:: Atrelada ao contexto histórico do Brasil, a atividade cafeeira pode ser considerada "a primeira atividade mercantil não colonial" , implantada no seio de um Estado nacional recém-criado. Essa atividade assistiu o processo de diversificação da estrutura social, acompanhada do surgimento da vida urbana em razão do desenvolvimento, bem como as transições nas relações de trabalho e impetração de leis. Show
A transposição da mão-de-obra negra que até então representava um custo nulo para o latifúndio, para a mão-de-obra imigrante que exigiu grande volume de capital de giro para a sua sustentação, colaborou para a consolidação do Sistema Financeiro Nacional, implantado pela Família Real Portuguesa em 1808. A necessidade de um sistema que financiasse a produção e toda a sua infra-estrutura, passou a ser ainda mais importante quando a figura do comissário perdeu sua importância e a do exportador, geralmente agente de grandes empresas estrangeiras, passou a ter nas mãos, o poder de comprimir os preços do produto. Os recursos, em sua maioria oriundos de empréstimos realizados junto à bancos estrangeiros, foram fundamentais para a instalação de ferrovias, modernização dos portos brasileiros, abertura de estradas, pontos de beneficiamento. Entretanto, trouxe consigo, a ilusão do "dinheiro fácil" , que culminou em problemas que vão desde a desorganização do sistema bancário - que permitia a emissão de moeda em cada casa bancária sem a existência de lastro, aliada aos déficits orçamentários, deflagrando assim a endemia chamada inflação, até o abandono das lavouras de subsistência e aumento da importação de alimentos, já que os agricultores visando os lucros atrativos do café, deixaram de lado as demais culturas. ----------------------------------------------------------- 2LANNA, Ana Lúcia Duarte. O Café e o Trabalho "livre" em Minas Gerais - 1870/1920. Revista Brasileira
de História: São Paulo. V. 6, p. 73-88, 1986. :: Graças aos recursos das exportações, que no final do século XIX respondia por cerca de 80% das receitas de nossa balança comercial, importância essa que manteve seu auge até o final da Segunda Guerra Mundial (1938-1945), o café proporcionou a sustentação do aparelho político e administrativo do Regime Republicano, além de ter sido o fornecedor de recursos para a instalação do parque industrial nacional. O café sem dúvidas atuou "como elemento dinamizador da economia na medida em que gerou um capital excedente investido em outros setores que não o agrícola, e na medida, ainda, em que criou um mercado consumidor para novos produtos" , mesmo que nesse caso alguns estudiosos considerem que essa transferência de recursos tenha ocorrido em razão da necessidade de frear a sua expansão, evitando-se assim o risco da superprodução.
Historicamente, o Brasil se enquadra como um dos principais produtores mundiais de alimentos, com destaque no cultivo e exportação de diversas culturas agrícolas, seguindo ciclos que se sucederam desde a colonização portuguesa. Dentre elas, a produção cafeeira vem desde o período imperial e com destaque até na República Velha. Entretanto, no atual cenário do agronegócio nacional, essa cadeia produtiva perdeu importância relativa para culturas como soja, milho e cana-de-açúcar. Apesar disso, o país é o maior produtor mundial de café, grão que ainda apresenta importância econômica, principalmente da região sudoeste do país, onde concentra-se a maior parte da produção do café brasileiro. O cafeeiro (Coffea sp.) é uma planta arbustiva do gênero Rubiaceae, possuindo diversas espécies dentro do gênero Coffea L., tem sua origem correspondente às terras altas da Etiópia, se difundindo para o mundo através das rotas comerciais do Egito e da Europa. Morfologicamente, a planta é classificada como um arbusto de crescimento contínuo, podendo atingir até 4m de altura, dependendo das condições climáticas e disponibilidade de nutrientes no solo, apresentando um sistema radicular de grande desenvolvimento, que pode atingir até 3m de profundidade. O produto final do ciclo da planta é um grão seco que passa por processos industriais para ser utilizado como base de alimentos e bebidas, sendo parte do dia a dia de quase toda a população mundial. Figura 1: Cafeeiro Foto: MEIRA, Carlos Alberto AlvesA cadeia produtiva do café brasileiro produziu, em média, 61,62 milhões de sacas no ano de 2020, com aumento de 25% em relação ao ano de 2019, arrecadando uma receita bruta de R$ 30,95 bilhões. Esses números colocam o café com o 5º lugar no ranking das culturas de maior importância no país, com destaque para o estado de Minas Gerais, que detém cerca de 60% de toda a produção nacional, seguido de Espírito Santo e São Paulo. Os principais destinos da exportação são, em primeiro lugar, os Estados Unidos, importando 2,7 milhões de sacas; em segundo a Alemanha com a compra de 2,4 milhões e em terceiro a Itália, consumindo cerca de 1,2 milhão de sacas do grão. Esses valores são referentes tanto ao café arábica quanto ao café conilon. O café arábica (Coffea arábica) possui esse nome justamente pela sua origem árabe, sendo uma das primeiras espécies a serem difundidas nas rotas comerciais. Seus grãos são ovalados e finos e suas diversas variedades possuem algumas características comuns, como plantas mais susceptíveis a pragas, exigência de altas altitudes no cultivo e temperaturas amenas, por esse motivo é considerado um tipo de grão especial e refinado. Já o café conilon, também chamado de café robusta, possui maior resistência, com grãos arredondados e pequenos, sendo uma espécie originaria do Congo. Possui um menor valor agregado se comparado ao café arábica, além de folhas menores e de texturas mais lisas. É empregado na formulação de cafés solúveis, com toques amargos e fortes. Essas relações com o exterior, principalmente no final do século XIX, permitiram a elaboração de uma política cambial padronizada e redefiniram diversos aspectos financeiros, bem como o perfil de um mercado consumidor. Uma fronteira muito importante que serviu de “guia” e impacta até hoje nas relações internacionais de venda dos produtos agrícolas produzidos em solo brasileiro. Autor:Yuri Rafael Rissi, acadêmico do 4º Semestre de Agronomia e integrante do grupo PET Agronomia — Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: Telefone: (55) 99684–7010 Divulgue este conteúdo: https://ufsm.br/r-779-806 Qual a importância da economia cafeeira para o Brasil?Hoje, o café continua sendo um importante gerador de divisas (US$ 2 bilhões anuais, ou 26 milhões de sacas exportadas ao ano), contribuindo com mais de 2% do valor total das exportações brasileiras, e respondendo por mais de um terço da produção mundial.
Qual a importância da produção cafeeira para a economia brasileira da primeira República?Ao mesmo tempo, o grande acúmulo de capitais obtido com a venda do café possibilitou o investimento em infra-estrutura (estradas, ferrovias...) e o nascimento de novos setores de investimento econômico no comércio e nas indústrias. Nesse sentido, o café contribuiu para o processo de urbanização do Brasil.
Qual a importância da produção cafeeira para a economia brasileira durante o segundo reinado?A força econômica do café foi tamanha que garantiu o superávit da balança comercial brasileira entre 1861 e 1885. Na década de 1880, o café respondia por cerca de 61% das exportações do Império. A produção cafeeira fez surgir ainda outras atividades econômicas veiculadas ao beneficiamento, transporte e à venda do café.
Qual a importância do café para a economia brasileira e quais acordos?Importância do café para a economia brasileira
A cadeia produtiva do café gera mais de 8 milhões de empregos diretos e indiretos, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o que explica a dimensão desse cultivo na economia brasileira.
|