Por Ex-Magnus Personal Trainer em 31/10/2019 Show Falta de motivação é uma das maiores culpadas por fazer as pessoas deixarem que o sedentarismo tome conta e seja o chefe da vida delas. Hoje, nós estamos aqui, para mudar a sua realidade e lhe dar bons argumentos que vão te convencer a ir à academia com motivação! Vamos lá? O que você faz hoje, reflete amanhãO choque de realidade muitas vezes é o suficiente para você encontrar motivação de formas que você nunca imaginou. Toda a atividade física que você faz hoje, reflete no bem-estar e saúde que você terá daqui a 10, 15, 30 anos. Você sonha em construir uma família, ter netos e não faz nada hoje para que quando chegar a hora de você ser avô ou avó, você tenha saúde, energia e disposição para brincar com seus netos e aproveitar a vida? Dê adeus hoje mesmo para o sedentarismo e coloque você em primeiro lugar! Experimente a droga endorfinaConhecida como a droga do bem, a endorfina é uma das sensações mais prazerosas do mundo. 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Os investigados demonstram preocupação em atender aos anseios do aluno e preservar a sua integridade física. Contudo, características socioeconômicas da região parecem colaborar para uma prática laboral que privilegie a rotina de exercícios exaustivos, sendo detectada uma tensão entre o que seria ideal em nível de discurso e a realidade dos usuários que desejam resultados rápidos. Academias de ginástica; corpo; educação física; saúde This study aims to investigate the conceptions of physical education teachers about their professional practice and some issues related to the body. The focus is the reality of small gyms in Baixada Fluminense, Rio de Janeiro. Data were obtained by semi-structured interviews, observation and notes in a field diary. Teacher's practices were directed to the needs of the student and to preserve their physical integrity. Social and economics characteristics of the region seem to collaborate to a work routine that stress exhaustive exercises. It was detected some tension between the discourse and the practice of these instructors, whose students claim for immediate results. Fitness centers; body; physical education; health El objetivo de este estudio es investigar los conceptos que tienen los profesores de Educación Física que actúan en pequeños centros de acondicionamiento de la Baixada Fluminense respecto a su práctica profesional y sobre cuestiones asociadas al cuerpo en ese ambiente. Obtuvimos los datos a través de encuestas semi-estructuradas, observación y apuntes en un diario de campo. Los profesionales demuestran preocupación por atender a los anhelos del alumno y por preservar su integridad física. Sin embargo, las características socioeconómicas de la región parecen colaborar con una práctica laboral que privilegia una rutina de ejercicios exhaustivos, habiendo sido detectada una tensión entre lo que sería lo ideal en nivel del discurso y la realidad de los usuarios que desean resultados rápidos. Centros de acondicionamiento; cuerpo; educación física; salud ARTIGOS ORIGINAIS As práticas corporais nas academias de ginástica: um olhar do professor sobre o corpo fluminense Bodily practices in the fitness centers: the "fluminense" body by the vision of the teacher Las prácticas corporales en los centros de acondicionamiento: el cuerpo fluminense en la mirada de los profesores Grad. Diego Costa FreitasI; Esp. Fernanda Azevedo Gomes da SilvaII; Ms. Alan Camargo SilvaIII; Drª. Sílvia Maria Agatti LüdorfIV IMestrando em Educação Física - EEFD/UFRJ; Núcleo de Estudos Sociocorporais e Pedagógicos em Educação Física e Esportes (NESPEFE/EEFD/UFRJ) (Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil). E-mail: IIMestranda em Educação Física pela Escola de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEFD/UFRJ). Núcleo de Estudos Sociocorporais e Pedagógicos em Educação Física e Esportes (NESPEFE/EEFD/UFRJ) (Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil). E-mail: IIIMestre em Educação Física pela Escola de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEFD/UFRJ). Núcleo