Qual a estrutura que fecha a laringe?

M�rcio A. Cardoso

Ezequiel Rubinstein

A laringe - palavra derivada do grego larungein (= gritar)e da� larynx (= gaita, parte alta da traqu�ia) - � uma estrutura das vias a�reas superiores que comunica a laringofaringe com a traqu�ia, possuindo tr�plice fun��o:

  • age como uma v�lvula para impedir n�o s� a passagem de ar durante a degluti��o como tamb�m que part�culas alimentares possam penetrar na via respirat�ria

  • � via aer�fera

  • � �rg�o essencial da forma��o dos sons (fun��o vocalizadora)

Ela possui estrutura semi-r�gida, com esqueleto cartilaginoso, no qual as cartilagens se articulam em junturas sinoviais. Durante a puberdade, no homem, a laringe cresce rapidamente em tamanho e as pregas vocais tornam-se cerca de 1 cm mais longas fazendo com que o limite inferior do tom de voz caia de uma oitava. Nas mulheres, estas altera��es, inclusive no tom da voz, s�o muito menos acentuadas. A laringe � palp�vel anteriormente, sendo importante referencial em anatomia de superf�cie. Relaciona-se posteriormente com a laringo-faringe.  

Cartilagens

As cartilagens da laringe s�o a tire�ide, a cric�ide e a epiglote (�mpares) e a ariten�ide, a corniculada e a cuneiforme (pares). As cartilagens tire�ide, cric�ide e ariten�ide s�o cartilagens hialinas e podem sofrer calcifica��o, que se inicia depois dos 20 anos. As restantes s�o cartilagens el�sticas.  

As palavras tire�ide, cric�ide, ariten�ide e epiglote derivam do grego. Tire�ide vem de thyre�s (= escudo) e oid�s (= forma de). Cric�ide � derivada de krykos (= c�rculo) e oid�s (= forma de). Ariten�ide vem de arytaina (=jarro, copo) e oid�s (= forma de), enquanto epiglote vem de epi (= sobre, em cima) e glottis (= laringe) . J� corniculada e cuneiforme derivam do latim. Corniculada vem de corniculatum (= que tem um pequeno chifre). Cuneiforme vem de cun�us (= cunha) e formis (= em forma de).

A cartilagem tire�ide est� constitu�da por duas l�minas divergentes, unidas anteriormente em �ngulo de 90� no homem e aproximadamente 120� na mulher, o que lhe confere forma de escudo e justifica sua etmologia. No ponto de uni�o das l�minas, superiormente, h� uma proje��o anterior, a proemin�ncia lar�ngea (pomo de Ad�o), mais acentuada no homem, palp�vel e vis�vel in vivo. As bordas anteriores das l�minas divergem superiormente formando a incisura tire�idea. J� a borda posterior de cada l�mina prolonga-se superior e inferiormente para constituir os cornos superior e inferior, respectivamente. Na superf�cie lateral de cada l�mina v�-se uma crista, a linha obl�qua onde se fixam os mm. constrictor inferior da faringe, esternotire�ideo e tireo-hi�ideo.

A cartilagem cric�ide apresenta uma placa posterior, a l�mina, e um arco anterior. Nas suas faces laterais h� facetas que se articulam com os cornos inferiores da cartilagem tire�ide, e outras, na parte p�stero-superior de sua l�mina, que articulam-se com as cartilagens ariten�ides. No plano mediano da l�mina eleva-se uma crista que serve de inser��o � musculatura longitudinal do es�fago (tend�o crico-esof�gico). A borda inferior da cartilagem cric�ide marca o t�rmino da laringe e da faringe e o in�cio da traqu�ia e do es�fago.

As cartilagens ariten�ides situam-se sobre a borda posterior da l�mina da cartilagem cric�ide. T�m a forma de uma pir�mide triangular, apresentando um �pice superior e uma base inferior. Desta destacam-se dois processos: vocal, anteriormente, e muscular, lateralmente. O processo vocal � a �nica parte destas cartilagens que n�o pode sofrer ossifica��o pois � constitu�do de cartilagem el�stica. A face medial da cartilagem ariten�ide � recoberta pela mucosa da laringe. M�sculos e ligamentos cobrem a maior parte das cartilagens ariten�ides.

