Qual a importância das ferrovias para o desenvolvimento econômico do Brasil?

  • Paulo Lins

Neste ano, aconteceu um fato inédito: a medalha John Bates Clark ‒ prêmio dado a jovens economistas que trabalham nos EUA, com menos 40 anos e cuja pesquisa contribuiu para disciplina ‒ foi dada para um economista que trabalha com História Econômica, o professor de Stanford Dave Donaldson. Ele utiliza dados históricos – muitas vezes coletados após longo esforço –, teoria economia e técnicas econométricas para responder questões importantes de longo prazo. Um exemplo é o seu artigo Railroads of the Raj em que ele quantifica, utilizando dados administrativos ingleses sobre a atividade econômica indiana, coletados quando este país ainda era uma colônia britânica, o quão importante é a redução de custos de transporte para o desenvolvimento econômico.

No caso de Donaldson, ele analisa o impacto da construção de ferrovias na Índia colonial. Os modelos mais utilizados na teoria economia preveem que a redução de custos de transporte aumenta a renda das regiões afetadas.  Porém, o pesquisador consegue estimar esses impactos. Mais especificamente, ele estima qual foi a redução do custo do transporte, da diferença de preços entre regiões e qual foi o aumento do fluxo comercial. Quando a rede ferroviária é estendida para um distrito, a renda real agrícola nele aumenta em 16%.

O resultado de Donaldson vai em linha com a evidência que temos para o Brasil. No seu livro Order Against Progress, William Summerhill analisa o impacto das ferrovias na economia brasileira de meados do século XIX até 1913. Na época da Colônia e no começo do Império, o transporte era feito basicamente através de tração animal, cujo custo era extremamente elevado e, consequentemente, restringia o crescimento do país. O Brasil era caracterizado por diversas economias isoladas que não comerciavam uma com as outras. Com a construção das ferrovias, houve uma redução desses custos de transporte e o montante de recursos economizados foi direcionado para outras áreas da economia, como o setor bancário e indústrias.

Porém, para Summerhill, a principal fonte de aumento de renda e de produto foram os ganhos de produtividade que aconteceram quando mercados locais, agora parte de um mercado doméstico nacional, puderam se especializar produtivamente. Nas estimativas mais conservadoras do autor, as ferrovias foram responsáveis por 19% do aumento da produtividade do trabalho observado de 1869 a 1913 e por 7% do aumento do nível do PIB. Já nos resultados mais favoráveis, as ferrovias foram responsáveis por 66% do aumento da produtividade do trabalho observado e por 25% do aumento do nível do PIB.

O que nós podemos aprender com esses estudos? Dado o fato de que o Brasil tem sua produtividade estagnada desde a década de 80, sendo ela baixa em quase todas as atividades, o investimento em infraestrutura deveria ser uma prioridade. Hoje há no Brasil grande espaço para ganhos de produtividade com a redução dos custos de transporte. Rankings e pesquisas internacionais que fazem comparações com outros países mostram o grande gargalo que o setor de logística representa para nós. Por exemplo, no The Logistics Performance Index, publicado em 2016 pelo Banco Mundial, o Brasil está na 55ª posição, atrás de países como México, Chile, China e Índia; ainda na mesma pesquisa, 63,64% dos entrevistados pelo Banco Mundial avaliam os portos brasileiros negativamente, 63,64% tem a mesma visão das rodovias e 81,82% das ferrovias. A saída da mediocridade da produtividade brasileira deve ser enfrentada com investimentos em infraestrutura, principalmente aqueles que resolvam o elevado custo logístico nacional. Não dá mais para empurrar o problema com a barriga. 

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Qual a importância das ferrovias para o desenvolvimento econômico do Brasil?

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Importância das ferrovias na logística nacional

Qual a importância das ferrovias para o desenvolvimento econômico do Brasil?

As ferrovias configuram um papel muito importante na logística de diversos países, o transporte de carga realizado através delas, possui dentre várias vantagens o baixo custo do frete e de manutenção se comparado a outros modais. Outra vantagem é a inexistência de pedágios, o menor índice de roubos e de ocorrência de acidentes e a capacidade de transportar grandes quantidades a longas distâncias.

No entanto, o Brasil sofre com o déficit nesse modal, sendo o transporte realizado através de caminhões nas rodovias muito mais praticado em nosso país. A falta de interesse do setor público fez com que os investimentos e incentivos para construção e manutenção dos trilhos ficasse estagnado. Atualmente, a malha ferroviária brasileira possui cerca de 26.000 km, porém, nem todo percurso possui bom estado de conservação para operação.

