Qual é a diferença de conceito em relação aos termos nacionalismo e imperialismo?

Nacionalismo é um conceito desenvolvido para a compreensão de um fenômeno típico do século XIX: a ascensão de um certo sentimento de pertencimento a uma cultura, a uma região, a uma língua e a um povo (ou, em alguns dos argumentos nacionalistas, a uma raça) específicos, tendo aparecido pela primeira vez na França comandada por Napoleão Bonaparte e nos Estados Unidos da América.

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Desenvolvimento do nacionalismo

Tal fenômeno passou a ser assimilado pelas forças políticas que haviam absorvido os ideais iluministas de rejeição do Antigo Regime absolutista e que procuravam a construção de um Estado nacional de viés democrático e constitucional, no qual seus membros fossem cidadãos, e não súditos do rei.

Nesse sentido, o sentimento nacional do século XIX alcançou a condição de ideologia política. Diferentemente dos Estados nacionais europeus que se formaram nos séculos XVI e XVII, os Estados Nacionais do século XIX identificavam sua soberania no contingente de cidadãos que compunham a nação, e não na figura do monarca. Por esse motivo, a tendência ao regime político republicano tornou-se comum nesse período.

Qual é a diferença de conceito em relação aos termos nacionalismo e imperialismo?
Com Napoleão Bonaparte nasceu o exército nacional francês, um elemento imprescindível para a composição da ideologia nacionalista.

Além dessas características, há também um elemento indispensável para o entendimento do nacionalismo: a formação do exército nacional por cidadãos comuns, e não por aristocratas e mercenários, como ocorria nos Estados absolutistas. O exército napoleônico foi o primeiro grande exército nacional composto por pessoas que lutavam pela “nação francesa” e identificavam-se como membros de um só “corpo nacional”, de uma só pátria.

Sendo assim, o nacionalismo, desenvolvido no século XIX, compreendeu um conjunto de sentimentos, ideias e atitudes políticas que resultaram na formação dos Estados-nações contemporâneos.

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  • Formação dos Estados-nações

Acompanham a formação desses Estados-nações as noções de soberania e de cidadania, garantidas por uma Constituição democrática. Além disso, noções como povo, fronteiras nacionais e herança cultural (incluindo a língua) dão suporte para a ideologia nacionalista. Processos históricos como a Unificação Italiana e a Unificação Alemã derivaram dessa ideologia. Caso queira saber mais sobre o tema deste tópico, leia: Conceito de Estado-nação.

  • Consequências

Entretanto, o desenvolvimento dessa forma de organização política combinado com o advento das massas (grande aglomerado de pessoas em centros urbanos), que foi provocado pela Revolução Industrial, culminou, nas primeiras décadas do século XX, na Primeira Guerra Mundial e, posteriormente, na ascensão de regimes totalitáriosde viés nacionalista extremista, como o nazismo e o fascismo.

As teorias racistase defensoras da superioridade da raça ariana (branca) e da escolha do povo alemão como um povo encarregado de construir um império mundial, elaboradas pelo nazismo, foram variantes catastróficas da ideologia nacionalista.

O Imperialismo é o nome dado para o conjunto de políticas que teve como objetivo promover a expansão territorial, econômica e/ou cultural de um país sobre outros. Esse termo pode ser usado para fazer menção a acontecimentos modernos, mas é comumente utilizado para se referir à política de expansão territorial e econômica promovida pelos países europeus em boa parte do planeta no século XIX.

Esse último uso do termo Imperialismo também pode ser chamado de Neocolonialismo, pois foi um novo processo de colonização – dessa vez da África, Ásia e Oceania. Como o próprio nome já sugere, o Imperialismo foi responsável pela formação de gigantes impérios ultramarinos. O historiador Eric Hobsbawm aponta que durante o ciclo neocolonialista, cerca de 25% das terras do planeta foram ocupadas por alguma potência imperialista|1|.

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Hobsbawm também estipula, em dados estatísticos, quanto de território algumas das potências imperialistas conquistaram|2|:

  • Inglaterra: aumentou seu território em 10 milhões de km2
  • França: aumentou seu território em 9 milhões de km2
  • Alemanha: aumentou seu território em 2,5 milhões de km2
  • Bélgica e Itália: aumentou seu território em cerca de 2 milhões de km2

O Imperialismo mudou totalmente a organização do mapa da Terra. Impérios existentes nos continentes ocupados foram destruídos e suas populações foram colocadas sobre uma cruel exploração de seu trabalho. O funcionamento do sistema imperial baseado na intensa exploração das colônias e suas populações levou muitos a criticarem intensamente esse sistema, entre os quais está George Orwell, escritor e jornalista britânico, ao afirmar que:

“No sistema capitalista, para que a Inglaterra possa viver em relativo conforto, 100 milhões de indianos têm que viver à beira da inanição – um estado de coisas perverso, mas você consente com tudo isso cada vez que entra num táxi ou come morangos com creme”|3|.

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Causas do Imperialismo

O Imperialismo é fruto do desenvolvimento do capitalismo, que nasceu com as transformações causadas pela Revolução Industrial. Essa revolução iniciou-se de maneira pioneira na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, e foi responsável por inúmeras mudanças. Consolidou o modo de produção industrial como predominante em detrimento da produção manufatureira.

