Com que idade se deve deixar de tomar a pílula

O uso de pílulas anticoncepcionais é indicado, na maioria dos casos, para evitar a gravidez, mas se acompanhada por um médico ela tem diversos outros objetivos. Entenda!

A pílula anticoncepcional está associada a garotas com vida sexual ativa e que querem evitar uma possível gravidez, portanto, ela é indicada no momento que a menina inicia sua vida sexual. O ginecologista e chefe do setor de Saúde e Medicina Sexual da Faculdade de Medicina do ABC, Eliano Pellini, explica, no entanto, que garotas podem fazer seu uso desde a primeira menstruação.

“Os produtos lançados ultimamente, ou seja, anticoncepcionais mais modernos, possuem dose hormonal baixa e são indicados para adolescentes, podendo ser usados desde a menarca da garota, ou seja, da sua primeira menstruação”, explica Eliano. A pílula pode regular a menstruação, diminuir cólicas, combater sintomas da TPM e trazer diversos outros benefícios que meninas sem vida sexual ativa podem usufruir.

Converse com o seu ginecologista para entender se o método é ou não indicado para você e lembre-se sempre de que o preservativo é indispensável para, além de evitar a gravidez, impedir a propagação de doenças e infecções sexualmente transmissíveis.

Com que idade se deve deixar de tomar a pílula

A pílula é um método contracetivo muito eficaz, estando comprovada uma taxa de eficácia de 99%. No primeiro mês de toma, a eficácia é garantida se for iniciada no primeiro ou segundo dia da menstruação.

Cada comprimido contém hormonas sintéticas semelhantes às que são produzidas pelos ovários das mulheres, nomeadamente, o estrogénio e a progesterona.

Estas hormonas fazem com que os ovários fiquem em repouso e, por isso, inibem as ovulações. A mulher que toma a pílula fica assim sem período fértil e, como já referido, com uma altíssima taxa de probabilidade de não engravidar.

A pílula pode ser tomada por qualquer mulher em idade fértil, mas existem algumas situações em que se aconselha o uso de outros métodos contracetivos. Por isso, antes de iniciar a toma deste contracetivo, é aconselhável consultar um médico.
Tipos de pílula

As pílulas diferenciam-se umas das outras pela dosagem e pelo tipo de hormonas que as constituem. Cada pílula é dirigida a um público-alvo específico, tendo em conta a idade e a história clínica.

Existem pílulas orais combinadas que são compostas por estrogénios e progestagénios. Pode existir três tipos de categorias de pílulas: as que os comprimidos têm todas a mesma dosagem (monofásica), as que apresentam duas dosagens diferentes (bifásica) e as de comprimidos com três dosagens, que visam imitar o ciclo menstrual (trifásica).

Existe ainda a pílula contracetiva apenas constituída por progestagénios. São aconselhadas para mulheres que não podem ou não devem tomar estrogénios, nomeadamente, quando estão a amamentar.

Mitos a desvendar

  • Mulheres fumadoras podem tomar a pílula?

Sim e não. A pílula está contraindicada para mulheres com mais de 35 anos que fumem mais de 15 cigarros por dia. A toma da pílula contracetiva potencia os efeitos nocivos do tabaco no sistema cardiovascular, como o risco de trombose. Deve, por isso, mudar de método contracetivo ou deixar de fumar se estiver a tomar a pílula.

As fumadoras com menos de 35 anos e saudáveis podem utilizar a contraceção hormonal de baixa dosagem.

  • Há doenças que impedem a toma da pílula?

Sim, as situações clínicas mais comuns que se incompatibilizam com a pílula são antecedentes cardiovasculares, acidentes trombóticos, hipertensão arterial não controlada, diabetes com doença vascular, hepatite viral e os adenomas hepáticos.

Nestes casos, um bom substituto é o DIU de cobre ou a utilização de um método com progesterona (minipílula, dispositivo intra-uterino libertador de progesterona, implante libertador de progesterona).

  • A pílula protege contra doenças sexualmente transmissíveis?

Uma das desvantagens da pílula é a incapacidade para proteger a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis. A única alternativa é o uso de preservativo. Por ter uma proteção anticoncecional inferior à pílula, é aconselhável utilizá-lo associado a outro método e não de forma isolada.

