Quais são as mudanças que ocorrem na população ao longo do tempo?

A dinâmica demográfica da maioria dos países da América Latina e do Caribe experimentou mudanças profundas que afetaram o crescimento, a estrutura etária e a distribuição territorial da população e podem ter consequências para a formulação e implementação de políticas públicas, afirma o Primeiro relatório regional sobre a implementação do Consenso de Montevidéu sobre População e Desenvolvimento.

O documento, elaborado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) por mandato dos países-membros da Conferência Regional sobre População e Desenvolvimento da América Latina e do Caribe, tem como propósito mostrar o avanço na implementação das medidas prioritárias do Consenso de Montevidéu, observando as heterogeneidades que existem entre os países da região quanto ao grau de implementação. Identifica também os principais desafios de sua implementação e ressalta experiências nacionais relevantes a fim de que os países possam beneficiar-se mutuamente em seu esforço para avançar no cumprimento dessas medidas.

De acordo com o documento, embora a heterogeneidade demográfica entre os países e dentro deles seja muito significativa, há processos que atravessam o conjunto da região e todos os seus países. Neste contexto, é imprescindível que os países levem em conta as consequências que as mudanças na dinâmica demográfica regional podem ter para as políticas públicas, principalmente as que afetam grupos populacionais específicos – e em muitos casos em situação de maior vulnerabilidade –, como as crianças, adolescentes e jovens, os idosos, as mulheres, os migrantes, os povos indígenas e as populações afrodescendentes, entre outros.

O relatório indica a queda da mortalidade e o aumento da esperança de vida, que, de uma média aproximada de 51 anos entre 1950 e 1955, passou a 76 anos no atual quinquênio.

Destaca também o contraste entre a queda da fecundidade total na região - que passou de taxas de fecundidade muito altas em comparação com o contexto mundial (5,5 filhos por mulher) a taxas inferiores ao nível de substituição no presente quinquênio (2,04 filhos por mulher), cifra inferior à média mundial - e os altos índices de fecundidade adolescente, estimada em 61,3 nascidos vivos por mil mulheres de 15 a 19 anos no quinquênio 2015-2020.

O relatório assinala que a queda da fecundidade desacelerou notavelmente o crescimento populacional da região; contudo, a população continuará crescendo até alcançar um máximo de 787 milhões de habitantes em 2060. Além disso, a queda da fecundidade e o aumento na esperança de vida resultarão no envelhecimento da população: prevê-se que a população com 60 anos ou mais na América Latina e no Caribe aumentará 3,4% ao ano no período 2015-2040. 

O documento indica também a expansão da migração intrarregional e a persistência da desigualdade territorial e realiza um diagnóstico sobre a diversidade demográfica dos povos indígenas e afrodescendentes num contexto de desigualdade.

Quanto ao acompanhamento regional da implementação do Consenso de Montevidéu sobre População e Desenvolvimento, o relatório analisa o avanço e os desafios de cada uma das medidas prioritárias deste instrumento regional valorizado pelos países como o acordo intergovernamental mais importante da região em matéria de população e desenvolvimento.

À luz das conclusões apresentadas, o relatório deixa claro que a região ainda tem um longo caminho a percorrer em todos os âmbitos da agenda de população e desenvolvimento. Isso seguirá requerendo uma forte decisão política por parte dos Estados que se traduza, entre outras coisas, em políticas sustentadas no tempo que, junto com um aprofundamento do enfoque de direitos e da interculturalidade, permitam estender os avanços e evitar estagnação ou retrocesso.

