Os textos narrativos são aqueles que se caracterizam estruturalmente pela narração de acontecimentos reais ou ficcionais. Nos textos desse tipo, são narrados acontecimentos, histórias ou situações, fictícias ou verídicas, em ordem cronológica ou não. Nesses textos, são apresentadas personagens que se relacionam com os fatos, narrados em tempos e em espaços específicos. Show Entre os textos narrativos, encontramos diferentes gêneros que priorizam um ou outro elemento narrativo em sua construção. Mesmo que não seja uma fórmula textual rígida, os diferentes textos narrativos geralmente apresentam-se de acordo com a seguinte estruturação: introdução, desenvolvimento e desfecho. Leia também: Tipos textuais — o conjunto de estruturas que possibilitam a construção de textos diversos Tópicos deste artigo
Resumo sobre textos narrativos
Elementos do texto narrativoOs textos narrativos costumamser construídos conforme os seguintes elementos textuais:
Muitos textos narrativos apresentam esses elementos em sua composição, mas eles não são imprescindíveis. Mesmo que seja possível produzir textos com todos esses elementos, eles aparecerão em textos narrativos conforme o estilo e o objetivo do autor. Os únicos elementos imprescindíveis ao texto narrativo são as personagens e o enredo, pois para que exista narração, é necessário que exista quem protagonize acontecimentos.
O espaço se refere ao local onde a narrativa se desenrola. Os acontecimentos podem ser ambientados em um ambiente físico, social ou até mesmo psicológico.
O tempo se refere à duração da ação e ao desenrolar dos acontecimentos, podendo ser cronológico ou psicológico. Quando cronológico, a sucessão dos acontecimentos é expressa pelas horas, dias, anos, décadas etc. Já o tempo psicológico se refere às vivências subjetivas e/ou às lembranças das personagens. Nesses casos, a narração dos acontecimentos narrativos depende de suas experiências subjetivas. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
Os acontecimentos vivenciados pelas personagens queocorrem no tempo e no espaço narrativo são nomeados enredo. São esses acontecimentos que tramam o destino das personagens na narrativa.
É com as personagens que o texto narrativo se desenrola, pois são elas quem agem na história ou são afetadas pelo enredo. As personagens podem ser caracterizadas por suas características físicas e psicológicas, além de serem tipificadas como personagens principais (protagonista e antagonista) ou secundárias (coadjuvantes).
O narrador é o elemento narrativo responsável pela narração. É ele quem conta a história. Não há apenas um tipo de narrador, e ele pode ser classificado em:
O narrador personagem aparece quando o texto é narrado em 1ª pessoa, sendo o narrador um dos personagens, participando dos fatos. Já o narrador observador apenas conhece e relata os fatos, sem qualquer participação, narrando em 3ª pessoa. Por fim, o narrador onisciente é caracterizado por conhecer em detalhes as personagens, seus pensamentos e suas intenções, sendo o texto narrado em 3ª pessoa.
O elemento modo diz respeito ao detalhamento dos meios que possibilitam os acontecimentos na narrativa, evidenciando como foi possível que encadeamentos de fatos e ações determinassem o resultado da narrativa. O motivo se destaca como o porquê das ações que acontecem em uma narrativa. Por último, há o resultado como elemento que se ocupa de evidenciar as consequências das ações tomadas ou sofridas pelas personagens nos textos narrativos. → Videoaula sobre os elementos da narrativaOs textos narrativos podem ser estruturados conforme as seguintes partes:
Leia também: Técnicas de estrutura da narrativa Exemplos de textos narrativosHá diversos gêneros textuais sob o tipo textual narrativo. Dentre eles, se destacam o conto, a fábula, o romance, a novela e a crônica. Veja abaixo um exemplo de texto narrativo. O ALIENISTA Machado de Assis CAPÍTULO I – DE COMO ITAGUAÍ GANHOU UMA CASA DE ORATES As crônicas da vila de Itaguaí dizem que em tempos remotos vivera ali um certo médico, o Dr. Simão Bacamarte, filho da nobreza da terra e o maior dos médicos do Brasil, de Portugal e das Espanhas. Estudara em Coimbra e Pádua. Aos trinta e quatro anos regressou ao Brasil, não podendo el-rei alcançar dele que ficasse em Coimbra, regendo a universidade, ou em Lisboa, expedindo os negócios da monarquia. — A ciência, disse ele a Sua Majestade, é o meu emprego único; Itaguaí é o meu universo. Dito isso, meteu-se em Itaguaí, e entregou-se de corpo e alma ao estudo da ciência, alternando as curas com as leituras, e demonstrando os teoremas com cataplasmas. Aos quarenta anos casou com D. Evarista da Costa e Mascarenhas, senhora de vinte e cinco anos, viúva de um juiz de fora, e não bonita nem simpática. Um dos tios dele, caçador de pacas perante o Eterno, e não menos franco, admirou-se de semelhante escolha e disse-lho. Simão Bacamarte explicou-lhe que D. Evarista reunia condições fisiológicas e anatômicas de primeira ordem, digeria com facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelente vista; estava assim apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes. Se além dessas prendas, — únicas dignas da preocupação de um sábio, — D. Evarista era mal composta de feições, longe de lastimá-lo, agradecia-o a Deus, porquanto não corria o risco de preterir os interesses da ciência na contemplação exclusiva, miúda e vulgar da consorte. D. Evarista mentiu às esperanças do Dr. Bacamarte, não lhe deu filhos robustos nem mofinos. A índole natural da ciência é a longanimidade; o nosso médico esperou três anos, depois quatro, depois cinco. Ao cabo desse tempo fez um estudo profundo da matéria, releu todos os escritores árabes e outros, que trouxera para Itaguaí, enviou consultas às universidades italianas e alemãs, e acabou por aconselhar à mulher um regímen alimentício especial. A ilustre dama, nutrida exclusivamente com a bela carne de porco de Itaguaí, não atendeu às admoestações do esposo; e à sua resistência, — explicável, mas inqualificável, — devemos a total extinção da dinastia dos Bacamartes. Mas a ciência tem o inefável dom de curar todas as mágoas; o nosso médico mergulhou inteiramente no estudo e na prática da medicina. Foi então que um dos recantos desta lhe chamou especialmente a atenção, — o recanto psíquico, o exame de patologia cerebral. Não havia na colônia, e ainda no reino, uma só autoridade em semelhante matéria, mal explorada, ou quase inexplorada. Simão Bacamarte compreendeu que a ciência lusitana, e particularmente a brasileira, podia cobrir-se de “louros imarcescíveis”, — expressão usada por ele mesmo, mas em um arroubo de intimidade doméstica; exteriormente era modesto, segundo convém aos sabedores. [...]
