Qual o objetivo da construção do sistema alfabético?

Pedagogia – CPNV

SILVA, D. A.

ALMEIDA, C. R. F. M. de

CIRÍACO, K. T.

TEIXEIRA, G. A. S.

SILVA, A. C. da

SANTOS, Y. K. dos

Palavras-chave

Alfabetização; PIBID; Formação de Professores.

Introdução

Este trabalho descreve uma atividade de extensão, cujo objetivo foi realizar ações de intervenções nas práticas de alfabetização da professora supervisora na instituição parceira do subprojeto na escola municipal José Martins Flores, a partir do contexto das ações do Programa Institucional de Bolsa a iniciação a Docência (PIBID/CAPS) do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS, Câmpus de Naviraí.

Com o intuito de compreender em que condições a prática se revela como espaço de mobilização saberes sobre alfabetização. Caracterizada como estudo de caso, teve como cenário do estudo a Universidade, o PIBID e a Escola de Educação Básica.  Se faz necessária como atividade inicial uma sondagem da escrita por meio da teoria da Língua Escrita desenvolvida por Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1984), Mortatti (2000), Soares (2004) dentre outros, no qual o nível de alfabetização e letramento dos alunos foi analisado por meio da escrita e leitura. Por meio destes dados analisamos e posteriormente os alunos foram encaixados em níveis pré-estabelecidos, sendo eles: pré-silábico, silábico, silábico alfabético e Alfabético.

A partir do levantamento feito em uma sala de aula do 1º ano do ensino fundamental, verificamos grande diversidade de níveis, porém o nível pré-silábico foi identificado em número superior aos outros e o nível alfabético em número inferior. Durante nossa pesquisa preliminar constatamos que o Diagnóstico da Hipótese de Escrita se fez importante, pois a partir da mesma o trabalho e planejamento das atividades desenvolvidas no PIBID tiveram foco e uma maior sensibilidade para as especificidades e dificuldades dos alunos em aprender a ler e escrever e que com essa visão direcionada, poderíamos realizar um trabalho efetivo para uma aprendizagem significativa dos alunos. Portanto, a relevância deste trabalho se dá em compreender a importância deste diagnóstico inicial para atividades de alfabetização e letramento no 1º ano do ensino fundamental.

Metodologia de gerenciamento do grupo PIBID Pedagogia – Câmpus Naviraí

Buscando refletir sobre os princípios de alfabetização e a complexidade dos processos para formação, construção e reconstrução do conhecimento que desenvolvemos este estudo onde discute as contribuições do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/CAPES/UFMS Campus Naviraí, relatando Diagnóstico da Hipótese de Escrita Alfabética que está sendo desenvolvido na Escola Municipal José Martins Flores com alunos do primeiro ano do Ensino fundamental. O objetivo é proporcionar estratégias de intervenção que possibilite garantir às práticas sociais de leitura e escrita partindo das hipóteses de escrita alfabética, visando vencer os desafios da alfabetização e assim contribuir para a construção de uma cultura de sucesso escolar.

O grupo é formado por acadêmic@s do curso de licenciatura em Pedagogia de diferentes semestres, (2) dois do quarto semestre, (4) quatro do sexto, (2) duas do oitavo, com o intuito de fortalecer nossos conhecimentos em relação à teoria e a prática pedagógica nos anos iniciais do ensino fundamental, sob a orientação do coordenador do subprojeto e a professora supervisora da escola para disseminar através das experiências e práticas as estratégias para a alfabetização.

Assim, é necessário refletir sobre o diagnóstico da escrita das crianças para traçar ações futuras de direcionamento do grupo no sentido de possibilitar uma aprendizagem/avanço nas hipóteses de escrita das crianças.

Nesse sentido, é importante ressaltar que a prática pedagógica na sala de aula tem papel fundamental no desenvolvimento intelectual do aluno permitindo que este encontre sentido no fazer pedagógico e motivação através de métodos lúdicos.

Estudos e reflexões do PIBID direcionados à alfabetização, sistema de escrita alfabética e hipóteses de escritas

Como fundamentação teórica, esta pesquisa apoia-se quanto às especificidades do processo de alfabetização, trazendo as concepções e contribuições de Albuquerque, Morais e Ferreira (2008), Leal (2012), Soares (2004) dentre outros autores.

