Quais os objetivos da realização da transferência e mobilização adequada do paciente?

O exercício terapêutico é fundamental na atuação da fisioterapia, com a finalidade de melhorar a funcionalidade física e reduzir incapacidades. Inclui atividades que previnem complicações como encurtamentos, fraquezas musculares e deformidades osteoarti­culares e reduzem a utilização dos recursos de saúde durante a hospi­talização ou após uma cirurgia. Estes exercícios aprimoram ou mantem o estado de saúde dos indivíduos e previnem ou minimizam as suas futuras deficiências, a perda de função ou a incapacidade (SILVA; MAYNARD; CRUZ, 2010).

O exercício regular proporciona uma modificação da composição do corpo – há um aumento da proporção de tecido muscular em relação ao tecido adiposo. As células, percebendo os estímulos regulares dos exercícios, passam a economizar e depositar mais cálcio nos ossos e proteína nos músculos e a utilizar e gastar mais as gorduras como fonte de energia, mesmo estando em repouso (LEAL; MEJIA, 2014). Os benefícios fisiológicos e psicológicos gerados pelos exercícios são atribuídos aos fenômenos de adaptação dos tecidos e órgãos submetidos a estímulos frequentes de esforço físico (PINHEIRO; CHRISTOFOLETTI, 2012).

No ambiente hospitalar, o serviço promovido pelos profissionais da saúde tem como objetivo recuperar a condição clinica dos pacientes, a fim de que eles possam retornar a realidade com qualidade de vida. Assim, a imobilidade, o descondicionamento físico e a fraqueza muscular acabam sendo problemas frequentes e que estão associados a maior incapacidade e a reabilitação prolongada (PINHEIRO; CHRISTOFOLETTI, 2012).

O sistema musculoesquelético é projetado para se manter em movimento, são necessários apenas sete dias de repouso no leito para reduzir a força muscular em 30%, com uma perda adicional de 20% da força restante a cada semana, resultando em alterações do sistema ósseo, articular e muscular, podendo surgir complicações como contratura articular, hipotrofia, atrofia muscular e osteoporose. O desenvolvimento de fraqueza generalizada relacionada ao paciente crítico é uma complicação significante e comum em muitos indivíduos admitidos em uma UTI. (JUNIOR, 2013).

As Unidades de Terapia Intensiva têm como foco principal o suporte da vida e o tratamento de indivíduos doentes com instabilidade clínica. Associados à causa de internação, outros fatores podem colaborar para a piora do quadro do paciente. O tempo de ventilação mecânica e o uso de medicamentos, como corticóides e neurobloqueadores, levam a quadros de fraqueza muscular generalizada (incluindo-se o diafragma). Consequentemente, a capacidade física e a qualidade de vida dos pacientes ficam comprometidas, sendo que essas alterações podem durar alguns anos após a alta hospitalar (KIMURA et al, 2013).

Vários são os fa­tores que podem contribuir para ocorrência destas fraquezas, incluindo: inflamações sistêmicas, uso de alguns medicamentos, como corticóides, sedativos e bloqueadores neuromusculares, descontrole glicêmico, desnutrição, hiperosmolaridade e nutrição parenteral (SILVA; MAYNARD; CRUZ, 2010).

Cerca de 30% a 60%, dos pacientes internados na UTI, desenvolve fraqueza generalizada relacionada ao imobilismo. Componente essencial dos cuidados críticos, o treinamento físico na Unidade de Terapia Intensiva é uma extensão da reabilitação, uma vez que os exercícios, além dos benefícios físicos, também, ajudam no fator psicológico, reduzem o estresse oxidativo e inflamação, pois, promovem o aumento da produção de citocinas anti-inflamatórias (FLORENCIO, 2014).

Na Unidade de Terapia Intensiva é comum os pacientes permanecerem restritos ao leito, acarretando inatividade, imobilidade e disfunção severa do sistema osteomioarticular. Essas alterações atuam como fatores predisponentes para polineuropatia e/ou miopatia do doente crítico, acarretando aumento de duas a cinco vezes no tempo de permanência da ventilação mecânica e no desmame ventilatório (FEITOZA, 2014).