de Estudos Sociocorporais e Pedagógicos em Educação Física e Esportes (NESPEFE/EEFD/UFRJ) (Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil). E-mail: IVProfessora Adjunta da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Doutorado em Educação na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Coordenadora do Núcleo de Estudos Sociocorporais e Pedagógicos em Educação Física e Esportes (NESPEFE/EEFD/UFRJ) (Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil). E-mail: Endereço para correspondência RESUMO O presente estudo tem por objetivo investigar as concepções dos professores de Educação Física, atuantes em academias de ginástica da Baixada Fluminense, sobre sua prática profissional e o trato com o corpo. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas, observação e anotações de diário de campo. Os investigados demonstram preocupação em atender aos anseios do aluno e preservar a sua integridade física. Contudo, características socioeconômicas da região parecem colaborar para uma prática laboral que privilegie a rotina de exercícios exaustivos, sendo detectada uma tensão entre o que seria ideal em nível de discurso e a realidade dos usuários que desejam resultados rápidos. Palavras-chave: Academias de ginástica; corpo; educação física; saúde. ABSTRACT This study aims to investigate the conceptions of physical education teachers about their professional practice and some issues related to the body. The focus is the reality of small gyms in Baixada Fluminense, Rio de Janeiro. Data were obtained by semi-structured interviews, observation and notes in a field diary. Teacher's practices were directed to the needs of the student and to preserve their physical integrity. Social and economics characteristics of the region seem to collaborate to a work routine that stress exhaustive exercises. It was detected some tension between the discourse and the practice of these instructors, whose students claim for immediate results. Keywords: Fitness centers; body; physical education; health. RESUMEN El objetivo de este estudio es investigar los conceptos que tienen los profesores de Educación Física que actúan en pequeños centros de acondicionamiento de la Baixada Fluminense respecto a su práctica profesional y sobre cuestiones asociadas al cuerpo en ese ambiente. Obtuvimos los datos a través de encuestas semi-estructuradas, observación y apuntes en un diario de campo. Los profesionales demuestran preocupación por atender a los anhelos del alumno y por preservar su integridad física. Sin embargo, las características socioeconómicas de la región parecen colaborar con una práctica laboral que privilegia una rutina de ejercicios exhaustivos, habiendo sido detectada una tensión entre lo que sería lo ideal en nivel del discurso y la realidad de los usuarios que desean resultados rápidos. Palabras clave: Centros de acondicionamiento; cuerpo; educación física; salud. INTRODUÇÃO Um corpo escultural com músculos arquitetados é mais que um desejo pessoal, é quase que uma imposição da atual sociedade, sendo considerado, por muitos, um importante elemento para o sucesso nas relações interpessoais (CROSSLEY, 2006; LÜDORF, 2009). Em um contexto no qual são valorizadas a juventude e a aparência do corpo, não é de admirar que a gordura passe a ser vista quase como uma doença (GOLDENBERG; RAMOS, 2002) e que sejam travadas batalhas a fim de retardar ou camuflar as marcas do envelhecimento. De acordo com Cheek (2008), as pessoas não querem mais somente aumentar a expectativa de vida, como também continuar jovens, pois a velhice deve ser remediada por ser considerada fora da normalidade. Parecer jovem é peça-chave no conjunto de atributos obrigatórios nessa estética corporal contemporânea bastante excludente e pouco maleável (LE BRETON, 2003). Diante deste panorama, as práticas corporais e, também, um dos principais locais direcionados a essas práticas, como a academia de ginástica, ganham cada vez mais visibilidade na sociedade contemporânea. Segundo Hansen e Vaz (2006), estes locais possuem seus próprios costumes e