Quais as medidas tomadas por Vargas para desenvolver a industrialização no Brasil?

A chegada do novo chefe da na��o foi precedida das tropas ga�chas que resolveram amarrar seus cavalos no obelisco localizado no in�cio da avenida Rio Branco, simbolizando assim a triunfal tomada do poder. Ap�s trocar v�rios telegramas com a Junta Militar, e o envio de Oswaldo Aranha como emiss�rio para negociar sua posse, Get�lio Vargas chegou de trem � capital federal, com seu alto comando e mais tropas, no dia 31 de outubro, e exatamente um m�s depois do in�cio da revolu��o, ficando hospedado na ala residencial do Pal�cio do Catete, e em 3 de novembro, tomou posse como chefe do governo provis�rio.

Antonio Carlos Ribeiro de Andrada afirmou na ocasi�o ao novo ministro das Rela��es Exteriores, Afr�nio de Melo Franco, que "talvez, dentro de dez anos, deveriam os mineiros fazer outra revolu��o, desta vez para arrancar Get�lio do poder". Na realidade seriam cinco anos a mais, no total de quinze anos.

O ex�lio de Washington Luis

A decis�o de mandar para o ex�lio v�rios pol�ticos do antigo regime entre eles Washington Luis, j� havia sido tomada pelos pr�prios integrantes da junta, e, ao assumir o poder, Get�lio Vargas referendou a medida. O ex-presidente deixou o Forte de Copacabana �s 12h45 de 20 de novembro de 1930, chegando ao Forte de S�o Jo�o, localizado na Urca, quinze minutos depois, onde aguardou em companhia do ex-ministro da Guerra, general Nestor Sezefredo Passos, e o antigo prefeito do Distrito Federal, Antonio Prado J�nior, a lancha Alfredo Pinto, da Pol�cia Mar�tima, que os levaria ao encontro do luxuoso transatl�ntico brit�nico Alc�ntara, da The Royal Mail Steam Packet Company, mais conhecida no Brasil como Mala Real Inglesa. Sua esposa Sofia embarcaria no porto, e seus filhos Caio Luis, acompanhado da esposa, Victor Luis, Maria, com seu marido Firmino Pires de Melo, e Jorge Prado, pela lateral do navio, que ainda estava atracado, descendo de uma lancha que os levaria do centro da cidade pela ba�a da Guanabara.

Na outra lancha que iria levar os exilados ao encontro com o navio ingl�s estava o delegado auxiliar Joaquim Pedro de Salgado Filho, que posteriormente seria o primeiro ministro da Aeron�utica do Brasil e senador da Rep�blica, acompanhando de dois investigadores e do subinspetor da Policia Mar�tima, Agostinho Jos� Marques Porto, renomado autor teatral, compositor, e parceiro de Ari Barroso e Luiz Peixoto.

Deveriam tamb�m embarcar o ex-diretor do Banco do Brasil, Carvalho Brito, com sua esposa, e o ex-presidente da Rep�blica, Fernando de Melo Viana, mas n�o o fizeram. Mas escoltado por dois agentes da pol�cia, foi conduzido a bordo o ex-deputado federal por Pernambuco Jos� Pessoa de Queiroz.

Tendo o Alc�ntara chegado ao Rio de Janeiro com atraso, acabou deixando o porto somente as 18h05. O navio logo depois parou suas m�quinas na altura do morro do P�o de A��car. J� era noite quando o antigo presidente embarcou, �s 18h20, por uma escada colocada no lado boreste (direito), no primeiro deck (andar) da embarca��o, a sua disposi��o estava uma cabine, de n� 11, considerada de "meio luxo", provida de banheiro, de uma saleta para escrit�rio e at� um r�dio.

O general Nestor Passos acabou causando um problema ao embarcar, quando se deram conta que ele n�o tinha passagem e quanto menos passaporte. Salgado Filho se viu obrigado a afian�ar ao comandante do navio da Mala Real, que o governo se comprometia em pagar a passagem do militar e que a embaixada brasileira em Lisboa, providenciaria o passaporte.

A bordo, Washington Luis negou-se a dar entrevista aos jornalistas que seguiam junto, e dedicou-se seu tempo � leitura de um livro sobre os santos da igreja Cat�lica. Somente uma semana depois � que o correspondente do jornal A Noite, conseguiu umas poucas palavras do ex-presidente, que afirmou: "o senhor compreende a minha situa��o". Depois de um silencio, prosseguiu: "Eu n�o posso, eu n�o posso falar."