O repouso absoluto foi, por muito tempo, eleito pelos médicos como a melhor forma de tratar o paciente que se encontra em estado crítico, pois se pensava que este não resistiria a qualquer tipo de atividade física naquele estado, e este repouso ocasionaria benefícios clínicos para o mesmo. Acreditava-se que era benéfico para a estabilização clinica do paciente. Com isso, o descondicionamento físico, a fraqueza muscular, a dispnéia, a depressão, a ansiedade e a redução da percepção da qualidade de vida, são complicações adquiridas, precocemente, por essa prática, acarretando piora do paciente e, ao mesmo tempo, contribuindo para um tempo mais longo de desmame, internação, risco de infecções e morbimortalidade (FLORENCIO, 2014).

Desde a década de 1940, foram percebidos os efeitos nocivos do repouso no leito e os benefícios da mobilização precoce que acabaram por serem bem reconhecidos em pacientes hospitalizados (BARROZO; CARVALHO, 2014). A imobilidade é reconhecidamente deletéria à saúde em pacientes hospitalizados tem efeito negativo em vários sistemas, com os pulmões, o sistema cardiovascular, a pele, os músculos, os ossos, entre outros. As complicações pulmonares são as mais prejudiciais e se apresentam na forma de atelectasia, hipoxemia, embolia pulmonar e pneumonia, causando aumento do tempo de internação e à mortalidade. O prejuízo gera fraqueza e hipotrofia muscular esquelética (inclusive na musculatura ventilatória), na capacidade funcional, na recuperação de doenças críticas, no tempo de internação, entre outros que podem repercutir anos após a alta hospitalar (GARDENGHI; URT, 2014).

O que se observa é que a imobilidade dificulta na recuperação de doenças críticas, devido às alterações sistêmicas associadas a ela, como doença tromboembólica, atelectasias, úlceras de pressão, contraturas, alteração das fibras musculares de contração lenta para contração rápida, atrofia e fraqueza muscular e esquelética; além disso, pode afetar os barorreceptores, que contribuem para a hipotensão postural e taquicardia (GARDENGHI; URT, 2014).

Fisiopatologicamente, mecanismos importantes, como imobilidade, inflamação local e sistêmica, utilização de fármacos como corticóides, relaxantes musculares e antibióticos, desnutrição e situações catabólicas, agem sinergicamente para promover a perda de massa muscular significativa no doente criticamente enfermo (SANDERS et al., 2014).

O repouso prolongado associado ao doente crítico leva à diminuição da síntese de proteína muscular, aumento da urina, excreção de nitrogênio (catabolismo muscular) e diminuição da massa muscular, principalmente de membros inferiores (SANDERS et al., 2014).

A incidência de complicações de­correntes dos efeitos deletérios da imobilidade na Unidade de Terapia Intensiva contribui para o declínio funcional, aumento dos custos assistenciais, redução da qualidade de vida e mortalidade pós­-alta (DUARTE, 2012).

Efeitos da Imobilização no Sistema Cardiovascular
• Diminuição do volume total de sangue;
• Redução da concentração de hemoglobinas;
• Aumento da frequência cardíaca máxima;
• Diminuição do consumo máximo de oxigênio;
• Diminuição da tolerância ao ortostatismo.

Efeitos da Imobilização no Sistema Respiratório
• A Capacidade Vital está reduzida;
• Diminuição da capacidade residual funcional;
• Diminuição do volume expiratório forçado;
• Alterações na relação ventilação / perfusão;
• Diminuição na pressão arterial de oxigênio;
• Diminuição na diferença alvéolo-arterial de oxigênio em pacientes anestesiados.

Efeitos da Imobilização no Sistema Metabólico

• Aumento da excreção de cálcio;
• Aumento da excreção de nitrogênio;
• Aumento da excreção de fósforo;
• Aumento da excreção de magnésio.

Efeitos da Imobilização no Sistema musculoesquelético
• Diminuição da massa muscular;
• Diminuição da força muscular;
• Aumento da osteoporose;
• Mudanças no tecido conectivo periarticular e intra-articular (DUARTE, 2002).

