Qual o papel da Igreja Católica durante a colonização do Brasil?

postado em 20/02/2014 07:00

Embora a Coroa portuguesa e a Igreja Católica nunca tenham estabelecido um tribunal da Inquisição no Brasil, os colonos não escaparam dos atentos e temidos olhos do Santo Ofício. É o que mostra a tese de doutorado defendida na Universidade de São Paulo (USP) pelo historiador Aldair Carlos Rodrigues. Após analisar documentos guardados na Torre do Tombo, em Portugal, e em algumas cúrias brasileiras, como as de São Paulo e do Rio de Janeiro, o pesquisador mostrou que a Igreja constituiu uma rede de agentes do clero que se encarregou de perseguir e condenar ;praticantes do judaímo;, ;hereges; e ;sodomitas; (homossexuais), entre outros.

Um dos principais objetivos da tese ; vencedora do Prêmio Capes 2013 e do Prêmio Capes Tese Darcy Ribeiro ; foi traçar o perfil sociológico desses agentes, chamados, então, de comissários. Eles eram todos homens brancos, com idade entre 30 e 60 anos, oriundos da elite ou de famílias que estavam em processo de ascensão. Bem instruídos, muitos desses clérigos tinham estudado em Coimbra.

No século 18, o Brasil registrava 198 desses comissários, representantes diretos do Santo Ofício, que deixou de enviar missões da Europa para julgar casos na colônia. De forma lógica, a maioria dos agentes estava distribuída de acordo com a ocupação do território nacional. Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro registraram o maior número ; 51, 45 e 37, respectivamente. Essas regiões já passavam por um processo de desenvolvimento econômico, social e demográfico desde o século 17, diferentemente de Minas Gerais, Pará, São Paulo e Maranhão, onde o número era menor.

Duas perguntas para

Aldair Carlos Rodrigues, autor da pesquisa sobre Inquisição no Brasil e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Por que Portugal nunca estabeleceu um tribunal da Inquisição na colônia americana?

A colonização começou a ganhar força com o avanço da produção açucareira no Nordeste por volta de 1580. É nessa época que se cogita o estabelecimento de um tribunal aqui, principalmente para perseguir os judeus convertidos enriquecidos. O rei espanhol Filipe IV incentivou a ideia, mas exigia que o inquisidor fosse o bispo da Bahia, e o Conselho Geral do Santo Ofício se opôs ao projeto justamente por isso. Dar poderes inquisitoriais ao bispo poderia abrir um precedente perigoso na perseguição às heresias, pois a Inquisição buscava deter um monopólio total nesse campo. Além disso, o Brasil era relativamente próximo de Lisboa, visto que a viagem poderia ser realizada em três meses, em média, dependendo das condições marítimas. O século 17 foi turbulento em decorrência da guerra dos portugueses e espanhóis com os holandeses no Atlântico. Depois, os portugueses enfrentaram a Guerra de Restauração (1640-1668) para obterem a Independência do Reino e pôr fim à União Ibérica, que havia unido a Coroa portuguesa e espanhola de 1580 a 1640. Tudo isso gerou um quadro de grave crise financeira para Portugal, o que inviabilizava a criação de um tribunal dispendioso na colônia.

Quais são os reflexos desse período da história na sociedade de hoje?

Eu acho que ele não aparece na memória nacional. Quem sabe o que é Inquisição acha que é uma coisa da Europa, da Idade Média. Não vemos Inquisição portuguesa nos livros didáticos, e isso ajuda a construir uma identidade de um povo brasileiro que é manso, sem conflitos religiosos. Não existiriam tantos sentenciados na Inquisição portuguesa se não houvesse um apoio tão grande da sociedade e das elites. No entanto, é importante conhecer esse momento para sabermos o que acontece quando se mistura religião e Estado. Se queremos ter liberdade religiosa precisamos defender o Estado.

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 A presença da Igreja Católica no Brasil. Do descobrimento à república. O Projeto Educação desta sexta-feira (12) traz dicas de história.

O Brasil é a maior nação católica do mundo. De acordo com o IBGE, 64% dos brasileiros se consideram católicos. A igreja tem raízes profundas em nossa sociedade.

