Como a humanidade deve agir para proteger o meio ambiente nas regiões polares

A adoção do Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio em 16 de setembro de 1987 marcou um ponto de inflexão na história ambiental. Também mostrou que quando a ciência e a vontade política unem forças, os resultados podem mudar o mundo.

"Diante de uma tripla crise planetária – clima, natureza e poluição – o Protocolo de Montreal é um dos melhores exemplos que temos do resultado positivo e poderoso do multilateralismo", disse Meg Seki, Secretária Executiva do Secretariado do Ozônio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). "Quando a ciência sólida é a base da ação universal, podemos superar o que pode parecer desafios ambientais globais intransponíveis".

Políticas baseadas na ciência

A notável história da batalha para salvar a camada de ozônio começa com a ciência.

Em meados dos anos 70, cientistas advertiram que produtos químicos fabricados pelo ser humano em produtos do cotidiano como aerossóis, espumas, refrigeradores e aparelhos de ar-condicionado estavam danificando a camada de ozônio. Naquela época, a escala do problema ainda não era conhecida. Porém, em 1985, foi confirmado um buraco na camada de ozônio sobre a Antártica. O escudo solar natural do mundo, que protege pessoas, plantas, animais e ecossistemas da excessiva radiação ultravioleta, havia sido rompido.

De repente, foi descoberto um um futuro arruinado por doenças como câncer de pele e catarata, plantas e colheitas destruídas e ecossistemas danificados. Não havia tempo a perder. Os cientistas haviam lançado o alarme e o mundo ouviu.

Em 1985, os governos adotaram a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio, que forneceu o quadro base para o Protocolo de Montreal, com a finalidade de eliminar gradualmente as substâncias que danificam a camada de ozônio, incluindo os clorofluorcarbonos (CFC). O Protocolo entrou em vigor em 1989 e, em 2008, foi o primeiro e único acordo ambiental da ONU a ser ratificado por todos os países do mundo.

O PNUMA desempenhou um papel fundamental nesse processo de sucesso. Ele intermediou a Convenção de Viena e, desde 1991, tem sediado o Secretariado do Ozônio em Nairóbi, Quênia.

Recuperação

Os resultados têm sido impressionantes. Cerca de 99% das substâncias que destroem a camada de ozônio foram gradualmente eliminadas e a camada protetora sobre a Terra está sendo restaurada. Espera-se que o buraco da camada de ozônio na Antártida feche até 2060, enquanto outras regiões retornarão aos valores anteriores aos anos 80, ainda mais cedo. A cada ano, estima-se que dois milhões de pessoas são salvas do câncer de pele e há ainda benefícios mais amplos, já que muitos dos gases que danificam a camada de ozônio também aumentam a temperatura global.

Um estudo recente mostrou que sem a proibição dos CFCs pelo Protocolo de Montreal, teria sido armazenado menos carbono nas plantas, vegetação e solo; o que poderia ter levado a um aquecimento global adicional de 0,5-1,0 ºC.

"Diante de uma tripla crise planetária – clima, natureza e poluição – o Protocolo de Montreal é um dos melhores exemplos que temos do resultado positivo e poderoso do multilateralismo".

Meg Seki, Secretária Executiva da Secretariado de Ozônio do PNUMA.

Embora a adoção do Protocolo de Montreal tenha marcado um momento crítico, não foi uma solução única. O trabalho continua, com os cientistas ainda fornecendo os principais caminhos de ação.

O Protocolo de Montreal é apoiado por três painéis de avaliação científica, que informam os formuladores de políticas. Por exemplo, esses painéis alertaram sobre o aumento inesperado das emissões de triclorofluorometano destruidor da camada de ozônio (CFC-11) nos últimos anos, devido à produção ilegal.

A reunião mais recente de gerentes de pesquisa de ozônio destacou a necessidade de permanecermos vigilantes.

Embora um tremendo progresso tenha sido feito, o buraco na camada de ozônio levará décadas para cicatrizar, e somente se houver um cumprimento total e contínuo do Protocolo de Montreal. Também precisamos continuar monitorando a atmosfera, mesmo para substâncias supostamente proibidas, como o CFC-11, e para os possíveis efeitos que o aumento da temperatura superficial nas regiões polares pode ter sobre o ozônio estratosférico.

Novos riscos

O Protocolo de Montreal foi atualizado para lidar com novos riscos. Em 2016, a Emenda Kigali foi adotada para reduzir os hidrofluorcarbonos (HFC), gases de efeito estufa potentes frequentemente usados como substitutos para substâncias destruidoras da camada de ozônio proibidas em refrigeradores e aparelhos de ar condicionado. Com a demanda por esses produtos químicos aumentando, os especialistas dizem que é mais urgente do que nunca que os países ratifiquem a emenda.

“Ratificar a Emenda Kigali será fundamental na luta contra a mudança climática”, disse Seki. "Isso incentiva países a reduzir os HFC, que por sua vez podem melhorar os sistemas de resfriamento, tornando-os mais sustentáveis, amigos do meio ambiente e do ozônio".

