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É evidente a importância do protagonismo do enfermeiro na Atenção Primária à Saúde (APS). Conforme a Lei do Exercício Profissional, de 1996, o enfermeiro assume diferentes modelos assistenciais e atividades indispensáveis. Algumas delas incluem planejamento, execução e avaliação dos serviços, prescrição medicamentosa, consultas e solicitação de exames, entre outras. É aí que entra a Atenção Primária à Saúde. Seja qual for o cuidado, o enfermeiro baseia-se em ações fortalecidas e bem orientadas. No campo da Estratégia de Saúde da Família (ESF), cabe ao profissional substituir o modelo hegemônico biologicista, melhorando a saúde das famílias e consequentemente superando os indicadores de qualidade. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e enfermeira da Estratégia da Saúde da Família de Biguaçu (SC), Tatiana Martins, que também é autora do Secad de artigo que aborda o assunto, conversou com a reportagem sobre o protagonismo do enfermeiro. Confira a entrevista: Conheça a atualização em Atenção Primária e Saúde da Família desenvolvida pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn). Secad – Você e as demais autoras descrevem que o enfermeiro tem a finalidade de reorganizar a Atenção Primária à Saúde, substituindo o modelo hegemônico biologicista. O que é esse modelo? E de que forma ocorre essa mudança? Tatiana Martins – O modelo hegemônico, neste caso, refere-se à atenção no atendimento e assistência em consultório. Ou seja, aquele atendimento padronizado, estruturado e seguido por um fluxo ou por um protocolo. A ideia central do trabalho do enfermeiro na ESF é que o atendimento ultrapasse as barreiras de uma consulta e tenha acessibilidade ao paciente. Como exemplos temos as visitas domiciliares, a territorialização, a visita in loco. E isso não vale apenas para profissionais enfermeiros, e sim para toda equipe multiprofissional dentre os médicos, Nasf (Núcleo de Apoio a Saúde da Família) e demais. Secad – Na APS, o enfermeiro assume modelos assistenciais difusos ao promover ações que melhorem os indicadores de saúde. De maneira prática, como isso acontece? Tatiana Martins – O atendimento e a assistência prestada pela ESF volta-se ao usuário, à família e à comunidade, focando na prevenção de agravos e na promoção da saúde. A assistência prestada deve ser baseada no modelo de prevenção e, assim, na redução de marcadores de saúde, como Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes mellitus, tuberculose e infecções sexualmente transmissíveis. Na sua praticidade, o enfermeiro deve desenvolver ações na comunidade e com os profissionais, sejam eles grupos de hiperdia, de tabagismo, de atividade educativa nas escolas sobre sexualidade e higiene bucal. Para isso, deve basear-se nos programas de saúde preconizados pelo Ministério da Saúde: PSE, Pré-Natal, Tabagismo, Alimentação Saudável, Saúde do Idoso, dentre outros. Secad – A integralidade do cuidado na saúde possui diferentes conceitos. Você poderia comentar alguns? Tatiana Martins – Entende-se por “integralidade do cuidado” uma das diretrizes do SUS (Sistema Único de Saúde) que visa ao acesso da comunidade ao serviço nos diversos setores de atenção: primário, secundário e terciário, sendo eles preventivo, curativo, técnico ou político. O modelo técnico, por exemplo, está relacionado à busca do enfermeiro e do serviço em saúde em compreender o conjunto da necessidade das ações que um usuário apresenta, com a organização dos serviços e práticas de saúde. Com relação as políticas, volta-se o olhar na representatividade das respostas governamentais a problemas de saúde específicos. Secad – Qual a importância da atualização profissional, em sua opinião? Tatiana Martins – Sabemos que, hoje, o profissional da enfermagem que esteja cinco anos sem participar de curso, especialização, capacitação ou até mesmo treinamento é visto como desatualizado. Na área da pesquisa científica, as referências utilizadas devem tomar como base artigos com, no máximo, três anos de publicação anteriores ao ano corrente. Sendo assim, a atualização profissional é fundamental para o desenvolvimento de uma assistência de qualidade, baseada na literatura científica – além de se manter respaldado em políticas públicas do serviço de saúde. Matéria porO melhor conteúdo sobre a sua especialidade. Graduanda de Enfermagem Graduanda de Enfermagem BEZERRA, Elizabeth Aline Ferreira.
JUNIOR, José Jailson de Almeida. O papel do enfermeiro na promoção a saúde do homem: o contexto das unidades básicas de saúde da cidade de macaiba/RN, S A N A R E, Sobral, V.13, n.2, p.18-23, jun./dez. – 2014. Disponível em: <https://sanare.emnuvens.com.br/sanare/article/view/568/302> Acesso em 10/08/2019. BRASIL. Ministério da Saúde. As cartas de promoção à saúde. Brasília: Ministério da Saúde. 2010. Disponível em:
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Qual é o papel de um enfermeiro?O enfermeiro é responsável principalmente por planejar, organizar e avaliar os serviços da assistência de enfermagem. É ele também quem realiza a consulta de enfermagem e prescreve os passos que devem ser seguidos pela equipe.
Qual o papel do enfermeiro na saúde pública?Como um dos profissionais atuantes na saúde, o enfermeiro contribui para a melhoria na qualidade da assistência prestada ao cliente, estando preparado para desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo.
Quais as implicações para a atuação do enfermeiro em serviços de Atenção Primária em saúde?a atuação do enfermeiro na APS é um campo amplo e em processo de qualificação, seja na prática clínica, educativa ou gerencial e os enfermeiros precisam se apropriar desses conteúdos no seu cotidiano, buscando a articulação com suas entidades de classe para o desenvolvimento dessa especialidade.
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