  • A pílula começa a ser eficaz logo no início da toma?

A proteção contracetiva não é imediata, sendo necessários 7 dias consecutivos de toma para que a pílula atue com eficácia. Se tiver relações sexuais nessa altura, deve utilizar um outro método contracetivo como, por exemplo, o preservativo.

A pílula deve ser tomada, pela primeira vez, no primeiro ou segundo dia do período. Mas, se por alguma razão, decidir começar a tomar a pílula noutra altura do mês, pode fazê-lo após excluir uma gravidez.

  • A pílula interfere no desejo sexual?

A pílula atua ao nível da produção hormonal, podendo interferir na libido. No entanto, este efeito não está totalmente comprovado e é muito variável de mulher para mulher. O dispositivo intrauterino acaba por se uma boa opção alternativa já que não tem efeitos hormonais.

  • A pílula diminui as dores menstruais?

Os contracetivos hormonais não só ajudam a reduzir as dores menstruais, como o acne, o fluxo menstrual como ajudam a regularizar o ciclo. A toma da pílula está também associada a menor ocorrência de quistos no ovário, de gravidez ectópica e doença benigna da mama. Estudos referem ainda uma menor incidência de cancro do ovário, do útero e colorretal.

  • A toma de pílula afeta o peso?

Não existem evidências científicas que relacionem a contraceção hormonal com o aumento de peso com as dosagens hormonais atuais.

  • As alterações de humor estão associadas à toma da pílula?

Nos primeiros meses de contraceção hormonal, habitualmente nos primeiros três meses, pode haver alterações de humor e dores de cabeça associadas à toma da pílula. Passado este tempo, geralmente estes sintomas desaparecem. Mas, naturalmente, é importante excluir-se outras patologias como hipertensão ou síndrome depressiva.

  • As hemorragias são normais durante a toma da pílula?

Durante os três primeiros meses de utilização da pílula, é frequente aparecerem pequenas hemorragias, fora dos dias de pausa. Estas hemorragias, geralmente de pouca intensidade, são chamadas de “spotting” e, normalmente, desaparecem espontaneamente.

As hemorragias são uma forma de o organismo reagir e se adaptar à toma da pílula. A eficácia da pílula não fica comprometida quando há perdas de sangue.

Se continuar com “spotting” para além dos 3 meses, é aconselhável recorrer a um profissional de saúde, pois pode ser necessário mudar a marca de pílula. No entanto, não pare a toma da pílula enquanto aguarda a consulta.

Início da toma da pílula

A toma da pílula deve ser feita após aconselhamento médico.

A pílula deve ser tomada sempre à mesma hora, sem mastigar. Para criar uma rotina na sua toma, a mulher pode escolher associá-la a algo que faça diariamente mais ou menos à mesma hora.

Pílula e outros medicamentos

É importante comunicar ao profissional de saúde que está a tomar a pílula, a fim de verificar a interação medicamentosa.

Também pode ligar para a Sexualidade em Linha (800 222 003) ou perguntar numa farmácia se existe ou não interação e quais as precauções ou cuidados adicionais que deve ter.

Pílula e esquecimentos

Se existe o esquecimento de um único comprimido e se o atraso for inferior a 24 horas, deve tomar o comprimido assim que der conta do esquecimento e continuar a tomar a pílula normalmente, tomando o comprimido seguinte à hora habitual.

O esquecimento ou falha de um comprimido não compromete a eficácia da pílula, independentemente da semana em que ocorre.

Se existe o esquecimento de dois ou mais comprimidos, a eficácia da pílula fica comprometida e os procedimentos devem ter em conta a semana em que ocorrem. Se ocorrerem na primeira semana, deve tomar os comprimidos esquecidos e ter em atenção se existiram relações sexuais nos 3 dias anteriores.

Se for o caso, deve ponderar recorrer à contraceção de emergência e continuar a tomar a pílula normalmente. Para além disso, deve utilizar proteção adicional (preservativo) nos 7 dias seguintes.

Se os esquecimentos tiverem lugar na segunda semana, deve prosseguir a toma da embalagem e usar proteção adicional nos 7 dias seguintes.