A alfabetização é considerada como o ensino das habilidades de “codificação” e “decodificação” foi transposta para a sala de aula, no final do século XIX, mediante a criação de diferentes métodos de alfabetização – métodos sintéticos (silábicos ou fônicos) x métodos analíticos (global) –, que padronizaram a aprendizagem da leitura e da escrita. As cartilhas relacionadas a esses métodos passaram a ser amplamente utilizadas como livro didático para o ensino nessa área. No contexto brasileiro, a mesma sucessão de oposições pode ser constatada (MORTATTI, 2000).

Alfabetização e letramento como destaca Magda Soares (2004) é um caráter indissociável de ambos os processos, advertindo que se faz necessário que a escola trabalhe em conjunto, tanto em relação à questão da complexa tecnologia envolvida no aprendizado do ato de ler e escrever quanto em relação ao caráter social embutido nos processos de alfabetização e letramento.

A entrada da criança (e também do adulto analfabeto) no mundo da escrita ocorre simultaneamente por esses dois processos: pela aquisição da escrita – a alfabetização – e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita – o letramento. (2004, p.14).

Nessa perspectiva Soares (2010), ressalta que o processo de alfabetização é um processo multifacetado, que requere a mobilização de saberes de diversas áreas do conhecimento.

Mortatti (2000, p. 14) colabora dizendo:

Por se tratar de processo escolarizado, sistemático e intencional, a alfabetização não pode prescindir de método (nem de conteúdos e objetivos, dentre outros aspectos necessários ao desenvolvimento de atividades de ensino escolar). Em outras palavras, a questão dos métodos é tão importante (mas não a única, nem a mais importante) quanto as muitas outras envolvidas nesse processo multifacetado, que vem apresentando como seu maior desafio a busca de soluções para as dificuldades de nossas crianças em aprender a ler e escrever e de nossos professores em ensiná-las. E qualquer discussão sobre métodos de alfabetização que se queira rigorosa e responsável, portanto, não pode desconsiderar o fato de que um método de ensino é apenas um dos aspectos de uma teoria educacional relacionada com uma teoria do conhecimento e com um projeto político e social.

Precisamos entender que a aprendizagem se dá a partir da compreensão do Sistema de Escrita Alfabética (SEA). É fundamental perceber que as letras representam a pauta sonora das palavras, e que as mesmas possuem certas propriedades a serem adquiridas para que possamos evidenciar a criança como alfabetizada.

De acordo com Moraes e Leite (2012, p.11):

Assim como a numeração decimal é a moderna notação musical (com pentagrama, clave de sol, fá e ré), a escrita alfabética é um sistema notacional. Nestes sistemas, temos não só um conjunto de “caracteres” ou símbolos (números, notas musicais, letras), mas, para cada sistema, há um conjunto de “regras” ou propriedades, que definem rigidamente como aqueles símbolos funcionam para poder substituir os elementos da realidade que notam ou registram.

Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1984) com sua pesquisa sobre a Psicogêneses da língua escrita, constataram que as crianças ou os adultos analfabetos passavam por diferentes fases que vão da escrita pré-silábica, silábica e silábica alfabética.

Pré-silábico: A criança pensa e só pode ler em desenhos, gravuras ou fotos, ou seja, ela valoriza as imagens gráficas. Usa o desenho para representar a escrita. A criança não entende que a escrita representa a fala, mais percebe que as palavras diferentes devem ser escritas de maneiras diferentes.

Silábico: A criança tenta dar valor sonoro para a silaba, as letras não tem valor sonoro estável. Ela faz um vínculo entre a pronúncia e a escrita, associa a sílaba com uma letra. A criança considera que a escrita representa as partes sonoras da fala. Cada grafia traçada corresponde a uma sílaba pronunciada, podendo ser usadas letras ou outro tipo de grafia.

Alfabética: As crianças fazem associações corretas entre a letra e o som (valor sonoro convencional). À medida que a criança entra em conflito, elas vão avançando dentro das suas hipóteses. Ao chegar nesta fase, a criança compreende que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a sílaba. Realiza, sistematicamente, a análise sonora dos fonemas das palavras que necessita escrever.