O relatório foi preparado pelo Centro Latino-Americano e Caribenho de Demografia (CELADE) - Divisão de População da CEPAL e contou com a colaboração da Divisão de Assuntos de Gênero da CEPAL e o apoio do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). Foi elaborado com base em informações provenientes de fontes oficiais dos países, como censos nacionais de população e pesquisas nacionais, relatórios nacionais sobre o avanço na implementação do Consenso de Montevidéu apresentados pelos países, informação dos países sistematizada e compilada pela CEPAL, bases de dados de organismos do sistema das Nações Unidas, a Base de Dados Mundial de Indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), relatórios nacionais voluntários sobre o cumprimento dos ODS e uma ampla bibliografia sobre os temas abordados.

Índice

Introdução

Demografia é uma ciência que tem por finalidade o estudo de populações humanas e sua evolução temporal em relação à seu tamanho, sua distribuição espacial, sua composição e suas características gerais.

O termo demografia vem do grego dêmos = população e gráphein = estudo, e foi utilizado pela primeira vez em 1855, pelo belga Achille Guillard, em sua obra intitulada “Elementos de Estatística Humana ou Demografia Comparada”.

A demografia é um recurso extremamente importante para os países, pois uma vez que suas populações são estudadas, é possível definir políticas públicas eficazes para todas as esferas de influência governamental - como saúde, segurança, educação, cultura, economia, etc -.

Variáveis demográficas

A demografia analisa as mudanças que ocorrem na população ao longo do tempo, principalmente em relação ao crescimento populacional. A maior ou menor ocorrência de nascimentos, óbitos e migrações são as causas básicas pro crescimento desse fator.

Dessa forma, há grande interesse em estudar dois tipos de variáveis demográficas. O primeiro grupo de fatores descreve algumas características da população. Esses aspectos se referem à um determinado espaço geográfico e a um instante específico do tempo, por isso, realizam uma análise estática da população:

  • Tamanho da população: é o total de pessoas que compõem a população estudada;
  • Distribuição da população: é o número de pessoas na população por unidade geográfica (países, unidades da federação, regiões metropolitanas ou municípios) ou por situação de domicílio (rural ou urbana);
  • Estrutura (ou composição) da população: é o número de pessoas na população por sexo (masculino ou feminino) e/ou por grupo de idade (em geral são formados grupos de 5 em 5 anos).

O segundo grupo de variáveis (natalidade, mortalidade e migração) refere-se também a um determinado espaço geográfico e a um determinado período de tempo. Entretanto, essas variáveis servem para explicar a dinâmica demográfica de uma população.

Dinâmica Demográfica

A dinâmica demográfica tem como objetivo descrever a variação quantitativa da população, o ritmo dessa variação e suas causas e consequências.

Quando considera-se apenas os nascimentos e as mortes, tem-se o crescimento vegetativo, ou seja, o crescimento da população por ela mesma. Se for considerado também o saldo migratório (diferença entre imigração e emigração), trata-se do crescimento demográfico, ou total.

Na maior parte das espécies vegetais e animais, o crescimento populacional (vegetativo) é determinado pelas leis naturais de convivência com o meio. Geralmente, quando uma população de indivíduos surge, por ser pequena, ela possui grandes reservas de alimentos e inicialmente não se enquadra completamente na cadeia alimentar, não constituindo assim, uma fonte de alimentos natural de outra espécie.

Nessas condições existe uma tendência a um acelerado crescimento inicial. A taxa de natalidade é sempre alta, já que impulsos instintivos de perpetuação da espécie levam os animais a se reproduzirem o quanto puderem.

Ao mesmo tempo, as taxas de mortalidade ainda são baixas, já que ocorre uma falta de predadores e disponibilidade de alimentos.

Com o passar do tempo, o crescimento da população tende a se estabilizar. Limitações de alimentos impostas pelo meio ambiente, competição por alimentos com outras espécies e exposição aos predadores são fatores determinantes para essa estabilização.

Nesse caso, o crescimento populacional é limitado pela alta taxa de mortalidade, mesmo que a de natalidade ainda permanece alta.

No caso da população humana, o processo funciona de forma diferente. A capacidade de dominar outras espécies e transformar o meio ambiente proporcionou à população humana um crescimento populacional muito mais intenso e, de certa forma, menos determinado pela condições naturais.