hierarquias, levando o corpo a alcançar "centralidade máxima". Para alguns autores, a academia torna-se local especializado para a "produção" desses almejados corpos (SASSATELLI, 1999), ou, na visão de Malysse (2002), uma "usina de corpos". No entanto, as academias atualmente transcendem os objetivos puramente estéticos, pois se constituem em centros de lazer e convivência (MARCELLINO, 2003), ou ainda, em espaços consagrados à prática de atividade física, para fins de melhora da aptidão física, saúde e qualidade de vida (LIZ et al., 2010). Diante da crescente relevância da academia de ginástica, considerada como um meio de grande valor social (SASSATELLI, 1999), é imperioso investigar os fenômenos socioculturais que permeiam as práticas corporais vivenciadas nesse ambiente ainda pouco explorado. A incursão na literatura indica que as academias de ginástica vêm se constituindo em objeto de estudo, com enfoques bastante diferenciados. Hansen e Vaz (2004), exemplarmente, identificaram nas academias que os princípios do treinamento desportivo são incorporados na modelação dos corpos pela prática do exercício físico. Sabino (2000), por sua vez, deteve-se a analisar o uso de esteroides anabolizantes em academias frequentadas por "marombeiros". Já Coelho Filho e Votre (2010) examinaram questões relacionadas ao gênero em academias de ginástica de uso exclusivamente feminino. Furtado (2007), por sua vez, considera as academias um próspero negócio, alavancado com o aumento da indústria da beleza. Contudo, ainda são esparsos os estudos que analisem o trabalho de um dos principais atores desse cenário e, principalmente, a partir da sua própria ótica: o professor de Educação Física. Dentre outros aspectos, a riqueza de estudos realizados sobre as academias reside na tentativa de compreensão e interpretação de realidades culturalmente distintas, decorrentes, dentre outros fatores, de localização, porte, público atendido, perfil dos professores e atividades oferecidas etc, que permeiam e moldam a existência e o funcionamento das mesmas, bem como o trabalho dos profissionais. Há indícios na literatura de que existem peculiaridades nos significados atribuídos às práticas corporais em academias de pequeno e de grande porte (SASSATELLI, 1999; HANSEN; VAZ, 2006). Nesse sentido, o presente estudo foi realizado no Rio de Janeiro, local onde há, reconhecidamente, uma espécie de exaltação de alguns aspectos relacionados ao corpo, principalmente por suas características culturais e de cidade balneária. Malysse (2002) argumenta que, no Rio de Janeiro, o corpo é visual e culturalmente muito presente e que as academias se assemelham a instituições de aprendizagem de práticas do corpo. Contudo, essa visão não pode ser generalizada, uma vez que estudos de caráter antropológico, como os reunidos na obra de Goldenberg (2002), demonstram haver singularidades nas diferentes regiões do Estado em questão e, até mesmo, em localidades da própria capital. Gontijo (2002) se refere à diversidade cultural e social existente entre os habitantes das diferentes localidades do Rio de Janeiro, que geram diferenciadas imagens identitárias, ou seja, imagens baseadas nas aparências corporais, que são construídas e reconstruídas conforme as situações de interação. Na tentativa de deslindar algumas dessas peculiaridades, esse estudo está direcionado a investigar as concepções dos professores de Educação Física, atuantes em academias de ginástica de pequeno porte de uma determinada região do Rio de Janeiro, denominada de Baixada Fluminense1 1 Região periférica ao Grande Rio, composta por 13 municípios (SILVA, 2007). , sobre como se desenvolve sua prática profissional, a partir do trato com o corpo de seus alunos. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A presente pesquisa é de natureza qualitativa, pois busca compreender e interpretar uma determinada realidade, envolvendo a descrição de dados relativos ao ambiente e aos sujeitos, com o intuito de identificar os significados ali presentes (CRESWELL, 2003). A realidade em foco, nesse caso, foi a das academias da Baixada Fluminense. Gontijo (2002) se refere à Baixada Fluminense como extensão da Zona Norte, ou cidades-dormitório precárias, ocupadas em boa parte por emigrantes vindos de outros estados. Além disso, a região apresenta cenário de baixo desenvolvimento econômico, devido à precariedade de oferta de serviços sociais em setores considerados básicos, como educação, habitação, saúde etc (SILVA, 2007; SOUZA, 2002). Foram, então, selecionados dois dos principais municípios da Baixada Fluminense, Duque de Caxias e São João de Meriti (SILVA, 2007), por serem representativos da localidade mencionada. Em visitas aos municípios e feita a sondagem inicial, observou-se que sobressaíam as academias de ginástica consideradas de pequeno porte, conforme classificação de Bertevello (2005), ou seja, que operam com poucos professores e funcionários, possuem cerca de 350 frequentadores e oferecem normalmente atividades básicas como ginástica localizada e musculação, a preços mais acessíveis. Neste sentido, optou-se por delimitar o estudo a esse tipo de academia, freqüente na região. Dado o interesse em conhecer aquele determinado ambiente e, na medida das possibilidades, o trabalho do professor nesse contexto, o estudo foi desenvolvido, então, em cinco academias de pequeno porte. A estrutura física era semelhante a descrita por Hansen e Vaz (2006), possuindo geralmente uma recepção, um salão com aparelhos específicos para exercícios contrarresistidos e treinos aeróbios, uma sala destinada à avaliação física e outra, às atividades coletivas como ginástica. Nos estabelecimentos, o contato inicial foi feito com os respectivos coordenadores na intenção de solicitar autorização para a realização da pesquisa. A pesquisa foi realizada somente com aqueles professores que se disponibilizaram e consentiram em participar do presente estudo, além de satisfazerem aos requisitos previstos. Os critérios para seleção dos sujeitos compreendiam: a) atuar com modalidades ligadas ao fitness (ginásticas, musculação etc) há pelo menos um ano, com o intuito de captar professores com um mínimo de experiência no mercado e vivência no ambiente de trabalho de academias; b) ser formado em Educação Física. Houve certa dificuldade em se encontrar profissionais formados em algumas academias, ainda que trabalhassem há anos nas mesmas, o que se observou ser uma característica peculiar das academias de pequeno porte da região. Como se pretendia justamente reportar a realidade encontrada, optou-se por incorporar tais profissionais ao estudo. Participaram do estudo doze professores de Educação Física, por meio de entrevistas semiestruturadas2 2 O roteiro da entrevista compreendia as seguintes questões: 1. Na sua opinião, que aspecto tem sido mais valorizado no corpo atualmente? 2. Diante das características mencionadas, como deve ser o trabalho do professor de Educação Física? 3. O que você considera de positivo e de negativo no atual culto ao corpo? 4. Você acha que interfere na visão que os alunos têm ou deveriam ter do corpo? De que maneira? 5. De que forma você trabalha com o corpo dos seus alunos? 6. Que aspectos você mais valoriza em relação ao seu próprio corpo? , que possuíam idade entre 24 e 37 anos e um a doze anos de atuação em academias. Dois professores eram Especialistas na área, oito eram graduados em Educação Física e dois ainda cursavam a graduação, embora atuassem com todas as atribuições de um profissional formado. O quadro abaixo se refere ao perfil dos professores: Clique para ampliar Além da entrevista, foram realizadas observações dos ambientes das academias e coletados depoimentos informais de funcionários e coordenadores, relativos à infraestrutura e ao funcionamento das mesmas. Como medida de auxílio ao principal instrumento de coleta de dados, fatos que pudessem contribuir para a interpretação dessa determinada realidade foram devidamente anotados no diário de campo (FONTANELLA; CAMPOS; TURATO, 2006). Os dados foram analisados com base na análise de conteúdo, a partir dos critérios de repetição e de relevância (TURATO, 2003), com vistas a identificar categorias emergentes e eventuais tendências. Os procedimentos empregados na pesquisa estão de acordo com os critérios éticos estabelecidos nos termos das Resoluções 196/96 e 251/97 do Conselho Nacional de Saúde. 