guimarães explica o objetivo do “Jogo do Senta”, da editora Livros de futebol: trazer ao conhecimento do público uma partida tão polêmica que pouco é comentada nos dias de hoje. “Até mesmo alguns botafoguenses fervorosos desconhecem a história. É o caso do Montenegro [presidente do Alvinegro na conquista do Brasileiro de 1995]”, explica ao UOL Esporte.

Em 10 de setembro de 1944, o Botafogo de Heleno de Freitas venceu o Flamengo por 5 a 2, em General Severiano. A partida entrou para a história porque o Rubro-negro não duelou até o apito final. Inconformado com a validação do ultimo gol alvinegro, o time sentou no chão e se recusou a levantar. O time da Gávea se recuperou na sequência da competição e faturou o Carioca daquela temporada. O "Jogo do Senta" completa 50 anos na próxima quarta-feira, um dia depois do lançamento do livro, que será lançado na terça, às 19h, na sede do Alvinegro.

“Vi que faria 70 anos e que o jogo era pouco conhecido. O Montenegro foi um dos primeiros entrevistados de um total superior a 30 personagens. Foi um jogo de meio de campeonato e o Botafogo ganhava de 4 a 2. No quinto gol, os jogadores do Flamengo reclamaram que a bola não teria entrado. Incentivado pelos dirigentes, os rubro-negros sentaram e disseram que não jogariam mais. Pouquíssimos foram contra, caso do então técnico Flavio Costa. Apenas dois atletas se recusaram a sentar, entre eles o pai do Jayme de Almeida [técnico de futebol]”, disse.

Na época, o futebol já despertava a paixão do povo e o caso teve grande repercussão na época. Evidentemente, os desdobramentos sequer se comparam ao capítulo do “chororô” do Botafogo. Segundo Paulo Cezar Guimarães, os tempos são outros e isso contribui para o ‘esquecimento’ do “Jogo do Senta”.

“A torcida do Botafogo presente no jogo foi à loucura. Gritavam: “Senta, senta, para não apanhar de mais”. Ficou conhecido como “Jogo do Senta”. O futebol já mexia muito com as pessoas naquela época. Não tinha uma mídia com a mesma repercussão de hoje em dia. Contei a história dessa partida de forma extrovertida, mas tudo é fato, é historia. Tudo noticiado pelos maiores jornais”, afirmou.

“É uma resposta ao “chororô”. Quem chorou antes foi o Flamengo. Falam muito do Botafogo, mas a historia mostra ao contrario. Já escutei muito que estou querendo mudar a história, mas na verdade quero apenas mostrar os fatos como eles são. Tudo começou com o próprio Flamengo muito antes. Meu sonho como jornalista é que as pessoas tomem conhecimento desse fato. Mostrar quem é o verdadeiro chorão no futebol carioca”, encerrou.

Uma cena dura e marcante para os botafoguenses é a entrevista coletiva após a derrota para o Flamengo por 2 a 1, na final da Taça Guanabara de 2008, rotulada como “chororô” pelos rivais. O episódio aconteceu após o Botafogo ser prejudicado pela arbitragem de Marcelo de Lima Henrique e foi explicado pelo técnico Cuca na última terça-feira.

Em entrevista ao jornalista Alexandre Praetzel, do Esporte Interativo, Cuca assumiu a responsabilidade, mas misturou jogos distintos.

– Isso foi culpa minha. Eu já estava cansado de acontecer a mesma coisa sempre, na hora H ir contra o Botafogo. Não era chororô. Expulsaram o Dodô por gol legal que fez, tomou o segundo amarelo. Perdi o batedor de pênaltis, perdemos nos pênaltis. Fiquei tão puto que reuni os jogadores, era hora da minha coletiva, levei os caras. Falei que o Flamengo foi campeão, merecido, mas esses aqui mereciam também, não fosse o árbitro, que não vou falar o nome. Aí ficou chororô – contou Cuca.

– Depois um dirigente nosso, acho que o Montenegro, falou que reconhecia o campeonato do Flamengo, ali foi um extravaso. De fato foi, em relação ao grupo. Sei o quanto foi difícil montar aquele Botafogo, sem dinheiro, na dureza, devendo dois, três meses e o Bebeto (de Freitas, presidente) lá dando a cara a tapa. Quando entrava o dinheiro pagava quatro meses de uma vez só. Tinha dificuldade, mas tinha confiança. Isso valoriza o trabalho. Queria muito ter ganho alguma coisa com o Botafogo e não consegui – completou.

O jogo em que Dodô foi expulso por fazer o que seria o gol do título, mal anulado por Djalma Beltrami e Hilton Moutinho, foi a final do Campeonato Carioca de 2017. No mesmo ano, o time foi eliminado na semifinal da Copa do Brasil pelo Figueirense, em partida que a auxiliar Ana Paula Oliveira anulou dois gols legítimos. A final da Taça Guanabara de 2018 apitada por Marcelo de Lima Henrique teve polêmico pênalti de Ferrero em Fábio Luciano e uma série de erros contra o Botafogo.

Quando foi o chororô do Botafogo?

O atacante fez o gesto do chororô, a comemoração de Souza em 2008 e que entrou para a história do confronto. A provocação aconteceu após o 1 a 0, gol de Vidal. Os jogadores se reuniram no meio do gramado e começaram a correr em direção à torcida.

Quando o time do Flamengo sentou em campo?

Por isso a partida passou à História como o "jogo do senta", a origem do "chororô". Apesar disso, o Flamengo se sagrou o campeão daquele ano. ... Botafogo 5–2 Flamengo (1944).