Luta de gladiadores Pão e Circo

Para que a situação da exclusão e desigualdade social não acabasse em revoltas, a administração imperial de Roma estabeleceu a “política do pão e circo”.

Luta de gladiadores Pão e Circo
O “pão e circo” não se limitava simplesmente ao controle da população plebéia.

No processo de formação do Império Romano, observamos que uma nova ordem política fora desenvolvida pela ação de Otávio Augusto. Ao mesmo tempo em que as decisões ficariam centralizadas nas mãos do imperador, notamos que esse novo regime também buscava apoio de outras parcelas da elite presentes na sociedade romana. De tal modo, os grandes proprietários de terra e comerciantes passaram a ter presença no Senado e em diversos cargos públicos romanos.

Com o passar do tempo, vemos que a hegemonia das elites na ocupação dos cargos públicos e políticos romanos tiveram um claro efeito na economia e na sociedade daqueles tempos. Proprietários de terra e comerciantes ampliaram os seus poderes com a aquisição de novas terras, a compra de escravos e o alcance de privilégios de ordem diversa. Em contrapartida, os cidadãos mais pobres e os plebeus acabavam sendo excluídos desse processo de crescimento e tendo grandes dificuldades para sobreviver.

Para que essa situação de exclusão e desigualdade não acabasse determinando a realização de revoltas, a administração imperial decidiu estabelecer a chamada “política do pão e circo”. Nessa medida, o governo de Roma realizava grandes espetáculos, nos quais a população plebeia gastava parte de seu tempo assistindo a disputas esportivas e a lutas entre os gladiadores. Durante a mesma ocasião, alimentos e trigo eram fartamente distribuídos para a população menos favorecida.

Ao longo do tempo, acreditava-se que o “pão e circo” foi uma tática que conseguiu subverter as diferenças sociais e econômicas por meio do assistencialismo. Em diversos textos contemporâneos observamos que a instituição do “pão e circo” foi utilizada no intuito de criticar ações governamentais em que os menos favorecidos eram ludibriados com a concessão de favores e diversão. Propondo esse tipo de uso, acaba-se tendo a impressão de que o “pão e circo” romano retinha a insatisfação dos plebeus.

Na verdade, “o pão e circo” romano não atingia a totalidade da população de Roma, que, na época, tinha mais de um milhão de habitantes. Uma pequena parte dessa população pobre tinha direito aos benefícios do Estado, e nem todos os plebeus tinham como acessar as arenas onde os espetáculos aconteciam. Além disso, as arenas também funcionavam como um espaço em que os plebeus manifestavam a sua insatisfação com relação ao preço dos alimentos e à cobrança de impostos.

Por: Rainer Sousa

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Pão e circo foi uma política pública desenvolvida durante o Império Romano, como forma de distrair a sociedade dos problemas sociais.

O Império Romano passou por fases bem demarcadas enquanto esteve no auge. No primeiro momento, a forma de governo era baseada no modelo republicano, com Júlio César no poder. Em seguida, o império realmente se consolidou com Caio Otávio, conhecido como Augusto. O momento de transição foi marcado por crises diversas e, para resolver os perrengues do período, foi implementada a política do Pão e circo.

A política nada mais era que uma forma de distrair a sociedade romana dos problemas sociais. Ou seja, com a expansão do Império Romano, Roma se tornou uma das cidades mais importantes e ricas. Assim, todos os acontecimentos políticos, culturais e sociais aconteciam na cidade. Dessa forma, era comum que pessoas de outras regiões buscassem a cidade como forma de melhorar de vida.

Nesse sentido, as desigualdades sociais eram evidentes. Pessoas humildes, em busca de melhores condições econômicas, se espremiam em lugares sem – ou com quase nada – saneamento básico, espaços minúsculos e habitações com conforto mínimo. Além disso, era comum que essas pessoas fossem exploradas em trabalhos braçais e sem rendimento financeiro.

Mas, afinal, o que realmente foi a político do Pão e circo? Vamos descobrir!

Pão e circo no Império Romano

O primeiro imperador de Roma foi Otávio Augusto, conhecido como Otaviano. A princípio, o sistema de impérios veio para substituir a República Romana. Dessa forma, começou a transição do modelo republicano para a consolidação do Império Romano, onde a figura do imperador era apoiada pelo Senado.

Luta de gladiadores Pão e Circo
Império Romano

Como primeiro imperador, Augusto ficou incumbido da missão de amenizar as crises que surgiam por conta do momento de mudanças. Afinal, com a expansão do império, Roma se tornou a cidade mais procurada por aqueles que queriam mudar de vida. Isso porque a região era o centro dos acontecimentos políticos, econômicos e culturais.

Nesse sentido, com a vinda de diversas pessoas das regiões próximas a Roma, a cidade começou sofrer com super lotação, principalmente nas parte mais vulneráveis da cidade. Ou seja, eram pessoas humildes que se abrigavam em lugares com conforto mínimo, quase não tinham saneamento básico e trabalhavam várias horas por dia para receber migalhas financeiras.

Apaziguando a sociedade romana

A falta de estrutura era propícia para que revoltas sociais acontecessem. Assim, a fim de evitar que a sociedade se rebelasse, Otávio Augusto foi responsável por criar uma política pública que fizesse as desigualdades sociais serem amenizadas e, até mesmo, esquecidas por alguns instantes.

A medida adotada pelo imperador foi distribuir pão e cereais, além de promover eventos, como lutas, apresentações culturais, etc. Por isso, o nome política do Pão e circo. Os eventos aconteciam, principalmente, em arenas, construídas a mando das autoridades. Em geral, as pessoas assistiam espetáculos de lutas entre gladiadores e animais.

