Quando a pessoa morre ela sabe que morreu

Quando a pessoa morre ela sabe que morreu

No momento da morte, estamos ou não conscientes?

Esta é uma pergunta curiosa que alguns pesquisadores do mundo todo estão tentando responder.

A morte começa com uma parada cardíaca – a cessação do impulso elétrico que cria batimentos cardíacos. Como resultado, o coração para. Mas isso “apaga” a nossa mente imediatamente?

Não. Segundo um estudo americano, a consciência dura alguns segundos após a morte.

  • Há consciência em pacientes depois de uma parada cardíaca?

Experiências de quase morte

Cientistas estudam “experiências de quase morte” (EQM) há tempos. Entre suas descobertas mais notáveis, se encontra o fato de que uma onda de eletricidade invade o cérebro momentos antes da morte cerebral.

Um estudo 2013 da Universidade de Michigan (EUA), que examinou os sinais elétricos dentro das cabeças dos ratos, descobriu que eles entram em um estado hiperalerta logo antes da morte.

Hoje, os cientistas estão começando a pensar que uma EQM é causada por fluxo sanguíneo reduzido, juntamente com o comportamento elétrico anormal dentro do cérebro.

Assim, o famoso “túnel de luz branca” que algumas pessoas dizem ter visto quando morreram (e foram ressuscitadas) pode derivar desse aumento da atividade neural.

A consciência é um fato

O Dr. Sam Parnia, diretor de pesquisa de cuidados intensivos e ressuscitação na Universidade de Nova York (EUA), está investigando exatamente como o cérebro morre.

Em trabalhos anteriores, ele realizou experimentos em animais, observando-os momentos antes e depois da morte. Ele também já estudou EQMs.

“Muitas vezes, aqueles que tiveram tais experiências falam sobre flutuar ao redor da sala e estar cientes da equipe médica trabalhando em seu corpo”, disse o Dr. Parnia ao portal Live Science. “Eles descrevem ver os médicos e enfermeiras trabalhando e suas conversas completas, coisas que estavam acontecendo, que de outra forma não seriam conhecidas por eles”.

A questão é: se essas pessoas estavam tecnicamente mortas, como sabem o que está acontecendo ao seu redor?

Córtex

De acordo com o Dr. Parnia, mesmo depois de nossa respiração e batimento cardíaco pararem, continuamos conscientes por cerca de 2 a 20 segundos. Esse é o tempo provável durante o qual o córtex cerebral pode ficar ativo sem oxigênio – a região responsável pelo pensamento e tomada de decisão do cérebro, e por decifrar a informação recolhida de nossos sentidos.

Durante este período, nós perdemos todos os reflexos do tronco encefálico, incluindo o maxilar e o pupilar. As ondas cerebrais do córtex logo se tornam indetectáveis. Mesmo assim, pode levar horas para que nosso pensamento seja completamente desligado.

  • O maior estudo já feito sobre pacientes ressuscitados indica consciência após a morte

Ressuscitação cardiopulmonar

O último estudo em curso do Dr. Parnia examina um grande número de europeus e americanos que sofreram parada cardíaca e sobreviveram.

Um dos objetivos é observar como o cérebro age e reage durante a parada cardíaca, através do processo de morte e durante a RCP (ressuscitação cardiopulmonar).

Quanto oxigênio é preciso para reiniciar o cérebro? Como o cérebro é afetado após a RCP? Geralmente, quando o coração para de bater, a RCP proporciona cerca de 15% do oxigênio necessário para realizar a função normal do cérebro. Quanto mais tempo ela dura, mais células cerebrais continuam morrendo, só que a uma taxa mais lenta.

Aprender os seus limites pode melhorar as técnicas de ressuscitação, o que pode salvar inúmeras vidas por ano.

“Ao mesmo tempo, nós também estudamos a mente humana e a consciência no contexto da morte, para entender se ela continua depois que você morreu por algum período de tempo – e como isso se relaciona com o que está acontecendo dentro do cérebro em tempo real”, explica Parnia. [BigThink]

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Quando a pessoa morre ela sabe que morreu
Cena do filme "Ghost". O cinema já representou muitas vezes a experiência de morrer.

A questão da morte, em seu momento final, intriga o Homem desde o início dos tempos. Há milhares de anos, a filosofia, a arte e a religião tentam responder e representar o que acontece no momento em que passamos da vida para a morte.

É claro que a ciência moderna está também procurando entender estas grandes incógnitas. Hoje sabemos que, em geral, no momento da morte, todos perdemos os sentidos na mesma ordem: primeiro deixamos de sentir fome e sede, depois perdemos a capacidade de falar, depois perdemos a visão. Os últimos sentidos a desaparecer são a audição e o tato, e por isso muitas pessoas, mesmo que pareçam inconscientes, ainda conseguem ouvir e sentir o que se passa à sua volta nos seus momentos finais.

