Porque a estrada de ferro Madeira Mamoré foi de vital importância para Porto Velho Santo Antônio e Guajará

A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) é uma ferrovia no atual estado de Rondônia, no Brasil, considerada um ícone ferroviário mundial.

Foi a 15ª ferrovia a ser construída no país, tendo as suas obras sido executadas entre 1907 e 1912. Estende-se por 366 quilômetros na Amazônia, ligando Porto Velho a Guajará-Mirim, cidades fundadas pela EFMM.

Após duas tentativas fracassadas para a sua construção no século XIX, espalhou-se o mito de que, mesmo com todo o dinheiro do mundo e metade de sua população trabalhando nas suas obras, seria impossível construí-la. O empreendedor estadunidense Percival Farquhar aceitou o desafio e teria afirmado "(...) vai ser o meu cartão de visitas".[1]

Foi a primeira grande obra de engenharia civil estadunidense fora dos EUA após o início das obras de construção do Canal do Panamá, na época então ainda em progresso. Com base naquela experiência, para amenizar as doenças tropicais que atingiram parte dos mais de 20 mil trabalhadores de 50 diferentes nacionalidades, Farquhar contratou o sanitarista brasileiro Oswaldo Cruz, que visitou o canteiro de obras e saneou a região.

A EFMM garantiu para o Brasil a posse da fronteira com a Bolívia e permitiu a colonização de vastas extensões do território amazônico, a partir da cidade de Porto Velho, fundada em 4 de julho de 1907.

Em 2011, o Governo do Estado de Rondônia condecorou in memoriam com a comenda Marechal Rondon, Percival Farquhar e os 876 americanos que comandaram a construção da ferrovia.

Em 2012, comemora-se o centenário de sua inauguração. Em fevereiro foi instalado o Comitê Pró-Candidatura da EFMM a Patrimônio Mundial da Unesco.

História

A ideia da ferrovia nasceu na Bolívia, em 1846, quando o engenheiro boliviano José Augustin Palácios convenceu as autoridades locais de que a melhor saída de seu país para o oceano Atlântico seria pela bacia Amazônica. O pensamento do engenheiro justificava-se na dificuldade para transpor a cordilheira dos Andes e na distância do oceano Pacífico dos mercados da Europa e dos EUA. Foi então, em 1851, que o governo dos Estados Unidos - interessado na melhor saída para a importação de seus produtos - contratou o tenente Lardner Gibbon para estudar a viabilidade do empreendimento via rio Amazonas. 

Em 1852, Gibbon concluiu o trajeto Bolívia-Belém, descendo pelo lado boliviano os rios Guaporé, Mamoré, Madeira e Amazonas, ratificando a ideia do Palácios, quando demonstrou que uma viagem dos Estados Unidos para La Paz pelo caminho dos rios amazônicos, com o advento de uma ferrovia margeando as cachoeiras do rio Madeira, demoraria 59 dias, contra os 180 dias pelo Oceano Pacífico que, além da distância, somava a dificuldade de contornar o Cabo Horn.

A Madeira-Mamoré Railway Co.

Posteriormente, por efeito da assinatura do Tratado de Petrópolis (1903), no contexto do ciclo da borracha e da Questão do Acre com a Bolívia que conferiu ao Brasil a posse deste estado, iniciou-se a implantação da Madeira-Mamoré Railway. O seu objetivo principal era vencer o trecho encachoeirado do rio Madeira, para facilitar o escoamento da borracha boliviana e brasileira, além de outras mercadorias, até um ponto onde pudesse ser embarcada para exportação, no caso Porto Velho, de onde as mercadorias seguiam por via fluvial, pelo mesmo rio Madeira e, então, pelo rio Amazonas até o Oceano Atlântico. Anteriormente, esses produtos eram transportados com precariedade em canoas indígenas, sendo obrigatória a transposição das cachoeiras no percurso.

No início de 1907, o contrato para a construção da ferrovia foi encampado pelo empreendedor estadunidense Percival Farquhar.

O último trecho da ferrovia foi finalmente concluído em 30 de abril de 1912, ocasião em que se registrou a chegada da primeira composição à cidade de Guajará-Mirim, fundada nessa mesma data. Em 1 de agosto, a EFMM foi inaugurada.

