Qual a assistência de enfermagem ao paciente com ferida por pressão

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DE FERIDAS POR TERAPIA DE PRESSÃO SUBATMOSFÉRICA (VAC) NA UTI

Raiane Lima Dias de Abreu, Scarlet Kelen da Costa Gomes, Angelina Alves Silva, Claudinei Freitas Brum, Marcianila Baptista de Azevedo


Resumo


As lesões que comprometem áreas extensas do corpo requerem métodos de tratamentos especiais para sua solução, denominadas com feridas de alta complexidade, devido ao seu processo de evolução repentino, ou ainda, oferecem ameaça à integridade do membro ou da própria vida do paciente.

A pressão negativa favorece a drenagem de fluidos exacerbados no leito da ferida e do espaço intersticial, com uso desse sistema reduz-se a quantidade de microrganismos que colonizam a ferida e por consequente diminui-se o edema, o que favorece uma maior irrigação do fluxo sanguíneo para o local e a posteriormente a fase de revascularização se inicia formando o tecido de granulação.

O mecanismo do vácuo acelera a cicatrização da ferida promovendo a formação de tecido granulado, colágeno, fibroblastos e células inflamatórios, melhorando a ferida para que possa receber enxerto (POTTER; PERRY, 2005).  

Segundo o Ministério da Saúde, a pressão negativa também é conhecida como pressão negativa subatmosférica, atua no leito da ferida através de esponja hidrofóbica de poliuretano conectada por um tubo plástico à bomba de vácuo. Podendo ser ajustada de 50 à 125 mmHg e usada de forma continua ou intermitente.

Observamos que o VAC proporcionou na prática clínica condições para que o organismo abreviasse o processo inflamatório, contribuiu significativamente para a evolução da cicatrização, tendo se mostrado superiores quando comparado aos tratamentos convencionais.


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A prática no cuidado ao paciente portador de ferida crônica é uma especialidade dentro da enfermagem, reconhecida pela Sociedade Brasileira de Enfermagem em Dermatologia (SOBEND) e Associação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST).

A resolução do COFEN nº 0501/2015 regulamenta a competência da equipe de enfermagem no cuidado as feridas. De acordo com essa resolução cabe ao enfermeiro capacitado a avaliação e prescrição de coberturas para tratamento das feridas crônicas.

A equipe de enfermagem desempenha um papel importante no tratamento de feridas sendo que 80% dos casos são acompanhados a nível primário ou ambulatorial onde a realização dos curativos é feita pela equipe de enfermagem em um processo dinâmico e gradativo, sendo necessário domínio no conhecimento teórico para um acompanhamento e tratamento eficaz, pois a escolha de um tratamento equivocado pode prolongar ainda mais o tratamento da ferida.

Existem alguns fatores de risco para o desenvolvimento de uma ferida crônica

Pacientes com Diabetes Melito (DM) e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), possuem alto potencial de desenvolver feridas crônicas visto que complicações vasculares neste grupo são muito mais que frequentes podendo ser potencializados por outros fatores como o tabagismo e a obesidade. Esses fatores comprometem a perfusão tecidual, aumentando o risco de desenvolver lesões e dificultando a cicatrização quando as mesmas ocorrem.

Nos casos de pacientes acamados ou em uso de cadeira de rodas o cuidado deve ser redobrado para evitar o surgimento de lesões por pressão que normalmente surgem devido a pressão continua em proeminências ósseas.

E paralelamente a estes problemas o paciente pode apresentar problemas que interferem no processo de cicatrização como idade e o seu estado nutricional que se estiver comprometido dificulta o processo de cicatrização prolongando seu tratamento.

A cicatrização é um processo sistêmico, isso significa que depende do organismo como um todo. Por tanto, o profissional de saúde deve se concentrar na avaliação holística do paciente ou seja em seu estado nutricional, emocional, psicossocial e ambiental evitando focar-se apenas na ferida, cabendo-lhe tirar dúvidas e esclarecer a importância de hábitos de vida saudáveis como higiene e controle rigoroso de doenças de base como HAS e DM.

Você sabia que existem diferentes tipos de cicatrização?

As feridas podem cicatrizar de diferentes formas, sendo a cicatrização classificada em:

  • Primeira intenção: ocorre em feridas pequenas onde as bordas não são muito afastadas, não apresentam infecção e muito edema, as bordas são unidas por meio de sutura.
  • Segunda intenção: Ocorre grande perda de tecido, maior afastamento das bordas com ou sem infecção, as lesões são mantidas abertas, deixando-as se fecharem por meio de epitelização.
  • Terceira intenção: Ocorre abertura da ferida, também conhecido como “Deiscência” devendo ser tratado a causa, podendo ser indicado a limpeza ou debridamento. É necessário aguardar a formação de tecido de granulação saudável para posterior captação das bordas da lesão.

Como são classificadas as feridas?

As feridas encontram-se de diversas classificações, sendo necessário conhecê-las para melhor abordagem terapêutica.

As lesões crônicas mais comuns são:

  • Úlceras vasculogênicas (venosas, arteriais ou mistas);
  • Pé diabético;
  • Lesão por doenças autoimunes;
  • Estomas;
  • Feridas oncológicas;

Como o enfermeiro deve avaliar uma ferida?