Ao tomar conhe�cimento atrav�s do jornal de bordo sobre decis�o do novo governo em mandar tamb�m para o ex�lio o ex-futuro presidente eleito Julio Prestes, Washington Luis ficou transtornado, permanecendo recluso em sua cabine, e � noite, com uma fisionomia visivelmente abatida, acabou se retirando no meio do jantar.

Em 30 de novembro, quando o navio chegou a Funchal, capital da Ilha da Madeira, o ex-presidente brasileiro fez entregar aos jornalistas que o aguardavam uma declara��o escrita na qual agradecia as mensagens de sauda��o que os principais jornais de Portugal haviam lhe enviado. Informou que desde sua destitui��o, ficara detido e posteriormente fora embarcado diretamente no navio, que n�o havia recebido qualquer noticia do Brasil e que, por enquanto, n�o faria qualquer declara��o � imprensa.

Em 5 de dezembro, o Alc�ntara atracou no porto frances de Cherburgo, sendo Washington Luis e sua fam�lia recebidos por um pequeno grupo de amigos, partindo em seguida com destino a Paris.

Julio Prestes e a revolu��o

Julio Prestes n�o tinha mais resid�ncia na capital paulista. Homem do interior, tinha sua propriedade na cidade de Itapetininga, e com a sua posse no cargo de presidente da Rep�blica marcada para 15 de novembro, estava hospedado nos Campos El�seos.

O presidente eleito acompanhou os acontecimentos em S�o Paulo, e quando chegou a not�cia da destitui��o de Washington Luis pela chamada Junta Pacificadora, estava no pal�cio dos Campos El�seos, em companhia do vice-presidente no exerc�cio do cargo, Heitor Teixeira Penteado, do secretariado, de pol�ticos e alguns amigos.

Ap�s varias horas de conversa��o ficou resolvido que seria l�gico entregar o governo estadual para o general Hastinfilo de Moura, comandante da 2� Regi�o Militar, sediada em S�o Paulo. Chamado � sede do Executivo, ele ouviu de Julio Prestes e de Heitor Penteado o entendimento que tinham em virtude dos fatos ocorridos no Rio de Janeiro naquele mesmo dia. A princ�pio ele recusou a proposta, entendendo que n�o cabia a ele esse encargo, mas ap�s pondera��es dos presentes, o militar solicitou que fosse elaborado um documento, que foi feito em uma papel timbrado do Gabinete do Presidente do Estado de S�o Paulo, datado de 24 de outubro de 1930, com o seguinte teor, mantendo-se a grafia original:

Exmo. Sr. General Hastimphilo de Moura,

M.D.Commandante da 2�.Regi�o Militar,

Desde o inicio da revolu��o que vem conflagrando o pa�s puz � disposi��o de V. Excia., por intermedio do Governo da Uni�o, para della fazer uso, segundo as conveni�ncias militares que melhor entendesse, a For�a P�blica do Estado.

Esta, por sua vez, em face dos recentes acontecimentos verificados no Rio, se promptificou a collaborar com o exercito Nacional, nesta Regi�o Militar, na manuten��o da paz, da ordem publica e na garantia da propriedade, direitos e interesse de todos.

Sendo necess�rio, para o completo �xito desse objetivo, que uma �nica direc��o oriente as duas for�as militares, e desejando cooperar nesse elevado prop�sito, para a felicidade e a tranq�ilidade da terra paulista, venho pedir a V.Excia. para assumir o Governo do Estado, j� que o momento n�o comporta um solu��o constitucional em face do movimento revolucionario, victorioso no Rio de Janeiro.

Certo de sua V.Excia. n�o se recusar� prestar a S�o Paulo e ao paiz mais esse relevante servi�o, tenho a honra de subscrever-me,

Heitor Penteado

Fabio de S� Barreto, secret�rio do Interior

Fernando Costa, secret�rio da Agricultura

Antonio Carlos de Salles Junior, secret�rio da Fazenda e do Thesouro

Jose de Oliveira de Barros, secret�rio da Via��o e Obras P�blicas

Mario Bastos Cruz, secret�rio da Justi�a e Seguran�a P�blica

Assumindo o governo estadual o general Hastinfilo, preocupou-se com a sorte de Julio Prestes, principalmente no tocante a sua integridade f�sica. Grande parte das tropas da For�a P�blica haviam aderido aos revolucion�rios, e a cidade tinha sido tomada por uma turba que empastelou v�rios jornais, como A Gazeta, Correio Paulistano, A Fanfulla. O clube Republicano, do Partido Republicano Paulista (PRP), que se localizava no pr�dio Martinelli, teve sua instala��es destru�das, sendo os m�veis e documentos jogados na rua e incendiados, sem que houvesse qualquer atitude das autoridades policiais em coibir os abusos.