No momento da morte, todos perdemos os sentidos na mesma ordem: primeiro deixamos de sentir fome e sede, depois perdemos a capacidade de falar, e depois a visão.

Mas também, com o avanço da tecnologia de imagem, a pesquisa científica pode saber com muita precisão o que acontece no corpo e no cérebro no momento em que perdemos a vida. E, surpreendentemente, alguns estudos sugerem que não seria uma experiência tão aterrorizadora, como se achava.

O ensino dos ratos e da psicodelia

Em uma pesquisa na Universidade de Michigan, em 2013, foi descoberto que os ratos têm um aumento da atividade cerebral logo após terem experimentado a morte "física". E que as ondas gama do cérebro estão mais sincronizadas do que no estado normal de vigília. Deduziu-se então que, entre a morte clínica e a morte cerebral, os ratos podem experimentar "alguma coisa". As seguintes questões levantadas foram: o que é 'alguma coisa'? E acontece o mesmo nos seres humanos?

O neurocientista Chris Timmerman, do Imperial College de Londres, liderou a pesquisa, na qual foram comparadas duas experiências aparentemente diferentes. A hipótese era que pode haver semelhanças entre o que acontece no nosso cérebro quando morremos e os efeitos na consciência induzidos por substâncias psicodélicas, ou DMT (Dimetiltriptamina), que causa efeitos alucinógenos.

Para o estudo, foram comparados relatórios de pessoas que estiveram clinicamente mortas por alguns momentos e depois voltaram à vida. A isto chama-se uma "Experiência de Quase-Morte", ou NDE, na sigla em inglês.

Quando a pessoa morre ela sabe que morreu
No filme Linha Mortal um grupo de estudantes de medicina faz experiências com a passagem da vida para a morte.

Por outro lado, um grupo de voluntários recebeu DMT, que produz efeitos sobre as funções cerebrais, tais como a percepção e a cognição. Durante a experiência, a sua atividade cerebral foi medida e quando voltaram à realidade, foi-lhes pedido que descrevessem a experiência utilizando a mesma ferramenta de verificação utilizada para avaliar as experiências de quase-morte.

E aqui está o mais interessante, porque as descrições de ambas as experiências são idênticas.

Tantos uns como outros descrevem o momento como "uma sensação de paz, um estado de unidade com os outros e com o mundo", um "estado de transcendência no tempo e no espaço".

A atividade cerebral detectada nos scanners também revelou-se apelativa. O líder da pesquisa disse: "O que sabemos agora é que parece haver um aumento da atividade elétrica. Essas ondas gama parecem ser muito pronunciadas e podem ser responsáveis por experiências de quase-morte". Ou seja, de acordo com este estudo, a experiência de quase-morte acabaria por se revelar surpreendentemente semelhante aos efeitos de um alucinógeno poderoso.

Quando a pessoa morre ela sabe que morreu

As questões ainda estão em aberto, mas a ciência é obstinada. "É muito interessante o que está acontecendo hoje em dia com os exames ao cérebro e como podemos decifrar o que se passa nele. Há scanners cerebrais a serem feitos em pessoas onde se pode reproduzir, se elas estiverem vendo um filme, que tipo de filme estão vendo", explicou Timmerman.

Se a Humanidade alguma vez se perguntou como seria voar, ou pôr os pés na Lua, é provável que em breve a passagem da vida para a morte deixe também de ser um mistério. Então, finalmente, pode já não ser tão angustiante saber que vamos partir.

O que sente uma pessoa que está morrendo?

As mudanças que ocorrem no corpo ao final da vida podem deixar a pessoa que está morrendo inquieta ou agitada. Às vezes, as pessoas seguram e puxam os lençóis da cama ou suas roupas. Algumas pessoas têm alucinações e chegam mesmo a conversar com essas alucinações.

O que acontece com a pessoa na hora da morte?

Como o corpo reage à morte? O processo de morte é acompanhado por uma série de sensações. A primeira coisa que os cientistas notaram é que os batimentos cardíacos ficam cada vez mais lentos, conforme a pressão arterial cai, a pele esfria e as unhas escurecem. Com a queda de pressão, os órgãos funcionam cada vez menos.

Como identificar a hora da morte?

Andreoni explica que o tempo de morte pode ser calculado pela comparação da temperatura do cadáver com a temperatura do ambiente ou pela composição química de alguns dos tecidos do corpo, especialmente do humor vítreo, parte interna do olho. Ainda assim, não será dada com uma precisão de minutos.

Quando a pessoa morre ela vira uma estrela?

Se é tão difícil para um adulto, como falar sobre a morte com as crianças? Apesar de comum, a metáfora “virou uma estrelinha” não é a melhor forma de contar a uma criança que alguém que ela gostava morreu. A principal dica para comunicar às crianças sobre a morte de alguém é ser sincero e literal.