Quais são os preconceitos em torno dos povos indígenas na atualidade?

Apesar de sermos uma nação multiétnica, criou-se alguns preceitos discriminatórios contra a  população indígena no Brasil

Para abordar esse tema é necessário desmistificar a romantização em torno do processo de colonização no Brasil. A forma como os acontecimentos foram retratados, desde o descobrimento até o processo social de povoamento e colônia de exploração, se pressupõe que foi uma ação democrática e pacífica. No entanto, a chegada dos portugueses ao País se deu de forma violenta. O primeiro contato com os povos originários gerou uma série de preconceitos enraizados na  população do Brasil colonial.

Apesar de ser uma nação multiétnica, justamente por seu processo de colonização, que se estabeleceu há mais de 500 anos, neste período criou-se alguns preceitos discriminatórios contra a  população indígena. Entre eles, o mito de serem improdutivos e gerarem despesas ao Estado, incentivando a banalização da cultura, apagamento histórico, tomada de seus territórios para atividades de desmatamento e garimpo ilegal, entre outros. 

Estima-se que quando Pedro Álvares Cabral atracou as caravelas nas margens brasileiras existiam cerca de dois a cinco milhões de indígenas no Brasil. Após serem dizimados de seu próprio território, atualmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, há cerca de 270 mil habitantes distribuídos em 200 grupos étnicos com um tronco linguístico de mais de 170 dialetos diferentes, sendo um dos mais populares o Tupi- Guarani. Boa parte desses grupos estão isolados na Amazônia, o que ilustra a diversa realidade entre as etnias.

Portanto, é papel da sociedade civil, em conjunto com os âmbitos corporativos e legislativos, assegurar a garantia de participação desta população de forma ativa na tomada de decisões que afetam suas rotinas. A demarcação de terra é um dos diversos direitos que devem ser mantidos para garantir a legalidade e a vivência de forma pacífica desta população, preservando a vida, a cultura e reverberando seus conhecimentos para as outras populações do país.

Para que possamos quebrar esses estereótipos e preconceitos é importante buscar informações a respeito deste tema. O abismo do desconhecido gera antipatia a causas importantes a serem discutidas e combatidas. 

O que fazer? 

    – Promover eventos e mostras culturais para conservação da vida, história e costumes dos povos indígenas;

  • Campanhas, palestras e cartilhas educativas acerca da temática;
  • Construir diálogos com o seu time de colaboradores, fomentando uma equipe com mais diversidade;
  • Incentivar e criar programas afirmativos para empregabilidade dessa população na sua empresa.

Encontro CIEE da Diversidade e Inclusão – Dias 27 e 28 de outubro, saiba mais em portal.ciee.org.br/encontro-da-diversidade/

Fontes: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/atualidades/disparidade-racial-preconceito-populacao-indigena-dados-analises.htm

https://www.informasus.ufscar.br/o-preconceito-contra-indigenas/

https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2020/01/racismo-em-pauta-2014-racismo-estrutural-mantem-negros-e-indigenas-a-margem-da-sociedade

https://revistapesquisa.fapesp.br/indios-do-brasil/

Dicas Práticas e indicações

Crianças Karajá com peças de cerâmica Ritxòkò (Reprodução/IPHAN).

18 de abril de 2019

Podemos conversar com os pequenos sobre povos indígenas com responsabilidade e consciência.

O Dia do Índio, celebrado todo 19 de abril, é uma oportunidade para conversar com os pequenos sobre questões indígenas. Desde 2008, é garantida por lei a obrigação das escolas de incorporar ao currículo aspectos da história e da cultura indígena, e é comum que as instituições de ensino promovam atividades ligadas ao tema nesse dia. Também é comum, entretanto, que esses eventos acabem caindo em estereótipos e, mesmo sem intenção, reforçando preconceitos.

Trazemos, então, algumas sugestões de como abordar o assunto com as crianças: são dicas que podem ser usadas dentro e fora da escola – para além da data comemorativa, inclusive.

Esclarecendo erros comuns

Partindo do nome da própria data comemorativa, “Dia do Índio”, no singular, algumas noções que persistem no senso comum revelam preconceitos sobre os povos indígenas. Para começar uma conversa com as crianças, pode ser útil já explicar os equívocos por trás dessas ideias.

