"O tema entradas e bandeiras tem sempre espaço garantido nos livros didáticos de História do Brasil. Nos capítulos referentes à expansão territorial, o bandeirante é apresentado, na grande maioria das vezes, como herói responsável pelas dimensões continentais do país. As ilustrações do texto apresentam, quase sempre a figura de um sertanista de botas de cano alto, chapéu de aba larga, gibão acolchoado, com uma escopeta ou um bacamarte na mão. No texto é passada a visão heróica do bravo que, vencendo dificuldades sem fim, conquistou áreas imensas para a Colônia e descobriu riquezas no interior do Brasil. Os livros didáticos, na verdade, reproduzem uma visão mítica do bandeirante, elaborada cuidadosamente pela historiografia do bandeirismo. Essa versão mítica está tão profundamente enraizada, que faz parte do senso comum e é tida e aceita como concreta e definitiva". (VOLPATO, 1986, p. 17). Show A proposta deste texto é apresentar os aspectos reais sobre as entradas e bandeiras, mas tendo foco na figura dos bandeirantes e no relato de algumas entradas e bandeiras. A ideia é mostrar como as bandeiras se estruturavam, quais eram seus objetivos, como era a vida numa bandeira, e sua importância para a ampliação do território colonial brasileiro, para a escravidão indígena, o combate aos quilombos e a descoberta das minas de ouro, esmeraldas e diamantes. Um povoado se formou em torno do colégio jesuítico e rapidamente
cresceu em pouco tempo. Em 1560, o então governador-geral Mem de Sá (1500-1572), ordenou a criação da Vila de São Paulo do Piratininga, ordenando que a população da Vila de Santo André se muda-se para a nova vila, a qual se tornaria o principal centro urbano do planalto piratininguense, mesmo assim, a população da vila não vivia em condições prósperas. As terras do planalto eram frias e constantemente ameaçadas por outras tribos indígenas como os Tupinambás.
Como na colônia não havia um exército ou polícia, a própria população se armava para se defender, logo, milícias foram criadas para combater os ataques dos índios não apenas em São Paulo, mas em toda a colônia.
Não obstante, as vilas de São Vicente e Santos ainda eram mais prósperas do que São Paulo, pois essas participavam da produção e comércio do açúcar, o "ouro branco" da época. Somando-se a isso a proximidade com o mar, isso facilitava a vinda de mercadorias da África, de outros cantos da colônia e da própria metrópole. Os habitantes do planalto tinham que ir ao litoral comprar mercadorias que faltavam em suas terras (roupas, móveis, utensílios, objetos, armas,
etc.). No entanto, a medida que Pernambuco, Paraíba, Bahia e Rio de Janeiro despontavam no cultivo canavieiro, a produção açucareira de São Vicente fora ofuscada, isso obrigou parte da população da capitania a procurar outro meio de subsistência. Além disso, em 1562 São Paulo sofrera um terrível ataque dos Tupinambás e outras tribos, que formavam a Confederação dos Tamoios os quais de 1554 a 1567 causaram problemas a ocupação
colonial naquela região. "O movimento bandeirantista surgiu da necessidade de mão-de-obra dos habitantes do Planalto piratingano. Sem condições de importar os escravos africanos que o comércio europeu colocava-lhes à disposição nos portos coloniais, utilizavam
a força de trabalho indígena". (VOLPATO, 1986, p. 45).
"O grosso do aparelhamento dessas bandeiras e o maior dispêndio de capital investido estavam ligados à aquisição de armas e munição. Entre as armas de fogo, as mais utilizadas eram as escopetas e os bacamarte, também as carabinas e as pistolas. Atenção especial era dada às armas de fogo. Isso porque eram elas que garantiam a superioridade bélica aos paulistas". (VOLPATO, 1986, p. 61).
Os bandeirantes carregavam suas roupas e pertences em cestos de couro curtido também chamados de baú-de-boi ou cesto encourado. A roupa básica de um bandeirante consistia em um simples chapéu pardo roçado, carapuça ou num lenço para cobrir a cabeça; meias de cabrestilho, sapatos ou botas feitas de couro de boi, veado, carneiro, porco ou de anta; camisa de algodão, ceroula (cueca), uma roupeta (tipo de casaco leve), calções de baeta ou de picote
(tecido grosseiro feito de lã). No entanto, alguns bandeirantes usavam outros tipos de botas, com cano alto ou largo, usavam sandálias, ou até mesmo andavam descalços como fora salientado.
O consumo de içás se tornou comum entre os bandeirantes, que acabou sendo incorporado pela população do planalto paulista. Além do consumo da içá, também consumia-se na época, lagartos, tatus, bicho-de-taquara e até mesmo jacarés. A içá era consumida frita, torrada ou misturada com farofa.
