Quais eram as principais características da produção no Vale do Paraíba?

27/08/19 11h38

Com apoio de pesquisas da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, região tornou-se maior polo produtor de variedades especiais no Brasil

Governo do Estado de São Paulo

O Estado de São Paulo é o maior consumidor de arroz do país e há alta demanda por tipos especiais, como os usados na culinária internacional. Nas últimas décadas a pesquisa paulista viabilizou a agregação de valor ao desenvolver tipos diferentes do grão.

O Vale do Paraíba é a principal região produtora de arroz do Estado de São Paulo, e também se mostrou favorável ao plantio de tipos especiais (dentre eles o arroz preto, arroz para a culinária japonesa, aromático e arbóreo). A região tem condições climáticas adequadas para a produção, fazendo com que a qualidade de grãos seja equivalente aos produzidos nas principais regiões da Itália.

Desde 1992, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, por meio do Instituto Agronômico (IAC-APTA), pesquisa tipos especiais de arroz para nichos de mercado, quando iniciou um programa de melhoramento genético. Atualmente são cinco: IAC 300, IAC 400, IAC 500, IAC 600 e IAC 301.

A mudança no perfil dos rizicultores paulistas se deu pelo trabalho da Secretaria de Agricultura, que desenvolveu o arroz preto IAC 600. Com sabor e aroma acastanhados, o produto tem 20% a mais de proteínas do que o arroz agulhinha e alto valor agregado. Um quilo da iguaria custa, em média, 8 vezes mais que o arroz agulhinha.

A área em produção da cultura do arroz ocupa o 44º lugar no Valor da Produção Agropecuária do Estado de São Paulo, em 2018, com pouco mais de R$ 50,7 milhões. Os Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs) de Guaratinguetá (54%), Pindamonhangaba (27%) e Registro (12%) respondem por quase a totalidade do arroz irrigado do Estado. Quanto ao arroz de sequeiro e várzea, Itapeva (55%) e Registro (31%) somados respondem por 86% do total produzido.

Parceria entre pesquisador e produtor

O rizicultor José Francisco Ruzene recebeu a tecnologia da Secretaria de Agricultura e resolveu mudar o perfil de sua plantação, em Guaratinguetá, interior paulista. Ele substituiu seus hectares de arroz agulhinha, pelo arroz preto, o IAC 600.

Até 2005, Chicão Ruzene, como é conhecido, era um pequeno produtor de arroz – como a maioria dos rizicultores do Vale do Paraíba. Muitas vezes, a produção de todos eles não chegava à quantidade produzida por apenas um produtor de Santa Catarina.

O resultado era lucro baixo ou até mesmo prejuízo. “O doutor Candinho [Cândido Ricardo Bastos, pesquisador da Secretaria de Agricultura já falecido], desenvolveu um projeto para plantarmos arrozes especiais, por estarmos próximos de São Paulo, um centro consumidor. Comecei então a produzir o arroz preto, mas ainda não havia mercado, foi preciso abri-lo”, conta Chicão.

A parceria entre pesquisador e produtor resultou na estratégia de levar o produto para vários chefs de cozinha. Chicão chegou ao Alex Atala, dono do D.O.M., restaurante de alta gastronomia, localizado na capital paulista. “O Alex sempre teve o perfil de valorizar o produtor rural e os produtos brasileiros. Quando mostrei o arroz preto ele ficou surpreso por São Paulo ter tecnologia para produzir e fez o possível para me ajudar a divulgar o produto e assim abrir o mercado”, explica.

Segundo Atala, um dos propósitos do Instituto Atá, do qual é um dos fundadores, é valorizar o ingrediente e seu entorno, a natureza, nunca esquecendo o homem como elemento vital nessa cadeia. “Meu interesse por produtos e ingredientes desconhecidos, disponíveis na extensa biodiversidade da cultura brasileira, tornou possível conhecer o arroz preto, um produto diferenciado, de alta qualidade, que permite diversas aplicações na cozinha. Sua utilização estimula o pequeno produtor a manter e expandir seu negócio”, afirma.

Atualmente, na Ruzene a maior parte do cultivo é de IAC 600 e os demais com 14 variedades de outros tipos especiais. Seu lucro com o arroz preto é 50% superior ao obtido com o agulhinha. A produção do IAC 600 vai para todo o País. “O que não se pode agora é deixar que a pesquisa pare de desenvolver produtos, daí a importância do investimento em novos pesquisadores e projetos para o Instituto continuar desenvolvendo variedades especiais”, diz o agricultor, que mudou sua história a partir de tecnologia da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

A economia no Segundo Reinado sofreu grandes mudanças com a introdução do café nas pautas de exportação. Trazida pelas mãos do tenente coronel Francisco de Melo Palheta, as primeiras mudas da especiaria vingaram em solo paraense. Já nessa época, o consumo de sua bebida amarga era conhecido entre os consumidores europeus. Aos poucos, o café se tornou o produto-chefe de uma economia ainda sustentada pela imponência de seus latifúndios agro-exportadores.

