Que usina utiliza o carvão para produzir energia?

BRASÍLIA - Um olhar sobre a predominância do carvão mineral na produção diária de energia elétrica que abastece o mundo dá uma ideia do tamanho do problema que o planeta terá que enfrentar caso queira levar adiante - e a sério - a neutralidade de emissões de gases de efeito estufa esperada em 2050, ou seja, quando o volume produzido não mais excederia aquele que a terra é capaz de absorver, sem que isso permaneça na atmosfera e aqueça o globo. 

O carvão mineral é, de longe, a principal fonte de produção de energia elétrica no mundo. De cada 100 casas que acendem suas luzes no planeta todos os dias, 38 o fazem porque há uma térmica a carvão ligada, produzindo energia. Os dados da Agência Internacional de Energia (IEA) mostram que o gás natural responde por 23% do abastecimento mundial, seguido pela fonte hidrelétrica (16,2%) e nuclear (10,2%). Os demais 9,7% estão distribuídos entre usinas a biomassa, solar e eólica.

Que usina utiliza o carvão para produzir energia?

Mina de carvão na cidade de Bogatynia, na Polônia. Foto: David W. Cerny/Reuters - 15/6/2021

Trata-se de um cenário completamente diferente do brasileiro, que hoje tem 60,5% de sua potência ancorada na fonte hidráulica. Outros 16,67% são combustíveis fósseis, o que inclui o carvão mineral, seguidos pela produção das eólicas (10,85%) e biomassa (8,75%). Os demais 3,23% estão divididos entre as plantas solares e nucleares. 

Dada a predominância e avanço de fontes renováveis no Brasil, ambientalistas dizem que há preocupação com os rumos dessa matriz que, por decisão do governo Bolsonaro, possa ir em direção oposta àquilo que o mundo procura.

“Apesar do avanço de fontes renováveis como eólica e solar, o Brasil parece caminhar para uma recarbonização da matriz elétrica. O país deveria ter estabelecido uma data para a descontinuidade da geração de carvão e mesmo gás natural até a próxima década, de forma a se alinhar aos compromissos globais de descarbonização, mas o que se vê é a extensão de operação destas usinas até 2050, seja pelo Programa de Uso de Carvão Sustentável ou pela Medida Provisória da privatização da Eletrobrás”, diz Ricardo Baitelo, coordenador de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema)

Os recursos brasileiros conhecidos atualmente apontam que há 32 bilhões de toneladas de carvão no Brasil, segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM). O potencial de abastecimento elétrico seria de 18.600 mil megawatts, durante cem anos de operação. O poder calorífico desse carvão, no entanto, é considerado baixo em relação à média global.

Como aponta estudo do próprio Ministério de Minas e Energia (MME), as principais características dos carvões brasileiros, comparados com os de outros países, são de “alto teor de cinzas, baixo poder calorífico e, em alguns casos, um elevado teor de enxofre”. As características dos carvões nacionais são equivalentes a cerca de 50% dos recursos carboníferos mundiais. Na prática, isso significa ter que queimar mais para gerar energia. Não é por acaso que uma usina térmica a carvão só pode ser construída ao lado da mina, porque o custo de transporte desse material até uma planta distante simplesmente inviabilizaria a produção.

Em seu “Programa para uso sustentável do carvão mineral nacional”, o MME afirma que, além de manter as operações de carvão que estão em atividade, seria necessário retomar outras cinco usinas termelétricas do Rio Grande do Sul que foram desativadas entre os anos de 1974 e 2017. Essas usinas funcionaram por até 63 anos, como é o caso da unidade de São Jerônimo, mas foram desativadas. “A proposta é a de modernização do parque gerador a carvão mineral no Sul do País, através da contratação de energia elétrica referente a uma nova capacidade instalada de geração, em substituição às usinas que foram descomissionadas (desativadas) e as que estão em final de vida útil”, diz o MME.

É esperado que 16% do total da capacidade instalada a partir de carvão mineral no mundo seja desativada até 2030 - o equivalente a 320 mil megawatts, devido aos compromissos assumidos no Acordo de Paris.