"Assim, tentando aproveitar ao máximo o que a própria mata oferecia, as bandeiras criaram uma dieta peculiar, onde se misturavam hábitos europeus e indígenas, onde a preocupação básica era garantir a sobrevivência dos sertanistas. O hábito de uma vida agreste e o espírito de aventura incluíam também hábitos alimentares ante a ameaça da fome". (VOLPATO, 1986, p. 69).
Além disso, os bandeirantes também usavam amuletos da sorte, como caudas de cascavel que se dizia proteger de ser picado por cobras, além de levarem outros tipos de amuletos, como pedras, patas de animais, dentes, etc. Alguns levavam consigo, "breves", trechos dos Salmos, ou de orações, no caso dos bandeirantes eles tinham preferência pelas orações a São Marcos e Santa Clara. Tais "breves" eram escritos em pequenos pedaços de papel, e
guardados em espécies de amuletos ou num recipiente preso a uma corrente e colocada em volta do pescoço. "No entanto, o homem dos Tempos Modernos era profundamente religioso. Seu aparato ideológico o mantinha muito vinculado a justificativas religiosas, sua vida estava profundamente vinculada a crenças e dogmas. Sua
religiosidade, porém, trazia em si muitas das características presentes no cotidiano". (VOLPATO, 1986, p. 74).
Além da defesa dos portos, bandeiras também foram convocadas para destruírem quilombos e mocambos no Nordeste, principalmente na Bahia, Pernambuco, Paraíba e Ceará. As bandeiras que levavam centenas de homens na ocasião, juntavam forças com tropas locais para combater os quilombolas, destruindo o quilombo e aprisionando os quilombolas. Um dos exemplos acerca de bandeiras contra quilombos fora a bandeira de Domingos Jorge Velho
(1641-1705) no final do século XVII já era um dos mais respeitados e famosos bandeirantes. Em 1693 ele chegou a Pernambuco com a missão de destruir o famoso Quilombo dos Palmares, o maior quilombo do Brasil que chegou a conter entre 15 a 20 mil indivíduos, entre negros, índios, mestiços e brancos. Dois anos se passaram de intensos conflitos, pois Palmares era uma verdadeira fortaleza, mas finalmente em 20 de novembro de 1695, o quilombo caiu, muitos foram mortos, outros
fugiram e os que ficaram foram recapturados. Zumbi dos Palmares o último líder do quilombo fora morto e decapitado, e sua cabeça fora exibida em Recife como um troféu de guerra e um aviso para aqueles que tentassem se rebelar novamente.
No final do século XVI e começo do XVII, bandeiras acabaram alcançando a região do Gauirá a qual pertencia a administração paraguaia, lá se localizavam muitas missões jesuíticas implantadas desde 1588. Como os jesuítas eram contra a escravização dos indígenas as missões se mostraram um empecilho aos bandeirantes, mas por outro lado uma oportunidade ao mesmo tempo. Anos depois outras bandeiras vieram a região com o propósito de atacarem as missões e
lhe capturar os indígenas que ali residiam. Logo, tais bandeiras atuaram como tropas paramilitares, cometendo atos de rapina e outras atrocidades. Nesse período, registra-se bandeiras contendo milhares de indivíduos, nesse caso, grande parte do contingente era formado pelos índios aprisionados das missões. Referências bibliográficas: Qual foi a importância dos bandeirantes no período colonial?As expedições bandeirantes tiveram importância crucial para o povoamento, diversificação das atividades econômicas e expansão territorial do Brasil colonial. Ao longo das trilhas percorridas e dos caminhos abertos pelos bandeirantes foram surgindo diversos povoados.
Qual foi a contribuição dos bandeirantes para a história do Brasil?A eles é creditada a descoberta de metais e pedras preciosas das regiões mineradoras, bem como o fomento da economia na colônia, uma vez que praticavam o comércio, sobretudo de gado e escravos indígenas para a agricultura e a dizimação de tribos inteiras, quer pela violência ou pelas doenças.
Qual é o papel dos bandeirantes?Os bandeirantes consistiram em um grupo de homens paulistas, que entre os séculos XVI e XVII, foram responsáveis pelo desbravamento das terras interioranas no Brasil, tendo como algumas de suas funções a captura de escravos fugitivos, a escravização de populações indígenas e a busca de metais preciosos no território ...
Qual a importância dos bandeirantes para a historiografia?Na historiografia, as representações de que os bandeirantes foram responsáveis pelas riquezas de nosso país; verdadeiros desbravadores do sertão brasileiro; ampliadores de limites territoriais e incansáveis expedicionários na busca por metais e pedras preciosas acabou por reduzir o caráter muito mais complexo da ...
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