Fonte: Reprodução/internet

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Guajará-Mirim fica na fronteira Brasil-Bolívia a 330 quilômetros de Porto Velho

Com o nome originário do Tupi-guarani, Guajará-Mirim significa “Cachoeira Pequena”. O município rondoniense que é conhecido como “Pérola do Mamoré”, por estar situado à margem direita do rio de mesmo nome, completa neste domingo (10), 93 anos de instalação. Localizada na fronteira Brasil-Bolívia a 330 quilômetros da Capital, Porto Velho, a cidade tem sua história intimamente ligada à construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré – EFMM.

Com 46.556 mil habitantes, segundo dados do Senso 2020, é o 8º município em população no Estado de Rondônia. Segundo em extensão territorial, com uma área de 24,8 mil quilômetros quadrados e ganhou em 2008, do Instituto Ambiental Biosfera, no Rio de Janeiro, o título de “Cidade Verde”, em razão do mosaico de áreas protegidas no interior do município, como o Parque Nacional da Serra da Cutia, preservado pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMbio) e o Parque Estadual de Guajará-Mirim que também faz parte desse imenso cenário verde.

HISTÓRIA

Até o início do século XIX, “Guajará-Mirim era apenas uma indicação geográfica para designar o ponto brasileiro à povoação boliviana de Guayaramerín” (Vítor Hugo – Os Desbravadores). Naquela época, a povoação era conhecida como Esperidião Marques.

Em abril de 1878, em função do Tratado de Ayacucho, foram enviadas para Corumbá (Mato Grosso) as “Plantas Geográficas dos Rios Guaporé e Mamoré”, sendo que a cartografia para delimitar os limites fronteiriços dos rios Guaporé e Mamoré foi levantada e apresentada pela 2ª seção brasileira, sediada na mesma cidade, tendo sido todas chanceladas pelos delegados brasileiros e bolivianos. Continuando a descrição diz “Destas cabeceiras continuam os limites pelo leito do mesmo rio até sua confluência com o Guaporé, e depois pelo leito deste e do Mamoré até sua confluência com o Beni, onde principia o Rio Madeira. Em 1878 e 1879, houve troca de notas da chancelaria boliviana com a Embaixada do Brasil em La Paz, acusando o recebimento e aprovando a “Carta Geral”, conforme ajustado na 7ª Conferência da Comissão Mista.

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Cidadd também é conhecido como “Pérola do Mamoré”

Em 17 de novembro de 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis com a Bolívia, o Brasil se comprometia a construir uma estrada de ferro, ligando os portos de Santo Antônio do Rio Madeira, em Porto Velho, ao de Guajará-Mirim, no Rio Mamoré, destinada ao escoamento dos produtos bolivianos. Os direitos sobre tarifas seriam recíprocos e a localidade foi se tornando conhecida no país com repercussão no exterior.

No ciclo da borracha, a extração do látex foi, sem dúvida, ponto decisivo na vida do município. A construção do transporte ferroviário (Estrada de Ferro Madeira-Mamoré) veio acelerar o povoamento local, contribuindo no incremento da agricultura, além do extrativismo vegetal proporcionado pela vasta e rica vegetação natural existente. Estes e outros fatores, também de relevante importância influíram na subsistência da localidade.

Em 30 de abril de 1912, foi concluída a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e inaugurada oficialmente em 1º de agosto do mesmo ano. Ainda naquele ano, a 8 de outubro, o Governo da Província de Mato Grosso instalou, na localidade, um posto fiscal, também com a incumbência de arrecadar impostos, sob as ordens do guarda Manoel Tibúrcio Dutra.

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O município foi oficialmente instalado em 10 de abril de 1929

Em abril de 1917, chegou à região de Guajará-Mirim o capitão Manoel Teófilo da Costa Pinheiro, um dos membros da Comissão Rondon. Através dos meandros e lagos do rio Cautário, encontrou algumas poucas centenas de seringueiros nos barracões da Guaporé Rubber Company, empresa que monopolizava a compra e exportação da borracha produzida na região, na época gerenciada pelo coronel da Guarda Nacional, Paulo Saldanha. 

