O que vem ocorrendo com a taxa de fecundidade no Brasil nas últimas décadas porque isso ocorre?

O Brasil passou por uma acelerada queda de fecundidade nas últimas décadas, chegando a uma média atual de 1,7 filhos por mulher, mas a taxa declinou de forma considerável entre as mulheres mais vulneráveis, grupo que compreende as mulheres mais pobres e as mulheres negras. É o que demonstra um levantamento apresentado nesta quinta-feira, 11, por ocasião do Dia Mundial de População. Com o título “Fecundidade e Dinâmica da População Brasileira”, a publicação foi elaborada pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e busca traçar um retrato populacional e de desenvolvimento do país.

Conforme mostra o documento, entre as mulheres que integram os 20% mais pobres da população, a taxa de fecundidade caiu de 3,92 por mulher, em 2001, para 2,90 em 2015, o que corresponde a quase um filho a menos. Em comparação, entre as 20% mais ricas, a queda foi de 1,41 para 0,77. O cenário é parecido quando levadas em consideração a raça/cor: entre as mulheres pretas, a taxa de fecundidade caiu de 2,75 (2001) para 1,88 (2015). As mulheres pardas, que em 2001 tinham em média 2,65 filhos, apresentaram média de 1,96 em 2015. No mesmo período analisado, a mulher branca, que tinha 2,10 filhos, em média, passou a ter 1,69.

Os dados demonstram que um maior acesso a serviços e informações sobre métodos contraceptivos, em larga escala, foi fundamental para que todas as mulheres, inclusive negras e pobres, conseguissem planejar melhor suas famílias, fator importante no empoderamento e engajamento dessas mulheres na vida produtiva. O representante do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil, Jaime Nadal, explica que tudo isso reflete as mudanças socioeconômicas que o país atravessou, além de importantes avanços na garantia do acesso à saúde sexual, reprodutiva e direitos. 

“Alguns dos fatores responsáveis por isso são a melhoria no acesso a serviços em saúde sexual e reprodutiva, além do acesso à informação e ao sistema de saúde de uma maneira geral. No Brasil, o  Sistema Único de Saúde (SUS) é um grande responsável pela melhoria no acesso à contraceptivos e a informações. Além disso, é importante destacar que a melhoria nos índices socioeconômicos também vem resultando em melhoria para esses indicadores”, afirma. 

O Brasil tem, hoje, uma taxa de prevalência de uso de contraceptivos equivalente a 77%. Há 25 anos, em 1969, apenas 35% das mulheres casadas ou em algum tipo de união utilizavam algum método para postergar ou evitar a gravidez, o que comprova, na prática, as mudanças vistas nas configurações familiares de todo o país.

O representante do UNFPA ressalta que  é necessário continuar investindo em serviços de qualidade e informação para que mais mulheres possam ter exatamente o número de filhos que desejam e para que não haja demandas não satisfeitas em contracepção, nem desigualdades associadas às taxas de fecundidade. A publicação foi feita com base em informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios e o Censo Demográfico de 2010. 

25 anos da CIPD: acelerando a promessa

O estudo reforça o tema deste ano para  o Dia Mundial da População, “25 anos da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento: acelerando a promessa”. Com base nos avanços conquistados, o Fundo de População promoveu a ação “Mais que minha mãe, menos que minha filha”, e foi às ruas para convidar as pessoas a refletirem sobre as mudanças e os desafios encontrados na agenda de população e desenvolvimento e no acesso a seus direitos.

“A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento representou uma mudança de paradigma na forma como o mundo passou a encarar os direitos reprodutivos, concordando em colocar as pessoas em primeiro plano e empoderando mulheres, para que todas as pessoas pudessem decidir quando e se terá filhos, e quantos. Isso é fundamental para alcançar o desenvolvimento sustentável”, afirmou o representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no Brasil, Jaime Nadal.

A urbanização e o planejamento familiar são fatores que influenciaram a queda da natalidade no Brasil.