Atualmente, fisioterapia é parte integrante e fundamental no atendimento multidisciplinar oferecido aos pacientes atendidos na unidade de terapia intensiva e seu campo de atuação envolve atendimento a pacientes críticos que necessitam ou não de suporte ventilatório, visando evitar complicações respiratórias e motoras (CRUZ, 2014). A fisioterapia é uma ciência capaz de promover a recuperação e preservação da funcionalidade, podendo minimizar estas complicações (PINHEIRO; CHRISTOFOLETTI, 2012).

O fisioterapeuta é o profissional respon­sável pela implantação e gerenciamento do plano de mobili­zação do doente crítico. O objetivo nesta fase é manter amplitude de movimento articular e prevenir en­curtamento muscular, úlceras de decúbito, tromboembolis­mo pulmonar e até mesmo a redução de força muscular (PINHEIRO; CHRISTOFOLETTI, 2012).

Um foco multidisciplinar na mobilização precoce é ne­cessário como parte das rotinas clínicas diárias na UTI. A estrutura da equipe multidisciplinar e a inclusão de fisiatras, médicos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, enfermei­ros, nutricionistas, psicólogos, fisiologista e assistentes sociais pode servir como um excelente modelo para a construção de uma equipe de mobilidade precoce na UTI. Isto pode ser útil para avaliar os diferentes componentes de um programa de treinamento próprio, incluindo o tipo, frequência, intensidade e exercícios específicos, além do tipo de programas e intervenções psicosso­cial (PEIXOTO, 2009).

É dever do fisioterapeuta, orientar todos os profissionais que participam dos cuidados aos pacientes críticos sob como executá-lo, esclarecendo a função e poder terapêutico deste recurso, o qual é tão valioso quanto à mobilização e serve de base para aplicação eficaz de outras intervenções fisioterapêuticas (DUARTE et al., 2014). É papel do profissional de fisioterapia estabelecer estratégias de reabilitação precoce e focar nas necessidades mais essenciais do paciente para que haja uma boa recu­peração funcional (NASCIMENTO, 2013).

O fisioterapeuta intensivista deve ter o compromisso de realizar a mobilização de forma precoce para proporcionar ao paciente uma melhor qualidade de vida e assim evitando na medida do possível os efeitos deletérios da síndrome do imobilismo (GARDENGHI; URT, 2014).

A fisioterapia vem exercendo um papel importante na recuperação clínica desses pacientes, trazendo benefícios funcionais. Utilizada por muitos fisioterapeutas, a mobilização precoce deve ser aplicada diariamente nos pacientes críticos internados em unidade de terapia intensiva, tanto naqueles estáveis, que se encontram acamados, inconscientes e sob ventilação mecânica, quanto naqueles conscientes capazes de realizar a marcha independente (JUNIOR, 2013).

Quando se fala em “precoce”, refere-se ao conceito de que as atividades de mobilização começam imediatamente após a estabilização das alterações fisiológicas importantes, e não apenas após a liberação da ventilação mecânica ou alta da Unidade de Terapia Intensiva (MOTA, 2012).

Há 30 anos a mobilização precoce tem mostrado redução no tempo para desmame da ventilação e é a base para a re­cuperação funcional. Recentemente tem-se dado mais aten­ção para a atividade física (precoce) como uma intervenção segura e viável em pacientes com estabilidade neurológica e cardiorrespiratória (PEIXOTO, 2009).

De acordo com Tufanin & Fleury (2013) a mobilização precoce é um recurso utilizado para proteger as estruturas danificadas de um determinado segmento, auxiliando no aumento e manutenção de força muscular e função física incluindo atividades fisioterapêuticas progressivas como exercícios de modalidade no leito, deitado ou sentado a beira leito, ortostatismo, transferência e deambulação.

A mobilização precoce em pacientes críticos tem um forte precedente histórico, existindo relatos de sua utilização como um recurso terapêutico no restabelecimento funcional de sol­dados feridos em batalhas durante a II Guerra Mundial. Essa mobilização tem uma proposta terapêutica segura a ser realizada na Unidade de Terapia Intensiva, é importante ressaltar que o conhecimento da história clínica anterior e atual indica de que forma a reserva respiratória e cardiovascular do doente pode ser limitante da atividade e que sinais e sintomas devem ser monitorizados durante a mobilização (AGUIAR, 2014).