Se os esquecimentos acontecerem na terceira semana deve terminar a embalagem e iniciar outra sem fazer pausa, assim como usar contraceção adicional nos 7 dias seguintes.

Pílula e vómitos

Se acontecerem passado menos de 4 horas relativamente à hora da toma deve tomar outro comprimido. Continue com a toma da embalagem à hora habitual. Assim, manter-se-á a proteção contracetiva. Caso não tome outro comprimido devido a mal-estar intenso, esta situação é semelhante a um comprimido esquecido.

Se passaram mais de 4 horas relativamente à hora da toma houve tempo suficiente para o comprimido ser absorvido, por isso, a eficácia contracetiva está assegurada e continua protegida relativamente a uma gravidez. Deve continuar a tomar a pílula como habitualmente.

Pílula e diarreias

Só interferem na absorção da pílula se acontecerem após 4 horas relativamente à toma. E caso sejam inequivocamente diarreias líquidas e persistentes (cinco ou mais episódios num mesmo dia):

Se possível, tomar outro comprimido e continuar a toma da embalagem da mesma forma e à hora habitual. Assim, manter-se-á a proteção contracetiva. Caso não tome outro comprimido devido a mal-estar intenso, esta situação é semelhante a um comprimido esquecido.

Quais as vantagens?

Para além do elevado grau de segurança na prevenção da gravidez, a pílula apresenta as seguintes vantagens:

  • Pode regularizar os ciclos menstruais;
  • Melhora a tensão pré-menstrual e a dismenorreia;
  • Não afeta a fertilidade;
  • Diminui o risco de Doença Inflamatória Pélvica (DIP);
  • Reduz em 50% o risco de cancro do ovário e do endométrio;
  • Diminui a incidência de quistos funcionais do ovário e a doença poliquística.

E quais as desvantagens?

  • Algumas mulheres têm dificuldade em fazer a toma diária e regular da pílula;
  • Não protege contra as Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST).

Contraindicações

A pílula está contraindicada em situações de:

  • Gravidez;
  • Neoplasia hormono dependente;
  • Hemorragia genital anormal sem diagnóstico conclusivo;
  • Tumor hepático ou doença hepática crónica;
  • Icterícia colestática na gravidez;
  • Riscos de AVC, doença arterial cerebral ou coronária; e
  • Mulheres como mais de 35 anos e fumadoras.

São consideradas contraindicações relativas, se a mulher:

  • Sofrer de diabetes mellitus;
  • Sofrer de hipertensão ou hiperlipidémia;
  • Sofrer de depressão grave, epilepsia, cefaleia grave; e
  • Tiver varizes acentuadas.

Efeitos secundários (de ambos):

  • Náuseas e vómitos;
  • Alteração de peso;
  • Mastodínia – alteração da tensão e sensibilidade mamária;
  • Alteração do fluxo menstrual
  • Spotting – perdas de sangue ao longo dos primeiros ciclos de utilização da pílula.

*Os conteúdos são informativos e não pretendem substituir pareceres de cariz profissional e científico.

Qual a melhor idade para parar de tomar anticoncepcional?

Mulheres saudáveis podem utilizar a anticoncepção hormonal até os 50 anos de idade, época em que deve ser descontinuado e trocado por outro método até 1 ano após a suspensão da menstruação.

Qual melhor anticoncepcional depois dos 45 anos?

Desses contraceptivos, os mais indicados na hora de decidir qual anticoncepcional tomar depois dos 40 anos é o DIU ou o Implanon, visto que não possuem estrogênio como mecanismo de ação.

Pode tomar anticoncepcional depois dos 50 anos?

Em tese não há limite de idade em que a mulher possa tomar a pílula anticoncepcional. Pode tomar até os 50 anos e até mais.

É perigoso tomar anticoncepcional depois dos 40 anos?

O uso de contraceptivos hormonais em mulheres mais jovens vem com um baixo risco de complicações graves. No entanto, quanto mais tempo as usar e quanto mais velho, estes riscos tornam-se mais prevalecentes, especialmente se estiver a usar uma pílula anticoncepcional oral combinada.