Junto com a Revolução Industrial surgiram novas máquinas, novos meios de transporte, novos meios de comunicação, novas formas de explorar a produção e utilização de energia etc. A Revolução Industrial também trouxe inúmeras alterações nas relações de trabalho e na forma como o mercado internacional funcionava.

A Revolução Industrial marcou o desenvolvimento das indústrias e foi responsável pelo surgimento de economias globais. A concorrência econômica gerou nas nações industrializadas uma intensa necessidade de obter fontes de matérias-primas e novos mercados consumidores para adquirir as mercadorias produzidas.

A obtenção de novos mercados consumidores é apontado por Eric Hobsbawm como o grande fator que empurrou as nações industrializadas – não só as europeias – para a ocupação de novos territórios. Segundo ele, naquela época, acreditava-se que a superprodução de mercadorias era algo solucionado por meio da obtenção de novos mercados consumidores|4|. Assim, a ocupação de novos territórios era vista como a solução para garantir o desenvolvimento de suas próprias economias.

Imperialismo na África

Um dos lugares mais afetados pelo Imperialismo foi o continente africano, exatamente o local no qual foi iniciado o surto neocolonialista, na segunda metade do século XIX. O surto imperialista no continente africano deu-se por manifestação de três países, segundo afirma o historiador Valter Roberto Silvério|5|:

  1. O interesse dos belgas sobre o Congo, localizado na África Central;
  2. As expedições portuguesas com o intuito de expandir seus domínios no interior de Moçambique;
  3. A política expansionista francesa sobre a África.

Com a corrida sobre o continente africano, foi organizada em Berlim por Otto von Bismarck, primeiro-ministro alemão, a Conferência de Berlim. Essa conferência, organizada entre 1884 e 1885, tinha como objetivo organizar questões relativas à navegação dos rios Congo e Níger, além de organizar a divisão dos territórios conforme os interesses de cada país, entre pontos.

A ocupação do continente africano – mas não só a dele – foi justificada como missão civilizatória e por meio dela as nações desenvolvidas levariam um modo de vida civilizado para os locais “atrasados” e “selvagens”. As justificativas também eram baseadas em ideais racistas que partiam do pressuposto de que o homem branco era naturalmente “superior”.

Essas justificativas utilizadas pelas nações imperialistas, no entanto, eram utilizadas para encobrir os reais interesses que eram o de promover a exploração econômica dos locais ocupados. Importante mencionar que o processo imperialista na África foi acompanhado de movimentos de resistências que foram organizados pelas populações locais. Caso queira saber mais sobre, sugerimos a leitura deste texto.

Acesse também: Conheça como ocorreu o movimento de resistência aos franceses em Madagáscar

Consequências

O Imperialismo foi muito intenso entre 1884 e 1914, mas até a segunda metade do século XX existiam colônias europeias nos continentes mencionados. Entre as consequências deixadas pelo Imperialismo, destacam-se:

  • Demarcação de fronteiras artificiais que atualmente é motivo de tensão entre diversos países. Além disso, a criação de nações artificiais contribuiu para sua instabilidade política após conquistarem sua independência;
  • Problemas étnicos surgidos por conta da política imperialista nesses locais. Destaca-se o caso de tutsis e hutus, no antigo Congo Belga e atual Ruanda, e que resultou em um massacre em Ruanda, em 1994;
  • Violência da administração colonial dos europeus sobre as populações nativas. Novamente o Congo Belga é um destaque, pois a administração colonial dos belgas foi responsável pela morte de 10 milhões de pessoas;
  • Exploração intensa que legou a África uma pobreza severa etc.

|1| HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014, p. 97.
|2| Idem nota 1.
|3| ORWELL, George. O caminho para Wigan Pier. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
|4| HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014, p. 108.
|5| SILVÉRIO, Valter Roberto. Síntese da coleção História Geral da África: século XVI ao século XX. Brasília: UNESCO, MEC, UFSCar, 2013, p. 341.

*Créditos da imagem: Everett Historical e Shutterstock

Qual a diferença entre o nacionalismo e o imperialismo?

O imperialismo relaciona com territoriedade, que é exercer influência, e ter poder sobre territórios além das fronteiras do próprio país, muitas vezes utilizando da força para concretização dos domínios. NACIONALISMO: E uma preferencia marcante por tudo que e propio da nacao a qual se pertenece,patriotismo .

Qual é a relação entre o nacionalismo e o imperialismo?

Por isso, no mesmo contexto em que o nacionalismo emergiu na Europa, também emergiu o imperialismo, isto é, um desdobramento político e econômico das nações europeias, que precisavam expandir a sua indústria.

Qual a diferença de conceito em relação aos termos de neocolonialismo e imperialismo?

Já o imperialismo caracteriza-se pela política de expansão territorial, cultural e econômica, m diferentes regiões geográficas, registrada em diversas fases da história da humanidade. O neocolonialismo consiste na dominação de um país, mais poderoso econômica e politicamente, sobre outro, menos desenvolvido.

Qual é a diferença do conceito em relação aos termos?

O termo é a menor unidade de representação do conceito e, como tal, indivisível na indexação e nos tesauros. É impróprio, portanto, do ponto de vista conceitual, falar-se de 'termo simples' ou 'termo composto' na elaboração de tesauros ou na indexação. O termo é a designação do conceito.