Em 26 de junho de 1922, através da Resolução 879, o presidente da Província de Mato Grosso transformou a povoação de Espiridião Marques em distrito de paz do município de Santo Antônio do Rio Madeira. Quatro anos mais tarde, em 12 de julho de 1926, a povoação foi elevada à categoria de cidade, por ato assinado também pelo então presidente da Província de Mato Grosso, Mário Correa da Costa. Em 12 de julho de 1928, pela Lei 991, assinada pela mesma autoridade, o distrito foi elevado à categoria de município e comarca com área desmembrada do município de Santo Antônio do Rio Madeira, tomando o nome de Guajará-Mirim, já usualmente designado pela população. O município foi oficialmente instalado em 10 de abril de 1929.

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

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Informações coletadas servem de indicativos da situação ambiental, que vão auxiliar na construção de políticas e ferramentas para gestão da unidade

O atual Governo de Rondônia tem realizado ações visando o desenvolvimento do município. A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental – Sedam, tem realizado ações de monitoramento da biodiversidade, por meio do Programa Nacional de Monitoramento da Biodiversidade em parceria com o Programa de Áreas Protegidas da Amazônia – Arpa, que tem como objetivo promover o envolvimento socioambiental entre os moradores da região.

As informações coletadas em campo, servem de indicativos da situação ambiental da floresta, e que vão auxiliar na construção de políticas e ferramentas para a gestão da unidade.

AGRICULTURA

Em dezembro de 2021, extrativistas e agricultores da Unidade de Conservação da Reserva Extrativista (Resex) do Rio Ouro Preto, no município de Guajará-Mirim, receberam 600 quilos de calcário, cada. Insumo importante para a recuperação de solos degradados e o desenvolvimento de atividades agrícolas. A ação faz parte do programa “Mais Calcário”.

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Investimentos são do Executivo Estadual por meio da Seagri e Emater

Em março de 2022, equipamentos agrícolas que visam atender a agricultura familiar, foram entregues aos produtores rurais de Guajará-Mirim.

Mudas de café também foram entregues aos extrativistas da Reserva Rio Ouro Preto, zona rural do município.

Os investimentos são da Secretaria de Estado da Agricultura – Seagri e a Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural -Emater. Para o município, foram entregues:

  • uma retroescavadeira com pá carregadeira avaliada em R$ 410.000,00 (quatrocentos e dez mil reais);
  • duas carretas basculantes capacidade para seis toneladas, valor total R$ 53.861,54 (cinquenta e três mil, oitocentos e sessenta e um reais e cinquenta e quatro centavos);
  • uma colhedora de folhagem avaliada em R$ 54.026,99 (cinquenta e quatro mil, vinte e seis reais e noventa e nove centavos);
  • uma máquina empacotadeira e compactadora de silagem no valor de R$ 14.447,52 (quatorze mil, quatrocentos e quarenta e sete reais e cinquenta e dois centavos);
  • dois distribuidores de calcário, valor total R$ 57.040,00 (cinquenta e sete mil e quarenta reais);
  • dez roçadeiras manuais, e
  • Cento e quarenta mil mudas de café clonal.

Desta forma, o Executivo Estadual mantém fortalecida ações de investimentos para o município e destacando as potencialidades de Guajará-Mirim para que o município possa continuar contribuindo com o desenvolvimento do Estado.

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Sua construção resultou na integração da Região Norte à economia do país e fortaleceu a incorporação do Acre ao território brasileiro em pleno ciclo de expansão da economia da borracha. Outro resultado relevante foi a criação de Porto Velho, hoje capital de Rondônia, construída para dar suporte à obra da Ferrovia.

Porque houve a necessidade de construir a estrada de ferro Madeira

A ferrovia é um verdadeiro mito fundador da cidade de Porto Velho (RO). A princípio, a EFMM foi construída em 1907 para ajudar no escoamento da borracha do Brasil à Bolívia. Nesse sentido, o empreendimento é uma das memórias que ajuda a contar a história de Rondônia.

Qual foi o principal objetivo da ferrovia Madeira Mamoré?

A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) é o mito fundador da cidade de Porto Velho. Foi construída em 1907 para ajudar no escoamento da borracha do Brasil para a Bolívia. O empreendimento é uma das memórias que ajuda a contar a história de Rondônia.

Qual a importância da construção da estrada de Ferro?

Transporte. A construção das primeiras ferrovias, no período imperial, teve como objetivo integrar regiões e escoar a produção do interior até os mercados consumidores e os portos. Mesmo sendo rápido, econômico e pouco poluente, o transporte ferroviário não vem sendo priorizado.