A cartilagem epigl�tica tem a forma de uma folha e est� fixada � por��o mediana do osso hi�ide e � cartilagem tire�ide pelos ligamentos hio-epigl�tico e tireo-epigl�tico, respectivamente. Sua face posterior, a sua borda superior e a parte superior de sua face anterior s�o recobertas pela mucosa da laringe. A cartilagem epigl�tica est� unida ao �pice da cartilagem ariten�ide, de cada lado, por uma prega da mucosa, a prega ari-epigl�tica. Inclusas nestas pregas est�o as pequenas cartilagens corniculadas e cuneiformes, que s�o inconstantes.

Articula��es

As articula��es da laringe s�o sinoviais e ocorrem entre as cartilagens tire�ide e cric�ide (articula��o cricotire�idea) e entre as cartilagens cric�ide e ariten�ide (articula��o crico-ariten�ide).

  • a articula��o cricotire�idea que ocorre entre os cornos inferiores da cartilagem tire�ide e a face lateral da cartilagem cric�ide, permitindo movimentos de flex�o e extens�o de uma cartilagem sobre a outra.

  • a articula��o crico-ariten�ide que ocorre entre as bases das cartilagens ariten�ides e face superior das cartilagens cric�ides. As superf�cies de contato s�o incongruentes mas a articula��o permite o movimento de rota��o das ariten�ides em torno de um eixo vertical, bem como a tra��o lateral daquelas cartilagens.

Ligamentos

Diversas estruturas ligamentosas s�o referidas com a laringe. S�o elas:

  • a membrana tireo-hi�idea, que liga a borda superior da cartilagem tire�ide � borda s�pero-posterior do osso hi�ide. A membrana � espessada na sua por��o mediana (ligamento tireo-hi�ideo mediano) e nas suas bordas livres posteriores (ligamentos tireo-hi�ideos laterais) nos quais podem existir incrusta��es cartilaginosas (cartilagem trit�cea). O ramo interno do n. lar�ngeo superior e a a. lar�ngea superior (da a. tire�idea superior) perfuram lateralmente a membrana tireo-hi�idea.

  • o cone el�stico e o ligamento cricotire�ideo, que em conjunto constituem uma l�mina de tecido conjuntivo cuja inser��o inferior se faz em toda a borda superior do arco da cartilagem cric�ide, de uma faceta articular a outra. A parte mediana desta l�mina se prende superiormente � cartilagem tire�ide, constituindo o ligamento cricotire�ideo. As partes laterais n�o se prendem � borda inferior da cartilagem tire�ide; passam internamente a ela e se prendem, posteriormente, aos processos vocais da cartilagem ariten�ide e anteriormente se encontram ao inserirem, medianamente, na face posterior do �ngulo da cartilagem tire�ide. Estas partes laterais formam os cones el�sticos, um de cada lado. A borda superior, livre, de cada cone el�stico constitui o ligamento vocal, rico em fibras el�sticas, o qual ap�s ser revestido por m�sculos e mucosa constituir� a prega vocal.

  • a membrana quadrangular � uma delgada l�mina conjuntiva que se prende superiormente na prega ari-epigl�tica e que inferiormente termina em uma borda livre, o ligamento vestibular. Anteriormente a membrana quadrangular prende-se na face posterior do �ngulo da cartilagem tire�ide. Desta forma, o ligamento vestibular vai da cartilagem ariten�ide ao �ngulo da cartilagem tire�ide, situando-se alguns mil�metros acima do ligamento vocal. O ligamento vestibular � a estrutura de sustenta��o da prega vestibular (ou falsa prega vocal), que, ao contr�rio da prega vocal, n�o possui m�sculos em sua espessura.

�dito e cavidade da laringe

O �dito da laringe � (como o nome indica) a entrada da laringe e encaminha o ar da laringo-faringe para a cavidade lar�ngea. Seus limites s�o a borda da epiglote, as pregas ari-epigl�ticas e, posteriormente uma prega que une as cartilagens ariten�ides (prega interariten�idea). O fechamento do �dito protege a via respirat�ria contra a penetra��o de part�culas alimentares e corpos estranhos.

A cavidade da laringe � dividida em tr�s por��es: vest�bulo, glote e cavidade infragl�tica:

  • o vest�bulo vai do �dito da laringe �s pregas vocais, englobando as pregas vestibulares e os ventr�culos. As pregas vestibulares, que v�o da cartilagem tire�ide, anteriormente, � cartilagem ariten�ide, posteriormente, incluem os ligamentos vestibulares e s�o revestidas por mucosas, sendo o espa�o entre elasdenominado de rima do vest�bulo. Os ventr�culos correspondem a um espa�o em forma de canoa de cada lado da cavidade da laringe limitado superiormente pela prega vestibular e inferiormente pela prega vocal e ainda a por��o intermedi�ria, mediana, que se situa entre os espa�os direito e esquerdo. Cada ventr�culo apresenta um divert�culo, o s�culo, que possui gl�ndulas mistas cuja secre��o lubrifica as pregas vocais.

