O que é especificação de materiais e quais são os critérios para realizar uma especificação?

Especificação de Materiais

O Sistema de Especificação de Materiais tem como objetivo principal apresentar à comunidade interna detalhes de determinados materiais e equipamentos adquiridos pela instituição.

Estas especificações são atualizadas periodicamente conforme necessário.

O que é especificação de materiais e quais são os critérios para realizar uma especificação?
 Especificação de Materiais (Uniformes)
O que é especificação de materiais e quais são os critérios para realizar uma especificação?
 Especificação de Equipamentos de Informática

Vinicius Alves Araujo Campos - Analista de Compras e Daniela Cristina Repol�s Carvalho - Compradora. Ex alunos de P�s Gradua��o em Administra��o de Compras do IETEC

1. Introdução 

O desenvolvimento deste artigo científico decorrendo sobre o tema proposto foi 

influenciado por situações e dificuldades vivenciadas no cotidiano profissional. No cotidiano das compras da empresa em questão, a falta de especificação dos materiais e/ou especificação incorreta tornou-se um dos grandes dificultadores do processo de compras. Atraso no atendimento da necessidade do solicitante, aumento dos custos durante o processo, retrabalho, maquinário parado e mão de obra ociosa, são alguns dos impactos negativos resultantes de especificação incorreta dos materiais. 

Diante de identificação desta situação problema, criou-se uma oportunidade de 

aplicação dos conhecimentos adquiridos no curso, a fim de se atingir melhores práticas de trabalho, contribuindo para um atendimento mais eficaz das necessidades da empresa. 

1.1 Objetivo Geral 

Demonstrar a relevância e os impactos resultantes de uma especificação correta de 

materiais que são utilizados na empresa. 

1.2 Objetivos Específicos 

a) Demonstrar conceitos e definições sobre Compras; 

b) Destacar o processo de compras atual da empresa; 

c) Apresentar exemplos reais da influência da especificação dos materiais no 

processo de compra; 

d) Propor sugestões de melhorias e apresentar um modelo de padronização de 

especificações de materiais para servir de referencia. 

1.3 Metodologia 

A metodologia a ser utilizada no desenvolvimento do artigo será composta em um 

primeiro momento de uma pesquisa bibliográfica, consistindo no levantamento de 

publicações e referenciais teóricos existentes sobre o tema. Em seguida, será utilizada uma pesquisa quantitativa para obtenção de dados que comprovem a problematização apresentada na introdução do artigo, sendo a coleta de dados feita através de observação. 

2. Desenvolvimento do Tema 

2.1 Compras 

A aquisição de matérias primas, suprimentos e componentes representa um fator 

decisivo na atividade de uma organização. De acordo com Ballou (2001), as atividades relacionadas a compras envolvem uma série de fatores como seleção de fornecedores, qualificação dos serviços, determinação de prazos de vendas, previsão de preços, serviços e mudanças na demanda, entre outros. Já que grande parte do dinheiro de vendas é pago a fornecedores por materiais comprados, reduções pequenas na aquisição dos materiais podem gerar melhorias consideráveis nos lucros. Dessa forma, pode-se dizer que a gestão 

de compras é de vital importância para o sucesso da empresa. 

Conforme Gaither & Frazier (2001), o departamento de compras desempenha um 

papel fundamental na realização dos objetivos da empresa. Sua missão é perceber as necessidades competitivas dos produtos e serviços, tornando-se responsável pela entrega no tempo certo, custos, qualidade e outros elementos na estratégia de operações. 

Segundo Gonçalves (2004, p. 194): 

“A função Compras a que nos referimos diz respeito a todo 

o complexo que envolve o processo de planejamento da 

aquisição, licitação, julgamento das propostas de 

fornecimento de materiais e serviços, bem como a 

contratação de fornecedores destinada ao fornecimento 

dos materiais e serviços utilizados pelas empresas. Todo 

esse complexo de atividades, mesclando diversos 

objetivos muitas vezes conflitantes, é dirigido a uma única 

finalidade: garantir que materiais e serviços exigidos sejam 

fornecidos nas quantidades corretas, com qualidade, no 

tempo desejado.” 

Faz-se um tempo que a compra é vista pelas organizações como uma atividade de 

importância estratégica considerável. Se desempenhada de forma correta, ela tende a transformar-se em uma vantagem competitiva. 

