Quais os procedimentos básicos em primeiros socorros em caso de RCP parada cardiorrespiratória?

Início imediato da compressão torácica e desfibrilação precoce (quando indicada) são as chaves para o sucesso. Velocidade, eficiência e aplicação adequada de RCP com o mínimo possível de interrupções determinam o sucesso do resultado; a rara exceção é a hipotermia profunda causada por imersão em água gelada, na qual a reanimação pode ser realizada com sucesso mesmo após uma parada prolongada (até 60 minutos).

(Ver também the American Heart Association [AHA] 2020 guidelines for CPR and emergency cardiovascular care.)

São seguidas as diretrizes da American Heart Association para profissionais de saúde (ver figura Cuidado cardíaco emergencial abrangente para adultos Cuidado cardíaco emergencial abrangente para adultos

Quais os procedimentos básicos em primeiros socorros em caso de RCP parada cardiorrespiratória?
). Se uma pessoa desmaiou com possível parada cardíaca, o socorrista primeiro estabelece a não responsividade e confirma a ausência de respiração ou a presença somente de respiração ofegante. Então, o socorrista chama ajuda. Quem responder ao chamado é instruído a ativar o sistema de resposta de emergência (ou pessoal adequado de reanimação hospitalar) e, se possível, obter um desfibrilador.

Não havendo resposta, primeiro o socorrista ativa o sistema de resposta de emergência e então inicia o suporte básico à vida efetuando 30 compressões torácicas à frequência de 100 a 120/min e em uma profundidade de 5 a 6 cm, deixando que a parede torácica retorne à altura máxima entre as compressões e então abrindo a via respiratória (elevando o queixo e inclinando a testa para trás) e fazendo 2 respirações boca a boca. O ciclo de compressões e respirações é continuado (ver tabela Técnicas de RCP para profissionais de saúde Técnicas de RCP para profissionais de saúde

Quais os procedimentos básicos em primeiros socorros em caso de RCP parada cardiorrespiratória?
) sem interrupção; preferivelmente, cada socorrista descansa a cada 2 minutos. É crucial que mesmo transeuntes não treinados comecem e mantenham as compressões torácicas contínuas até a chegada de socorro especializado. Portanto, muitas operadoras de serviço de resposta a emergências agora dão instruções ao autor da chamada antes da chegada, incluindo instruções por telefone sobre RCP utilizando apenas compressões.

Cuidado cardíaco emergencial abrangente para adultos

Quais os procedimentos básicos em primeiros socorros em caso de RCP parada cardiorrespiratória?

*Se um número adequado de pessoal treinado estiver disponível, avaliação do paciente, RCP e ativação do sistema de resposta a emergências devem ocorrer simultaneamente.

Baseado em dados the 2020 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care.

As técnicas usadas na RCP básica com 1 e 2 socorristas estão listadas na tabela Técnicas de RCP para profissionais de saúde Técnicas de RCP para profissionais de saúde

Quais os procedimentos básicos em primeiros socorros em caso de RCP parada cardiorrespiratória?
. O domínio é mais bem adquirido por meio de treinamento prático, tal como o oferecido nos EUA sob os auspícios da American Heart Association (1-800-AHA-USA1) ou por organizações correspondentes em outros países.

Quais os procedimentos básicos em primeiros socorros em caso de RCP parada cardiorrespiratória?

No caso de profissionais de saúde, deve-se iniciar a ventilação com ambu o mais precocemente possível, mas isso não deve atrasar o início das compressões ou da desfibrilação. Socorristas leigos treinados em RCP podem administrar respirações de resgate boca a boca (adultos, adolescentes e crianças) ou boca a boca e nariz combinadas (lactentes). Se disponível, pode-se inserir uma cânula orofaríngea para manter a permeabilidade das vias respiratórias durante a ventilação com ambu-máscara. Pressão sobre a cartilagem cricoidea não é recomendada.

Ocorrendo distensão abdominal, a patência das vias respiratórias é verificada novamente e a quantidade de ar aplicada durante a respiração de resgate é diminuída. A entubação nasogástrica para reduzir a distensão gástrica é retardada até a disponibilidade de equipamento de sucção, porque durante a inserção pode ocorrer regurgitação com aspiração do conteúdo gástrico. Se uma distensão gástrica pronunciada interfere na ventilação antes da disponibilidade de sucção e não pode ser corrigida pelos métodos anteriores, o paciente é posicionado em decúbito lateral, o epigástrio é comprimido e as vias respiratórias são desobstruídas.