Programa Pro Trilhos

No início desse mês de setembro, o Governo Federal anunciou a criação Programa de Autorizações Ferroviárias, o Pro Trilhos, cuja função é alavancar a concessão de autorizações ferroviárias no país. Requerimentos para a autorização da construção de 10 trechos de ferrovias já foram assinados, somando 3,3 mil quilômetros de novos trilhos e R$ 53,5 bilhões de investimentos, esses novos trilhos passarão pelos estados do Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí e São Paulo, como você pode ver no mapa abaixo, que foi retirado do site oficial do Governo:

Qual a importância das ferrovias para o desenvolvimento econômico do Brasil?

O novo programa já chamou a atenção de diversas empresas privadas que possuem interesse em investir no setor para ganharem mais competitividade no mercado, aumentando seus lucros. A falta de investimento durante anos no setor, já acarreta diversos problemas para o Brasil, que atinge a economia dificultando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a diminuição da capacidade de atender o mercado internacional e a perda de credibilidade de investidores estrangeiros.

Quais as principais ferrovias brasileiras da atualidade?

1) Ferrovia Nova Transnordestina: ainda em desenvolvimento, ela fará a ligação entre o porto de Pecém (Ceará) e o porto de Suape (Pernambuco), passando pelo cerrado do estado do Piauí. Considerando toda a sua extensão, a linha férrea terá 1.728 km de trilhos cortando o nordeste brasileiro.

2) Ferrovia Norte-Sul: também em construção, possui apenas 1200 km do projeto final de 4155 km, essa ferrovia ligará o o estado do Pará a região Sul, mais precisamente Rio Grande do Sul, conectando os extremos do país interligando o Pará, Maranhão, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

3) Estrada de Ferro Vitória a Minas: construída no final do século passado, a estrada de ferro liga a capital capixaba à Belo Horizonte, sua construção teve como objetivo o transporte de passageiros, o escoamento da produção de café e o transporte do minério de ferro extraído em Minas Gerais para portos do Espírito Santo.

4) Malha Regional Sudeste (MRS): a ferrovia da empresa conecta os 3 estados que concentram quase metade do PIB brasileiro: Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Através dessa via é escoado cerca de 20% de tudo que é exportado no Brasil.

Quais países possuem as maiores malhas ferroviárias do mundo?

Os Estados Unidos ocupam o topo do ranking no quesito extensão da malha ferroviária. Com quase 300.000 km de extensão, o país consegue conectar os principais centros econômicos e industriais através do transporte ferroviário, facilitando o escoamento de sua produção no mercado interno e interligando com portos e aeroportos para embarques internacionais.

Em segundo lugar, vem a segunda maior economia do mundo, a China que conta com cerca de 127.000 km de vias férreas. Em seguida, a Rússia aparece com 87157 km, o Canadá com 77.932 km, a Índia, cuja extensão atinge quase 70.000 km, a Alemanha com 43.468 km e a Austrália, 36.968 km.

Artigo escrito por : Iara Neme

Iara é graduada em Relações Internacionais e Comércio Exterior é produtora de conteúdo da página ComexLand, possui experiência de mercado na área comercial, de logística e importação.

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Qual a importância das ferrovias para o desenvolvimento econômico do Brasil?

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Qual a importância das ferrovias para a economia do Brasil?

As ferrovias transportam cargas que em sua maioria são matéria-prima para aparatos básicos da sobrevivência humana. Por isso, elas têm forte participação tanto na economia nacional quanto mundial, consequentemente tornando o mercado brasileiro mais competitivo.

Qual a relação é a importância das ferrovias para agricultura no Brasil?

Menos poluente Por último, mas não menos importante, o maior uso das ferrovias no agronegócio também gera uma redução da liberação de gases poluentes na atmosfera, o que também tem grande valia quando tratamos de produção agrícola.

Qual a importância da construção das ferrovias no Brasil no contexto do segundo reinado?

O objetivo de construção das ferrovias era agilizar o escoamento da produção de café, diminuindo o tempo de transporte entre os locais de produção e os portos de onde a mercadoria era exportada. As ferrovias eram uma das condições gerais de produção necessárias ao crescimento econômico do país.

Qual a importância da implantação das estradas de ferro para a economia do Brasil e do Espírito Santo?

A construção da Estrada de Ferro Caravelas atendia a uma necessidade real da região Sul do Espírito Santo criando ao mesmo tempo uma via de escoamento da produção cafeeira e uma via de acesso para pessoas que ocuparam a região e acompanharam o progresso chegar nos trilhos da ferrovia.