2.2 Objetivos de Compras 

Segundo Peter Baily et al (2000, p. 31): 

“Uma definição bem conhecida dos objetivos de compras 

é: comprar a qualidade de material correta, no tempo certo, 

na quantidade exata, da fonte certa, ao preço adequado.” 

Apesar de ainda muito utilizada, atualmente esta definição é considerada como um 

pouco simplista ou superficial, sendo que outros autores, como Dias (2005) optam não por uma definição padrão, mas por apresentar alguns objetivos básicos como: 

a) obter um fluxo contínuo de suprimentos a fim de atender aos programas de 

produção; 

b) coordenar esse fluxo de maneira que seja aplicado um mínimo de investimento 

que afete a operacionalidade da empresa; 

c) comprar materiais e insumos aos menores preços, obedecendo a padrões de 

quantidade e qualidade definidos, 

d) procurar sempre dentro de uma negociação justa e honrada as melhores 

condições para a empresa, principalmente em condições de pagamento. 

Como base para o alcance destes objetivos, é de suma importância que a previsão 

das necessidades de suprimento seja feita de forma correta. É através dela que serão definidos alguns parâmetros necessários para que Compras execute suas tarefas da melhor maneira possível. 

2.3 Variáveis-chaves de Compras 

2.3.1 Qualidade 

De acordo com Peter Baily et al (2000, p. 118): 

“A qualidade do produto [...] pode ser apropriadamente 

definida ou especificada como o conjunto amplo de 

características de um produto ou serviço relevantes para 

atender às exigências. Essas características podem ser 

poucas ou muitas.” 

Ainda segundo Peter Baily et al (2000), existem dois tipos de qualidade. A qualidade 

de desempenho é quando a empresa especifica o material de forma correta, repassando ao fornecedor de forma clara e direta. A qualidade de conformidade é quando o fornecedor atende às necessidades fornecendo um produto de acordo com a especificação solicitada. 

Outra variável de suma importância é a especificação. Segundo Peter Baily et al 

(2000), existem duas abordagens para esta questão: especificação de desempenho e especificação de conformidade. Especificação de desempenho seria a indicação clara de propósito, função, aplicação e desempenho esperados do material comprado. Esse tipo de especificação é mais preferida, pois permite maior concorrência e possibilita alternativas de atendimento à necessidade das empresas. Por outro lado, as especificações de conformidade são aquelas em que a organização deixa bem claro o que deve ser atendido. Trata-se de uma especificação do produto, e não da sua aplicação. 

A especificação é uma atividade técnica e não comercial. No entanto, a área 

comercial tem a função de auxiliar a área técnica, dando informações envolvendo questões como preço, tendências, inovações, e informações necessárias para definição das especificações. As especificações tomam várias formas, desde um grupo de desenhos à apenas uma definição de marca ou fabricante. Uma das formas mais simples, e talvez a mais utilizada é a marca. Se houver apenas uma marca que atenda às exigências, basta especificá-la. 

Segundo Peter Baily et al (2000, p. 127) 

“Sempre que possível, padrões nacionais ou internacionais 

devem ser adotados em preferência às especificações 

peculiares aos compradores. Se pequenas correções 

tornarem um padrão público apropriado à necessidade, é 

boa prática deixar isso bem claro desde o início.” 

Ainda dentro das variáveis de compras, pode-se dizer que a padronização seria uma outra variável de suma importância. Entende-se como padronização a utilização de uma sistemática de padrões pré-estabelecidos. Ao se adotar padrões, tem-se alguns benefícios importantes como resultado, tais como: 

a) menor número de itens em estoque; 

b) redução do trabalho de manuseio; 

c) escolha mais ampla de fornecedores e maior escopo para negociação; 

d) simplificação do processo de pedido, de requisições e outros documentos. 

Fazer com que os usuários entendam a importância de um programa de 

padronização, bem como seus possíveis benefícios, talvez seja a grande dificuldade 

encontrada. A idéia precisa ser vendida para cada um. A publicação das novas regras através de uma comunicação interna, por exemplo, não tem uma eficácia comprovada. 