  • Oxigenação passiva inicial

  • Preferência por entubação endotraqueal à ventilação com ambu ou inserção de via respiratória supraglótica

  • Entubação precoce

  • Uso de filtro viral em dispositivos com bolsa e válvula ou respiradores

Essa diretriz visa diminuir o risco para os profissionais de saúde que prestam cuidados durante a parada cardíaca.

  • 1. Edelson DP, Sasson C, Chan PS, et al; American Heart Association ECC Interim COVID Guidance Authors: Interim Guidance for Basic and Advanced Life Support in Adults, Children, and Neonates With Suspected or Confirmed COVID-19: From the Emergency Cardiovascular Care Committee and Get With The Guidelines-Resuscitation Adult and Pediatric Task Forces of the American Heart Association. Circulation. 141(25):e933–e943, 2020. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.120.047463

Imediatamente depois do reconhecimento da parada cardíaca, deve-se iniciar as compressões torácicas, que devem ser realizadas com o mínimo de interrupções até a desfibrilação estar disponível. Em paciente que não responde, cujo colapso não foi testemunhado, o socorrista treinado deve iniciar imediatamente compressão cardíaca externa (tórax fechado), seguida por respiração de resgate. As compressões torácicas nunca devem ser interrompidas por > 10 segundos (p. ex., para entubação, desfibrilação, análise do ritmo, colocação de cateter IV central ou transporte). Um ciclo de compressão deve consistir em 50% de compressão e 50% de liberação; durante a fase de liberação, é importante permitir o recuo completo do tórax. A interpretação do ritmo e a desfibrilação (se apropriado) são feitas assim que o desfibrilador estiver disponível.

A profundidade da compressão torácica recomendada para adultos é cerca de 5 a 6 cm. Idealmente, a compressão cardíaca externa produz um pulso palpável a cada compressão, embora o débito cardíaco seja de apenas 20 a 30% do normal. Entretanto, a palpação dos pulsos durante a compressão torácica é difícil até mesmo para médicos experientes e, com frequência, não confiável. O monitoramento quantitativo do dióxido de carbono expirado final pode fornecer uma estimativa melhor do débito cardíaco durante as compressões torácicas; os pacientes com perfusão inadequada têm pouco retorno venoso para os pulmões e, portanto, baixo dióxido de carbono expirado final (assim como aqueles com hiperventilação). Embora haja poucas evidências corroborando números específicos no monitoramento fisiológico, geralmente aceita-se que um nível de dióxido de carbono expirado final de 10 a 20 mmHg está associado a RCP adequada. Um aumento súbito significativo do nível expirado de dióxido de carbono, geralmente para um valor superior a 30 mmHg, ou um pulso palpável durante uma pausa nas compressões, indica restauração da circulação espontânea.

Dispositivos para compressão torácica mecânica estão disponíveis; esses dispositivos são tão eficazes quanto compressões manuais adequadamente executadas e podem minimizar os efeitos do erro de desempenho e fadiga. Podem ser especialmente úteis em algumas circunstâncias, como durante o transporte do paciente ou no laboratório de cateterismo cardíaco.

Frequentemente, separação costocondral e arcos costais fraturados não podem ser evitadas porque é importante comprimir o peito de uma maneira suficientemente para produzir fluxo sanguíneo suficiente. Fraturas são muito raras em crianças, devido à flexibilidade da parede do tórax. Embolia da medula óssea para os pulmões foi raramente relatada após compressão cardíaca externa, mas não há evidências claras de que ela contribui para a taxa de mortalidade. Lesão pulmonar é rara, mas pode ocorrer pneumotórax Pneumotórax (traumático) Pneumotórax traumático consiste em ar na cavidade pleural, decorrente de trauma e acarretando colapso pulmonar parcial ou completo. Os sintomas são dor torácica pela lesão e, algumas vezes,... leia mais após uma fratura penetrante de arcos costais. Deve-se considerar um pneumotórax hipertensivo em um paciente que alcançou retorno da circulação espontânea após RCP prolongada e que, posteriormente, tornou-se difícil de ventilar, ou que está hipóxico e repentinamente tem uma nova parada. Lesão grave do miocárdio causada por compressão é altamente improvável, com a possível exceção de lesão de um aneurisma ventricular preexistente. A preocupação com essas lesões não deve impedir o socorrista de realizar a RCP.

