Qual era a relação entre a atividade comercial e o surgimento de novas cidades

Mestrado em História (UFJF, 2013)
Graduação em História (UFJF, 2010)

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A Revolução Comercial representa um grande período de transformações ocorridas na Europa entre o século XVI e XVIII.

Ao final da Idade Média, novidades tecnológicas começaram a aparecer na Europa. Os costumes restritos de outrora passaram a se dinamizar e a busca pelos metais preciosos se tornou cada vez mais intensa. Ao mesmo tempo, foram se desenvolvendo as grandes navegações, que permitiram maior circulação de mercadorias e das chamadas especiarias.

A Revolução Comercial foi fruto dos novos tempos vividos na Europa, como resultado da transição do período medievo para o Moderno, da expansão ultramarina e do mercantilismo. Toda a nova realidade que a Europa passou a viver a partir do século XV gerou grandes alterações nas relações econômicas. A moeda entra em cena, assumindo a posição de elemento fundamental da economia. É o fim das relações de subsistência e início das relações de produção e troca que passaram a acontecer através dos mercados das cidades.

No embalo das mudanças que ocorriam no início da Idade Moderna, a tecnologia também se aprimorou para atender as demandas. As técnicas de produção agrícola foram uma inovação adquirida ainda no final da Idade Média, mas ampliadas no novo período da história da humanidade. Junto com elas, vieram novas técnicas contábeis adequadas às novas formas de comércio, a intensificação da mineração, os novos artifícios de navegação e o aperfeiçoamento da cartografia e seus instrumentos.

A Revolução Comercial transferiu o antigo eixo econômico existente no Mar Mediterrâneo para o Oceano Atlântico, uma vez que as relações não se limitavam mais ao continente europeu. O comércio passou a atuar de forma global, envolvendo os continentes conhecidos à época. Surgiu uma nova concepção econômica que recebeu o nome de Mercantilismo. Esta nova filosofia baseava-se em três elementos. O primeiro estava ligado ao surgimento de uma nova classe social, a burguesia. O segundo era a expansão ultramarina impulsionada pelas grandes navegações, que abriu caminho para o capitalismo comercial e a alteração das relações econômicas no mundo. E o terceiro era o “metalismo”, que, na filosofia mercantilista, determinava a riqueza do país proporcionalmente à quantidade de metal precioso acumulado. Para isto acontecer era necessário manter uma balança comercial favorável, o industrialismo e o colonialismo.

O comércio permitiu a acumulação de capital necessária para estabelecer as bases do capitalismo e seu desenvolvimento, que resultou na Revolução Industrial. Mas as conseqüências imediatas da Revolução Comercial foram o afluxo de metais preciosos, a ascensão da classe social burguesa, o aumento dos preços e o retorno da escravidão.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/revolucao-comercial/

Arquivado em: Idade Moderna

O renascimento comercial na Baixa Idade Média foi resultado do crescimento populacional e da produção agrícola e gerou dois grandes eixos comerciais importantes.

Renascimento comercial é o nome que se dá ao processo de crescimento comercial pelo qual a Europa passou a partir do século XI. Esse renascimento aconteceu a partir do desenvolvimento de um excedente comercial e resultou no surgimento de rotas comerciais por toda a Europa. Esse processo estava diretamente ligado ao renascimento urbano que a Europa passou no mesmo período.
 

Origens do renascimento comercial

O crescimento comercial da Europa medieval a partir do século XI foi resultado do desenvolvimento demográfico e agrícola. Ambos possibilitaram o surgimento de um excedente agrícola, que pôde ser comercializado, principalmente para as cidades.

O crescimento urbano resultou em uma demanda maior por produtos que somente o comércio poderia proporcionar. Como a produção local era, na maioria das vezes, bastante limitada, passou a ser necessário recorrer ao comércio para obter determinados tipos de mercadoria (a necessidade variava de região para região).