A avaliação de fornecedores também é de grande importância no processo de 

compras, sendo diretamente ligada à questão de qualidade do produto. Segundo Peter Baily 

et al (2000, p. 131): 

“Cinco métodos usados para avaliar a capacidade do 

fornecedor são baseados em: a) desempenho anterior; b) 

reputação; c) visita e avaliação; d) certificação de terceiros; 

e) avaliação de amostras de produtos.” 

O método baseado na escolha por desempenho anterior, é utilizado quando os itens são comprados em grandes quantidades e de fornecedores diferentes. Desta forma, o acesso aos registros de compras anteriores é de fácil acesso ao comprador no momento da tomada de decisão de compra. Os registros podem conter, dados quantitativos sobre entrega, desempenho, serviço, preço o outros pontos relevantes e que são levados em consideração num processo de compras. 

O método baseado na reputação é muito utilizado. Atendimentos corretos resultam 

em uma boa avaliação do fornecedor, tornando-se um diferencial. A confiança em uma relação entre comprador e fornecedor é de grande peso em um processo de tomada de decisão. Além de ser uma qualidade a mais na hora de compra, compradores conversam entre si, dão sugestões e indicações sobre fornecedores uns aos outros. 

O terceiro método é o de visita e avaliação, e consiste em visitas aos fornecedores 

para avaliação da sua capacidade de qualidade e atendimento de pedidos. Como contras, este método apresenta um custo elevado e demanda tempo. Por outro lado, essa despesa pode ser pouco representativa se comparada à garantia de qualidade de fornecimento. 

O quarto método, certificação de terceiros, é quando a visita ou avaliação é feita por 

alguma empresa especializada ou independente. Neste método, depois de feita a visita, a empresa contratada apresenta os resultados sobre forma de relatórios ou certificados de avaliação de qualidade. 

O último método é o de avaliação de amostras de produtos. Neste o fornecedor 

encaminha para o cliente uma certa quantidade de produto para testes, avaliação e posterior aprovação. 

2.3.2 Quantidade Correta 

Comprar a quantidade correta nem sempre corresponde a comprar a quantidade 

requisitada. As compras regulares, feitas com freqüência, são para reposição do estoque ou para uso direto na produção. O planejamento e o controle de estoque são parâmetros responsáveis pela definição de itens e suas respectivas quantidades que devem ser mantidos em estoque. 

Algumas estratégias são utilizadas, visando esta compra da quantidade correta. Uma delas é a compra do lote econômico, que consiste na compra da quantidade resultante do custo variável total mais baixo. Ele é econômico porque representa uma quantidade adequada e eficiente, e que principalmente, evita custos desnecessários. 

A utilização de índices como giro de estoque e nível de serviço são bem utilizados no controle de estoque. O nível de serviço apura o atendimento das requisições de material. Se a solicitação de material feita pelo usuário puder ser atendida imediatamente, temos um nível de serviço de 100%. Já o giro de estoque está ligado à eficiência do estoque em termos econômicos, relaciona-se com a quantidade de dinheiro investida na manutenção do estoque. 

Como alternativa, tem-se a filosofia just in time, que visa a busca e eliminação do 

desperdício na produção, associada ao planejamento e às compras. Segundo Dias (2005, p. 140): 

“Ao contrário da abordagem tradicional dos sistemas de 

produção, que empurram os estoques, o JIT caracteriza-se 

como um sistema de puxar a produção ao longo do 

processo, de acordo com a demanda.” 

Dentro dos objetivos desta filosofia temos a minimização dos prazos de fabricação 

dos produtos, mantendo-se inventários mínimos; liberação para produção através do conceito de puxar estoques, ao invés de empurrar, em antecipação à demanda; evitar o retrabalho. 

2.3.3 Tempo 

Empresas que podem reagir mais rapidamente às mudanças nas necessidades dos seus clientes, além de terem uma grande vantagem competitiva considerando-se as condições de mercado atuais, ganham maiores chances de receber e atrair novos pedidos. 

Em outros tempos, as compras eram baseadas quase que unicamente na questão 

preço. No entanto, com o passar do tempo, aliado às melhorias e inovações, o fator tempo passou a ser mais valorizado, tornando-se uma variável-chave no processo. 

Segundo Peter Baily et al (2000, p. 161): 

“Obter a entrega em tempo é um objetivo padrão da função 

compras. Se os bens e materiais chegarem atrasados ou o 

trabalho não for concluído no tempo correto, as vendas 

podem ser perdidas, a produção prejudicada e as 

cláusulas contratuais de danos invocadas por clientes 

insatisfeitos.” 