Nos dias atuais, a sedação profunda e o repouso no leito é uma prática comum na rotina médica de cuidados para a maioria dos pacientes ventilados mecanicamente. Entretanto, na lite­ratura há uma nova tendência no manejo do paciente em ventilação mecânica incluindo redução da sedação profunda e ampliação da abordagem de mobilização e do treinamento físico funcio­nal, o mais precoce possível nestes pacientes (PINHEIRO; CHRISTOFOLETTI, 2012).

A mobilização precoce na UTI tem como objetivo manter a amplitude de movimento articular, prevenir ou minimizar grandes retrações musculares e manter ou aumentar a força muscular e a função física do paciente reduzindo complicações, sendo consideradas como elemento fundamental na maioria das condutas de assistência da fisioterapia em pacientes internados em uma UTI, incluindo uma variedade de exercícios terapêuticos que previnem fraquezas musculares, deformidades e ainda reduzem a utilização de recursos de assistência durante a internação. E também diminui a incidência de tromboembolismo e de trombose venosa profunda (TVP). Permiti uma melhor oxigenação e nutrição dos órgãos internos (GARDENGHI; URT, 2014).

O treinamento físico tem sido cada vez mais reconhecido como um importante componente no cuidado de pacientes críticos que requerem ventilação mecânica (VM) prolongada, ao proporcionar melhora na função pulmonar, muscular e na independência funcional, acelerando o processo de recuperação e diminuindo assim o tempo de VM e de permanência na UTI (DUARTE et al., 2014).

Essa mobilização precoce é uma terapia que traz benefícios físicos, psicológicos e evita os riscos da hospitalização prolongada, diminuindo a incidência de complicações pulmonares, acelerando a recuperação e reduzindo o tempo de ventilação mecânica. É considerada uma terapia que otimiza a recuperação funcional, particularmente durante os primeiros dias de internação hospitalar (CRUZ, 2014). Observa-se que melhor o transporte de oxigênio, além de reduzir os efeitos do imobilismo e do repouso, com atividades terapêuticas progressivas, como exercícios fisioterapêuticos na cama, treinar o paciente a sentar à beira do leito, ortostatismo, transferência para a cadeira e deambulação (JUNIOR, 2013).

Intervir precocemente é fundamental também para a melhora da função respiratória, redução dos efeitos adversos da imobilidade, melhora do nível de consciência, aumento da independência funcional, melhora da aptidão cardiovascular e aumento do bem-estar psicológico. Além de auxiliar na recuperação do paciente, reduzir a duração da ventilação mecânica e o tempo de internação hospitalar (JUNIOR, 2013).

Critérios de segurança para iniciar a mobilização precoce em pacientes críticos:

• Ausência de recentes mudanças no ECG de repouso;
• PaCO2 de 50-55 mmHg;
• Ventilação minuto pelo peso corporal > 150 ml/kg;
• FR até 30 irpm;

Contraindicações:

• Choque cardiogênico com PAM < 60mmHg;
• Ausência de pulso periférico e déficit de perfusão;
• Após 2 horas de iniciada a hemodiálise ou já ter sido realizada a filtragem de 3.000ml;
• Quadro de TCE grave sem monitorização da PIC.

Recomendações:

• Mobilização ativa, ativo-assistido ou passiva e treinamento muscular devem ser instituídos precocemente no paciente de UTI;
• Posicionamento, órteses, mobilização passiva e alongamentos devem ser utilizados para preservar a amplitude de movimento articular e alongamento muscular em pacientes incapacitados de se movimentarem ativamente;
• Técnicas de posicionamento e transferências de pacientes devem ser realizadas pela equipe multiprofissional para se evitar acidentes com sondas e cateteres.
• O fisioterapeuta deve ser responsável pela prescrição e implementação de exercícios em conjunto com os demais fisioterapeutas da equipe e com a equipe médica responsável. (LUQUE; GIMENES, 2013)

Dentre as atividades realizadas pela fisioterapia motora em UTI citam-se mudanças de decúbito e posicionamento no leito, mobilização passiva, exercícios ativo-assistidos e ativo livres, uso de cicloergômetro, eletroestimulação, treino de atividades de vida diária e funcionalidade, sedestação, ortostatismo, marcha estática, transferência da cama para cadeira e deambulação (PINHEIRO; CHRISTOFOLETTI, 2012).