3 3 Os nomes das academias são fictícios. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS As academias de pequeno porte visitadas possuem nomes, normalmente, vinculados à identificação do proprietário, sendo conhecida como "Academia do Fulano", diferentemente do que é visto nas academias de porte maior, que apresentam, em geral, nomes genéricos4 4 Os nomes das academias são fictícios. , tais como: Companhia do Corpo, Estação Fitness etc. Outra característica comum a esse tipo de estabelecimento foi a localização, em ruas de comércio ou em últimos andares de prédios, aparentemente em espaços não tão apropriados ou improvisados para a prática de atividades físicas. Estão situadas em bairros distantes da costa litorânea do Rio de Janeiro, que apresentam normalmente temperatura elevada, independente da época do ano. Esse fato pode ser observado na forma de se vestir das pessoas que transitam nas ruas, uma vez que parece haver certo favorecimento do corpo menos coberto, ou seja, a utilização de trajes mais diminutos. Talvez essas particularidades ajudem a compreender o trato com o corpo nas academias estudadas, já que a cultura de exposição do corpo parece ser ainda mais proeminente na região. Nesse contexto, os discursos dos professores revelaram que a forma de lidar com o corpo dos alunos é pautada, sobretudo, por orientações técnicas, direcionadas a aspectos como prescrições e orientações de exercícios e recomendações sobre alimentação e hábitos de vida:
Tais orientações fornecidas pelos professores têm como um dos objetivos centrais um melhor resultado estético do treinamento. A evidente importância dada à estética pode se justificar pelo fato de ser, segundo os professores, o principal ou até mesmo o único objetivo da maioria dos alunos que entram em uma academia da região em questão:
O interesse voltado à estética no âmbito da academia de ginástica não é recente. Novaes (2001) já havia confirmado a estética como principal atrativo das academias de ginástica, desde que começaram a proliferar no cenário nacional a partir da década de 70. Mesmo que outros fatores sejam apontados, como a saúde e melhora de condicionamento físico, a busca por uma estética corporal padronizada é um desejo bastante frequente dos usuários das academias de ginástica (PALMA, 2001). Furtado (2009) alerta para o lado negativo da busca por esse padrão corporal, ao citar casos extremos, como mortes, problemas de saúde por consumo de anabolizantes e anorexia. Alguns elementos oriundos das observações e de depoimentos informais coletados durante as visitas às academias podem emoldurar as características das academias de pequeno porte da região estudada. Normalmente, as academias eram decoradas com fotos de corpos musculosos, por vezes aqueles exibidos em competições de fisiculturismo, o que sugere, dentre outros aspectos, que o apelo comercial junto aos frequentadores parece ser mesmo a valorização da aparência corporal com o intuito de exaltar o produto a ser vendido, ou seja, a possibilidade do aluno em supostamente alcançar determinado padrão de corpo. Ratificando tal perspectiva, um dos professores relata sua dificuldade em estimular os alunos ao treinamento aeróbio nessa região em particular:
A aparente dicotomia entre a Baixada Fluminense e a Zona Sul do Rio de Janeiro foi evidenciada também por Gontijo (2002, p. 49), ao ressaltar que na Zona Sul "vive uma parte das classes média e da burguesia em geral, onde o clima é suave em razão da presença das montanhas e da brisa marinha". Como a diversidade cultural molda também as manifestações ligadas ao corpo, tanto as de ordem física (aparência, vestimentas etc) como as mais subjetivas, como comportamento e valores, é possível compreender e contextualizar os hábitos e desejos relacionados às práticas corporais dos moradores da Baixada que, nesse caso, parecem valorizar a "malhação pesada". Outros elementos emergiram dos discursos que reforçam a necessidade da orientação técnica, por parte dos professores, atendendo ao desejo dos frequentadores de melhorar a aparência do corpo, tais como as diferentes aspirações de homens e de mulheres na busca pelo corpo perfeito:
Tais achados se coadunam com a literatura, na qual está presente a ideia de que os homens teriam uma preocupação mais acentuada com o desenvolvimento do tórax e dos membros superiores, enquanto que as mulheres, com o abdômen, glúteos e membros inferiores (SABINO, 2000; HANSEN; VAZ, 2004). Aliado a essa busca por um modelo de corpo desejado, foi manifestada uma preocupação com o alcance desse objetivo em um curto espaço de tempo, o que dificulta o trabalho, no ponto de vista dos professores:
Como ressalta Coelho Filho (2000/2001), os praticantes de exercícios nas academias, muitas das vezes, almejam resultados em curto prazo, normalmente para o verão, fato esse peculiar da região estudada - Rio de Janeiro. Coelho Filho (2000/2001) ainda afirma que, na medida do possível, os professores acabam se adaptando e correspondendo a esses anseios dos alunos. Na busca desse imediatismo no sentido de alcançar um corpo considerado ideal nas academias da Baixada Fluminense, emergiu uma realidade, aparentemente rotineira, em que o professor vivencia e lida no seu cotidiano com a grande procura dos alunos por recursos que acelerem os resultados provindos da atividade física:
A utilização de substâncias farmacológicas para emagrecimento ou fortalecimento, bem como as demais práticas de modificação corporal, como cirurgias estéticas etc, podem ser algumas das consequências de uma sensação de insatisfação com o próprio corpo ou ainda, de "incompletude do corpo" (LE BRETON, 2003). Para Wiefferink et al. (2008), os professores atuantes em academias deveriam ter algum tipo de formação específica para estarem preparados para dar suporte aos alunos a alcançarem seus objetivos sem o auxílio de recursos ilícitos como os anabolizantes. No caso do presente estudo, a afirmativa de Martins e Altmann (2007, p. 33) que "Os esteróides são normalmente adquiridos dentro das academias de ginástica, sendo, muitas vezes, o próprio instrutor quem estimula o aluno a consumir essas substâncias a fim de que se obtenha um melhor resultado", não ficou tão evidente nos achados. Ainda outro aspecto associado à orientação técnica é representado pela preocupação demonstrada pelos entrevistados em evitar ao máximo a ocorrência de lesões em seus alunos:
Para Palma et al. (2007), a Educação Física em diferentes âmbitos de atuação tem sido frequentemente associada à promoção de saúde, bem como a ideia de que exercícios físicos se relacionam com saúde de maneira simplista cresce na população em geral. É dever do profissional de Educação Física, conforme o Código de Ética dos Profissionais de Educação Física5 5 Mais especificamente, Capítulo III: Das Responsabilidades e Deveres, Art. 6º. (CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA 1ª REGIÃO, 2009). , oferecer orientação segura sobre a execução das atividades e exercícios recomendados. Desse modo, sugere-se que nas academias analisadas os professores estão constantemente atentos a qualquer aspecto que possa vulnerabilizar fisicamente os alunos, pois em caso de eventuais lesões, os objetivos não seriam alcançados, bem como a adesão seria prejudicada. Observou-se que a prescrição e correção de exercícios com foco na aparência corporal, bem como a preocupação com a integridade física sobressaíram no depoimento dos professores. No entanto, aliada a esse discurso, emerge a menção à saúde, o que merece olhar mais acurado. Em que pese o direcionamento do treinamento para a aquisição das formas corporais, ou para o delineamento do corpo design (LÜDORF, 2004), foi manifestada pelos professores a importância de ampliar o escopo das atividades desenvolvidas na academia, em busca de atributos como saúde, qualidade de vida e bem-estar do aluno. Desta maneira, a forma ideal (ou idealizada) do corpo não necessariamente seria um objetivo alcançado de imediato, mas resultado de um trabalho apropriado:
No ponto de vista de Toscano (2001), as academias de ginástica podem ser consideradas serviços de saúde preventiva, e deveriam assumir, juntamente com seus profissionais, seu papel perante a sociedade. O fato de emergir, na fala dos professores, a preocupação de não se prender restritamente ao discurso voltado para a estética, enraizado nas academias, pode ser considerada uma ampliação das possibilidades de intervenção do professor de Educação Física. Entretanto, cabe observar que, em alguns casos, os termos saúde e qualidade de vida, parecem ser empregados em um significado mais coloquial ou informal, associado à linguagem cotidiana:
De acordo com Seidl e Zannon (2004), há uma complexa trama social e um esforço acadêmico em tentar alcançar uma definição do que seriam saúde e qualidade de vida. Dessa maneira, o professor de Educação Física estaria passível de assumir nos seus discursos certo reducionismo quanto ao sentido expresso pelo uso do conceito de saúde, denotando, basicamente, não estar doente (PALMA, 2001). Mediante esse achado, parece que há uma compreensão de saúde, por parte dos professores, onde apenas a prática de atividade física poderia levar a este utópico "estado de saúde", desconsiderando outros fatores que o influenciariam, como, por exemplo, os aspectos políticos e econômicos da região em que vivem. É preciso, contudo, levar o contexto social em consideração ao se interpretar os sentidos de saúde, principalmente porque estes profissionais trabalham com a prática de atividades físicas em uma região que, a princípio, carece de condições básicas ou dignas de saúde. Conforme Souza (2002), a região da Baixada Fluminense apresenta condições precárias, principalmente pelo aumento do crescimento demográfico, incompatível com o desenvolvimento das condições de saúde, de habitação e de infraestrutura básica. Ao afirmarem que o exercício físico pode gerar saúde, os professores das academias parecem desconsiderar os (baixos) indicadores socioeconômicos da região da Baixada Fluminense, que influenciam diretamente nas condições de vida de seus residentes. Para os professores, a academia deve fornecer também um ambiente agradável, que proporcione diversão ao cotidiano dos alunos:
Sugere-se que tais benefícios apontados por alguns professores se coadunam com a perspectiva de alguns estudos da área (COELHO FILHO; VOTRE, 2010; MARCELLINO, 2003), quando afirmam que as academias chegam a ser consideradas como espaços de lazer, entretenimento e socialização. Mesmo que a saúde e a estética ainda sejam os principais atrativos oferecidos pelas academias, a introdução de aspectos associados a diversão e socialização contribuem fundamentalmente para um maior destaque das academias na sociedade, corroborando para dar maior apreço ao serviço prestado (FURTADO, 2008). CONCLUSÃO A partir da investigação realizada, foram identificadas algumas peculiaridades associadas ao trabalho dos professores e às academias de pequeno porte da Baixada Fluminense. Embora seja recorrente na literatura a associação entre o culto ao corpo e o Rio de Janeiro, ficou evidenciado que a diversidade cultural e o entorno da localidade fornecem elementos que permitem detectar nuances nesse discurso, à primeira vista homogeneizador. Os professores investigados direcionam a prática profissional prioritariamente a partir de orientações de caráter técnico com a preocupação de atender aos anseios do aluno e preservar a sua integridade física. Contudo, a demanda pelo resultado imediato e pela fragmentação do trabalho corporal, emerge de modo significativo como perspectivas do aluno ao procurar a academia. Esse aspecto, emoldurado pelas características da região estudada, como clima, hábitos de vestimenta, além das condições socioeconômicas e de saúde, até onde se pode verificar e guardadas as limitações do presente estudo, colaboram para uma prática laboral que privilegie a rotina de exercícios denominada de "malhação pesada", que envolve principalmente os treinamentos contra-resistidos, destinados a partes