Em alguns casos os fornecedores prometem datas de entrega que não podem ser 

cumpridas. Esse artifício pode ser utilizado para se ganhar um pedido onde a questão prazo é mais importante do que o preço, por exemplo. Cabe ao comprador definir parâmetros e critérios para que isso não aconteça. 

2.3.4 Preço 

Durante vários anos o foco de compras esteve voltado para a questão preço. Com o 

passar do tempo, o mercado percebeu que o preço dos produtos está diretamente ligado a três fatores principais: 

a) concorrência e outras considerações de mercado; 

b) como o valor é percebido pelos clientes; 

c) custo de produção. 

Segundo Peter Baily et al (2000, p. 214): 

“Quase todos os tipos de empresa são afetadas pelo que 

os economistas denominam mecanismo de preço, isto é, a 

teoria da oferta e da demanda. A noção de preço de 

equilíbrio significa que há um preço de equilíbrio ou de 

mercado, em que a oferta se iguala à demanda. Nas 

economias de mercado mais livres, o processo de preço de 

equilíbrio ajuda a decidir o que deve ou não ser produzido.” 

É muito importante para um comprador conhecer ou fazer uso da análise preço-custo e ter algum conhecimento básico de sistemas de custos, ou seja, conhecer como é montada a estrutura do preço de venda. 

Por preço entende-se o valor que o fornecedor exige ao vender seu produto. Por 

custo entende-se o quanto ele gasta para fabricar esse mesmo produto. Sendo que custo pode significar a soma de esforços que são aplicados para se produzir alguma coisa. 

Os preços são obtidos pelos compradores através de solicitações de cotação. Nelas algumas informações importantes durante o processo de compras são informadas pelos fornecedores, tais como: preço, prazo de entrega, prazo de pagamento, quantidade que pode ser atendida, impostos, validade dos preços, embalagem, entrega, etc. 

2.3.5 Negociação 

Segundo Dias (2005, p. 276) 

“Negociação não é uma disputa em que uma das partes ganha e a outra tem prejuízo. Embora elementos de competição estejam obviamente ligados ao processo, ela é bem mais do que isso. Quando numa negociação ambas as partes saem ganhando, podemos então afirmar que houve uma boa negociação. Saber negociar é uma das habilidades mais exigidas de um comprador.” 

Segundo Gonçalves (2004, p. 201): 

“Negociação é o processo através do qual, as partes envolvidas se deslocam de suas posições inicialmente divergentes, para um ponto no qual o acordo passa a ser realizado”. 

A negociação é uma outra variável chave do processo de compra. Pode-se dizer que 

não existem parâmetros pré-definidos que levarão ao sucesso de uma negociação. O importante é que o bom negociador domine as características do bem ou contrato a ser negociado. A confiança também é um fator que influência em uma negociação, pois se os negociadores tem uma relação de confiança entre eles, a negociação poderá ser bem mais facilitada e, consequentemente, mais rápida. 

3. O Processo de Compras 

A empresa, Cia. Ferroligas Minas Gerais – Minasligas, de capital nacional, foi 

fundada em 1980 e atua na produção de ferro silício, silício metálico e microsílica, com vendas no Brasil e no exterior. Com certificação da ISO 9001:2000, atualmente utiliza um sistema integrado de gestão, o SAP. 

O Setor de Logística compreende os departamentos de Suprimentos, Transportes e 

Almoxarifado. 

O processo de compra se inicia com a identificação de uma necessidade de 

utilização de material. Diante desta percepção, o material é solicitado ao Almoxarifado. Esta solicitação é feita através do preenchimento de uma RM (requisição manual), onde o usuário deve informar especificação do item, quantidade, onde será utilizado, solicitante, data de necessidade e nível de urgência da compra. 

Ao receber a RM, o Almoxarifado realiza uma pesquisa no SAP. Se o material for de 

estoque e houver disponibilidade na quantidade solicitada, ele entrega o material ao 

solicitante e baixa a quantidade retirada do estoque no sistema. Se o item não for de 

estoque, ou não houver disponibilidade da quantidade necessária, o Almoxarifado cria uma requisição de compras no SAP para atendimento à necessidade do solicitante. 