Estes protocolos de mobilização vão desde exercícios com menor taxa metabólica como a mobilização passiva, a realização de transferências até exercícios com carga para membros superiores (MMSS) e membros inferiores (MMII) e a utilização de ergômetros (DUARTE et al., 2014).

O posicionamento funcional pode ser utilizado de forma passiva ou ativa para estimulação do sistema neuromusculoesquelético, com benefícios no controle autonômico, melhora do estado de alerta e da estimulação vestibular além de facilitar uma boa resposta a postura antigravitacional, sendo utilizado como uma técnica eficaz para prevenir contraturas musculares, edema linfático e minimizar os efeitos adversos da imobilização prolongada no leito (DUARTE et al., 2014).

A atividade pode ser progredida com movimentos de rolar lado a lado no leito e de sedestação à beira do leito. Exercícios de equilíbrio na posição sentado estimulam o controle de tronco. A posição ortostática pode ser tentada uma vez que o paciente apresente adequada força de tronco e de membros inferiores contra gravidade. Quando apropriado, os pacientes podem ser transferidos para a poltrona utilizando a técnica de transferência lateral. Eles devem ser encorajados a aumentar o tempo de permanência na postura sentada tanto quanto tolerada. Os objetivos destas atividades fora do leito melhoram a tolerância ortostática uso de critérios de seleção para o seu início e os cuidados relacionados ao seu uso devem ser observados para evitar efeitos adversos graves (GÜNTZEL, 2012).

Tem sido adotado programas para início e evolução da mobilização precoce do paciente crítico, e são divididos em 4 ou 5 fases de fácil aplicação. As informações fornecidas incluem os tipos de pacientes para os quais cada fase é adequada, mobilidade na cama, transferências, marcha, exercícios terapêuticos, o posicionamento, a educação, e a duração e freqüência das sessões de mobilidade. Uma boa comunicação dentro da equipe multidisciplinar da UTI, que inclui um médico, fisioterapeuta e enfermeiro, é fundamental para proporcionar a mobilização adequada, dependendo da estabilidade clínica do paciente (JUNIOR; BADARÓ, 2013).

• O objetivo na fase 1 é iniciar a mobilização, logo que uma condição clínica do paciente seja estável. Enquanto o paciente estiver inconsiente deve ser realizada mobilização passiva em todas as articulações dos membros superiores (MMSS) e membros inferiores (MMII), onde deve ser utilizada toda a amplitude de movimento. Além disso, é importante manter um bom posicionamento articular.

• A fase 2 inclui pacientes cuja condição clínica geral e força permitir atividades com maior grau de funcionalidade. Os doentes devem ser capazes de seguir comandos simples de forma consistente e para participar em terapia. Além das mobilizações realizadas anteriormente, pode-se iniciar exercícios ativos-assistidos ou exercícios livres nas mesmas articulações de MMSS e MMII. Também pode exigir do paciente a manutenção da posição sentada.

• Na fase 3, os pacientes devem seguir  avanços que estão prontos para iniciar um programa de reeducação progressiva, devem realizar os mesmos exercícios da fase anterior, mas primeiramente contra a gravidade e depois com auxílio de peso. Utilizam-se também as transferências para a beira do leito e cicloergometria para MMII.

• Durante a fase 4, observa-se o atendimento de pacientes que são transferidos para fora do leito, sendo capazes de passarem do leito para uma cadeira, além de permanecer em ortostatismo

• Na fase 5,  no último estágio do programa de mobilização, podem ser adotados todos os exercícios das fases anteriores, com adição de exercícios de equilíbrio, transferência de peso e deambulação assistida (JUNIOR; BADARÓ, 2013).

O objetivo deste estudo de revisão foi verificar através da literatura a importância da mobilização precoce em pacientes internados na unidade de terapia intensiva.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma revisão de literatura, realizada em estudos indexados e disponíveis na internet e nas bases de dados MEDLINE, SCIELO, LILACS, GOOGLE ACADÊMICO e PUBMED. Foram utilizados como material, artigos publicados entre os anos de 2002 e 2014 nos idiomas português e inglês.

O levantamento bibliográfico foi realizado no período de Junho a Novembro de 2014, durante a pesquisa, foram encontrados e utilizados artigos científicos referenciando as seguintes palavras-chave: imobilidade, mobilização precoce, unidade de terapia intensiva.