Laceração do fígado é uma complicação rara, mas potencialmente grave (algumas vezes, fatal), sendo, geralmente, causada por compressão do abdome abaixo do esterno. Ruptura do estômago (especialmente se o estômago está distendido com ar) também é uma complicação rara. A ruptura tardia do baço é muito rara.

A desfibrilação imediata é a única intervenção para a parada cardíaca, além da RCP de alta qualidade, que demonstrou melhorar a sobrevida; entretanto, o sucesso da desfibrilação é dependente do tempo, com declínio de cerca de 10% no sucesso após cada minuto de FV (ou TV sem pulso). Desfibriladores externos automatizados (DEA) permitem que socorristas minimamente treinados tratem TV ou FV. Sua utilização pelos primeiros a atender ao chamado (polícia e bombeiros) e sua disponibilidade em locais públicos aumentou a probabilidade de reanimação.

Pás ou coxins desfibriladores são inseridos entre a clavícula e o 2º espaço intercostal ao longo da margem esternal direita e sobre o 5º ou 6º espaço intercostal no ápice do coração (na linha axilar média). Alternativamente, pode-se colocar duas pás, uma sobre o hemitórax anterior esquerdo e a outra sobre o hemitórax posterior esquerdo. O desfibriladores modernos raramente contam com as pás dos desfibriladores convencionais. Quando presentes, as pás são utilizadas com pasta condutora; os coxins possuem gel condutor incorporado. Recomenda-se um choque inicial assim que um ritmo chocável é detectado, após o qual as compressões torácicas são imediatamente retomadas. O nível de energia para desfibriladores bifásicos é entre 150 e 200 joules (2 joules/kg em crianças) para o choque inicial; desfibriladores monofásicos são calibrados em 360 joules para o choque inicial. O ritmo pós-choque só é verificado após 2 minutos de compressões torácicas. Choques subsequentes são aplicados em um nível de energia igual ou superior (máximo de 360 joules em adultos ou 10 joules/kg em crianças). Os pacientes que permanecem em FV ou TV recebem compressão torácica e ventilação continuadas, com tratamento medicamentoso Fármacos para SACV A reanimação cardiopulmonar (RCP) é uma resposta sequencial organizada à parada cardíaca, incluindo Reconhecimento de ausência de respiração e circulação Suporte básico à vida, com compressões... leia mais opcional.

O monitoramento do ECG é estabelecido para identificar o ritmo cardíaco subjacente. Um acesso IV pode ser iniciado; 2 acessos minimizam o risco de perder o acesso IV durante a RCP. Acessos periféricos de grande calibre, nas veias intermédias dos cotovelos, são preferidos. Em adultos e crianças, se um acesso periférico não pode ser estabelecido, um acesso central subclávio ou femoral (ver Procedimento Cateterização venosa central Vários procedimentos são usados para se obter acesso vascular. Na maioria dos pacientes, as necessidades de líquidos e fármacos IV podem ser atendidas por um cateter venoso periférico percutâneo... leia mais

Quais os procedimentos básicos em primeiros socorros em caso de RCP parada cardiorrespiratória?
) pode ser colocado, desde que isso possa ser feito sem interromper a compressão torácica (frequentemente difícil). Acessos intraósseos (ver Infusão intraóssea Infusão intraóssea Vários procedimentos são usados para se obter acesso vascular. Na maioria dos pacientes, as necessidades de líquidos e fármacos IV podem ser atendidas por um cateter venoso periférico percutâneo... leia mais
Quais os procedimentos básicos em primeiros socorros em caso de RCP parada cardiorrespiratória?
) são alternativas preferidas, sobretudo em crianças, pois podem ser inseridas rapidamente para evitar atrasos na administração da primeira dose de adrenalina. Cateteres venosos femorais (ver Procedimento Cateterização venosa central Vários procedimentos são usados para se obter acesso vascular. Na maioria dos pacientes, as necessidades de líquidos e fármacos IV podem ser atendidas por um cateter venoso periférico percutâneo... leia mais
Quais os procedimentos básicos em primeiros socorros em caso de RCP parada cardiorrespiratória?
), são uma opção porque a RCP não precisa ser interrompida e eles apresentam menor potencial para complicações letais; eles podem, porém, ter uma menor taxa de sucesso na colocação, pois nenhuma pulsação discreta da artéria femoral está disponível para guiar a inserção.