Depois de criada a requisição de compra no sistema, a mesma deve ser liberada 

para compra. Esta liberação funciona como uma espécie de aprovação digital, que tem três níveis de hierarquia. A primeira liberação deve ser feita pela área solicitante. A segunda pelo responsável do almoxarifado pela conferência do estoque, e a terceira pelo responsável pelo almoxarifado. 

Depois de liberada para compra, a requisição chega ao departamento de compras e 

o comprador está autorizado a providenciar a compra. Atualmente, cada comprador é 

responsável pela compra de determinados grupos de mercadorias. O intuito da diretoria é promover rodízios, para que todos adquiram conhecimento em todas os grupos de mercadorias comprados pela empresa. 

A etapa seguinte é a criação de solicitação de cotação. É através dela que serão 

obtidas as ofertas dos fornecedores com os preços dos produtos. O critério adotado é que, salvo exceções, devem ser identificados no mínimo três fornecedores para cada compra. 

Ao receber o retorno dos fornecedores escolhidos, o comprador responsável passa 

os dados para o sistema, através da atualização da solicitação de cotação. Terminado este processo, a próxima etapa consiste na avaliação do Mapa de Comparação de Preços. 

A definição do fornecedor que irá receber o pedido é feita pelo próprio comprador. 

Alguns parâmetros são levados em consideração, como por exemplo: preço do último fornecimento, necessidade da fábrica, nível de urgência, especificação solicitada, entre outros. 

Assim que definido, o comprador é responsável pela criação do pedido no SAP. 

Depois de criado, o pedido deve ser liberado para envio ao fornecedor. Para isso, existe uma hierarquia de liberação, a exemplo do que acontece com a requisição de compra. O comprador só pode encaminhar o pedido para o fornecedor depois que todos os níveis de hierarquia já fizeram sua respectiva liberação no sistema. 

A partir de então o comprador deve acompanhar o andamento do seu pedido de 

compra até a chegada do material na fábrica, sempre atento às necessidades da fábrica e às condições negociadas no ato da compra. 

Quando da chegada do material na fábrica, o almoxarifado faz a conferência do 

material recebido, considerando cadastro do material e pedido de compra. Se estiver tudo correto, é feita a entrada de mercadoria e entrada de fatura no sistema e o material é 

colocado no estoque, ou encaminhado para o solicitante. 

4. Exemplos de problemas oriundos de especificação incorreta de materiais 

Atualmente dá-se pouca importância à questão da especificação correta dos 

materiais na empresa. Para os itens de estoque, não se tem um programa de atualização de 

especificações que ocorre de tempos em tempos. Desta forma, itens que já são utilizados a 

bastante tempo ficam com especificações antigas, incompletas e até mesmo obsoletas em 

alguns casos. 

No entanto, os inconvenientes maiores são resultantes das compras feitas para 

utilização direta em alguma obra ou novo projeto. O baixo nível de detalhamento da 

especificação do material provoca alguns impactos negativos como: retrabalho, atraso na 

chegada do material correto, custos adicionais, etc. 

Como forma de comprovar tal situação, dois exemplos reais serão apresentados em seguida. No primeiro exemplo, é solicitada a compra de uma peça de “calçado de segurança modelo feminino nº 38 para uso da funcionaria Cleide Aparecida”. 

Neste exemplo, percebem-se algumas falhas na especificação do material. Existem 

diversos tipos de calçados de segurança, tais como: botinas, sapatos, botas plásticas, etc. Na descrição não é informado qual o calçado necessário. Outra falha é a quantidade solicitada, pois para qualquer calçado não se compra uma peça, e sim um par. 

Para este caso específico, depois de questionado pela área de compras, foi 

repassada a informação correta do material. O produto em questão trata-se de uma botina de uso rotineiro na fábrica, sendo que havia disponibilidade do material no estoque. 

Um outro exemplo, que demonstrará um impacto maior, foi o da compra de 

saboneteiras para sabão líquido para seis novos vestiários construídos na fábrica. Quando da criação da requisição de compra, o material foi especificado da seguinte maneira: “Saboneteira para sabão líquido de parede com dosador”. 

Como foi definida uma prioridade de compra urgente para esta compra, pois só 

estava faltando a instalação das saboneteiras para liberação dos vestiários, foi enviada solicitação de cotação para os fornecedores no mesmo dia. No dia seguinte, ao receber o retorno dos fornecedores, o comprador responsável montou o comparativo de preços e efetuou a compra. Foi pedido pelo fornecedor vencedor na época o prazo de 2 dias para entrega do material. 