Após o levantamento bibliográfico, realizou-se uma leitura seletiva, utilizando como critério de inclusão aqueles que faziam referência, em seus dados, a aspectos relacionados às palavras-chave anteriormente citadas e que tinham relevância a cerca do tema em questão. Foram excluídos da pesquisa os artigos sobre mobilização precoce de pacientes que não estavam internados em Unidade de Terapia Intensiva.

DISCUSSÃO

Doentes com maior tempo de internamento em UTI, sob ventilação prolongada, estão sujeitos à maior perda de massa muscular, com uma recuperação funcional mais demorada, em relação aos doentes com tempo de internamento mais curto. Vários fatores podem causar a fraqueza generalizada e contribuir para um maior tempo de internação do paciente crítico, o que o predispõe a um maior risco de infecção hospitalar e a outros agravos à sua saúde (FLORENCIO, 2014).

Estudos recentes demonstram a importância de programas mobilização precoce na Unidade de Terapia Intensiva, pois produz efeitos significativos nos desfechos clínicos, é considerada uma intervenção segura e viável após a estabilização cardiorrespiratória e neurológica do paciente crítico. Utilizada por muitos fisioterapeutas, a mobilização precoce deve ser aplicada diariamente nos pacientes internados em unidade de terapia intensiva, tanto naqueles estáveis, que se encontram acamados e inconscientes (que estão em ventilação mecânica), quanto naqueles conscientes e que realizam a marcha independente (PINHEIRO; CHRISTOFOLETTI, 2012).

A literatura atual aponta para os benefícios da reabilitação precoce para esses pacientes, os programas de reabilitação precoce apresentados na literatura são baseados na pratica e na rotina das instituições, que de maneira geral, incluem mobilizações respeitando as condições e capacidades individuais dos pacientes, incluindo exercícios progressivos de transferências de decúbito no leito, transferências para posturas antigravitacionais no leito, transferências para fora do leito (poltrona ou ortostatismo), exercícios de treino de equilíbrio em ortostatismo e atividades pré-marcha (deslocamento lateral do centro de gravidade, marcha estacionaria) ate alcançar a deambulação (MOREIRA, 2012).

Para Barrozo & Carvalho (2014), os exercícios terapêuticos demonstram benefícios principalmente se iniciados precocemente, compondo uma variedade de abordagens. No estudo proposto por Sanders et al. (2014) foi demonstrado uma comparação entre mobilização precoce na UTI com cuidados comuns, composta por grupo controle e grupo protocolo, e observou que os pacientes que receberam mais sessões de fisioterapia tiveram menor tempo de internação hospitalar.

Seguindo a mesma linha, Florencio (2014) relatou que a redução da sedação e a cinesioterapia diária, nos primeiros dias de doença crítica, foram seguras e bem toleradas pelos pacientes, melhorando os resultados funcionais na alta hospitalar, reduzindo os delírios e diminuindo o tempo em ventilação mecânica, porque a imobilização secundária à sedação pode potenciar problemas como fraqueza adquirida à imobilização e doença neuropsiquiátrica.

Duarte  et al.( 2014) observaram que três horas de mobilização passiva contínua diariamente, através de cicloergômetro apropriados para realização deste tipo de mobilização precoce, reduziu a atrofia de fibras e perda de proteínas quando comparado com o alongamento passivo por cinco minutos duas vezes ao dia.

Schweickert et al. (2007) realizaram um estudo controlado e randomizado, no qual um grupo de pacientes era submetido a mobilização e exercícios durante períodos de interrupção diária de sedação. No grupo de intervenção, 59% dos pacientes retornaram a independência funcional na alta hospitalar, enquanto que no grupo controle, a ocorrência foi em 35% dos pacientes. O tempo fora da ventilação mecânica foi maior no grupo de intervenção, comparado com o controle.

Feliciano (2014) afirma que a mobilização precoce, nos pacientes que se encontram na UTI, tem sido apontada como uma intervenção para diminuir a fragilidade e descondicionamento físico associados com doença crítica, e que, associada ao posicionamento correto no leito, evita deficiências motoras graves e fraqueza dos músculos respiratórios e periféricos, além de proporcionar uma importante interação do paciente com o meio em que ele se encontra, trabalhando, consideravelmente, sua estimulação sensório-motora.