A taxa de natalidade indica quantas pessoas nasceram em um determinado país ou região em proporção com o número total de habitantes. Essa taxa é dada em permilagem, ou seja, indica o número de nascidos vivos para cada mil habitantes.

No Brasil, as taxas de natalidade, acompanhando uma tendência mundial, vêm sofrendo reduções nos últimos anos. A população continua aumentando, mas as porcentagens de crescimento estão caindo, especialmente por causa da queda nas taxas de natalidade.

Na década de 1950, a taxa de natalidade no Brasil era de aproximadamente 44‰ (44 nascimentos para cada mil habitantes). Em 2015, o valor é 14‰, uma queda expressiva em poucas décadas.

Os fatores responsáveis pela diminuição das taxas de natalidade são:

  • urbanização;

  • queda da fecundidade;

  • planejamento familiar;

  • utilização de métodos contraceptivos;

  • melhoria nas condições de educação;

  • inserção da mulher no mercado de trabalho;

  • casamentos tardios;

  • custo de criação dos filhos.

Taxas de natalidade no Brasil

As taxas de natalidade no Brasil, embora tenham sofrido uma queda significativa, não são uniformes em todo o país. Enquanto as regiões Sul e Sudeste possuem as menores taxas de natalidade, a região Norte ainda possui um número considerável de nascimentos. Vejamos a lista a seguir.

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Taxa de natalidade por Unidade Federativa*

Roraima – 28,7‰

Amapá – 27,9‰

Acre – 23,9‰

Alagoas – 23,1‰

Maranhão – 20,5‰

Sergipe – 20,4‰

Amazonas – 20,1‰

Piauí – 19,9‰

Pará – 18,8‰

Bahia – 18,8‰

Tocantins – 18,4‰

Rondônia – 18,4‰

Rio Grande do Norte – 17,9‰

Ceará – 17,9‰

Paraíba – 17,4‰

Pernambuco – 17,4‰

Mato Grosso – 17,3‰

Distrito Federal – 17,3‰

Mato Grosso do Sul – 16,9‰

Espírito Santo – 16,5‰

Goiás – 15,2‰

Minas Gerais – 15,1‰

São Paulo – 13,3‰

Paraná – 12,9‰

Santa Catarina – 12,5‰

Rio de Janeiro – 11,9‰

Rio Grande do Sul – 11,6‰

As taxas de natalidade, por sua vez, tendem a continuar caindo em função do aumento do planejamento familiar e da inclusão da mulher no mercado de trabalho, entre outros motivos.

*Fonte dos dados - IBGE

O que vem ocorrendo com a taxa de fecundidade no Brasil nas últimas décadas?

Em 1960, a taxa de fecundidade no Brasil foi de 6,3 filhos por mulher. Desde então, a redução ocorreu de forma gradativa: 1970 (5,8), 1980 (4,4), 1991 (2,9), 2000 (2,3) e, em 2006, com 2 filhos por mulher, registrou média abaixo da necessária para a reposição populacional.

O que está acontecendo com a taxa de fecundidade brasileira?

Segundo o IBGE, a queda da fecundidade ocorreu em todas as faixas etárias. Houve, no entanto, uma mudança na tendência de concentração da fecundidade entre jovens de 15 a 24 anos, observada nos censos de 1991 e 2000. As mulheres, de acordo com dados de 2010, estão tendo filhos com idades um pouco mais avançadas.

Quais os fatores levaram à diminuição da taxa de fecundidade no Brasil?

Os fatores responsáveis pela diminuição das taxas de natalidade são:.
urbanização;.
Não pare agora... ... .
planejamento familiar;.
utilização de métodos contraceptivos;.
melhoria nas condições de educação;.
inserção da mulher no mercado de trabalho;.
casamentos tardios;.
custo de criação dos filhos..

Por que observamos uma redução das taxas de fecundidade nas últimas décadas no Brasil?

Todas as afirmativas estão corretas, pois os gastos com a criação dos filhos, o êxodo rural, a urbanização e a disseminação dos métodos contraceptivos são fatores que contribuíram expressivamente para a queda da taxa de fecundidade no Brasil.