A despeito do uso generalizado e duradouro, nenhum fármaco ou combinação de fármacos demonstrou conclusivamente aumentar a sobrevida neurologicamente intacta até a alta hospitalar em pacientes com parada cardíaca. Alguns fármacos parecem melhorar a probabilidade de restauração da circulação espontânea (RCE) e, assim, podem ser razoavelmente administrados (para dosagens, incluindo pediátricas, ver tablela Fármacos para reanimação Fármacos para reanimação*

Quais os procedimentos básicos em primeiros socorros em caso de RCP parada cardiorrespiratória?
). A terapia medicamentosa para choque e parada cardíaca continua a ser pesquisada.

Quais os procedimentos básicos em primeiros socorros em caso de RCP parada cardiorrespiratória?

Em paciente com acesso IV periférico, a administração de fármacos é seguida de um bolo líquido (IV “totalmente aberto” em adultos; 3 a 5 mL em crianças pequenas) para enviar toda o fármaco para a circulação central. Em paciente sem acesso IV ou intraósseo, naloxone, atropina e adrenalina, quando indicadas, podem ser administradas pelo tubo endotraqueal, com 2 a 2,5 vezes a dose IV. A compressão deve ser brevemente suspensa durante a administração de um fármaco via tubo endotraqueal.

O fármaco de primeira linha usado na parada cardíaca é

  • Adrenalina

Deve-se administrar adrenalina 1 mg IV/IO o mais rápido possível a pacientes com ritmo inicial não chocável, que pode ser repetida a cada 3 a 5 minutos. Deve ser administrada precocemente em ritmos não chocáveis, porque evidências recentes sugerem que a sobrevida aumenta quando ela é administrada nos primeiros 5 minutos de reanimação, ou para taquicardia ventricular Taquicardia ventricular (TV) Taquicardia ventricular caracteriza-se por ≥ 3 batimentos ventriculares consecutivos com frequência ≥ 120 bpm. Os sintomas dependem da duração e variam de nenhum a palpitação, colapso hemodinâmico... leia mais (TV) ou fibrilação ventricular Fibrilação ventricular (FV) Fibrilação ventricular causa tremor descoordenado do ventrículo sem contrações úteis. Acarreta síncope imediata e morte em minutos. O tratamento é a reanimação cardiopulmonar, incluindo desfibrilação... leia mais

Quais os procedimentos básicos em primeiros socorros em caso de RCP parada cardiorrespiratória?
(FV) refratária a dois choques. Tem efeitos alfa-adrenérgicos e beta-adrenérgicos combinados. Os efeitos alfa-adrenérgicos podem ampliar a pressão diastólica coronariana, aumentando assim a perfusão subendocárdica durante as compressões torácicas. A adrenalina também aumenta a probabilidade de desfibrilação bem-sucedida. Entretanto, os efeitos beta-adrenérgicos podem ser danosos, pois aumentam a demanda de oxigênio (especialmente do coração) e causam vasodilatação. Não se recomenda a injeção intracardíaca de adrenalina porque, além de interromper a compressão precordial, podem ocorrer pneumotórax, laceração de artéria coronária e tamponamento cardíaco.

Uma dose de 300 mg de amiodarona pode ser administrada uma vez se uma terceira tentativa de desfibrilação não é bem-sucedida após administração de adrenalina, seguida de 1 dose de 150 mg. Ela também tem valor potencial na recorrência de TV ou FV após sucesso na desfibrilação; uma dose menor é administrada ao longo de 10 minutos e seguida por infusão contínua. Não há prova persuasiva de que ela aumente a sobrevida até a alta hospitalar. A lidocaína é uma alternativa antiarrítmica à amiodarona, com uma dose inicial de 1 a 1,5 mg/kg, seguida de uma segunda dose de 0,5 a 0,75 mg/kg.

Uma dose única de 40 unidades de vasopressina, cuja atividade tem duração de 40 min, é uma alternativa à adrenalina (somente em adultos). Entretanto, não é mais eficaz que a adrenalina e, portanto, não é mais recomendada como um fármaco de primeira linha pelas diretrizes da American Heart Association. Mas no caso improvável da falta de adrenalina durante RCP, pode-se substituir com a vasopressina.

Uma gama de fármacos adicionais pode ser útil em cenários específicos.

O sulfato de atropina é um fármaco parassimpaticolítico que aumenta a frequência cardíaca e a condução através do nó atrioventricular. É administrada para bradiarritmias sintomáticas e bloqueio de nó atrioventricular de alto grau. Não mais é recomendada para assistolia ou atividade elétrica sem pulso.