Através dos estudos encontrados, os quais demonstram a utilização da cinesioterapia motora precoce como recurso terapêutico, com resultados favoráveis no paciente critico em unidades de terapia intensiva, sugestiona uma alternativa eficaz para a prevenção da Imobilidade, adquirida por conta do tempo de internação com imobilidade no leito dentro da Unidade de Terapia Intensiva.

É de grande importância à atuação do Fisioterapeuta, na prevenção das sequelas do Imobilismo, pois, somente fazendo uso das técnicas de cinesioterapia precoce, devidamente preconizadas, estando dentro do contexto de multidisciplinaridade, é que fará a diferença na evolução gradativa do paciente, evitando sequelas, diminuição significativa na permanência deste paciente na Unidade de Terapia Intensiva e prevenção de patologias por causa do imobilismo, garantindo assim, uma melhora na qualidade de vida deste paciente.

É evidente que a mobilização realizada precocemente oferta uma melhora na função motora, cognitiva e evita o risco de depressão, que podem influenciar negativamente no processo de reabilitação (NASCIMENTO, 2013).

Com base nos estudos analisados, conclui-se que a mobilização precoce é um procedimento seguro e viável, importante por apresentar resultados favoráveis na prevenção da fraqueza muscular generalizada adquirida pelo paciente internado na Unidade de Terapia Intensiva, reduzindo o tempo na ventilação mecânica e prevenindo limitações funcionais decorrentes da imobilização prolongada no leito.

Analise metodológica realizada neste estudo comprovou a eficácia da mobilização precoce em pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva.

CONCLUSÃO

Ainda há pouca informação sobre o melhor tipo de ativi­dade para beneficiar os pacientes criticamente doentes durante a hospitalização. Isso requer uma abordagem multi­profissional focada nas necessidades mais essenciais do paciente para que haja uma boa recuperação funcional. Demonstrando assim a importância multidisciplinar dos profissionais da área de saúde no bem-estar físico, mental e social desses pacientes.

Existem poucos estudos publicados que de­talham os benefícios, duração e frequência dos exercícios em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva.

A cinesioterapia precoce poderia minimizar a perda de habilidades funcionais e, assim, reduzir o tempo de internação hospitalar. Logo, prática de exercícios físicos supervisionados por um fisioterapeuta, associada a programas de orientação e de educação, melhora a capacidade de exercício e a qualidade de vida.

Esta análise da literatura permitiu verificar que a mobilização precoce tem sido evidenciada como uma terapia eficaz para a prevenção e tratamento de complicações provocadas pelo imobilismo. Sendo um tratamento que merece atenção especial por parte dos profissionais que compõe as unidades de terapia intensiva.

O fisioterapeuta deve ter o compromisso de realizar a mobilização de forma precoce para proporcionar ao paciente uma melhor qualidade de vida e assim evitando na medida do possível os efeitos deletérios do imobilismo.

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Qual o objetivo da realização da movimentação e mudança de decúbito do paciente?

A mudança de decúbito consiste em movimentar e mudar a posição do paciente acamado afim de proporcionar maior conforto e evitar complicações devido à imobilidade prolongada, tais como: descomprimir as áreas de proeminências ósseas, prevenir complicações pulmonares e úlceras por pressão e estimular a circulação.

Qual a importância da movimentação do paciente?

A movimentação de pacientes acamados tem por finalidade promover conforto, manter um bom alinhamento corporal, prevenir contraturas, promover drenagem de fluidos, facilitar a respiração e impedir o desenvolvimento de lesões na pele.

Qual o objetivo de posicionar o paciente?

Posicionar o paciente de modo correto é fundamental para o sucesso do procedimento a que ele será submetido. Ou para que descanse com comodidade, favorecendo a recuperação e evitando escaras. Veja, abaixo, um passo a passo para o posicionamento em decúbito dorsal.

Em quais casos Realiza

Existem dois tipos principais de movimentação de pacientes: o pré e o inter-hospitalar. O transporte pré-hospitalar busca realizar a remoção da vítima do local do acidente ou emergência até o pronto-socorro da forma mais rápida possível.