Quais são os principais fatores da economia?

O brasileiro carrega, sem dúvidas, o espírito empreendedor consigo. De acordo com uma pesquisa do Sebrae divulgada em 2021, cinquenta milhões de cidadãos do país sonham em abrir sua empresa para conquistar uma vida mais independente, buscar maiores ganhos financeiros e, por meio desse movimento, gerar novos empregos capazes de impulsionar todo o nosso ambiente de negócios. Quem nunca pensou ou ouviu do amigo o desejo de abrir sua própria empresa? 

No entanto, há uma gigantesca lacuna entre o sonho de empreender e de fato criar um planejamento para concretizar este sonho e colocar o negócio desejado em prática. Diversos entraves existentes no Brasil, um mundo comentado em congressos e eventos corporativos, bem como em mídias especializadas e estudos acadêmicos, estão relacionados ao Custo-Brasil que acabam por dificultar os caminhos de nosso desenvolvimento econômico e da livre iniciativa que é uma mola propulsora da riqueza em qualquer nação. Mas quais são esses fatores?

#1. Burocracia

A burocracia é uma realidade inegável na sociedade brasileira e afeta, especialmente, o dia a dia de empresários ao redor do país. Um exemplo claro – dentre muitos – dessa problemática reside na complexidade fiscal do país. 

Para termos uma ideia, de acordo com o relatório Doing Business 2021 do Banco Mundial, apenas para pagar impostos, as empresas gastam, em média, mais de 1,5 mil horas por ano e, segundo o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributação), cerca de 3.790 normas devem ser seguidas pelas organizações brasileiras – isso sem falarmos dos 63 tributos e 97 obrigações acessórias vigentes no ambiente tributário nacional.   

E esse é apenas um exemplo da burocracia na vida do empresário e do cidadão brasileiro. Uma simplificação desse cenário favoreceria, consequentemente, a entrada de investimentos e novos negócios no país. 

#2. Carga tributária

A carga tributária do Brasil não é apenas complexa, ela é alta, o que afugenta muitos empreendedores – sobretudo aqueles que almejam crescer de modo significativo, para além dos limites do Simples Nacional. Em termos comparativos, o Brasil, hoje, possui a segunda maior carga tributária de toda a América Latina e Caribe – atrás apenas de Cuba e 5 vezes maior que a de nosso vizinho, o Paraguai. Segundo dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), os impostos no país correspondem a impressionantes 33,1%.  Pensem nisso: 33% do PIB (Produto Interno Bruto) fica retido apenas em tributos! 

O problema é que quanto maior é a carga tributária, menor é a capacidade de investimento do empresário. Essa pesada carga tributária prejudica a competitividade em todos os setores de nossa economia, dificultando a manutenção de preços atrativos aos consumidores e geração de empregos formais, o que nos leva ao terceiro fator. 

#3. Custos para a abertura de novos postos de trabalho

Outro fator que atrasa nosso desenvolvimento econômico é relativo ao excesso de encargos trabalhistas que, por consequência, comprometem a abertura de novos postos de empregos formais no país. Um estudo do próprio Senado Federal, por exemplo, apontou que tais encargos alcançam o equivalente a "30,89% do salário contratual, a 25,13% da remuneração média mensal e a 20,08% do desembolso total do empregador." 

Essa barreira de encargos que incidem sobre a folha de pagamento, com a qual o empreendedor precisa lidar mensalmente, faz com que, em grande frequência, ele gere postos de trabalho informais. O que pode ao longo do tempo criar problemas de passivos trabalhistas que causaram imenso risco ao negócio, bem como potencializar a inviabilidade ao crédito uma vez que a empresa está fundamentada na informalidade fiscal. 

#4. Dificuldade no acesso ao crédito

Um campo que acompanho com especial atenção diz respeito ao mercado de crédito. E, devido a diferentes fatores, o acesso a empréstimos empresariais – sobretudo a linhas de qualidade em termos de taxas, prazos e juros – é uma questão especialmente desafiadora dentro do contexto econômico brasileiro. Conforme já destaquei em outros artigos, um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontou que a demanda por crédito dos Micro e Pequenos Negócios superou a oferta de disponível nos bancos em R$ 166 bi ao longo de 2021. 

E, diante dos primeiros indicadores para o mercado de crédito em 2022 que analisei neste artigo, o cenário deve ficar ainda mais complexo neste ano. Nesse sentido, é fundamental que as empresas busquem o suporte de uma companhia especializada na intermediação de crédito, de modo que possam ter apoio no mapeamento de oportunidades de empréstimo vantajosas para os seus negócios e o suporte de especialistas na negociação juntos aos bancos. 

#5. Falta de investimentos

Todo esse cenário, tem como um de seus principais efeitos, a redução na entrada de investimentos privados e na própria abertura de novas empresas capazes de contribuir, como vimos, com a queda nos índices de desemprego e com a geração de riqueza e qualidade de vida para a população do país – que sofre com a falta de investimentos públicos bem direcionados.

O baixo investimento acaba dificultando a retomada econômica e ao longo do tempo isso leva ao comprometimento do crescimento sustentável e contínuo. Tal fator é fortemente impactado pelos anteriores e, sem dúvida, é um dos mais relevantes para nosso crescimento econômico. 

Na minha visão, estes são os principais pontos que impedem o Brasil de avançar em todo o seu potencial. É importante que possamos analisar estas questões de modo crítico, afinal de contas, ao mapearmos os desafios presentes dentro de nosso contexto social, poderemos desenvolver estratégias para que possamos vencê-los.

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