Quais condições são necessárias para que a inclusão do aluno surdo aconteça de forma plena e igualitária?

Você já parou para pensar em como é a realidade dos alunos surdos nas escolas do Brasil? Ou quais as dificuldades enfrentadas pelos educadores no ensino de pessoas com deficiência auditiva?

A educação é um fator essencial para a inclusão social e, apesar dos avanços alcançados nos últimos anos, pessoas surdas ainda enfrentam diversos desafios para estudar. Segundo dados do IBGE, mais de 5% da população brasileira possui deficiência auditiva, o equivalente a cerca de 10 milhões de pessoas. Dessas, de acordo com a mesma estatística, 32% não possuem nenhuma escolaridade.

A vida em sociedade no Brasil — seja acadêmica, profissional ou social — ainda é demasiadamente projetada e desenvolvida para uma população ouvinte. Além da escassez de espaço e oportunidades para a população surda, especialmente devido ao preconceito, discriminação e falta de inclusão, ainda há a falta de recursos, metodologias e práticas assistivas que atendam as necessidades desse grupo. Um exemplo é a Língua Brasileira de Sinais (Libras) – apesar de ser a segunda língua oficial do país, são poucas as pessoas que sabem.

Muitas crianças e jovens surdos acabam desistindo da vida acadêmica pela falta de acessibilidade e por causa do sentimento de exclusão e não pertencimento. A barreira da comunicação enfrentada por essas pessoas afeta diretamente a autonomia e a liberdade de ir e vir, e, consequentemente, suas expectativas e oportunidades de crescimento.

A educação transforma o mundo e isso não é diferente na vida das pessoas com deficiência! Quer entender um pouco mais sobre essa pauta? Continue lendo até o final! Aqui você vai encontrar:

• O aluno surdo no contexto escolar
• A inclusão de alunos surdos na escola regular e seus desafios
• Como ensinar alunos surdos?
  • Dicas para professores de como incluir alunos surdos na sala de aula regular:
• Tecnologia assistiva para surdos
• Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais

O aluno surdo no contexto escolar

A educação dos alunos surdos é muitas vezes negligenciada nas escolas. No entanto, é necessário entender que a inclusão de pessoas com deficiências em ambientes de ensino regular não é só importante, como também um direito previsto em lei, e que dá acesso aos mesmos recursos que os demais colegas, ajudando, principalmente, a quebrar as barreiras de comunicação.

De forma geral, as características psicológicas, sociais e linguísticas dos alunos surdos são muito parecidas com as dos alunos que não são surdos. A diferença é que existem especificidades em certos aspectos, como o contato com o ouvido e o som, o modo de relacionar-se com outras pessoas, a comunicação e a aprendizagem, que demandam atenção e recursos especiais para serem desenvolvidas de forma plena.

A educação inclusiva não se limita apenas na inserção do aluno surdo à sala de aula, mas diz respeito, sobretudo, às condições que possibilitam a este aluno interagir, engajar e desenvolver suas capacidades físicas, sociais e psicomotoras assim como todos os outros colegas.

Não se trata de integrar a pessoa com deficiência nas atividades regulares propostas para ouvintes, mas pensar em novos meios que possam contribuir com o aprendizado de todos coletivamente. A inclusão de alunos surdos no contexto escolar garante a cada indivíduo, independente de deficiências, a oportunidade de crescer, aprender e se desenvolver plenamente, e também oferece uma série de benefícios para todos os envolvidos em sala de aula.

A inclusão de alunos surdos na escola regular e seus desafios

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (nº 13.146/2015) garante o direito de acesso da pessoa com deficiência ao sistema educacional em todos os níveis e modalidades, bem como a oferta de educação em Libras e o uso de recursos de tecnologia assistiva, a fim de ampliar as habilidades funcionais dos estudantes e promover sua autonomia e participação no ambiente escolar.

No entanto, a inclusão de surdos na escola regular e, principalmente, nos níveis básicos de ensino, apresenta diversos desafios para os gestores e educadores. A educação inclusiva demanda maiores cuidados e atenção para, não só atender as necessidades desses alunos, como também fazê-los sentir parte da comunidade escolar.

Educar alunos surdos exige uma série de mudanças, adaptações e investimentos — materiais e intelectuais. A ampliação do acesso às tecnologias assistivas, a aplicação de metodologias didáticas especiais, o aprendizado e uso da Libras no ambiente escolar, a qualificação de professores na cultura surda e o acompanhamento individualizado de cada estudante em sala de aula são algumas das medidas a serem tomadas por todos os envolvidos nesse processo.

Além disso, é preciso estruturar um ambiente em que os alunos surdos poderão se desenvolver de forma autônoma, integrada e inclusiva. E isso envolve a educação de todo o corpo discente para a inclusão de surdos. É preciso romper com a cultura de segregação, eliminar barreiras culturais e linguísticas, dentre outras ações que tornam o aluno surdo invisível na escola, para que ele desenvolva autonomia na vida escolar.

No final, todos ganham: o professor, que adquire mais conhecimento e enriquece suas aulas, o aluno surdo, que tem acesso à educação de qualidade e se sente parte de um grupo que valoriza as diferenças através da inclusão e do respeito, e os demais discentes, que não só aprendem a respeitar as diferenças como crescem e se desenvolvem enquanto cidadãos e seres humanos que farão a diferença na construção de uma sociedade mais inclusiva.

