Quais as vantagens da realização da inoculação de sementes em relação a inoculação no sulco de plantio?

) necessita de grandes quantidades de nitrogênio (N) para suprir a alta demanda do teor de proteína dos grãos, sendo que para cada tonelada de grãos produzidos com teor médio de 6,5% de N, são demandados 80 kg de N. 

Para produção média de 3 toneladas de grãos por hectare são necessários 240 kg de N, que deveriam ser supridos via fertilizantes, considerando que os solos brasileiros fornecem no máximo 30 kg de N ha-1.

Para obter tal nível de produção seria necessário aplicar 480 kg ha-1 de N, pois a eficiência dos fertilizantes nitrogenados chegam no máximo a 50% devido às elevadas perdas de N por lixiviação, escorrimento superficial, desnitrificação e volatilização.

A soja, porém, consegue suprir toda a sua necessidade de N através da fixação biológica de nitrogênio da atmosfera (N2), onde bactérias do gênero Bradyrhizobium,  se associam simbioticamente às raízes da planta e formam os nódulos, que captam o N2 do ar e o transformam em N disponível para as plantas. 

A soja é originária da China e foi trazida ao Brasil em 1882, e difundida a partir da década de 1960. Por não ser uma cultura originária do país, não há rizóbios nativos capazes de formar nódulos de forma eficaz, sendo necessário fornecer essas bactérias por meio de inoculantes, pelo processo de inoculação das sementes. 

Quais as vantagens da realização da inoculação de sementes em relação a inoculação no sulco de plantio?
Quais as vantagens da realização da inoculação de sementes em relação a inoculação no sulco de plantio?

Nódulos em raízes de soja – Fonte: Nodusoja

O que é inoculação?

A inoculação das sementes de soja é uma prática agrícola manual ou mecanizada que estabelece o contato de bactérias simbiontes com as plantas a fim de auxiliar na fixação biológica de nitrogênio (FBN).  

A partir da germinação da semente, se estabelece a comunicação química entre a soja e os rizóbios inoculados, ocorrendo via pêlos radiculares a infecção das raízes por parte da bactéria inoculada nas sementes, formando os nódulos que estabelecem o processo de FBN necessário para a soja. 

O processo de inoculação consiste em misturar o inoculante, com alta concentração de rizóbios, nas sementes de soja, seja de forma direta ou via sulco. 

Quais as vantagens da realização da inoculação de sementes em relação a inoculação no sulco de plantio?
Quais as vantagens da realização da inoculação de sementes em relação a inoculação no sulco de plantio?
Processo de nodulação em raízes de leguminosas – Fonte: Agronegocios.eu

Por que inocular a soja em solos de primeiro cultivo e reinocular em áreas já cultivadas?

Deve-se inocular a soja em áreas de primeiro cultivo pois geralmente essas áreas apresentam baixa população de bactérias fixadoras de nitrogênio, fazendo com que as plantas não consigam se desenvolver. Outro fator importante é que os solos brasileiros possuem baixíssimos teores de N, por isso não são capazes de suprir a demanda da planta. 

Para aumento da produtividade é indicado a realização de reinoculação da soja em áreas já cultivadas. Segundo trabalhos realizados pela Embrapa essa prática pode gerar incremento de 8% em média na produção. 

Quais bactérias você deve usar na inoculação?

As principais bactérias usadas nos inoculantes presentes no mercado brasileiro são do gênero Bradyrhizobium, sendo que as estirpes utilizadas são das espécies Bradyrhizobium japonicum e Bradyrhizobium elkanii

As melhores estirpes são escolhidas por pesquisadores em um fórum denominado RELARE (Rede de Laboratórios para Recomendação, Padronização e Difusão de Tecnologia de Inoculantes Microbianos de Interesse Agrícola) e após enviadas para o Ministério da Agricultura que valida e difunde a informação. 

Para determinação das estirpes são considerados vários fatores, como a eficiência com as cultivares recomendadas, a capacidade de competir com os organismos do solo, a fermentação adequada na indústria e, principalmente, a capacidade de se adaptar aos solos, sem nenhum prejuízo à microbiota natural do mesmo.

O número de células é importante para a eficiência da inoculação?

Segundo o MAPA, os inoculantes devem apresentar concentração mínima de 1,0 x 109 células viáveis por g ou mL do produto até a data de vencimento, o período de viabilidade deste produto deve ser de, no mínimo, seis meses. 

A elaboração dos inoculantes deve ser em suporte estéril e estar isenta de microrganismos não especificados na diluição de 1×10-5. A dosagem recomendada para a soja é de 1,2 milhões de células do rizóbio por semente e quando a aplicação ocorre via sulco de semeadura, deverá ser utilizada, por hectare, três vezes a dose recomendada para aplicação nas sementes.

A primeira vista parece ser uma elevada quantidade de células, mas você não pode se esquecer de que, quanto maior o número de células na semente, maior será a probabilidade de nodulação bem sucedida, especialmente na coroa da raiz, iniciando prontamente a fixação biológica e o fluxo de N para a planta. 