Até o momento, a Emenda Kigali, que entrou em vigor em 2019, foi ratificada por 123 países. Ela incentiva o desenvolvimento e o uso de tecnologias de resfriamento com maior eficiência energética. A adoção de refrigeradores alternativos com baixo potencial de aquecimento global poderia dobrar os benefícios climáticos da Emenda, de acordo com avaliações científicas recentes. 

Melhorar as cadeias de frio para reduzir a perda de alimentos e para um manuseio mais seguro das vacinas está no centro da campanha de 2021 para o Dia Mundial do Ozônio, comemorado em 16 de setembro. O tema deste ano é o Protocolo de Montreal: Keeping us, our food and vaccines cool (Mantendo nossa refrigeração, de nossos alimentos e vacinas, em tradução livre). 

Related

Como a humanidade deve agir para proteger o meio ambiente nas regiões polares

Como a humanidade deve agir para proteger o meio ambiente nas regiões polares

O PNUMA também lidera a Cool Coalition – um esforço conjunto de mais de 100 governos, cidades, empresas, organizações de desenvolvimento e grupos da sociedade civil, que apoia os países e a indústria na tomada de medidas para enfrentar a demanda crescente de resfriamento, ao mesmo tempo que contribui para o Acordo de Paris, o Protocolo de Montreal e a Agenda 2030. Junto com seus parceiros, a Cool Coalition promove a defesa, o conhecimento e a ação para acelerar a transição global para um resfriamento eficiente e amigo do clima. Um projeto de demonstração chamado Prāṇa está em andamento para apoiar cadeias de frio sustentáveis para a cadeia de abastecimento agrícola e de vacinas no distrito de Villupuram, Tamil Nadu, Índia.

Educar a próxima geração

Em janeiro, o Secretariado de Ozônio lançou o “Reset Earth”, uma plataforma educacional inovadora para adolescentes sobre o papel da camada de ozônio e o Protocolo de Montreal.

A plataforma inclui um filme de animação que imagina o que teria acontecido se a camada de ozônio não tivesse sido salva. Três adolescentes, cujas vidas são prejudicadas pelos raios ultravioletas do sol, devem viajar no tempo para garantir que o Protocolo seja assinado. Um jogo para Android e iOS foi desenvolvido em paralelo e segue o mesmo enredo, com os jogadores avançando por vários níveis trabalhando juntos.

O Secretariado do Ozônio também está se preparando para lançar o portal educacional Reset Earth, com kits de ferramentas e livros de exercícios para professores em janeiro de 2022.

“A proteção da camada de ozônio é nosso compromisso e nossa responsabilidade de longo prazo. Cada geração deve assumir o bastão para garantir a sobrevivência contínua do escudo protetor do nosso planeta. Ensinar a próxima geração sobre o Protocolo de Montreal capacita-os com o conhecimento de que os desafios ambientais podem ser superados se ouvirmos a ciência e trabalharmos juntos ”, disse Andrea Hinwood, cientista-chefe do PNUMA.

Esta matéria faz parte de uma série sobre o 50º aniversário do PNUMA. Para outros artigos e uma linha do tempo de marcos ambientais durante o último meio século, visite nossa seção UNEP@50

O Protocolo de Montreal

O Protocolo de Montreal é um acordo global para proteger a camada de ozônio da Terra, eliminando gradualmente os produtos químicos que a empobrecem. O acordo entrou em vigor em 1989 e é um dos acordos ambientais globais de maior sucesso. Graças ao esforço colaborativo de nações ao redor do mundo, a camada de ozônio está se recuperando e muitos benefícios ambientais e econômicos foram alcançados.

Quais medidas devem ser tomadas para proteger o ambiente das regiões polares?

Resposta. Diminuindo o aquecimento global, o efeito estufa, o desmatamento, a emissão de gases etc, ou seja, para que as regiões polares sejam preservadas é necessário medidas de manutenção do equilíbrio global, para que tanto as grades quanto as pequenas geleiras não continuem a derreter em um ritmo tão acelerado.

Qual a importância das regiões polares no clima da Terra?

Região Polar Ártica As áreas polares recebem menor incidência de luz solar, por isso não sofrem bruscas modificações de temperatura no decorrer dos meses do ano.

Como é a vida nas regiões polares?

As atividades humanas nas regiões de clima polar estão essencialmente limitadas à costa e às regiões de menores latitudes. Na Groenlândia, norte do Canadá e do Alasca, vivem os esquimós. Durante o inverno, eles vivem em iglus. Sua alimentação é derivada de peixes, focas, morsas e ursos-polares.

Por que as regiões polares são tão importantes?

As regiões polares são importantes para a dinâmica climáticas do planeta porque mantém o equilíbrio climático, colaboram para a circulação das massas de ar e com as correntes oceânicas, sendo que gases poluentes acabam indo para os polos.