Luta de gladiadores Pão e Circo
Plebe romana

Além disso, era comum apresentações culturais de bandas, espetáculos com palhaços e artistas de teatro. Corridas de bigas, acrobacias, quadrigas e corridas de cavalo também aconteciam nas arenas.

Assim, enquanto a sociedade se divertia nos espetáculos, recebiam pão e cereais para matar a fome. A distribuição de alimento também ocorria de forma mensal, no chamado Pórtico de Minucius.

Vale lembrar que, durante a consolidação do Império Romano, a sociedade era dividia em três classes principais. A primeira, chamada de Senatorial, era formada por senadores e pessoas ligadas ao império; a Equestre era a classe social da nobreza e dos comerciantes, enquanto a Plebe era formada por trabalhadores e camponeses.

Política do entretenimento

Em síntese, a crise na transição da República Romana para o sistema de impérios fez surgir políticas públicas, como a política do Pão e circo. O termo vem do latim, panem et circenses, e representava a forma que as autoridades encontraram para distrair a sociedade romana do caos social e das crises.

Dessa forma, o imperador promovia apresentações culturais nas arenas, lutas grandiosas e eventos esportivos. Além disso, a plebe era beneficiada com banquetes, além da distribuição de pães e trigo que ocorria de forma mensal, como já dissemos. Nesse sentido, os governantes distraiam a sociedade com entretenimento e comida.

Luta de gladiadores Pão e Circo
Representação de luta entre gladiadores

Distraída com os eventos promovidos pelo império, a sociedade romana – principalmente a plebe – , se esquecia dos problemas sociais que assolavam a cidade. Além do mais, a estratégia política era uma forma de evitar que a sociedade se rebelasse contra o governo, promovendo levantes e manifestações. Outro ponto era a popularidade do imperador, que aumenta de forma considerável com as regalias promovidas.

A política do Pão e circo funcionou por muito tempo e foi utilizada até a decadência do império. Assim, quando o Império Romano começou a entrar em crise, no período do Baixo Império (284 – 476), a política do entretenimento se tornou insustentável. Além do desinteresse da sociedade em continuar assistindo aos eventos violentos, o império não possuía recursos para manter a oferta de comida e apresentações artísticas.

Pão e circo no Brasil

De forma geral, a política do Pão e circo é classificada como qualquer estratégia utilizada por governantes como forma de distrair a sociedade. Neste caso, a distração é aceita de forma consciente ou inconsciente, dependendo da situação. Em todos os casos, o principal objetivo da política do Pão e circo é desviar o olhar da sociedade dos problemas sociais.

Na ciência política, existem outros termos que são utilizados para designar essas “regalias” oferecidas pelos governos. Como é o caso do clientelismo. Em síntese, o termo está em desuso, mas ainda é utilizado por alguns representantes como forma de conquistar a confiança da população mais vulnerável.

Luta de gladiadores Pão e Circo
Clientelismo político

Em outras palavras, clientelismo representa a compra de votos que ocorrem em eleições políticas, por exemplo. Neste caso, os governantes se aproveitam das desigualdades sociais como forma de gerar e obter benefícios.

Geralmente, no período das eleições, candidatos grampeiam dinheiro em “santinhos”. O intuito é distribuí-los como forma de obter mais votos. Porém, a prática é considerada crime eleitoral.

Exemplos da política de entretenimento

Outras práticas da política do Pão e circo podem ser vistas no futebol e em loterias, por exemplo. No Brasil, o futebol já foi considerado o evento que mais distrai os brasileiros dos problemas sociais, com jogos que ocorrem sempre aos finais de semana.

Luta de gladiadores Pão e Circo
Futebol, uma das formas mais viáveis de entretenimento

Além disso, a loteria também pode ser considerada uma política do Pão e circo. Isso porque a logística das lotéricas funcionam por meio das pessoas, geralmente as mais vulneráveis financeiramente, que querem enriquecer por meio da sorte. Sendo assim, alimentada pela esperança, a sociedade se esquece dos verdadeiros problemas que causam as desigualdades.

O que achou da matéria? Se gostou, confira também o que foi o Governo Provisório e quais as características da Constituição de 1824. 

Fontes: Info Escola, Todo Estudo e Quero Bolsa 

Imagens: Estudo Kids, Aventuras na História, Tribuno da História, Apaixonados por história, Laprimera e 4oito

O que foi a política do pão e do circo?

A política do Pão e Circo, tinha como objetivo o apaziguamento da população, na sua maioria, da plebe, através da promoção de grandes banquetes, festas e eventos esportivos e artísticos, assim como subsídios de alimentos (distribuição de pães e trigo).

Por que o teatro romano ficou conhecido como pão e circo?

Essa expressão vem do latim panem et circenses e remete ao tempo em que imperadores em Roma davam pão e trigo para os pobres nos espetáculos de luta de gladiadores.

Onde surgiu a expressão Pão e Circo?

O termo “Pão e Circofoi criado pelo poeta romano Juvenal, que viveu na Roma Antiga, por volta do ano 100 d.C. A expressão foi usada para denunciar a política do imperador romano e a falta de (in)formação política do povo, o qual, sendo ludibriado, se preocupava apenas com a comida e o lazer.

Quem disse o povo gosta de pão e circo?

Os historiadores acreditam que a expressão “Pão e Circo” foi usada pela primeira vez durante a administração Caio Graco pelo poeta satírico Juvenal em suas Sátira. Nascido em uma família de aristocratas, suas obras além de imbuídas de fortes valores morais, demonstram certa aversão para com a plebe romana.