Quais são os problemas causados pelo descarte inadequado do lixo eletrônico?

Computadores, laptops, celulares, câmeras e outros equipamentos ficam obsoletos ou quebram e poucas pessoas sabem como dar um destino para esses dispositivos.

As consequências do descarte incorreto de eletrônicos vão além dos impactos ambientais. Alguns metais utilizados na fabricação desses produtos podem causar graves problemas de saúde.

A professora Tereza Cristina Carvalho, coordenadora do Laboratório de Sustentabilidade, da Poli-USP, alerta para a situação.

“Menos de 10% dos eletrônicos recebem o destino correto no Brasil. Nos EUA e na Europa a reciclagem ou a reutilização dos equipamentos chega a 45%”.

Economia circular

A reciclagem parece ser a única maneira correta de lidar com o lixo, mas no caso dos eletrônicos existem outras possibilidades.

A remanufatura utiliza peças de vários equipamentos para montar um outro que funcione perfeitamente. Em alguns casos, o reuso é imediato após uma manutenção simples. A logística reversa é outro caminho para o lixo eletrônico. Neste caso, as empresas fabricantes recebem o produto de volta e se responsabilizam em fazer o manejo correto.

“A reciclagem é uma das opções, mas não é o único destino. A economia circular é mais sustentável e gera mais valor agregado” lembra a professora Tereza Cristina.

Política Nacional de Resíduos Sólidos 

Desde 2010, o Brasil tem a Política Nacional de Resíduos Sólidos. De acordo com esse documento, entre os princípios que devem ser adotados estão: o desenvolvimento sustentável e a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.

Apesar da iniciativa Federal, os avanços são lentos. O maior lixão da América Latina foi fechado somente em janeiro deste ano. O local ficava na Estrutural, a cerca de 20 quilômetros da Esplanada dos Ministérios, na Capital Federal. Durante 60 anos foram depositados lixos sem qualquer cuidado em uma área de 200 hectares ao lado do Parque Nacional de Brasília.

Quanto lixo é produzido

O relatório Global E-Waste Monitor 2017, lançado pela Universidade da ONU e pela Associação Internacional de Resíduos Sólidos mostra que o volume de lixo eletrônico tem aumentado.

Em 2016, foram gerados 44,7 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos, um aumento de 8% em comparação com 2014. A previsão é que ocorra um crescimento de mais 17%, para 52,2 milhões de toneladas, até 2021.

Segundo o levantamento, todos os países da América Latina juntos produziram 4,2 milhões de toneladas de lixo eletrônicos. Os brasileiros contribuíram com a maior parcela: 1,5 milhão de toneladas. O México ficou em segundo lugar, com 1 milhão de tonelada. Os EUA produziram sozinhos 6,3 milhões de toneladas de lixo eletrônico. Em 2016, apenas 20%, ou 8,9 milhões de toneladas, foram recicladas.

Quais são os riscos

Os eletrônicos quando descartados em lixões podem liberar substâncias tóxicas na água, no solo e no ar. A contaminação do organismo com os metais pesados, por exemplo, traz diversas consequências para o orgânismo. 

“Problemas respiratórios e danos ao sistema nervoso podem ser desencadeados a partir da contaminação do organismo com mercúrio, chumbo e cádmio presentes nos eletrônicos”, explica a professora da Poli-USP.

Clique nos cartões abaixo para descobrir as consequência da contaminação com os elementos químicos presentes no lixo eletrônico. Ao final, há a indicação de três locais que fazem a coleta e a reciclagem.

Qual o destino correto?

Existem poucos lugares com estrutura para receber e fazer o manejo correto do lixo eletrônico. Algumas universidades e entidades ligadas à tecnologia têm projetos que atendem a essa demanda. 

A USP, Universidade de São Paulo, no bairro do Butantã, tem o CEDIR (Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática). O local recebe eletrônicos antigos e quebrados. A iniciativa também apoia projetos sociais com doações de computadores remanufaturados. Endereço: av. Prof. Lucio Martins Rodrigues, travessa 4, nº 399, Bloco 27/tel.: (11) 3091-8238

A Coopermiti é a única cooperativa especializada em lixo eletrônico credenciada pela Prefeitura de São Paulo. O local recebe computadores, CPUs, impressoras, rádios, celulares, televisões, microondas, eletrodomésticos entre outros. Também são realizados projeto de inclusão social, inclusão digital, capacitação, educação ambiental e cultura. Endereço:rua João Rudge, 366 - Casa Verde, São Paulo-SP/tel.:(11) 3666-0849

Em São Carlos, no interior de São Paulo, o Recicl@tesc aceita doações de equipamentos antigos. Com exceção de lâmpadas fluorescentes, todo tipo de lixo eletrônico pode ser entregue. O projeto desmonta, separa e encaminha o material para empresas que fazem reciclagem ou fazem a manutenção e doam. Endereço: rua Helvídio Gouveia, 181 - Boa Vista, São Carlos-SP /tel.: (16)3377-39802

No Rio de Janeiro, a PUC tem o NIMA (Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente) que recebe qualquer tipo de eletroeletrônico, inclusive TVs de tubo. Esses equipamentos são encaminhados para empresas que fazem a reciclagem ou o descarte correto. Endereço: rua Marquês de São Vicente, 225 - Gávea, Rio de Janeiro-RJ/tel.: (21) 3527-1001

Quais são as consequências do descarte incorreto do lixo eletrônico?

Por serem feitos com alta tecnologia, esses resíduos podem conter substâncias tóxicas e metais pesados, como o chumbo, mercúrio, cromo e cádmio por exemplo, capazes de contaminar o solo, a água e os alimentos – impactando tanto o ambiente quanto a saúde humana.

Quais os principais problemas causados pelo lixo eletrônico?

Em suma, o descarte incorreto de E-lixos impacta a saúde pública devido aos metais pesados, gera danos ao meio ambiente através da contaminação de solos, lençóis freáticos e os organismos da fauna e da flora e, além disso, reduz o tempo de vida dos aterros sanitários.

Por que o lixo eletrônico é um problema para o meio ambiente?

Isso porque contém metais pesados e tóxicos, como chumbo, cádmio e mercúrio – prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente, contamina o lençol freático e o solo.