Quanto custa uma faculdade em Angola?

Estudantes universitários sentem-se traídos pelo Presidente angolano, que quer assinar um decreto para pôr fim ao sistema de ensino gratuito nas universidades públicas. É "um erro grave" cobrar propinas, dizem os jovens.

O Governo de João Lourenço pretende cobrar uma "taxa de participação" nas universidades públicas angolanas, porque o Estado está sem condições para continuar a suportar exclusivamente todas as despesas nesta área de formação. A medida vai entrar em vigor num período em que muitos angolanos estão a perder os postos de trabalho.

Devido à situação financeira de muitas famílias, estudantes ouvidos pela DW África garantem que não têm condições para suportarem os estudos e que o Governo "está a cometer um erro grave ao cobrar propinas nas universidades públicas".

Se o Governo avançar com a medida, Paulo Timóteo, que quer estudar Língua Portuguesa na Universidade Agostinho Neto (UAN), é um dos que não poderá prosseguir os estudos. "Ao implementar a cobrança de propinas, o próprio Governo já está a cometer crime. Não estou em condições de pagar as propinas porque não trabalho e com isso não consigo pagar os estudos", explica.

Estudantes desmotivados

Segundo a Associação dos Estudantes da UAN, a comparticipação financeira no ensino superior público poderá deixar fora das salas de aulas cerca de 12 mil angolanos.

Nascimento Jorge e Salomão Eduardo, estudantes dos cursos de História e Sociologia no Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED), localizado na centralidade do Kilamba, afirmam que as propinas vão agravar a situação dos alunos de baixa renda.

"A cobrança de propinas está a desmotivar muita gente que quer ingressar, porque muitos não têm condições para sustentarem as universidades", lamenta Nascimento Jorge.

Já quando não se cobrava propinas, lembra Salomão Eduardo, "os filhos dos pobres desistiam, imagine agora com a cobrança das propinas. E o preço das propinas vai continuar a subir, porque sabemos a realidade do nosso país."

Entretanto, as universidades privadas aumentaram os preços da mensalidade. Na segunda-feira (13.01), estudantes da Universidade Privada de Angola e da Universidade Jean Piaget de Angola, foram para as ruas protestar contra a medida.

"Sentimo-nos traídos"

Há vários meses foi também lançada a campanha "Propina Not", ou "Propina Não", grito de força contra a cobrança das propinas no ensino superior. O ativista Arante Kivuvu, líder do movimento, diz que a cobrança de propinas revela desonestidade por parte do Presidente João Lourenço.

Quanto custa uma faculdade em Angola?

Francisco Teixeira (MEA): "Presidente quer matar o ensino público"

"Se o Presidente assinar o decreto sobre a cobrança das propinas, estará a ser desonesto, porque no manifesto eleitoral de 2017 prometeu aumentar a comunidade estudantil de dois mil a três mil estudantes. E isso será possível com a não implementação das propinas", lembra. 

"Com a cobrança muitos vão desistir", afirma o jovem do "Movimento Propinas Not", que realizou no sábado (11.01), em Luanda, uma vigília contra a intenção do Governo de implementar propinas no ensino universitário público.

O coordenador do Movimento Estudantil de Angola (MEA), Francisco Teixeira, também afirma que os jovens angolanos foram traídos pelo chefe de Estado e o Governo está a tomar uma medida precipitada.

"Enquanto jovens sentimo-nos traídos. O Presidente mentiu-nos porque ele apresenta um PND [Plano Nacional de Desenvolvimento] diferente da ação que ele quer tomar agora. Ele quer agora matar o ensino público, gratuito e de qualidade. Para nós, é errado, votamos num Plano Nacional de Desenvolvimento que dizia que iria aumentar o número de estudantes no ensino público", sublinha.

