Qual a importância dos quilombos para a história da resistência negra em nosso país?

Qual a importância dos quilombos para a história da resistência negra em nosso país?
Foto: Divulgação

Zumbi dos Palmares nasceu no estado de Alagoas no ano de 1655. Foi o principal representante da resistência negra à escravidão na época do Brasil Colonial. 

Foi líder do Quilombo dos Palmares, comunidade livre formada por escravos fugitivos dos engenhos, índios e brancos pobres expulsos das fazendas. 

O Quilombo dos Palmares estava localizado na região da Serra da Barriga, que, atualmente, faz parte do município de União dos Palmares. Na época em que Zumbi era líder, o Quilombo dos Palmares alcançou uma população de aproximadamente trinta mil habitantes. 

Nos quilombos, os negros viviam livres, de acordo com sua cultura, produzindo tudo o que precisavam para viver. Embora tenha nascido livre, foi capturado quando tinha por volta de sete anos de idade. 

Entregue ao padre jesuíta católico Antônio Melo, recebeu o batismo e ganhou o nome de Francisco. Aprendeu a língua portuguesa, latim, álgebra e a religião católica, chegando a ajudar o padre na celebração da missa. 

Porém, aos 15 anos de idade, fugiu de Porto Calvo para viver no quilombo dos Palmares. Na comunidade, deixou de ser Francisco para ser chamado de Zumbi (que significa aquele que estava morto e reviveu, no dialeto da tribo imbagala de Angola).

No ano de 1675, o quilombo foi atacado por soldados portugueses. Zumbi ajudou na defesa e destacou-se como um grande guerreiro. Após uma batalha sangrenta, os soldados portugueses foram obrigados a retirar-se para a cidade de Recife. 

Três anos após o governador da província de Pernambuco aproximou-se do líder Ganga Zumba para tentar um acordo, Zumbi colocou-se contra o acordo, pois não admitia a liberdade dos quilombolas, enquanto os negros das fazendas continuariam aprisionados.

Em 1680, com 25 anos de idade, Zumbi tornou-se líder do quilombo dos Palmares, comandando a resistência contra as topas do governo. Durante seu “governo” a comunidade cresceu e se fortaleceu, obtendo várias vitórias contra os soldados portugueses. 

O líder Zumbi mostrou grande habilidade no planejamento e organização do quilombo, além de coragem e conhecimentos militares. O bandeirante Domingos Jorge Velho organizou, no ano de 1694, um grande ataque ao Quilombo dos Palmares. 

Após uma intensa batalha, Macaco, a sede do quilombo, é totalmente destruída. Ferido, Zumbi conseguiu fugir, porém é traído por um antigo companheiro e entregue as tropas do bandeirante. Aos 40 anos de idade, foi degolado em 20 de novembro de 1695. 

Importância de Zumbi para a História do Brasil 

Zumbi é considerado um dos grandes líderes da história do Brasil. Símbolo da resistência e luta contra a escravidão, lutou pela liberdade de culto, religião e prática da cultura africana no Brasil Colonial. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra.

“Para mim, é realmente sobre ancestralidade”, diz Juliana dos Santos Silva, 37 anos, que foi criada evangélica, mas cujos avós e bisavós praticavam o candomblé. Nascida no Rio de Janeiro, Silva foi apresentada à religião pelo ex-marido há 11 anos, quando participou de uma cerimônia em homenagem a uma deidade.

“Fiquei cativada pela energia e alegria das pessoas cantando e celebrando”, diz Silva, acrescentando que as práticas religiosas a ajudaram no processo de luto após a morte de seu pai, e também proporcionaram uma conexão especial com seus avós.

Ainda assim, alguns religiosos são cautelosos em praticar abertamente. Terreiros têm sido vandalizados nos últimos anos, e em 2021 o Ministério da Mulher e dos Direitos Humanos registrou mais de 600 violações à liberdade de religião e crença, direito consagrado na constituição brasileira.

“Muitos dos meus amigos seguem a religião escondidos”, diz Silva.

Franklin Moreira, que pertence a um conjunto folclórico religioso com raízes africanas em Minas Gerais, diz que parte da luta é educar outros sobre a história dos quilombos e tudo o que eles englobam tanto cultural quanto espiritualmente.

“Temos a nossa própria maneira de nos manifestar”, diz Moreira, de 29 anos. “Temos que, com sabedoria, mostrar às pessoas que esses são lugares sagrados, onde nossa ancestralidade se manifesta e, portanto, têm que ser respeitados.”

“É um legado ancestral, que carregamos de uma forma muito valiosa. Esse Brasil que conhecemos, com essa cultura, só existe graças à força de nossos ancestrais. Eles sofreram muito, viveram dores inimagináveis”, diz ele. “É por isso que é tão importante manter nossos quilombos vivos, porque eles nos mantêm resistindo.”

Maria Daniel Balcazar é fotógrafa documentarista. Os projetos dela focam na vitalidade das tradições e como, através do sincretismo, elas se adaptam para sobreviver e crescer. Balcazar publicou dois livros: Kilombo e Herederos del Alba.

Paula Ramón é jornalista venezuelana residente em Los Angeles. Siga o trabalho dela: @paulacramon.

Qual a importância dos quilombos para a resistência negra?

A partir deles é que conseguimos dar visibilidade a história e a contribuição negra para formação do país”, acrescenta Françoise. As comunidades quilombolas além de contar a história, mantêm tradições seculares como, por exemplo, o congado e rosário. Além das religiões de matriz africana.

Qual a importância do Quilombo dos Palmares para a resistência negra e escravizada no Brasil?

Tráfico de Escravos no Brasil O Quilombo de Palmares, no século XVII, em Alagoas, tornou-se uma referência na história da resistência dos negros à escravidão. Até hoje, quando se fala em resistência negra à escravidão se é induzido a pensar em Zumbi dos Palmares e no quilombo que ele liderou.