Quais as características do poema Versos Íntimos de Augusto dos Anjos?

POEMA: VERSOS ÍNTIMOS

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão – esta pantera –

Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!

O homem, que, nesta terra miserável,

Mora, entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afoga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!

            ANJOS, Augusto dos. Versos íntimos. In: _____. Eu. 30. ed.

                                Rio de Janeiro, Livraria São José, 1965. p. 146.

Quimera: fantasia, sonho.

Vil: reles, ordinário; desprezível, infame.

Entendendo o texto:

01 – O texto é um soneto com o seguinte esquema de rimas: a, b, b, a/b, a, a, b/c, c, d/ d, d, c. Essa preocupação formal revela vestígios de um estilo que antecedeu o Pré-Modernismo. De que estilo se trata?

       Do Parnasianismo.

02 – O poeta dirige-se a um interlocutor (que pode ser ele próprio), ressaltando a solidão de todo ser humano. Em que versos fica nítida essa ideia?

       Nos dois últimos versos da primeira estrofe.

03 – Há na poesia de Augusto dos Anjos uma referência constante à decomposição da matéria. Transcreva um verso do poema que comprove tal afirmativa.

       “Acostuma-te à lama que te espera.”

04 – O homem, entre feras, também se animaliza. Diante dessa constatação, que conselho o poeta dá ao seu interlocutor?

       O conselho está nos dois últimos versos do poema

Quais as características do poema Versos Íntimos de Augusto dos Anjos?
Augusto dos Anjos (1884-1914) foi um poeta brasileiro, considerado um dos poetas mais
críticos de sua época. Foi identificado como o mais importante poeta do pré-modernismo, embora revele em sua poesia, raízes do simbolismo, retratando o gosto pela morte, a angústia e o uso de metáforas. Declarou-se “Cantor da poesia de tudo que é morto”. O domínio técnico em sua poesia comprovaria também a tradição parnasiana. Durante muito tempo foi ignorado pela crítica, que julgou seu vocabulário mórbido e vulgar. Sua obra poética, está resumida em um único livro “EU”, publicado em 1912, e
reeditado com o nome “Eu e Outros Poemas”, que causou espanto nos críticos da época, diante de um vocabulário grotesco e sua obsessão pela morte: “podridão da carne,’ cadáveres fétidos e vermes famintos”. Como também por sua retórica delirante, por vezes criativa, por vezes absurda, como neste trecho do poema “Psicologia de um Vencido”: “Eu, filho do carbono e do amoníaco,/ Monstro da escuridão e rutilância,/ Sofro, desde a epigênese da infância,/ A influência má dos signos do zodíaco”.

Versos íntimos – Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Augusto dos Anjos fez esse poema com a intenção de demonstrar o seu ponto de vista sobre como está o mundo. E quando pesquisamos mais a fundo, conseguimos entender o que ele quer nos transmitir. Logo na primeira estrofe ele fala da morte da esperança e dos sonhos, pois as pessoas não se importam mais com os sonhos que são destruídos por serem ingratas e como ele diz, são como animais selvagens.

Na segunda, ele fala que o homem sempre voltará para a lama, ou seja, o seu lugar anterior, pois estamos nos acostumando com a situação que o mundo se apresenta por convivermos com indivíduos sem compaixão, porque até nisso nos adaptamos para vivermos com os outros. E, na minha opinião, estamos vivendo nesse mundo em que o amor está sendo limitado e o ódio está sendo distribuído gratuitamente. E é sim importante falarmos sobre isso, para que as pessoas possam parabenizar o
próximo por suas conquistas e também para sermos gratos por cada dia em que podemos fazer algo de bom para melhorar o mundo.

Na terceira estrofe o poeta utiliza a linguagem coloquial, convida o “amigo” (para quem
escreveu o poema) a se preparar para traições, para a falta de consideração do próximo. Mesmo quando temos demonstrações de amizade e de carinho como um beijo, isso é apenas o prenúncio de algo mau. Aquele que hoje é teu amigo e te ajuda, amanhã te abandonará e causará dor. A boca que beija é aquela
que vai cuspir em seguida, causando dor e desilusão.

Na quarta estrofe o autor faz a sugestão de “cortar o mal pela raiz”, para evitar o sofrimento no futuro. Para isso, ele deve cuspir na boca de quem o beija e apedrejar a mão que faz carinho. Isso porque, de acordo com o poeta, mais cedo ou mais tarde, as pessoas vão nos desiludir e machucar.

Na minha opinião, ao interpretarmos o que ele quer dizer na terceira e quarta estrofe, podemos ver que ele está evitando se magoar no futuro. Eu não concordo nesse ponto. Acho que devemos viver sem medo de
se magoar, e pensar que nem todas as pessoas vão te magoar de forma definitiva; então não acho que devemos fazer a mesma coisa que elas, devemos fazer melhor e ser melhor do que as atitudes dessas pessoas que nos magoam ou magoaram. Até porque a mesma boca que te beija, pode ser a boca que fala mal de você pelas costas, que cospe em sua cara.

Resenha feita por Carina e Taiane – Turma 2001

Quais são as características do poema Versos Íntimos de Augusto dos Anjos?

O poema Versos Íntimos, de Augusto dos Anjos, é uma obra que faz parte do movimento Pré-Modernista brasileiro. Uma das principais características dessa poesia é a combinação de elementos tradicionais, próprios de estilos, desenvolvidos até o século XIX, com elementos que anunciam o modernismo, iniciado no século XX.

O que o poema Versos Íntimos quer dizer?

Versos Íntimos é dos poemas mais celebrados de autoria de Augusto dos Anjos. Os versos expressam um sentimento de pessimismo e decepção em relação aos relacionamentos interpessoais. O soneto foi escrito em 1912 e publicado no mesmo ano no único livro lançado pelo autor.

O que há de ironia no texto Versos íntimos?

1- O que há de irônico no título “Versos íntimos”, comparando-o com o conteúdo do poema? O título soa irônico porque sugere um poema subjetivo, sentimental e, na verdade, tem conteúdo agressivo, quase grotesco.

Quais as características do poeta Augusto dos Anjos 1884 1914 )?

Augusto dos Anjos (1884-1914) foi um poeta brasileiro, considerado um dos poetas mais críticos de sua época. Foi identificado como o mais importante poeta do pré-modernismo, embora revele em sua poesia, raízes do simbolismo, retratando o gosto pela morte, a angústia e o uso de metáforas.