Recomenda-secloreto de cálcio para pacientes com hiperpotassemia Hiperpotassemia A hiperpotassemia consiste na concentração sérica de potássio > 5,5 mEq/L (> 5,5 mmol/L), normalmente resultante de menor excreção renal de potássio ou movimento anormal do potássio para fora... leia mais , hipermagnesemia Hipermagnesemia A hipermagnesemia caracteriza-se pela concentração plasmática de magnésio > 2,6 mg/dL (> 1,05 mmol/L). A principal causa é a insuficiência renal. Os sintomas incluem hipotensão, depressão respiratória... leia mais , hipocalcemia Hipocalcemia A hipocalcemia é a concentração total de cálcio 8,8 mg/dL ( 2,20 mmol/L) na presença de concentrações normais de proteínas plasmáticas ou concentração plasmática de cálcio iônico 4,7 mg/dL ... leia mais ou toxicidade por bloqueador de canal de cálcio. Nos outros pacientes, devido ao cálcio intracelular já estar mais elevado que o normal, cálcio adicional tem probabilidade de ser danoso. Devido a parada cardíaca em pacientes de hemodiálise ser, frequentemente, resultado de, ou acompanhada por, hiperpotassemia, esses pacientes podem se beneficiar de um teste de cálcio se a determinação de potássio junto ao leito não estiver disponível. Cuidado é necessário, pois o cálcio exacerba a toxicidade dos digitálicos e pode causar parada cardíaca.

Agora recomenda-se lidocaína como uma alternativa à amiodarona para FV ou TV que não responde à desfibrilação e terapia vasopressora inicial com adrenalina. Também pode ser considerada após RCE decorrente de FV ou TV (em adultos) para prevenir a FV ou TV recorrente.

Procainamida é um fármaco de 2ª linha para tratamento de FV ou TV. Mas a procainamida não é recomendada para parada cardíaca sem pulso em crianças e não é mais recomendada pelas diretrizes da American Heart Association para o tratamento de arritmias ventriculares pós-parada. No entanto, o European Resuscitation Council a inclui como uma alternativa à amiodarona no tratamento da taquicardia ventricular com pulso tanto em adultos como na pediatria de acordo com as diretrizes de 2021, uma vez que alguns estudos mostraram uma associação com menos eventos adversos graves em comparação com a amiodarona.

Em casos raros, pode-se usar fenitoína para tratar a TV, mas somente quando esta é decorrente de toxicidade digitálica e refratária a outros fármacos. Administra-se uma dose de 50 a 100 mg/min o a cada 5 minutos até o ritmo melhorar ou a dose total alcançar 20 mg/kg.

Bicarbonato de sódio não é mais recomendado, a menos que a parada cardíaca seja causada por hipercalcemia, acidose metabólica grave ou superdosagem de antidepressivo tricíclico. Pode-se considerar bicarbonato de sódio quando a parada cardíaca é prolongada (> 10 minutos); é administrado somente se existe boa ventilação. Quando bicarbonato de sódio é utilizado, deve-se monitorar a concentração sérica de bicarbonato ou o déficit básico antes da infusão e após cada dose de 50 mEq (1 a 2 mEq/kg em crianças).

Trata-se TV sem pulso ou FV com choque elétrico, preferivelmente com onda bifásica, assim que possível depois desses ritmos serem identificados. Apesar de algumas evidências laboratoriais em contrário, não se recomenda adiar a desfibrilação para administrar um período de compressões torácicas. Deve-se interromper as compressões o mínimo possível e por não mais que 10 segundos no momento da desfibrilação. Os níveis de energia recomendados de desfibrilação variam: 120 a 200 joules para onda bifásica e 360 joules para onda monofásica. Se o tratamento não é bem-sucedido após 2 tentativas, 1 mg IV de adrenalina é administrado e repetido a cada 3 a 5 minutos. Tenta-se desfibrilação no mesmo nível de energia ou em nível maior 1-2 minutos após cada administração de fármaco. Se a FV persistir, administram-se 300 mg IV de amiodarona. Então, se houver recorrência de FV/TV, 150 mg são administrados, seguidos de infusão de 1 mg/min por 6 h, então 0,5 mg/min. As versões atuais dos desfibriladores externos automáticos (DEAs) incluem um cabo pediátrico que reduz eficazmente a energia transmitida à criança. (Para os níveis de energia pediátricos, ver Desfibrilação Desfibrilação Não obstante o uso de reanimação cardiopulmonar (RCP), as taxas de mortalidade para parada cardíaca fora do hospital são ~90% para lactentes e crianças. As taxas de mortalidade por parada cardíaca... leia mais ; para as doses farmacológicas, ver tabela Fármacos para reanimação Fármacos para reanimação*

Quais os procedimentos básicos em primeiros socorros em caso de RCP parada cardiorrespiratória?
.)