O plantio sistemático da planta só se desenvolveu pelas regiões férteis do território fluminense, onde em 1760 eram cultivadas as primeiras remessas do produto. O terreno úmido e pantanoso da Baixada Fluminense era ricamente adaptado às exigências do novo gênero agrícola. Em breve espaço de tempo, o Rio de Janeiro galgou a posição de pioneiro do cultivo e na venda do café. No fim do século XVIII, as regiões da Tijuca, da Gávea e do Corcovado já estavam tomadas pelas plantações.

Preservando as características de nossa economia colonial, as plantações cariocas se sustentavam no uso do latifúndio, da monocultura e da mão-de-obra escrava. Tais características fizeram com que o plantio de café no Rio fosse atingido por sérias dificuldades. Uma delas estava relacionada ao uso indiscriminado do solo, o que acabou empobrecendo o potencial produtivo da região. Além disso, a proibição do tráfico negreiro, em 1850, acionou um freio na produção em terras fluminenses.

Porém, a ameaça de crise na ascendente produção cafeeira não se consolidou graças a uma nova frente de expansão de cultivo. A região do Oeste paulista, ao longo do tempo, conseguiu substituir os mercados dominados pelas primeiras lavouras e alcançar valores ainda mais expressivos. Isso aconteceu por conta da conquista dos mercados europeu e norte-americano. Paralelamente, a lógica produtiva implantada pelos cafeicultores paulistas também justificou o ritmo acelerado com que os pés de café dominaram nossa economia.

Constituindo um perfil diferente dos antigos grandes proprietários de terra, os cafeicultores do Oeste Paulista sustentaram a produção com uma nova postura. As lavouras eram sistematicamente inspecionadas, as técnicas de plantio eram renovadas e o emprego de infra-estrutura não foi poupado. Os recursos financeiros para tantos empreendimentos foram obtidos do acúmulo de capitais conquistado pela rápida aceitação do produto, o uso de capital financeiro e a dinamização da economia interna.

Sobre esse último aspecto, podemos destacar como o fim do tráfico negreiro contribuiu para que os recursos antes investidos nessa atividade fossem canalizados para a indústria e o comércio. Além disso, esse mesmo fenômeno contribuiu para que a mão-de-obra assalariada fosse adotada em substituição a outrora força de trabalho obtida pela exploração dos escravos negros. Nesse sentido, essa nova experiência abriu portas para formação de novas classes sociais no Brasil.

Em contrapartida, essa mesma diversificação econômica não deixou de fortalecer a classe proprietária de terras do país. Os grandes fazendeiros, durante o Segundo Reinado e a República Velha, tinham grande força de atuação política. Tal experiência causou diversos conflitos que marcavam o interesse conservador dos fazendeiros e as demandas inéditas de grupos de trabalhadores assalariados e urbanos. Somente no final da década de 1920 que observamos a crise das elites agro-exportadoras, inclusive a cafeeira, frente às mudanças experimentadas no Brasil Republicano.

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Por Rainer Sousa
Graduado em História

Quais são as características da região do Vale do Paraíba?

Apesar de altamente urbanizada e industrializada, a região também tem reservas naturais importantes, como a Serra da Mantiqueira, na divisa com Minas Gerais, um dos pontos mais altos do Brasil, e a da Bocaina, reduto de Mata Atlântica que também inclui pequenas cidades e fazendas de interesse histórico e arquitetônico.

O que é produzido no Vale do Paraíba?

O Vale do Paraíba é a principal região produtora de arroz do Estado de São Paulo, e também se mostrou favorável ao plantio de tipos especiais (dentre eles o arroz preto, arroz para a culinária japonesa, aromático e arbóreo).

Quais eram as condições para o cultivo e produção do café no Brasil?

As técnicas de produção de café eram simples. Inicialmente se desmatavam terras onde era necessário expandir as áreas agricultáveis para a colocação das mudas da planta. Estas demoravam cerca de cinco anos para começar a produzir.

Qual foi a mão

Observa-se que a mão de obra familiar é utilizada na grande maioria das propriedades rurais, pois essas pertencem a pequenos produtores, já médios e grandes produtores utilizam maior número de funcionários na propriedade cafeeira.