Vencido o prazo, o fornecedor fez a entrega conforme o combinado. No dia seguinte, 

quando o material foi entregue pela transportadora na fábrica, o usuário informou que as saboneteiras não estavam em conformidade com sua solicitação. 

Ao apurar o caso, ficou evidenciada a má especificação do material. Ao fazer a 

requisição de compra, o usuário não definiu qual o material do recipiente da saboneteira e nem sua capacidade. O fornecedor atendeu ao pedido de compra com saboneteiras com recipiente em acrílico com capacidade de 200 ml, que é o material mais comercializado. Mas o usuário, para manter o padrão que já vinha sendo utilizado, precisava da saboneteira com recipiente de vidro e com capacidade para 500 ml. 

Para atender à solicitação do usuário, foi emitida uma nota fiscal de devolução do 

material enviado, sendo o frete de ida e volta por conta da empresa. Além dos custos com os fretes (R$ 65,00 – ida e volta), o valor da saboneteira também foi alterado. Inicialmente o valor pago foi de R$ 25,90/pç. Com a definição da especificação correta, o valor da saboneteira passou para R$ 95,50/pç. 

A questão mais importante no caso desta compra não foi a questão custo, e sim a 

chegada do material. Com a nova especificação, ao se refazer a coleta de preços, teve-se a informação de que o prazo de entrega para o material seria de cinco dias, por se tratar de um item mais específico que os fornecedores não têm em estoque por ter pouca saída. 

Sendo assim, o tempo total desde a requisição do material, até a chegada do 

material correto na fábrica foi de doze dias. Cinco dias para a primeira compra e outros sete dias para a chegada do material depois da especificação correta. 

5. Sugestões de Melhoria 

Situações como as apresentadas comprovam a importância de uma especificação 

correta dos materiais durante um processo de compra. Os exemplos dados são de compras simples, que não tem influência direta na produção da empresa. No entanto, se erros como estes acontecem em peças de equipamentos utilizados diretamente no processo de produção, por exemplo, os impactos negativos terão proporções muito maiores, tais como: custos com máquina parada, produção parada, funcionários parados, etc. 

A fim de se evitar situações como esta, em um primeiro momento, seria interessante uma conscientização das áreas envolvidas quanto à importância da especificação correta e os impactos. Reuniões e palestras, envolvendo inclusive a diretoria da empresa seria uma das formas de abordar o assunto. É de suma importância que, principalmente, solicitante e o almoxarifado entendam essa questão e se esforcem no sentido de minimizar os erros. 

Em seguida, adotar uma padronização quanto à especificação de materiais. Entre 

muitos, alguns dos objetivos de se utilizar um padrão de especificação seriam: facilitar as coletas de preços, facilitar a negociação entre fornecedor e comprador, agilizar o processo de compra, evitar devoluções por erros de especificações, etc. 

Melhor do estipular um modelo, seria a criação de um modelo próprio feito em 

conjunto entre as áreas e o almoxarifado. Como base para este modelo, alguns critérios para a descrição das especificações de materiais podem ser seguidos, como por exemplo: 

a) a denominação deverá ser sempre no singular, concisa e completa, de forma que 

permita a individualização; 

b) não devem ser utilizadas descrições referentes a marcas, gírias ou 

regionalismos; 

c) a especificação deverá prender-se ao material e não à sua forma ou embalagem 

Exemplo: 

Especificação Correta 

Especificação Incorreta 

Ebulidor 220 V 

Mergulhão 220 V 

Sabão em Pó 

Omo Dupla Ação 

Lã de aço 

Bombril 

Para servir como um referencial para o modelo que será criado, sugere-se a seguinte 

estrutura de padronização: 

a) Nome básico; 

b) Características Técnicas; 

c) Características Físicas; 

d) Unidade de medida; 

e) Referência; 

f) Fabricante. 

No entanto, haverá tanto alguns casos onde a especificação de alguns materiais 

exigirá um nível maior de detalhamento, como também outros casos onde o nível de 

detalhamento padrão não poderá ser atendido. São situações do cotidiano da empresa que 

é de difícil previsão, devendo ser analisadas sempre entre usuários e almoxarifado. 