“Índios são todos iguais”

Há uma grande diversidade cultural e linguística entre os povos indígenas. Diferentes etnias têm diferentes culturas, crenças, hábitos, línguas e outras características. Segundo o censo de 2010, há atualmente no Brasil mais de 800 mil indígenas de 305 etnias, falantes de cerca de 200 línguas diferentes. Bororo, Karajá, Kadiwéu, Baniwa, Pataxó, Terena, Tukano, Krahô, Xavante e Yanomami são nomes de alguns desses povos. Essas são apenas algumas das etnias dos povos às vezes chamados ameríndios, índios do continente americano. Por exemplo, no território do Canadá há mais de um milhão e meio de indígenas, que vêm de etnias como os Kwakwa̱ka̱ʼwakw, os Haida, os Iroquois e os Algonquin.

“Índios são do passado/são atrasados”

Os índios fazem parte da população brasileira do presente e também do futuro.

A história indígena é mais antiga do que a história do Brasil. Afinal, quando os portugueses invadiram o continente em 1500 os povos indígenas já habitavam esse território há milhares de anos. Cada povo indígena tem seus próprios patrimônios históricos e culturais e produz conhecimento, teorias, arte, biologia e religião próprios – que se transformam ao longo do tempo à sua maneira. Como qualquer povo, as culturas estão em estado constante de transformação. É fundamental que as crianças compreendam que o que é diferente não é melhor (avançado) ou pior (atrasado), apenas diferente.

“Índios aculturados/urbanos não são mais índios”

Todas as culturas se transformaram nos últimos quinhentos anos. Cinco séculos é bastante tempo. Mas ter hábitos diferentes dos seus pais, avós, bisavós e tataravós não quer dizer que você faz parte de outra cultura inteiramente.

Esse vídeo do Instituto Socioambiental, parte da campanha #MenosPreconceitoMaisÍndio, sintetiza essa questão:

Realizando atividades

Podemos envolver as crianças nessas reflexões e na construção de referências críticas de maneira ativa:

  1. Procure apresentar as crianças a histórias indígenas. Seja lendo livros ou mostrando vídeos, há diferentes universos para apresentar aos pequenos e enriquecer seus repertórios.
  2. Estimule as crianças a realizarem uma pesquisa sobre duas etnias diferentes, por exemplo, notando semelhanças e diferenças entre elas. Possíveis fontes de pesquisa são os portais Socioambiental mirim e Turminha MPF, que reúnem uma série de informações sobre os indígenas do Brasil.
  3. Selecione algumas notícias de jornal sobre os povos indígenas. Esse tipo de material pode ser usado para apresentar os desafios que os indígenas enfrentam no Brasil: dificuldade em garantir seus direitos, questões ligadas à demarcação de terras, fome, preconceito, entre outros. Uma boa fonte de pesquisa é a Rádio Yandê, uma rádio indígena.
  4. Várias cidades realizam eventos ligados ao Dia do Índio. Procure saber se na sua cidade haverá alguma exposição, feira, celebração relacionada à data e faça um passeio cultural com as crianças!
  5. Chame atenção para elementos do dia a dia que têm origem indígena. Como os povos indígenas fizeram parte da construção de uma cultura brasileira?Uma maneira simples de abordar essa questão é por meio das palavras, explicando às crianças como a língua indígena Tupi contribuiu para a língua portuguesa. Alguns exemplos dentre as cerca de 20 mil palavras de origem Tupi que fazem parte do português são: cutucar, pipoca, mutirão, catapora, socar, capim, mingau, arara, jacaré, tamanduá, siri, capivara, abacaxi, maracujá.Junto aos pequenos, procure descobrir outras palavras do nosso vocabulário que vêm dos indígenas.
  6. Outra pesquisa divertida envolve descobrir quais são os ingredientes da culinária brasileira que foram cultivados e aperfeiçoados por milhares de anos por indígenas até chegarem nos nossos pratos típicos. Uma dica: devemos agradecer aos indígenas por aipim frito (ou mandioca frita) e tapioca.

Para além das contribuições históricas, os indígenas são cidadãos do presente e do futuro, e há muito o que podemos aprender com essas culturas milenares para construir um futuro melhor. Nossa responsabilidade também é compartilhada na defesa dos direitos e oportunidades individuais de cada um.

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