Como ensinar alunos surdos?

Um dos maiores desafios para os professores de alunos surdos é como ensiná-los. A instrução tradicional desenvolvida em sala de aula não é eficaz para esses indivíduos, uma vez que eles não podem ouvir o professor e, consequentemente, não podem receber a maior parte do conteúdo transmitido.

Por essa razão, os professores devem pensar e colocar em prática diferentes formas de comunicação, que vão desde o uso da Língua Brasileira de Sinais ao emprego de mais recursos visuais na rotina da turma. De qualquer forma, antes de tudo, é importante reconhecer as necessidades individuais de cada aluno — por exemplo, alguns alunos surdos podem precisar de intérpretes de Libras, enquanto outros podem ser melhor atendidos com anotações escritas.

Uma coisa é certa: alunos surdos aprendem melhor quando são incluídos em sala de aula. E para que isso aconteça de forma satisfatória, seu ensino exige um conjunto de ações e práticas que visam aumentar a autonomia, promover o respeito às diferenças e estimular a participação no ambiente escolar.

Por isso, é fundamental que o educador se aprofunde nas características e necessidades da pessoa com deficiência, se familiarize com a cultura surda e a Língua Brasileira de Sinais, e tenha a possibilidade de acesso a recursos e tecnologias educacionais assistivas.

Dicas para professores de como incluir alunos surdos na sala de aula regular:

• Aceite e integre o aluno às aulas assim como os demais
• Comunique-se de forma expressiva e com os lábios sempre visíveis
• Não fique de costas enquanto estiver falando
• Faça-o se sentir à vontade e motivado a aprender
• Aproveite os recursos disponíveis para facilitar o aprendizado
• Adote uma didática lúdica para facilitar a compreensão (mímicas, dramatizações, recursos visuais etc)
• Incentive o aluno a ler e escrever
• Escreva informações importantes no quadro, agenda ou via Whatsapp ou e-mail
• Certifique-se que o aluno entendeu o que foi ensinado
• Lecione em língua de sinais ou peça auxílio de um intérprete
• Sempre que utilizar vídeos, certifique-se que estão legendados
• Informe-se. Aprenda sobre a deficiência auditiva e deixe claro ao seu aluno que ele tem a liberdade para se expressar e dizer o que precisa ou como gostaria de ser tratado.
• Nunca esqueça que um aluno surdo não é mais ou menos inteligente por sua deficiência. Ele apenas precisa ser estimulado de outros modos além do que estamos acostumados, que é ouvindo.

Tecnologia assistiva para surdos

Um dos aspectos mais importantes do ensino de alunos surdos é garantir que todos tenham acesso aos recursos necessários para que se sintam incluídos e possam participar ativamente das aulas. A tecnologia assistiva é um termo amplo que se refere a dispositivos, sistemas, softwares, práticas e metodologias que permitem que pessoas com deficiência se comuniquem ou acessem informações quando os métodos tradicionais são impossíveis ou impraticáveis.

Por exemplo, uma pessoa surda pode usar um dispositivo auxiliar, como um intérprete de libras, para participar da aula, em vez de ser obrigado a sentar no fundo da sala sem poder compreender o que o professor tem a falar. Em essência, é um recurso que fornece um ambiente de aprendizado inclusivo para todos os alunos, independente de deficiências e/ou limitações. 

Para os alunos surdos, a tecnologia assistiva é uma aliada inestimável para superar as barreiras da comunicação e permitir mais aprendizado, inclusão, autonomia e qualidade de vida. Ela oferece oportunidades únicas para que não eles participem da aula e desenvolvam suas habilidades e conhecimentos, como também oferece aos demais estudantes a possibilidade de aprender diferentes formas de se comunicar, bem como o valor do respeito e da integração.

Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais

No dia 24 de abril é comemorado em todo o Brasil o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais. A data faz parte de uma campanha para promover o uso da Libras no país, reconhecer e valorizar sua importância para a comunidade surda no Brasil, e conscientizar a população para a necessidade de mais acessibilidade, inclusão e respeito.

Segunda língua oficial do nosso país e a primeira de muitos surdos brasileiros, a Libras é usada para fazer a comunicação de forma gestual-visual, a partir de expressões faciais e do movimento das mãos, e, assim como qualquer outro idioma, possui seu próprio alfabeto, estrutura linguística, e regras gramaticais.

A Lei nº 10.436/2022, também conhecida como Lei da Libras, coloca como dever ao poder público a oferta da língua como disciplina curricular obrigatória na formação de todos os professores, bem como a garantia de atendimento e tratamento adequados pelo sistema de saúde à população surda.

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Ainda há um longo caminho a percorrer em busca de uma sociedade digna e igualitária para todos, e cabe a cada um de nós fazer a nossa parte. Gostou desse conteúdo? Compartilhe com mais educadores! Vamos juntos construir uma educação mais inclusiva e colaborativa.

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Quais condições são necessárias para que a inclusão do aluno surdo aconteça de forma a respeitar suas diferenças?

Que condições são necessárias para podermos falar de inclusão de alunos surdos na escola regular?

O que precisa ser feito para que o processo de inclusão do aluno surdo seja consolidado de fato dentro da escola regular?

Para que a inclusão dos alunos com surdez aconteça é necessário garantir alguns recursos específicos?