Por isso, deve-se considerar, cuidadosamente, algumas recomendações de diluição de produtos, pois podem ser desvantajosas para a planta. 

Quais tipos de inoculante existem?

Os inoculantes são insumos baratos e fáceis de serem encontrados no mercado, sendo possível encontrar inoculantes líquidos e turfosos com diferentes formulações. 

O inoculante líquido pode ser aplicado via semente e via sulco de semeadura, enquanto que, à base de turfa, somente pode ser aplicado via semente.

O agricultor deve seguir rigorosamente as orientações de inoculação descritas pelos fabricantes.

Quais as vantagens da realização da inoculação de sementes em relação a inoculação no sulco de plantio?
Quais as vantagens da realização da inoculação de sementes em relação a inoculação no sulco de plantio?
   Sementes de soja inoculadas: Fonte: EMBRAPA

INOCULANTE TURFOSO 

Os inoculantes à base de turfa são excelentes veículos para o rizóbio, pois a turfa é rica em matéria orgânica devido a decomposição vegetal, tornando-se importante fonte de nutrientes para as bactérias.

Uma boa turfa deve apresentar textura fina, baixo teor de argila e não conter areia e partículas grosseiras em sua composição. 

Uma boa dica para você saber se a turfa é de qualidade ou não, é avaliar uma amostra de inoculante, adicionando água e pressionando essa mistura entre o indicador e o polegar, não devendo sentir a presença de areia.

Devido a baixa aderência da turfa deve-se umedecer as sementes com uma solução adesiva, essa substância pode ser goma arábica a 20%, ou outros produtos recomendados pelos fabricantes, sendo mais comum a utilização de solução açucarada a 10%. Após deve-se adicionar o inoculante, homogeneizar e deixar secar à sombra. 

Também pode-se preparar uma pasta de inoculante, onde se adiciona para cada 500g de inoculante 300 a 400 ml de solução açucarada (7 a 9 colheres de sopa de açúcar cristal em um litro de água), e aplicar às sementes em máquinas próprias, tambor giratório ou betoneira.

Não se recomenda a inoculação diretamente na caixa semeadora, pois resulta em pouca aderência e cobertura pouco uniforme das sementes com o inoculante.

INOCULANTE LÍQUIDO 

Uma das vantagens do inoculante líquido é a  facilidade de esterilização do meio de cultura onde os rizóbios crescem, evitando a presença de contaminantes. Com isso, é possível obter um maior número de células de rizóbios no produto e na semente. 

Pela facilidade de aplicação e menor desgaste de maquinário, os agricultores preferem fórmulas líquidas. 

A inoculação de sementes com inoculante líquido é simples, basta você aplicar o inoculante nas sementes, homogeneizar e deixar secar à sombra. 

Para a aplicação no sulco de semeadura basta diluir o inoculante em água (aproximadamente 50 litros ha-1) e aplicar no sulco. Porém deve-se aplicar dosagens de inoculante superiores do indicado. Esse método reduz  os efeitos tóxicos do tratamento de sementes com fungicidas e da aplicação de micronutrientes sobre a bactéria.

Para ajudar você, criamos essa tabela com os tipos de inoculantes, as dosagens recomendadas e o modo de aplicação:

Quais as vantagens da realização da inoculação de sementes em relação a inoculação no sulco de plantio?
Quais as vantagens da realização da inoculação de sementes em relação a inoculação no sulco de plantio?

Considerações Finais 

Nesse artigo você entendeu o que é a inoculação e quais os benefícios que essa prática pode trazer para a sua lavoura. 

Através da inoculação ocorre a fixação biológica de nitrogênio que permite maior incremento de produtividade da soja.

Além disso, foram apresentados os tipos mais comuns de inoculantes existentes no mercado e quais os métodos ideais de aplicação. 

Como visto, vale a pena gastar um tempinho a mais na inoculação de sementes e obter plantas mais vigorosas e produtivas. 

Quais as vantagens da realização da inoculação via sementes em relação a inoculação no sulco de plantio?

(2008), pode-se dizer que visando o maior número de nódulos da FBN, a inoculação via tratamento de sementes proporciona melhores resultados em áreas sem histórico de cultivo da soja, enquanto a inoculação via sulco proporciona melhores resultados em áreas com histórico de cultivo da soja.

Qual a finalidade da inoculação das sementes?

A inoculação de microrganismos nada mais é que adicionar microrganismos benéficos às plantas. Esses microrganismos trazem algumas vantagens às culturas como: aumento do crescimento, melhor desenvolvimento e melhora na absorção de nutrientes.

Qual a importância e as principais vantagens do processo de inoculação para a lavoura de soja?

Qual a importância e as principais vantagens do processo de inoculação para a lavoura de soja? No Brasil, graças ao processo de FBN, a inoculação substitui totalmente a necessidade do uso de adubos nitrogenados nas lavouras de soja.

Qual a importância da inoculação?

Técnica garante economia com adubação no início do ciclo e tem muita eficiência para garantir o vigor da planta A hora do plantio está chegando e um dos manejos mais importantes pré-plantio é a inoculação, uma técnica barata e acessível que ajuda no desenvolvimento da planta.