O domínio do fogo, o desenvolvimento da agricultura, a Revolução Industrial e o desenvolvimento da medicina foram ações humanas que colaboraram para o crescimento populacional.

Estes e outros avanços contribuíram para uma diminuição da taxa de mortalidade humana, resultando em um crescimento vegetativo intenso, especialmente nos últimos três séculos.

Essa é uma das diferenças entre a dinâmica demográfica humana e dos outros seres vivos: o crescimento humano não é controlado pelas altas taxas de mortalidade. Além disso, os seres humanos não geram filhos com base em instintos de sobrevivência, mas sim, de acordo com comportamentos socialmente definidos.

Atualmente, há uma tendência de queda nas taxas de natalidade, explicada por mudanças sociais, culturais e econômicas. Isso significa que a estabilização da população mundial, que deve ocorrer até meados deste século, será ditada pelo controle de natalidade e não por altas taxas de mortalidade. Essa tendência é demonstrada por meio da teoria da transição demográfica.

Taxa de crescimento da população mundial até 2010 e previsões dessa taxa até 2050.

Exercício de fixação

UEL/2011

Da Copa de 1970 à Copa de 2010, a população brasileira passou de 93.139.037 para uma população estimada em 193.114.840 habitantes (IBGE – Popclock em 23 jun. 2010). Com base nos conhecimentos sobre a dinâmica do crescimento vegetativo da população no Brasil, ao longo desses 40 anos, assinale a alternativa correta.

A A taxa de crescimento anual da população brasileira foi maior na primeira década do século XXI que nos anos 1970, apesar da estabilização da taxa bruta de mortalidade.

B A contínua redução da taxa de fecundidade explica a queda na taxa de crescimento anual da população, apesar de o número total de habitantes ter mais que dobrado.

C Nas duas últimas décadas, apesar do aumento das taxas brutas de natalidade, as taxas anuais de crescimento vegetativo da população brasileira se estabilizaram devido ao comportamento do saldo migratório.

D O crescimento absoluto de aproximadamente 100 milhões de habitantes foi proporcionado pela elevação das taxas de fecundidade no Brasil ao longo do período.

E O fato de a população absoluta ter mais que dobrado no período se deve ao saldo migratório positivo ocasionado pela absorção de centenas de milhares de imigrantes italianos e japoneses.

Quais foram as mudanças que ocorreram ao longo do tempo na estrutura da população?

Nas últimas décadas, houve uma mudança na estrutura etária brasileira decorrente de fatores como queda das taxas de mortalidade e de natalidade, bem como elevação de expectativa de vida, provocando automaticamente um acréscimo no crescimento natural/vegetativo.

O que aconteceu com a população ao longo do tempo?

Há dois mil anos, estima-se que o número de habitantes na Terra não fosse superior a 250 milhões de pessoas. Em 1650, o número alcançou 500 milhões. Em 1850, o planeta atingiu, finalmente, a casa de 1 bilhão de pessoas; em 1950, 2,5 bilhões; em 1987, 5 bilhões e, em 2010, quase 7 bilhões de pessoas.

Que mudanças aconteceram na composição da população?

Em 2014, a população chegou a 203,2 milhões de pessoas, e indivíduos com mais de 60 anos representavam 13,7% do país. É um aumento de 0,7 ponto porcentual em relação a 2013. A proporção em si não é gritante, mas o movimento vem sendo contínuo e acompanha uma redução pequena, porém também constante, do número de jovens.

Que mudanças está atribuída ao crescimento da população do mundo?

A urbanização é resultado do crescimento das zonas urbanas, em especial, devido ao incremento populacional da saída da população do campo para as cidades. Esse fenômeno contribuiu para a queda da taxa de mortalidade infantil e o aumento da expectativa de vida, logo, foi determinante para o aumento da população mundial.