"Toda essa relação entre catolicismo, igreja, cotidiano brasileiro, costume, família, constituições, é uma relação que vai se estabelecendo aos poucos na própria história do Brasil. A prática do catolicismo, de uma forma mais ortodoxa, é uma coisa, mas a presença do catolicismo na nossa vida cotidiana, ela é quase que um exercício de rotina, faz parte naturalmente dos costumes do povo brasileiro. O que seria do povo brasileiro sem os santos? Os santos são os companheiros, eles estão presentes em nosso dia a dia. Os santos fazem parte das nossas famílias, estão presentes na rotina do povo brasileiro", explica Lula Couto, professor de história do Brasil.

Às vezes esses hábitos religiosos se manifestam sem que a gente perceba. "É num gesto, ao passar diante de uma igreja e fazer o pai nosso. É num gol que o atleta faz o pai nosso. É numa oração quando você pensa em alguém", comenta.

A igreja não influenciou apenas a cultura, a crença dos brasileiros. Ela também esteve presente em momentos importantes da história do país, desde a chegada dos portugueses, passando por revoluções, ditaduras, até os dias de hoje.

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O catolicismo foi trazido por missionários que acompanharam os exploradores e colonizadores portugueses. Na época, o estado controlava a atividade eclesiástica. Sustentava a igreja, nomeava bispos e párocos e concedia licenças.

"A própria chegada dos portugueses é uma chegada acompanhada de um evento religioso. Os portugueses que vêm pra cá, eles não vêm apenas com interesse político, interesse econômico, há o interesse de evangelizar, expandir a fé católica. Não é à toa que uma das imagens mais importantes na esquadra de Cabral, logo quando Cabral vem aqui ao Brasil é a celebração da nossa primeira missa", diz Couto.

A igreja também foi atuante na época da independência. "Da nossa independência, por exemplo, muitas lideranças religiosas, lideranças católicas, deram a sua vida na luta por esse processo como Frei Caneca, símbolo da luta democrática aqui em Pernambuco. Então a igreja também se adapta a esse Brasil independente", exemplifica.

No Brasil republicano, a igreja deixou de ser uma instituição oficial, do estado. O país foi proclamado um estado laico, com liberdade religiosa. Mas os padres católicos continuaram atuando na sociedade brasileira.

"Mesmo sendo estabelecido um estado laico, quando a igreja deixa de ser uma instituição oficial, uma instituição do estado, nós temos grandes representantes da Igreja Católica, a própria Igreja Católica atuando na sociedade brasileira. Figuras como Dom Helder Câmara, por exemplo, aqui em Pernambuco, figuras importantes na época do regime militar, que foram sem dúvida, figuras que resgataram a necessidade da democracia, do direito, do direito à liberdade, do direito à fala, o direito ao questionamento", explica o professor.

A igreja ajudou a construir o país que o Brasil é hoje. "A Igreja Católica está enraizada na nossa cultura, assim como a nossa fala, assim como a nossa música, assim como a influência indígena, africana, portuguesa, nos nossos comportamentos. O Brasil seria muito diferente se não houvesse a presença da Igreja Católica e do catolicismo", finalizou Couto.

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Qual foi o papel da Igreja Católica na colonização no Brasil?

A Igreja católica teve uma participação na formação econômica, social e religiosa do Brasil colônia, e neste contexto esteve ligada a escravização de índios e negros.

Quais eram os objetivos da Igreja Católica durante a colonização?

O objetivo era transformar a vida do índio — agrícola ou nômade — no modelo do povo e da sociedade espanhóis, civilizado e urbanizado. A Igreja Católica, por sua vez, possuía como um de seus objetivos acabar com as atrocidades dos sacrifícios humanos praticados pelos índios, inclusive de crianças.

Qual o papel da Igreja Católica na colonização Brainly?

Resposta verificada por especialistas Podemos constatar que o papel da igreja católica no processo de colonização foi de incentivo, visto que a Igreja enxergou na colonização uma oportunidade de fazer novos fiéis e conquistar a influência sob novos territórios.

Por que podemos dizer que a Igreja Católica teve papel relevante no processo de colonização?

5- A Igreja Católica teve papel relevante no processo de colonização, que pode ser constatado: a) na Catequese que, promovendo a integração do índio aos padrões europeus e cristãos, favoreceu a sua emancipação.