Assístole pode ser mimetizada por um eletrodo frouxo ou desconectado do monitor; assim, deve-se verificar as conexões do monitor e observar o ritmo em um eletrodo alternativo. Se assistolia é confirmada, o paciente recebe adrenalina 1 mg IV repetida a cada 3 a 5 min. A desfibrilação de uma aparente assistolia (porque “pode ser FV fina”) é desencorajada porque choques elétricos podem lesionar o coração não perfundido.

Atividade elétrica sem pulso é colapso circulatório que ocorre apesar de complexos elétricos satisfatórios no ECG. Pacientes com atividade elétrica sem pulso recebem infusão de adrenalina 1,0 IV a cada 3 a 5 minutos, seguida de infusão de 500 a 1.000 mL (20 mL/kg para crianças) de soro fisiológico a 0,9% se há suspeita de hipovolemia. Tamponamento cardíaco pode causar atividade elétrica sem pulso, mas esse distúrbio costuma ocorrer em pacientes após toracotomia e em pacientes com efusão pericárdica conhecida ou grande trauma torácico. Nesses cenários, efetua-se imediatamente pericardiocentese ou toracotomia (ver figura Pericardiocentese Tratamento Pericardite é a inflamação do pericárdio, geralmente com acúmulo de líquido. Pode ser causada por muitos distúrbios (p. ex., infecção, infarto do miocárdio, trauma, tumores e distúrbios metabólicos)... leia mais

Quais os procedimentos básicos em primeiros socorros em caso de RCP parada cardiorrespiratória?
). Tamponamento é raramente uma causa oculta de parada cardíaca, mas, se suspeitado, pode ser confirmado por ultrassonografia ou, caso esta não esteja disponível, pericardiocentese.

A RCP deve ser continuada até o sistema cardiopulmonar ser estabilizado, o paciente ser declarado morto ou um socorrista solitário ser fisicamente incapaz de continuar. Se houver suspeita de que a parada cardíaca é decorrente de hipotermia, a RCP deve ser continuada até o corpo ser reaquecido até 34° C.

A decisão de terminar a reanimação é clínica; os médicos levam em consideração a duração da parada, a idade do paciente e o prognóstico das condições médicas subjacentes. A decisão é tipicamente tomada quando a circulação espontânea não foi estabelecida após RCP e medidas de suporte cardiovascular avançadas foram realizadas. Em pacientes entubados, o nível de dióxido de carbono expirado final (ETCO2) < 10 mmHg é um sinal de prognóstico reservado.

O tratamento pós-reanimação inclui a mitigação da lesão por reperfusão que ocorre após o período de isquemia. Deve-se iniciar o tratamento pós-reanimação imediatamente após a detecção de circulação espontânea. Deve-se ajustar a administração de oxigênio de modo a obter uma SpO2 de 94% de modo a minimizar o dano hiperóxico aos pulmões. Deve-se titular a velocidade e o volume de ventilação de modo a obter uma leitura de dióxido de carbono final expirado de 35 a 40 mmHg. Se tolerado, deve-se administrar um bolus de líquido, bem como infusão de vasopressores.

Os exames laboratoriais pós-reanimação incluem gasometria arterial, hemograma completo e exames bioquímicos do sangue, como eletrólitos, glicose, BUN (nitrogênio da ureia sanguínea), creatinina e marcadores cardíacos. (Em geral, a creatina quinase está elevada em razão da lesão do músculo esquelético causada pela RCP; prefere-se analisar as troponinas, que têm pouca probabilidade de serem afetadas pela RCP ou desfibrilação.) A pressão parcial arterial de oxigênio (PaO2) arterial deve ser mantida próxima de valores normais (80 a 100 mmHg). Deve-se manter hematócritos 30% (se houver suspeita de etiologia cardíaca) e glicose em 140 a 180 mg/dL (7,7 a 9,9 mmol/L); eletrólitos, especialmente potássio, devem estar dentro da faixa normal.