Conseguindo implementar uma padronização, alguns objetivos se tornarão mais 

fáceis de serem alcançados, tais como: simplificação dos materiais, eliminação de materiais 

ineficientes, facilita a compra em grandes quantidades, facilita o processo de compra, 

diminui custos de estocagem, aquisição de materiais com maior rapidez, inibe a 

diversificação de materiais de mesma aplicação, contribui para obtenção de maior qualidade 

e uniformidade, entre outros. 

Com o intuito de garantir a qualidade nesta questão de especificação de materiais, 

seria interessante que as especificações de materiais fossem revisadas periodicamente. 

Desta forma haveria uma redução, e até mesmo uma eliminação, dos problemas 

envolvendo especificações obsoletas de materiais. 

Outra sugestão interessante seria a criação de índices que mensurem, de alguma 

forma, a eficiência da especificação do material. Desta forma, seria possível mesmo que 

indiretamente, uma avaliação sobre a padronização que está sendo utilizada. 

5. Conclusão 

Durante a confecção deste artigo, percebe-se que a área de compras mudou um 

pouco a sua função dentro das organizações. Além de ser responsável pela aquisição dos materiais necessários nas melhores condições de mercado possíveis, ela passa a ser vista como uma área estratégica para a empresa. 

Com a globalização e as novas exigências do mercado, ela passou a trabalhar em 

sinergia com as demais áreas da empresa, onde é necessária uma ajuda mútua entre todas. 

A especificação dos materiais tem influência direta no processo de compras, 

podendo tanto facilita-lo, se feita da maneira correta, como retardá-lo, se feita 

incorretamente. 

Custos adicionais oriundos de especificações incorretas devem ser evitados. Para 

tal, a adoção de padrões de especificação e, principalmente, a conscientização de todos quanto à importância de uma especificação correta são fatores que contribuem e muito para isso. 

A especificação de materiais trata-se de uma questão muito importante para a 

empresa, pois reduz custos desnecessários. Considerando-se tendências e a atual situação de mercado, caso este ponto não seja bem trabalhado e acertado, os impactos, com o passar do tempo, podem se tornar muito maiores, chegando a comprometer a gestão de compras da empresa. 

6. Referências Bibliográficas 

BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. 4 ed. Porto Alegre: 

Bookmann, 2001. 

GAITHER, Norman; FRAZIER, Greg, Administração da Produção e Operações, 8 ed. São 

Paulo: Pioneira, 2001. 

DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. 5 ed. 

São Paulo: Atlas, 2005. 336 p. ISBN 8522439591 

BAILY, Peter J. H.,; FARMER, David; JESSOP, David; JONES, David. Compras: 

princípios e administração. São Paulo: Atlas, 2000.- 471 p. ISBN 8522423431 

GONÇALVES, Paulo Sérgio. Administração de materiais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.- 299 p. ISBN 8535213422 

MARTINS, Petrônio G.; ALT, Paulo Renato Campos. Administração de materiais e 

recursos patrimoniais. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 441 p. ISBN 9788502056008 

Que critérios devem ser considerados na especificação dos materiais de construção?

Por isso, um dos pontos que devem ser observados ao realizar a especificação de materiais é justamente a qualidade de cada produto que será usado e como eles podem beneficiar seu projeto. Ao assegurar sua eficiência, é possível contar com uma obra mais fluída e garantir que nenhum problema irá surgir posteriormente.

O que deve conter em uma especificação técnica?

As especificações técnicas (ET) descrevem, de forma precisa, completa e ordenada, os materiais e os procedimentos de execução a serem adotados na construção. Têm como finalidade complementar a parte gráfica do projeto. Partes das ET - generalidades, materiais de construção, discriminação de serviços.

Como especificar um produto?

Identificar todos os materiais utilizados na produção. Identificar qual o tipo de produto de cada material. Criar um SKU para cada material. Definir as unidades de medida utilizadas em cada material.

O que é um caderno de especificações técnicas?

O Caderno de Especificações Técnicas[1] é o documento elaborado pelos produtores ou prestadores de serviço, estabelecidos no local ou região, que descreve as características do produto ou serviço, a forma de obtenção do produto ou da prestação de serviço e os mecanismos de controle, como condição do uso da Indicação ...