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    Angola: Jovens desempregados marcham em Luanda

    Caminhar por mais emprego

    Onde estão os 500 mil empregos que o Presidente da República, João Lourenço, prometeu durante a campanha eleitoral de 2017? Foi uma das questões colocadas pelos jovens desempregados que marcharam nas ruas de Luanda. A marcha decorreu sob o lema "Emprego é um direito, desemprego marginaliza".

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    Angola: Jovens desempregados marcham em Luanda

    Populares e vendedores ambulantes apoiaram o protesto deste sábado, que foi também acompanhado pelas forças de segurança. Participaram na marcha algumas associações como o Movimento Estudantil de Angola (MEA) e a Associação Nova Aliança dos Taxistas. Os angolanos que exigem criação de mais postos de trabalho marcharam do Cemitério da Sant Ana até ao Largo das Heroínas, na Avenida Ho Chi Minh.

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    Angola: Jovens desempregados marcham em Luanda

    Níveis alarmantes

    O Governo angolano reconhece que o nível de desemprego é preocupante no país. 20% da população em idade ativa está desempregada, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados no ano passado. Os jovens em Angola são os mais afetados - 46% não têm emprego.

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    Palavras de ordem

    Os manifestantes exibiram vários cartazes com mensagens dirigidas ao Presidente e ao Governo: "João Lourenço mentiroso, onde estão os 500 mil empregos?", "Ser cobrador de táxi não é minha vontade" e "Por kunangar perdi respeito em casa”, foram algumas das questões levantadas.

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    Estágios, inclusão e subsídios

    Além de empregos, os manifestantes exigem políticas de estágio - para que os recém formados tenham a experiência exigida pelas empresas – e programas que beneficiem pessoas com deficiência física. Este sábado, pediram também ao Governo que atribua subsídio de desemprego aos angolanos que não trabalham.

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    Sem perspetivas de trabalho

    O índice do desemprego piorou com a crise económica e financeira em Angola, desde 2015. O preço do crude caiu no mercado internacional, e, como o país está dependente das exportações de petróleo, entraram menos divisas. Muitas empresas foram obrigadas a fechar as portas e milhares de cidadãos ficaram desempregados.

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    Angola: Jovens desempregados marcham em Luanda

    Formados e desempregados

    Entre os manifestantes ouvidos pela DW África em Luanda, histórias como a de Joice Zau, técnica de refinação de petróleo, repetem-se. Concluiu a sua formação em 2015 e, desde então, não teve quaisquer oportunidades de emprego: "Já entreguei currículos em várias empresas no ramo petrolífero e nunca fui convocada", conta. Gostaria de continuar a estudar, mas, sem emprego, são muitas as dificuldades.

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    Angola: Jovens desempregados marcham em Luanda

    É preciso fazer mais

    Para a ativista Cecília Quitomebe, o Executivo está a "trabalhar pouco para aquilo que é o acesso ao emprego para os jovens". No final da marcha, a organização leu um "manifesto" lembrando que a contestação à política de João Lourenço começou a 21 de julho, quando o mesmo grupo de jovens exigiu mais políticas de emprego. Na altura, a marcha realizou-se em seis cidades. Este sábado, ocorreu em 12.


Qual é a universidade mais cara em Angola?

Já a Universidade Jean Piaget é a que tem a propina mais cara entre as instituições de ensino superior contactadas pela E&M, com 53.125 kwanzas, referente ao curso de enfermagem. Assim sendo, os cursos de engenharia e saúde, são os mais caros do mercado.

Quais são os cursos que existem em Luanda?

Bacharelato.
Informática de Gestão. Ciências Tecnológicas. ... .
Serviço Social. Ciências Sociais. ... .
Educação Moral e Cívica. Ciências Humanas. ... .
Comunicação Aplicada: Marketing, Publicidade e Relações Públicas. ... .
Contabilidade e Administração. ... .
Informática de Gestão. ... .
Engenharia de Organização e manutenção industrial. ... .
Gestão Bancária..

Quantas faculdades têm em Angola?

Dez universidades e 45 institutos legais.