Que usina utiliza o carvão para produzir energia?

Que usina utiliza o carvão para produzir energia?

Torre de distribuição de energia elétrica. Nova lei altera regras para o setor elétrico Fernanda Bassi 06.jan.2022 (quinta-feira) - 3h59

Na contramão do mundo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou um projeto de lei que garante a contratação até 2040 de energia gerada por termelétricas movidas a carvão mineral. A medida faz parte do Programa de Transição Energética Justa.

A lei foi publicada na edição desta 5ª feira (6.jan.2022) do Diário Oficial da União. Eis a íntegra (86 KB).

Aprovado no Congresso, o texto é visto como um incentivo para produção e consumo de energia a carvão, mais poluente. O insumo está sendo abandonado por vários países.

A nova legislação determina a prorrogação dos contratos das usinas de Jorge Lacerda, em Santa Catarina, até 2040. Isso quer dizer que, até essa data, as usinas da região continuarão gerando energia para o sistema elétrico nacional.

Também garante “uma receita fixa suficiente para cobrir os custos associados à geração contratual (…), incluindo custos com combustível primário e secundário associados, custos variáveis operacionais, assim como a adequada remuneração do custo de capital empregado nos empreendimentos”.

Subsídios embutidos na conta de luz serão repassados às usinas até 2025. Depois disso, e até 2040, esses subsídios deixarão de ser oferecidos.

A lei também garante subvenção econômica da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) para subsidiar tarifas de consumidores de energia elétrica de distribuidoras com mercado anual inferior a 350 GWh.

Em nota, a Secretaria Geral da Presidência da República disse que a sanção “será importante para promover uma transição energética justa para a região carbonífera do Estado de Santa Catarina”. Segundo o documento, as medidas foram pensadas observando “os impactos ambientais, econômicos e sociais e a valorização dos recursos energéticos e minerais, além de apoiar as concessionárias do serviço público de distribuição de energia elétrica de pequeno porte”.

COP26

Diversos países estão desativando as suas termelétricas a combustíveis fósseis, especialmente o carvão. A medida faz parte dos esforços globais de descarbonização.

Em novembro do ano passado, o Brasil assumiu, ao lado de mais de 40 países, o compromisso de eliminar o uso da energia a carvão. O trato foi firmado durante a COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), em Glasgow, na Escócia.

No acordo, as nações se comprometeram a encerrar novos investimentos em geração de energia a carvão. A médio prazo, concordaram em eliminar totalmente esse tipo de energia. As economias mais fortes deixarão o carvão até 2030 e as mais pobres, até 2040.

Hoje, o carvão mineral é a principal fonte de energia elétrica global. Segundo a IEA (Agência Internacional de Energia, na sigla em inglês), o combustível fóssil responde por 38% do abastecimento mundial. Na sequência, vêm: gás natural, com 23%; hidrelétrica, 16,2%; nuclear, 10,2%; e biomassa (solar e eólica), que somam 9,7%.

Qual é o tipo de usina que utiliza carvão?

O carvão mineral é usado para gerar energia nas usinas termelétricas.

O que é usina de carvão?

O que é: usina que utiliza energia térmica a partir da queima de carvão mineral para produzir energia elétrica. Como funciona: a queima do carvão faz aquecer uma caldeira com água, transformando-a em vapor. O vapor movimenta uma turbina que, por sua vez, aciona um gerador, produzindo energia elétrica.

Como se chama a energia produzida pelo carvão?

A energia de carvão mineral é gerada por meio do combustível fóssil, o qual é uma fonte de energia não renovável, pois é um recurso finito e que pode se esgotar com o passar dos anos. Atualmente seu uso é menor, já que o petróleo e o gás natural são mais utilizados para gerar energia.

Qual é a fonte de energia do carvão vegetal?

O carvão vegetal é formado a partir da carbonização ou queima da biomassa que provém da madeira, que resulta em uma substância de coloração negra que é utilizada como fonte de energia.