De acordo com cada uma das hipóteses de escrita apresentadas colaborando com a fundamentação dos autores, podemos dizer o quanto é importante que o professor saiba distinguir em que hipótese de escrita se encontra cada criança, e a partir de então conseguir o seu melhor desenvolvimento.  É importante levarmos em consideração a avaliação para que se possa ter uma metodologia que realmente desenvolva a aprendizagem da criança, fazendo-a evoluir em seu sistema de escrita alfabética.

Considerações finais

A realização da hipótese de escrita com as crianças é um diagnóstico inicial importante para as nossas intervenções. Partindo por esse viés, o grupo buscou maneiras de desenvolver atividades direcionadas a esses níveis de alfabetização, desafiando a turma de 1º ano do ensino fundamental a reflexão sobre a escrita com objetivo de alcançar avanços significativos na aprendizagem da língua pela criança, chegando à conclusão de que a escrita não é uma transcrição da fala.

Refletir sobre como as crianças aprendem e se apropriam do sistema de escrita torna-se aspecto basiliar e primeiro das ações de gerenciamento do PIBID Pedagogia da UFMS, Naviraí. Por essa razão, os estudos teóricos deste processo tem nos direcionado à um processo formativo rico e promissor, uma vez que estamos relacionando teoria e prática a partir do direcionamento do que seja aprender  a ler e a escrever na infância.

Referências

ALBUQUERQUE, E. B.C; MORAIS, A.G; FERREIRA, A. T. B. As práticas cotidianas de alfabetização: O que fazem as professoras? Revista Brasileira de Educação v. 13 n. 38 maio/ago. 2008.

ALBUQUERQUE, E.B.C, 2004 apud SANTOS, C.F; MENDONÇA, M. Alfabetização e letramento: conceitos e relações / organizado por Carmi Ferraz Santos e Márcia Mendonça. 1ed., 1reimp. – Belo Horizonte: Autêntica, 2007. 152 p.

BRASIL. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. A aprendizagem do Sistema de Escrita Alfabética. Unidade 3. Ano 1. Brasília: MEC, SEB, 2012.

FERREIRO, E; TEBEROSKY, A. A psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984.

GOULART, C. Letramento e modos de ser letrado: discutindo a base teórico-metodológica de um estudo. Revista Brasileira de Educação. [online]. 2006, vol.11, n.33, pp. 450-460. ISSN 1413-2478.

MORAIS, A.G; LEITE, T.M.R.S. A escrita alfabética: porque ela é um sistema notacional e não um código? Como as crianças dela se apropriam? In: BRASIL, Secretária de Educação Básica. Diretoria de Apoio a Gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Aprendizagem do Sistema de Escrita Alfabética. Ano 1. Unidade 3. Brasília: MEC, SEB, 2012.

MORTATTI, M. R. L. Os sentidos da alfabetização (São Paulo: 1876-1994). São Paulo: Ed. UNESP; CONPED, 2000.

SOARES, M. Letramento. São Paulo: Contexto, 2004.

______ Alfabetização e letramento. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2010.

Qual o objetivo da construção do sistema alfabético e da ortografia?

Na etapa alfabética, as crianças fazem as construções transparentes entre fonema e grafema. Já na etapa ortográfica, os alunos começam a construir, através do ensino explícito, as regras, memorizar palavras e fazer relações.

O que se trabalha na construção do sistema alfabético?

Na fase de alfabetização, é importante que os alunos tenham a compreensão do princípio alfabético, estabelecendo a correspondência entre letra e som. Muitas atividades podem ser realizadas, entre elas, aquelas que envolvem a identificação de determinada relação fonema-grafema em um conjunto de palavras.

Qual a importância do sistema de escrita alfabética?

Qual a importância da escrita na alfabetização A importância da escrita está principalmente no desenvolvimento de novas habilidades, como redigir textos de diversos gêneros e dominar a ortografia da língua portuguesa. Isso irá permitir que o pequeno compreenda questões linguísticas mais complexas.

O que é o sistema alfabético?

A escrita alfabética é um sistema um sistema notacional e não um código, pois ele envolve processos mentais complexos e não apenas memorização; Apreciação de sentidos e não apenas atividades mecânicas; consciência fonológica e não apenas prontidão; Leitura com significado e não apenas decodificação.