O enfermeiro ao realizar a avaliação da ferida, deve avaliar todo seu aspecto a fim de decidir qual o melhor tratamento a ser seguido.  Alguns elementos devem ser avaliados e registrados para garantir um tratamento adequado, cada um dos itens a seguir devidamente registrados facilitam posteriormente a avaliação do profissional:

  • Área de abrangência e extensão da lesão: define a área onde está localizada a lesão através de medidas de largura e comprimento, devendo ser anotados periodicamente para realização de comparação e evolução da ferida.
  • Aspecto da área adjacente: a área que se estende ao redor da ferida (perilesional) deve ser observada especificando se ela encontra-se: integra, lacerada, macerada, com presença de eczema, celulite, edema, corpos estranhos ou sujidades.
  •  Aspecto da lesão: tipo de tecido predominante (granulação\esfacelo\necrose).
  • Características do Exsudato: importante durante a avaliação, observar a presença de exsudato, a quantidade e a qualidade tem ligação direta a suas condições, devendo portanto ser evidenciado o tipo de exsudato, coloração o volume , se muito ou pouco, se fluido ou espesso, purulento, hemático, seroso ou serossanguio , além da presença ou não de odor.
  • Dor: Na pele encontramos uma variada rede de terminações nervosas sensitivas, nos permitindo a realizar estímulos mecânicos, térmicos e dolorosos provenientes de meio externo. Deve-se ser levado em consideração todos os aspectos relacionados a dor, a existência ou não , tipo de dor apresentada ( pontada, queimação, ardência ou latejante) , tempo e intensidade, se cessa com uso de analgésicos e se vem acompanhada de sinais flogísticos.
  • Infecção: a pele representa uma barreira consideravelmente eficaz contra agentes patogênicos, quando ocorre uma lesão essa barreira é rompida facilitando a penetração de agentes patogênicos. Os mais comuns são Staphylococcus e Streptococcus, sabe-se que alguns microrganismos estão se tornando cada vez mais resistentes como Staphylococcus aureus e Streptococcus aureus, podendo causar graves prejuízos a ferida e ao paciente, retardando o processo de cicatrização. A identificação precoce de infecção nas feridas é fundamental para determinar o tratamento com coberturas apropriadas e remover os tecidos desvitalizados. Deve-se identificar sinais clínicos de infecção como a presença de exsudato purulento com odor. É imprescindível avaliar e registrar a presença dos sinais de inflamação: rubor, calor, edema e febre.
  • Evolução: A maioria dos serviços especializados em tratamento de feridas possuem protocolos bem delineados com formulários apropriados com informações do estado geral de saúde do paciente proporcionando evolução a resposta do tratamento proposto e possibilitando o detalhamento do aspecto da ferida. Todos os itens acima descritos devem constar no registro diário da evolução da lesão.

Em modo geral a característica do tecido encontrado na ferida nos mostra a recuperação ou a piora da ferida com potencial de impedir novo crescimento celular dificultando o processo de cicatrização. Alguns tecidos podem ser vitalizados quando vascularizados apresentam-se de cor viva, clara, brilhante e sensível a dor. Muitas feridas podem apresentar tecidos mistos, devendo ser levado em consideração o tecido predominante no leito da lesão.

Cuidados no tratamento das feridas

Dentre as formas de tratamento das feridas, um aliado ao cuidado são as utilizações de coberturas específicas, como as da Bionext, para cada apresentação do leito da lesão. O profissional deve avaliar o aspecto da ferida para escolha da cobertura adequada com objetivo de criar um ambiente adequado para facilitar o processo de cicatrização. Em alguns casos deve ser considerado a possibilidade de utilizar mais do que uma cobertura na ferida.

Quais são os aspectos a serem considerados na realização do curativo?

Alguns princípios básicos devem ser seguidos para realização de curativos:

  • Lavagem das mãos antes e depois do procedimento;
  • Comunicar ao paciente o procedimento que será realizado e explicar o tratamento em curso;
  • A limpeza da ferida deve ser feita com soro fisiológico 0,9%;
  • Avaliar se a técnica deve ser estéril ou limpa;
  • Não secar o leito da ferida;
  • Utilizar coberturas que favorecem a cicatrização, mantendo meio úmido ;
  • Preencher cavidades ;
  • Proteger as bordas da ferida;
  • Ocluir com material hipoalergênico;
  • Desbridar quando necessário;
  • Utilizar cobertura conforme a apresentação do tecido;
  • Registrar em prontuário o procedimento realizado e a evolução da ferida.

Desejamos que esse artigo seja de bom proveito para os profissionais de enfermagem. E se você quiser mais conhecimento, venha fazer nosso Quiz! Basta clicar no link abaixo:

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Quais são os cuidados de enfermagem para lesão por pressão?

Prevenção e cuidados.
Manter o colchão piramidal sobre o colchão de cama do paciente;.
Mudar a posição do paciente acamado a cada 2 horas;.
Elevar os calcanhares colocando-se travesseiros macios embaixo do tornozelo;.
Uma vez ao dia, posicionar o paciente sentado em poltronas macias, ou revestidas com colchão piramidal;.

Quais os cuidados de enfermagem na ferida?

Alguns princípios básicos devem ser seguidos para realização de curativos: Lavagem das mãos antes e depois do procedimento; Comunicar ao paciente o procedimento que será realizado e explicar o tratamento em curso; A limpeza da ferida deve ser feita com soro fisiológico 0,9%;

O que você como enfermeiro pode atuar na prevenção da lesão por pressão?

Os enfermeiros, tem a responsabilidade de prever e prover recursos humanos, materiais e estruturais, utilizando dados científicos para implantar medidas preventivas de lesão por pressão.

Qual é o papel do enfermeiro no tratamento de feridas?

Esse profissional pode realizar consulta de Enfermagem, prescrever e executar curativo, coordenar e supervisionar a equipe de Enfermagem na prevenção e cuidados de feridas e no registro da evolução da ferida, dentre outras atribuições específicas (CAUDURO, et al 2018).