Hastinfilo queria que Julio Prestes estivesse em seguran�a. � noite resolveu entrar em contato com o c�nsul da Inglaterra em S�o Paulo, Arthur Abbott, que prontificou-se em receber o presidente eleito do Brasil em sua resid�ncia, localizada no Jardim Am�rica, na condi��o de asilado, com todas as garantias da coroa brit�nica, e ainda a busc�-lo pessoalmente no pal�cio do governo.

A espera foi angustiante, a autoridade inglesa n�o chegava e as horas iam passando. V�rias liga��es foram feitas para a casa do representante do coroa brit�nica, e sua esposa informava que ele j� havia sa�do. J� se aproximava o alvorecer e o c�nsul n�o havia aparecido, ent�o o general resolveu levar Julio Prestes em seu autom�vel escoltado por outro veiculo com soldados do Ex�rcito.

Logo ap�s chegarem a resid�ncia de Abbot, tomaram conhecimento de que o ve�culo do c�nsul havia tido problemas mec�nicos e, no adiantado da hora, n�o havia conseguido socorro. Julio Prestes permaneceu na resid�ncia do representante ingl�s em S�o Paulo por um m�s, quando, no final da tarde de 24 de novembro, em um comboio de tr�s ve�culos, seguiu pela rua Bela Cintra, rumo da esta��o de Guayauna " a mesma que em 1924 seu antecessor no governo de S�o Paulo, Carlos de Campos, se refugiou durante a revolu��o de 5 de julho ", onde embarcou em um vag�o reservado, anexado ao noturno das 19 horas da Estrada de Ferro Central do Brasil, com destino ao Rio de Janeiro, em companhia do c�nsul, de seu filho Fernando Prestes Neto, de um oficial do Ex�rcito, e de uma escolta policial, para receber seu passaporte e seguir para o ex�lio.

�s 8h da manh�, o trem chegou � esta��o D. Pedro 2�, na capital federal, onde foi recebido por jornalistas e curiosos, entre eles um grupo de garotos que pronunciavam jocosamente a letra da m�sica de autoria do compositor, pianista e autor teatral Francisco Jos� Freire J�nior "Seu Julinho vem...", gravada no ano anterior por Francisco Alves. A marchinha de grande sucesso, inclusive no carnaval, havia sido composta para enaltecer o "futuro" presidente da Rep�blica, e fazia uma cr�tica bem-humorada ao presidente de Minas Gerais, Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, o Toninho, pretenso candidato a presid�ncia tamb�m.

� Seu Toninho

Da terra do leite grosso

Bota cerca no caminho

Que o paulista � um colosso

Puxa a garrucha

Finca o p� firme na estrada

Se come�a o puxa-puxa

Faz do seu leite coalhada

Seu Julinho vem, Seu Julinho vem

Se o mineiro l� de cima descuidar

Seu Julinho vem, Seu Julinho vem

Vem, mas custa, muita gente h� de chorar

� Seu Julinho, tua terra � do caf�

Fique l� sossegadinho

Creia em Deus e tenha f�

Pois o mineiro

N�o conhece a malandragem

C� no Rio de Janeiro

Ele n�o leva vantagem

Da Central do Brasil, foram todos para a sede da embaixada brit�nica, localizada na rua do Curvelo, no bairro de Santa Tereza. L� chegando Julio Prestes foi identificado pelas autoridades da Pol�cia Mar�tima e de Fronteiras para a concess�o de seu passaporte, e no mesmo dia, 24 de novembro de 1930, pouco antes das 13h, dirigiram-se para a Pol�cia Portu�ria, no centro do Rio, onde embarcaram na lancha Alfredo Pinto, a mesma que havia conduzido Washington Luis, dias antes, para o navio que o levou � Europa. A lancha encostou na lateral do transatl�ntico Highland Princess, pertencente a Nelson Line, mas administrado pela Mala Real Inglesa, que o aguardava atracado no armaz�m n� 10 do cais do porto.