  • Elevação do segmento ST (IMCST) ou novo bloqueio do ramo esquerdo (BRE) no ECG

Alguns pesquisadores defendem o uso liberal do cateterismo cardíaco após RCE, fazendo o procedimento na maioria dos pacientes a menos que a etiologia seja claramente improvável de ser cardíaca (p. ex., afogamento) ou houver contraindicações (p. ex., sangramento intracraniano).

Quais os procedimentos básicos em primeiros socorros em caso de RCP parada cardiorrespiratória?

A manutenção da oxigenação e da pressão de perfusão cerebral (evitando hiperventilação, hipóxia, hipóxia e hipotensão) pode reduzir complicações cerebrais. Tanto hipoglicemia quanto hiperglicemia podem lesar o encéfalo pós-isquêmico e devem ser tratadas.

Em adultos, recomenda-se o controle direcionado da temperatura (mantendo a temperatura corporal de 32 a 36° C) para pacientes que permanecem irresponsivos após o retorno da circulação espontânea (1 Referências sobre tratamento pós-reanimação A reanimação cardiopulmonar (RCP) é uma resposta sequencial organizada à parada cardíaca, incluindo Reconhecimento de ausência de respiração e circulação Suporte básico à vida, com compressões... leia mais , 2). O resfriamento é iniciado tão logo a circulação espontânea tenha retornado. As técnicas para induzir e manter hipotermia podem ser externas ou invasivas. Métodos de resfriamento externo são fáceis de aplicar e variam desde a utilização de bolsas de gelo externas até vários dispositivos de resfriamento externo comercialmente disponíveis que circulam grandes volumes de água gelada sobre a pele. Para o resfriamento interno, líquidos refrigerados IV (4° C) podem ser infundidos rapidamente para abaixar a temperatura do corpo, mas esse método pode ser problemático em pacientes que não conseguem tolerar muito volume de líquido adicional. Também estão disponíveis dispositivos externo de troca de calor que circulam soro fisiológico gelada para um cateter IV de permanência de troca de calor, utilizando um circuito fechado no qual o soro fisiológico gelada circula através do cateter e volta ao dispositivo, em vez de entrar no paciente. Outro método invasivo para resfriamento usa um dispositivo extracorpóreo que circula e resfria o sangue externamente e depois o retorna à circulação central. Independentemente do método escolhido, o objetivo é refrigerar rapidamente o paciente e manter a temperatura central entre 32° C e 36° C por 24 horas após a restauração da circulação espontânea. Atualmente, não há evidências de que qualquer temperatura específica nessa faixa seja superior, mas é imperativo evitar a hipertermia.

Numerosos tratamentos farmacológicos, incluindo eliminadores de radicais livres, antioxidantes, inibidores de glutamato e bloqueadores de canal de cálcio, têm benefício teórico; muitos tiveram sucesso em modelos animais, mas nenhum teve sua eficácia comprovada em testes humanos.

As recomendações atuais são manter uma pressão arterial média (PAM) de > 65 mmHg e uma pressão arterial sistólica > 90 mmHg. Em pacientes sabidamente hipertensos, uma meta razoável é pressão arterial sistólica 30 mmHg abaixo do nível anterior à parada. A PAM é mais bem mensurada com um cateter intra-arterial. O uso de um cateter de artéria pulmonar direcionado por fluxo para monitoramento hemodinâmico foi amplamente descartado.

O apoio à pressão arterial é feito com

  • Infusão de cristaloides IV (soro fisiológico normal ou Ringer lactato)

  • Fármacos inotrópicos ou vasopressores com o objetivo de manter uma pressão arterial sistólica de pelo menos 90 mmHg e uma PAM de pelo menos 65 mmHg

  • Raramente, contrapulsação por meio de balão intra-aórtico

Pacientes com baixa PAM e baixa pressão venosa central devem receber estímulo líquido IV com soro fisiológico a 0,9% infundida em incrementos de 250 mL.

Embora não haja comprovação de que agentes inotrópicos ou vasopressores aumentem a sobrevida a longo prazo, idosos com PAM moderadamente baixa (70 a 80 mmHg) e pressão venosa central normal ou alta podem receber infusão de um inotrópio (p. ex., dobutamina iniciada com 2 a 5 mcg/kg/min). Amrinona ou milrinona são alternativas raramente usadas (ver tabela Fármacos para reanimação Fármacos para reanimação*

Quais os procedimentos básicos em primeiros socorros em caso de RCP parada cardiorrespiratória?
).