  • Galeno usou a palavra grega  glottis (= bocal de flauta), derivada de glossa (= l�ngua) para denominar toda a laringe. Vesalio usou a palavra para  designar a regi�o abrangendo as pregas vestibulares, as pregas vocais e os ventr�culos. Atualmente,a glote corresponde �s pregas e a os processos vocais. O intervalo entre as pregas e os processos vocais de um lado e de outro � a rima da glote. As pregas vocais estendem-se da cartilagem tire�ide ao processo vocal das cartilagens ariten�ides e incluem o ligamento e o m�sculo vocal, revestidos pela mucosa. A parte mais anterior da rima da glote, localizada entre as pregas vocais, � a sua parte intermembranosa, enquanto que a por��o que se situa entre os processos vocais � a parte intercartilaginosa. Enquanto que as pregas vocais s�o de import�ncia na produ��o da voz, as pregas vestibulares exercem fun��o protetora e, normalmente, n�o participam da fona��o. � prov�vel que as pregas vestibulares entrem em contato durante a degluti��o.

  • a cavidade infragl�tica, que � a regi�o da laringe  limitada superiormente pelas pregas vocais e inferiormente pelo in�cio da traqu�ia. .

M�sculos

H� dois grupos de m�sculos da laringe, os extr�nsecos e os intr�nsecos.

Os extr�nsecos ou s�o levantadores da laringe (m.m. tireo-hi�ideo, estilo-hi�ideo, milo-hi�ideo, dig�strico, estilofar�ngico e  palatofar�ngico) ou s�o abaixadores da laringe (m.m. omo-hi�ideo, esterno-hi�ideo e esternotire�ideo).

Dos m�sculos intr�nsecos da laringe tr�s originam-se da cartilagem cric�ide:

  • o m. cricotire�ideo de trajeto ascendente e posterior, com suas fibras se inserindo na borda inferior da l�mina da cartilagem tire�ide e na borda anterior do corno inferior.

  • o m. crico-ariten�ideo lateral de trajeto posterior, com suas fibras se inserindo no processo muscular da cartilagem ariten�ide.

  • o m. crico-ariten�ideo posterior, cujas fibras, com trajeto lateral, se inserem no processo muscular da cartilagem ariten�ide.

Dois m�sculos, intimamente ligados entre si, unem as cartilagens tire�ide e ariten�ides:

  • o m. tireo-ariten�ideo vai da face lateral da cartilagem ariten�ide � face posterior da cartilagem tire�ide nas proximidades do plano mediano. Suas fibras s�o paralelas ao ligamento vocal e est�o fixadas � borda lateral deste.

  • o m. vocal, formado pelas fibras derivadas do m. tireo-ariten�ideo que se fixam � borda lateral do ligamento vocal.

Dois m�sculos unem as cartilagens ariten�ides entre si:

  • o m. ariten�ideo transverso que une posteriormente as cartilagens ariten�ides.

  • o m. ariten�ideo obl�quo, formado por dois feixes musculares que cruzam posteriormente o ariten�ideo transverso e se fixam, por um lado, no processo muscular da cartilagem ariten�ide e, por outro, no �pice da cartilagem ariten�ide do lado oposto.

 Finalmente, dois m�sculos unem as cartilagens ariten�ides � epiglote (m. ari-epigl�tico) e a cartilagem tire�ide � epiglote (m. tireo-epigl�tico).

Inerva��o e a��es

Todos os m�sculos intr�nsecos da laringe, com exce��o do cricotire�ideo, s�o inervados pelo n. lar�ngeo recorrente , ramo do n. vago. O m. cricotire�ideo � inervado pelo ramo lar�ngeo externo do n. lar�ngeo superior do n. vago. Acredita-se que as fibras que inervam estes m�sculos, entretanto, se originam da raiz bulbar do n. acess�rio e apenas s�o distribu�das pelo vago.

As a��es principais dos m�sculos intr�nsecos da laringe s�o as seguintes:

  • tensionar ou relaxar o ligamento vocal, ou seja, aumentar ou encurtar a dist�ncia que separa as cartilagens ariten�ides e tire�ide.