Com isso, estabeleceu-se um comércio que dependia, sobretudo, das conexões de longa distância para obter mercadorias. Os mercadores que não possuíam conexões com o mercado de longa distância, em geral, não foram bem-sucedidos. Assim, o desenvolvimento comercial levou ao surgimento de uma nova classe social, que não dependia mais da itinerância (alteração frequente de local) para sobreviver. O comércio europeu na Baixa Idade Média dependia bastante das rotas marítimas, que transportavam de maneira mais ágil e barata as mercadorias por longas distâncias.

Eixos do comércio medieval

O renascimento do comércio na Europa medieval levou ao desenvolvimento de dois grandes eixos de comércio. Um deles era o eixo mediterrânico, que era controlado pelas cidades italianas de Gênova e Veneza. O segundo era o eixo nórdico e era controlado por uma liga de cidades do norte da Europa chamada de Liga Hanseática.

O historiador Hilário Franco Júnior atribuiu a vocação comercial de Gênova e Veneza ao fato de ambas as cidades não poderem sobreviver da sua própria produção agrícola. A geografia das regiões impedia uma grande produção. Assim, em defesa de seus interesses, as duas cidades italianas fizeram o possível para ampliar a sua influência econômica sobre o Mediterrâneo e regiões do Império Bizantino.

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As duas cidades apoiaram a convocação da Primeira Cruzada para estender sua influência sobre as regiões conquistadas pelos cristãos e obter mercadorias orientais (consideradas mercadorias de luxo na Europa Ocidental), como perfumes, a seda chinesa etc. Além disso, Veneza garantiu o controle sobre regiões do Império Bizantino durante algumas décadas no século XIII e isso lhe possibilitou ter acesso às mercadorias locais.

O comércio no norte da Europa era controlado pela Liga Hanseática, que exercia influência desde o leste europeu até a Islândia e comercializava inúmeros tipos de mercadorias. O sucesso da Liga Hanseática era tão grande que, em 1130, os mercadores hanseáticos possuíam uma casa de negócios em Londres, na Inglaterra.

Além disso, havia um ponto de encontro entre mercadores do eixo mediterrânico e do eixo nórdico. Esse ponto de encontro eram as feiras da região de Champagne, na França. Essas feiras aconteciam uma vez por ano em períodos predeterminados. Atribui-se o desenvolvimento das feiras na região ao fato de os senhores locais terem uma postura mais aberta ao desenvolvimento do comércio, ou seja, não cobravam pedágios e concediam determinados tipos de benefícios aos comerciantes que se instalavam na região.

Moeda e burguesia

O desenvolvimento comercial impulsionou a utilização das moedas como forma de pagamento. A cunhagem de moedas foi retomada por Gênova a partir de 1252 e, logo em seguida, foi copiada em outras regiões da Europa.

O desenvolvimento do comércio também resultou no surgimento de uma nova classe social, que passou a rivalizar com a nobreza: a burguesia. O enriquecimento dessa classe levou os comerciantes a terem cada vez mais influência sobre as regiões onde estavam instalados. Assim, o poder das cidades e mesmo dos reinos europeus passou cada vez mais a sofrer a influência dos burgueses.

Qual era a relação entre a atividade comercial e surgimento de novas cidades?

A intensa atividade comercial, por sua vez, favoreceu o desenvolvimento das cidades. O comércio e a formação de cidades provocaram profundas mudanças no cenário europeu. Após alguns séculos, a estrutura da sociedade feudal não seria mais predominante no continente.

Qual é a relação entre as feiras e o surgimento de novas cidades?

As feiras, criadas pelos mercadores, destacaram-se como importantes entrepostos comerciais e como centro do desenvolvimento urbano. Os mercadores, principais responsáveis pelas atividades comerciais, deslocavam-se de uma região para outra negociando suas mercadorias.

Quais as mudanças contribuíram para o nascimento do comércio?

Com o renascimento urbano, várias atividades se desenvolveram nas cidades, movimentando a economia local – uma dessas atividades foi o artesanato. A partir de então, organizou-se o processo de produção e surgiram máquinas para atender a demanda do mercado.