Se essa terapia for ineficaz, o inotrópio e o vasoconstritor dopamina poderão ser considerados. Alternativas são adrenalina e os vasoconstritores periféricos noradrenalina e fenilefrina (ver tabela Fármacos para reanimação Fármacos para reanimação*

Quais os procedimentos básicos em primeiros socorros em caso de RCP parada cardiorrespiratória?
). Mas deve-se usar fármacos vasoativos na dose mínima necessária para alcançar uma PAM normal-baixa porque esses fármacos podem aumentar a resistência vascular e diminuir a perfusão orgânica, especialmente no leito mesentérico. Também aumentam a carga de trabalho do coração em um momento em que sua capacidade é diminuída devido à disfunção miocárdica pós-reanimação.

Se a PAM permanecer < 70 mmHg em pacientes que possam ter sofrido infarto do miocárdio, deve-se considerar contrapulsação por balão intra-aórtico. Pacientes com PAM normal e pressão venosa central alta podem melhorar com tratamento inotrópico ou redução da pós-carga com nitroprussiato ou nitroglicerina.

A contrapulsação por balão intra-aórtico pode auxiliar em estados de baixo débito circulatório decorrentes de insuficiência da bomba ventricular esquerda refratária a fármacos. Um cateter com balão é introduzido pela artéria femoral, percutaneamente ou por arteriotomia, de maneira retrógrada, até a aorta torácica imediatamente distal à artéria subclávia esquerda. O balão infla durante cada diástole, aumentando a perfusão das artérias coronárias, e se esvazia durante a sístole, diminuindo a pós-carga. Seu valor primário é como medida contemporizadora quando a causa do choque é potencialmente corrigível por cirurgia ou intervenção percutânea (p. ex., infarto agudo do miocárdio com grande obstrução coronariana, insuficiência mitral aguda, defeito do septo interventricular).

Taquicardias supraventriculares rápidas pós-reanimação ocorrem frequentemente devido a níveis elevados de catecolaminas beta-adrenérgicas (endógenas e exógenas) durante a parada cardíaca e a reanimação. Esses ritmos devem ser tratados se forem extremos, prolongados ou associados a hipotensão ou sinais de isquemia coronariana. Uma infusão IV de esmolol é administrada, iniciando a 50 mcg/kg/min.

Pacientes que tiveram parada causada por FV ou TV não associada a infarto agudo do miocárdio são candidatos a um CDI. Os CDIs atuais são implantados de maneira semelhante a marca-passos e têm contatos intracardíacos e, às vezes, eletrodos subcutâneos. Eles podem detectar arritmias e funcionar como cardioversor ou marca-passo, conforme a indicação.

  • 1. Bernard SA, Gray TW, Buist MD, et al: Treatment of comatose survivors of out-of-hospital cardiac arrest with induced hypothermia. N Engl J Med 346:557–563, 2002. doi: 10.1056/NEJMoa003289

  • 2. Nielsen N, Wetterslev J, Cronberg T, et al: Targeted temperature management at 33°C versus 36°C after cardiac arrest. N Engl J Med 369:2197–2206, 2013. doi: 10.1056/NEJMoa1310519

O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que O Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.

  • American Heart Association 2020 CPR and ECC Guidelines: essas diretrizes para reanimação cardiopulmonar (RCP) e cuidados cardiovasculares de emergência (CCE) baseiam-se nas revisões mais recentes da literatura científica, protocolos e instruções sobre reanimação.

Visão Educação para o paciente

Quais são os primeiros socorros em caso de parada cardiorrespiratória?

Mantenha os braços esticados e use o peso do corpo para fazer compressões rápidas e fortes; Inicie compressões com a frequência de 100 por minuto (ou seja, 5 compressões a cada 3 segundos), comprimindo o tórax na profundidade de, no mínimo, 5 cm para adultos e crianças e 4 cm para bebês.

Qual a primeira atitude de um socorrista ao se deparar com uma PCR?

A cada minuto transcorrido do início da PCR, sem compressões torácicas/desfibrilação, as chances de sobrevivência diminuem em 7% a 10%. A sequência recomendada para um único socorrista: ◦ Iniciar as compressões torácicas antes de aplicar as ventilações de resgate (C-A-B), para reduzir o tempo até a primeira compressão.

Qual a ordem de atendimento do paciente em PCR?

Definida a PCR, as manobras de RCP devem ser iniciadas de imediato, com 30 compressões torácicas alternadas com 2 ventilações assistidas enquanto o paciente não for intubado. Após a intubação, não existe mais a necessidade de sincronismo.