Veja outro exemplo de texto narrativo, agora o trecho de um romance: Recordações do Escrivão Isaías Caminha Lima Barreto I A tristeza, a compreensão e a desigualdade de nível mental do meu meio familiar, agiram sobre mim de modo curioso: deram-me anseios de inteligência. Meu pai, que era fortemente inteligente e ilustrado, em começo, na minha primeira infância, estimulou-me pela obscuridade de suas exortações. Eu não tinha ainda entrado para o colégio, quando uma vez me disse: Você sabe que nasceu quando Napoleão ganhou a batalha de Marengo? Arregalei os olhos e perguntei: quem era Napoleão? Um grande homem, um grande general... E não disse mais nada. Encostou-se à cadeira e continuou a ler o livro. Afastei-me sem entrar na significação de suas palavras; contudo, a entonação de voz, o gesto e o olhar ficaram-me eternamente. Um grande homem!... O espetáculo do saber de meu pai, realçado pela ignorância de minha mãe e de outros parentes dela, surgiu aos meus olhos de criança, como um deslumbramento. Pareceu-me então que aquela sua faculdade de explicar tudo, aquele seu desembaraço de linguagem, a sua capacidade de ler línguas diversas e compreendê-las constituíam, não só uma razão de ser de felicidade, de abundância e riqueza, mas também um título para o superior respeito dos homens e para a superior consideração de toda a gente. Sabendo, ficávamos de alguma maneira sagrados, deificados... Se minha mãe me parecia triste e humilde — pensava eu naquele tempo — era porque não sabia, como meu pai, dizer os nomes das estrelas do céu e explicar a natureza da chuva… Foi com estes sentimentos que entrei para o curso primário. Dediquei-me açodadamente ao estudo. Brilhei, e com o tempo foram-se desdobrando as minhas primitivas noções sobre o saber. Acentuaram-se-me tendências; pus-me a colimar glórias extraordinárias, sem lhes avaliar ao certo a significação e a utilidade. Houve na minha alma um tumultuar de desejos, de aspirações indefinidas. Para mim era como se o mundo me estivesse esperando para continuar a evoluir… Ouvia uma tentadora sibila falar-me, a toda a hora e a todo o instante, na minha glória futura. Agia desordenadamente e sentia a incoerência dos meus atos, mas esperava que o preenchimento final do meu destino me explicasse cabalmente. Veio-me a pose, a necessidade de ser diferente. Relaxei-me no vestuário e era preciso que minha mãe me repreendesse para que eu fosse mais zeloso. Fugia aos brinquedos, evitava os grandes grupos, punha-me só com um ou dois, à parte, no recreio do colégio; lá vinha um dia, porém, que brincava doidamente, apaixonadamente. Causava com isso espanto aos camaradas: Oh! O Isaías brincando! Vai chover... A minha energia no estudo não diminuiu com os anos, como era de esperar; cresceu sempre progressivamente. A professora admirou-me e começou a simpatizar comigo. De si para si (suspeito eu hoje), ela imaginou que lhe passava pelas mãos um gênio. Correspondi-lhe à afeição com tanta força d’alma, que tive ciúmes dela, dos seus olhos azuis e dos seus cabelos castanhos, quando se casou. Tinha eu então dois anos de escola e doze de idade. Daí a um ano, saí do colégio, dando-me ela, como recordação, um exemplar do Poder da Vontade, luxuosamente encadernado, com uma dedicatória afetuosa e lisonjeira. Foi o meu livro de cabeceira. Li-o sempre com mão diurna e noturna, durante o meu curso secundário, de cujos professores, poucas recordações importantes conservo hoje. Eram banais! Nenhum deles tinha os olhos azuis de Dona Ester, tão meigos e transcendentes que pareciam ler o meu destino, beijando as páginas em que estava escrito! [...]
Por Elivelto Cardoso e Silva Qual é a característica de um texto narrativo?Texto narrativo é um tipo de texto que esboça as ações de personagens num determinado tempo e espaço. Geralmente, ele é escrito em prosa e nele são narrados (contados) alguns fatos e acontecimentos. Alguns exemplos de textos narrativos são: romance, novela, conto, crônica e fábula.
Como identificar se o texto e narrativo?O texto narrativo é aquele em que se conta uma história, seja ela real ou fictícia. Seus elementos básicos são espaço, tempo e personagem. Outra característica importante da narrativa é a presença de uma voz que conta a história: o narrador. O romance, o conto, a crônica e a fábula são exemplos de gêneros narrativos.
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