O objetivo da expansão marítima europeia era

Mestra em História (UFRJ, 2018)
Graduada em História (UFRJ, 2016)

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Este termo se refere a um processo histórico de longa duração, ocorrido entre os séculos XV e XVII, que levou a uma expansão técnica-comercial na Europa. Tal expansão, por sua vez, conduziria a uma grande acumulação de capital neste continente, juntamente com o alargamento das fronteiras geopolíticas. Em seu conjunto, esta expansão marítima europeia é mais comumente chamada como as Grandes Navegações.

As primeiras condições para o desenvolvimento deste processo podem ser datadas ainda do século XVIII, quando ocorreram as invasões islâmicas na Península Ibérica. Embora as tentativas por parte dos cristãos para expulsá-los tenham sido frequentes nos séculos seguintes, é inegável que os muçulmanos contribuíram imensamente para a cultura da região ao trazer consigo conhecimentos anteriormente desconhecidos na Península. Entre estes, estavam a bússola e o astrolábio. Estas inovações seriam muito úteis para os portugueses quando procuraram encontrar um novo caminho para ter acesso às riquezas do Oriente que não necessariamente passasse pelas cidades italianas e, consequentemente, o alto preço que estas cobravam pelos produtos monopolizados – principalmente depois da queda de Constantinopla perante os turcos otomanos, em 1453.

Neste sentido, podemos, sem dúvida, considerar Portugal o reino pioneiro nas Grandes Navegações. Sua posição geográfica privilegiada e centralização precoce tornaram possível que ainda no século XV a Casa de Avis pudesse lançar as primeiras expedições oficiais. Em 1415, ocorreu a tomada da cidade de Ceuta; em 1418, seria descoberto o arquipélago dos Açores; em 1434, seria cruzado o temido Cabo Bojador. Mais descobertas ocorreriam nas próximas décadas, seguidas pela exploração das riquezas de África e de seus habitantes autóctones, mas a ambicionada rota para as Índias ainda não fora alcançada. Então, em 1487, o navegador Bartolomeu Dias tornou-se o primeiro europeu a cruzar o chamado Cabo das Tormentas (posteriormente renomeado como Cabo da Boa Esperança), atingindo o Oceano Índico.

Com essa grande conquista, a possibilidade de encontrar-se um caminho marítimo direto para as Índias tornou-se uma realidade cada vez mais próxima. Embora fosse delineado um projeto neste sentido, seriam os espanhóis que, em 1492, pensaram ter alcançado um caminho direto para as Índias numa missão comandada pelo genovês Cristóvão Colombo – muito embora mais tarde fosse provado que ele atingira um novo continente, as Américas. De qualquer forma, essa descoberta fez o reino português procurar um acordo com o vizinho ibérico a fim de renegociar as zonas de influência de cada um no Oceano Atlântico, acertado anteriormente em 1479 no Tratado de Alcáçovas. Em 1494, seria assinado o Tratado de Tordesilhas, que determinava que todas as terras localizadas a oeste de um meridiano a 370 léguas (cerca de 1.800 quilômetros) das ilhas de Cabo Verde seriam de possessão espanhola; todas a oeste seriam de possessão portuguesa. Em 1500, dois anos depois da chegada de Vasco da Gama às Índias, o fidalgo Pedro Álvares Cabral lideraria uma expedição que descobriria a chamada Terra de Vera Cruz – hoje Brasil.

Espanha e Portugal continuariam suas explorações oceânicas até o final do século XVI, fundando a base de seus impérios coloniais. França, Inglaterra e Holanda tentariam fazer o mesmo. Enquanto os dois primeiros não obtiveram sucesso, refugiando-se na pirataria, o último atacaria com sucesso algumas colônias ibéricas no decorrer do século seguinte, abrindo caminho para o seu domínio dos mares durante o século XVII.

Bibliografia:

LIMA, Lizânias de Souza; PEDRO, Antonio. “A expansão europeia e a América antes da conquista”. In: História da civilização ocidental. São Paulo: FTD, 2005. pp. 178-179.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/expansao-maritima/

Exercícios e questões de vestibulares

Questão 01: (UFPB 2009)

A conquista de Constantinopla pelos turcos, em 1453, interrompeu o comércio por terra entre a Europa e a Ásia, obrigando os europeus a buscarem novas rotas comerciais, agora pelo mar. Esse fato beneficiou os países atlânticos e ajudou a deslocar o eixo econômico para a Europa Ocidental. Portugal e Espanha tomaram a dianteira nesse processo, que ficou conhecido como expansão marítima.

Além do acontecimento da tomada de Constantinopla e suas decorrências, algumas outras condições favoreceram os países ibéricos na expansão marítima, entre elas:

A)

A existência de uma burguesia mercantil forte, responsável pelo financiamento e administração do empreendimento marítimo sem a participação do Estado.

B)

Um sólido conhecimento das rotas do Oceano Atlântico, apesar da inexistência de instrumentos seguros de navegação.

C)

A centralização política e administrativa dos Estados português e espanhol, em torno de monarquias absolutistas.

D)

A disponibilidade de um grande excedente populacional para as viagens marítimas, além dos pequenos riscos dessas viagens para as tripulações das embarcações.

E)

A restrição do mercado de especiarias do Oriente, com a busca conseqüente de novos mercados no Ocidente.

Arquivado em: Idade Moderna

Qual é o objetivo da expansão marítima europeia?

Seus objetivos eram retomar o comércio direto de especiarias, encontrar novas fontes de metais preciosos e converter populações nativas ao cristianismo.

Quais foram os motivos para a expansão marítima?

O primeiro motivo que levou os portugueses ao empreendimento das Grandes Navegações foi a progressiva participação lusitana no comércio europeu no século XV, em razão da ascensão de uma burguesia enriquecida que investiu nas navegações no intuito de comercializar com diferentes partes do mundo.

Quais foram as principais características da expansão marítima europeia?

A esse processo deu-se o nome de Expansão Marítima Europeia, tendo como principal característica a obtenção de riquezas, exploração de terras e a expansão territorial. Nesse sentido, várias embarcações de diferentes países saíram de encontro ao mar com o intuito de explorar e se aventurar em novos caminhos.

Qual era o principal objetivo da expansão marítima portuguesa?

O navegador Gil Eanes conseguiu contornar o Cabo Bojador em 1434; e em 1444, outros navegadores conseguiram chegar ao Arquipélago de Cabo Verde. Um dos objetivos claros dos portugueses com a prática da navegação era chegar até as Índias, que eram, até então, um grande polo comercial no Oriente.