específicas do corpo. Ainda que na fala dos professores transpareça uma vinculação à saúde como elemento importante nas orientações direcionadas a esse público específico, foi detectada uma tensão entre o que seria ideal em nível de discurso e a realidade dos usuários que desejam resultados rápidos, valendo-se até mesmo de artifícios como suplementação ou uso de anabolizantes, práticas estas que foram relatadas serem comuns, a despeito de algumas serem ilícitas. Como se pode depreender, estudos realizados no âmbito das academias de ginástica podem fornecer elementos importantes para se compreender a diversidade e o contexto cultural no qual estão inseridas, fornecendo pistas de como ocorre o trato com o corpo e, principalmente, o trabalho dos profissionais de Educação Física atuantes nesse âmbito. Endereço para correspondência: Diego Costa Freitas Rua de Santana, 124, apt. 1008 Bairro Centro Rio de Janeiro-RJ CEP: 20230-261 Recebido: 15 abr. 2010 Aprovado:16 nov. 2010 Região periférica ao Grande Rio, composta por 13 municípios (SILVA, 2007). O roteiro da entrevista compreendia as seguintes questões: 1. Na sua opinião, que aspecto tem sido mais valorizado no corpo atualmente? 2. Diante das características mencionadas, como deve ser o trabalho do professor de Educação Física? 3. O que você considera de positivo e de negativo no atual culto ao corpo? 4. Você acha que interfere na visão que os alunos têm ou deveriam ter do corpo? De que maneira? 5. De que forma você trabalha com o corpo dos seus alunos? 6. Que aspectos você mais valoriza em relação ao seu próprio corpo? Os nomes das academias são fictícios. Os nomes das academias são fictícios. Mais especificamente, Capítulo III: Das Responsabilidades e Deveres, Art. 6º. (CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA 1ª REGIÃO, 2009).
Endereço para correspondência: Diego Costa Freitas Rua de Santana, 124, apt. 1008 Bairro Centro Rio de Janeiro-RJ CEP: 20230-261 1 Região periférica ao Grande Rio, composta por 13 municípios (SILVA, 2007). 2 O roteiro da entrevista compreendia as seguintes questões: 1. Na sua opinião, que aspecto tem sido mais valorizado no corpo atualmente? 2. Diante das características mencionadas, como deve ser o trabalho do professor de Educação Física? 3. O que você considera de positivo e de negativo no atual culto ao corpo? 4. Você acha que interfere na visão que os alunos têm ou deveriam ter do corpo? De que maneira? 5. De que forma você trabalha com o corpo dos seus alunos? 6. Que aspectos você mais valoriza em relação ao seu próprio corpo? 3 Os nomes das academias são fictícios. 4 Os nomes das academias são fictícios. 5 Mais especificamente, Capítulo III: Das Responsabilidades e Deveres, Art. 6º. (CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA 1ª REGIÃO, 2009). Datas de Publicação
Histórico
Por que escolhi a estética?O profissional de Estética e Cosmética está sempre atento às novidades do mundo da beleza. Ou seja, não basta ter apenas o diploma do curso, ele tem que se e se atualizar todos os dias com as novidades do mercado e as tecnologias. Além disso, o esteticista deve passar confiança e segurança no seu trabalho.
Qual a importância da estética da beleza na vida de uma pessoa?muito mais do que atuar na aparência, a estética cuida da pessoa. Os benefícios de tratamentos estéticos geram reflexos não só no aspecto físico, mas também trabalham o lado emocional e trazem mudanças na autoestima. Uma pessoa saudável é reluzente! Expressa o brilho do cuidado com seu maior patrimônio.
Como deve ser um centro de estética?Para a estrutura de um centro de estética estima-se ser necessária uma área com flexibilidade para ampliação conforme o desenvolvimento do negócio. O ambiente pode ser dividido em gabinetes individuais para atendimento, banheiros, recepção, sala de espera e escritório.
O que têm em um centro de estética?Uma clínica de estética é um estabelecimento comercial que oferece serviços voltados para tratamentos faciais e corporais.. limpeza de pele;. esfoliação facial;. drenagem linfática;. massagem relaxante;. massagem terapêutica.. |