Ele deixou a pequena embarca��o e entrou pela escada lateral do navio, evitando assim qualquer contato com as pessoas que o aguardavam na esta��o de passageiros do Touring Club do Brasil. Sua bagagem, em n�mero de sete volumes, havia sido embarcada antes. Minutos depois das 13h, o navio ingl�s deixou o Rio de Janeiro com destino a Lisboa, levando Julio Prestes, seu filho Fernando e o adido naval da lega��o inglesa. Aos fot�grafos que conseguiram bater algumas chapas a bordo, ele disse em tom de pilheria: "Eu vou, mas volto logo..."

O navio chegaria � capital portuguesa em 8 de dezembro, quando Julio Prestes hospedou-se no hotel Avenida. L�, o presidente exilado informou � imprensa que pouco tempo permaneceria em Lisboa, pois iria a Paris, mas que retornaria oportunamente para fixar resid�ncia.

Get�lio Vargas permaneceria no poder por 15 longos anos, primeiro como chefe do governo provis�rio, at� 1934, quando foi eleito pelo Congresso Nacional presidente constitucional, com mandato at� 1938, mas pouco antes em 10 de novembro de 1937, daria um golpe, implantando no Brasil, o Estado Novo, permanecendo como ditador at� outubro de 1945, quando foi deposto pelos militares.

Voltaria ao poder pelo voto direto do povo brasileiro em 1951, permanecendo como presidente da Rep�blica at� o dia 24 de agosto de 1954, quando, em virtude de uma s�ria crise pol�tico-militar, suicidou-se com um tiro no cora��o.

Vargas foi o grande art�fice da mudan�a radical na estrutura do pa�s, que deixou de ser essencialmente agr�cola e tornando-se industrializado, com a implanta��o da siderurgia no Brasil. No campo pol�tico, foi respons�vel pela cria��o da Justi�a Eleitoral e do voto secreto. Outra grande obra de Vargas foi a Consolida��o das Leis do Trabalho (CLT), institu�da em 1943, e em vigor at� os nossos dias, institu�da em defesa da classe trabalhadora.

Washington Luis permaneceria exilado na Europa at� a eclos�o da Segunda Guerra Mundial, passando a residir nos Estados Unidos, na cidade de Nova York. Retornaria ao Brasil somente em 1947, ap�s a redemocratiza��o. Faleceu na cidade de S�o Paulo, em 4 de agosto de 1957. Sua esposa Sofia havia morrido na Su��a no ano de 1934.

Julio Prestes ficou exilado na Europa at� a promulga��o da Constitui��o Federal de 1934. Regressando ao pa�s, passou a dedicar-se exclusivamente � iniciativa privada em sua cidade, Itapetininga. Em 1945, apoiou a candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes � presid�ncia da Rep�blica, participando inclusive do com�cio realizado no est�dio do Pacaembu em seu apoio. Morreu na capital paulista em 9 de fevereiro de 1946.

* Ant�nio S�rgio Ribeiro, advogado, pesquisador e diretor do Departamento de Documenta��o e Informa��o da Assembleia.

Que medidas foram tomadas por Vargas para impulsionar a industrialização no Brasil?

Em seu governo, houve uma política de integração nacional através de rodovias, bem como a transferência da capital para o Centro-oeste e um planejamento econômico para o desenvolvimento de outras regiões, materializado através da criação da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste).

Quais as duas principais medidas adotadas por Vargas para valorizar a indústria nacional?

As ações centralizadoras do governo Vargas foram conduzidas para atender a duas grandes premissas: integrar o mercado (o que exigia um reordenamento populacional e a criação de infra-estrutura básica de produção e transporte), e desenvolver a indústria de consumo.

Quais as principais medidas tomadas pelo governo Vargas?

Entre essas medidas centralizadoras, destacam-se: a dissolução do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas estaduais e municipais e a substituição dos governadores de Estado por interventores nomeados pelo próprio Vargas.

Como foi o processo de industrialização no Brasil na Era Vargas?

O primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945) foi decisivo para a industrialização brasileira. Com o governo Vargas, o Estado passa a investir e abrir empresas públicas. Ele privilegia a indústria pesada, ou seja, aquela que transforma a matéria-prima e fabrica bens de grande porte.