  • aduzir ou abduzir os ligamentos vocais, ou seja, afastar ou aproximar do plano mediano os ligamentos vocais. Conseq�entemente, significa aumentar ou reduzir a rima da glote.

  • ocluir o �dito da laringe, ou seja, fechar a entrada da laringe.

O m. cricotire�ideo � o principal tensor do ligamento vocal. Ele aproxima as bordas anteriores das cartilagens cric�ide e tire�ide, aumentando a dist�ncia posterior entre as duas cartilagens e, conseq�entemente, tensionando o ligamento vocal.

A a��o oposta � feita pelo m. tireo-ariten�ideo que traciona a cartilagem ariten�ide em dire��o � cartilagem tire�ide, reduzindo a dist�ncia que as separa e relaxando o ligamento vocal. Deve ser ressaltado que o m. vocal, parte do tireo-ariten�ideo, � capaz de alterar a tens�o de partes isoladas do ligamento vocal.

O m. crico-ariten�ideo posterior � o principal abdutor da prega vocal. Ele traciona os processos musculares das cartilagens ariten�ides em dire��o ao plano mediano. Deste modo, estas cartilagens fazem uma rota��o em torno de um eixo vertical, fazendo com que os processos vocais se desloquem lateralmente. A rima da glote, portanto, nesta a��o, tanto na sua parte intermembranosa (ligamento vocal), quanto na sua parte intercartilaginosa (processos vocais das ariten�ides) aumenta. A a��o oposta, isto �, a aproxima��o dos ligamentos vocais do plano mediano (adu��o), com fechamento da rima da glote, � feita pelos mm. crico-ariten�ideo lateral e ariten�ideo transverso. O primeiro traciona os processos musculares lateralmente, uma a��o diretamente oposta ao do m. crico-ariten�ideo posterior, e o �ltimo traciona as cartilagens ariten�ides uma para junto da outra.

Os mm. que ocluem o �dito da laringe s�o o ari-epigl�tico, tireo-epigl�tico e ariten�ideos obl�quos. O ari-epigl�tico aproxima a cartilagem epigl�tica das cartilagens ariten�ides, o que fecha o �dito da laringe. O tireo-epigl�tico transforma o �dito numa fenda transversal, o que auxilia a sua oclus�o. Os ariten�ideos obl�quos s�o auxiliares dos mm. ari-epigl�ticos.

A mucosa da laringe � inervada por dois nervos: o ramo interno do n. lar�ngeo superior e o n. lar�ngeo recorrente. O primeiro inerva a mucosa da laringe da epiglote at� as pregas vocais. O segundo � respons�vel pela inerva��o sensitiva inferiormente �s pregas vocais. Assim, a rima da glote � a linha divis�ria entre os territ�rios de inerva��o do lar�ngeo superior e do lar�ngeo recorrente.

As aa. lar�ngeas, superior e inferior, ramos, respectivamente, das aa. tire�idea superior e inferior, irrigam a laringe. A lar�ngea superior acompanha o ramo interno do n. lar�ngeo superior e ambos perfuram a membrana tireo-hi�idea para penetrar na laringe. A lar�ngea inferior acompanha o n. lar�ngeo recorrente. As veias acompanham as art�rias e os linf�ticos drenam para os linfonodos cervicais profundos.

Como a laringe se fecha?

O mecanismo para que isso ocorra é simples: durante a deglutição, a laringe se eleva (com auxílio dos músculos laríngeos), ao passo que a epiglote se abaixa, fechando a entrada da laringe e permitindo a passagem do alimento para o esôfago.

Como se chama a cartilagem que fecha a laringe?

A epiglote é formada por uma cartilagem que se assemelha a uma aba ou porta. Está localizada na região atrás da boca, mais precisamente na porção inicial da laringe, e prolonga-se em direção à faringe. Está fixada no osso hioide e na cartilagem tireoide. A epiglote impede que o alimento entre no sistema respiratório.

Qual o nome da estrutura que fica na abertura da laringe?

A entrada da laringe é denominada glote, logo acima dele, existe uma estrutura semelhante a uma língua, conhecida como epiglote, funcionando como uma válvula. A epiglote é um prolongamento que se estende da laringe em direção à faringe, apresentando duas faces: uma dorsal e uma ventral.

Quais são as estruturas da laringe?

A laringe está localizada na região anterior do nosso pescoço. Na laringe estão presentes três cartilagens pares e três cartilagens ímpares. As cartilagens ímpares são a tireoide, cricoide e epiglote, enquanto as pares são as aritenoides, cuneiformes e corniculadas.