Quando faz canal no dente pode beber

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Há algumas décadas, dentes com polpas comprometidas por cáries profundas ou elementos fraturados eram frequentemente extraídos. Atualmente, os dentistas recorrem ao tratamento endodôntico, popularmente conhecido como canal de dente, procedimento realizado para preservar o dente que sofreu algum tipo de injúria.

Apesar de ser uma alternativa segura para “salvar” os dentes, ainda há pessoas que têm medo, por causa da dor. Aliás, mesmo tendo passado por bastante evolução, esse ainda é um dos procedimentos mais temidos entre os pacientes, que, inclusive, com frequência, deixam de realizar um acompanhamento odontológico, o que pode causar danos mais graves.

De fato, tratar canal é invasivo e, portanto, deve ser feito apenas quando há uma lesão considerada irreversível. Felizmente, com os avanços da odontologia, ele se tornou um tratamento mais simples, afastando um pouco o medo nos pacientes.

Neste post, você vai ver que o canal de dente não é nenhum bicho de sete cabeças, entendendo o que ele é e desvendando alguns mitos sobre o assunto. Boa leitura!

O que é o tratamento de canal?

Antes de chegarmos à parte da nossa conversa em que discutiremos os aspectos que são mitos ou verdades quando se fala em canal de dente, precisamos elucidar dúvidas sobre o que é, de fato, esse tratamento e como ele funciona na prática.

Quando uma lesão ou cárie profunda danifica a polpa do dente, esta pode infeccionar e até sofrer uma necrose (morte do tecido orgânico). Assim, esse problema chega até mesmo à raiz do dente. Nesses casos, o profissional especializado — dentista ou endodontista — realiza o tratamento de canal.

A polpa dentária é um tecido mole, interno, repleto de nervos e vasos sanguíneos, que se estende até a raiz do dente e se conecta com o resto do organismo. Quando ela está inflamada de maneira irreversível, precisa ser removida, para que cesse a infecção.

O principal objetivo desse tipo de tratamento, portanto, é remover a polpa doente (que pode causar dores, inchar e até lesionar os ossos maxilares) ao mesmo tempo em que mantém o elemento dental. Essa é, portanto uma abordagem simultaneamente curativa e preventiva.

Quando procurar um dentista para fazer canal de dente?

Um sintoma bastante comum que pode ser indício de que o canal do dente está comprometido é a dor de dente. Além disso, a hipersensibilidade dentária e o inchaço na gengiva são sinais frequentes.

Em relação à dor de dente, o incômodo é moderado ou grave, variando de intensidade durante o dia ou sendo agravado ao morder. Além das dores, outros fatores indicam a necessidade de procurar um dentista, como:

  • febre;
  • inchaço;
  • presença de lesão no osso;
  • cárie profunda;
  • trauma nos dentes;
  • abscesso na gengiva;
  • alteração na cor do dente.

É importante ressaltar que nem sempre a dor no dente indica a necessidade de realizar o tratamento de canal. Somente um dentista poderá diagnosticar a doença ou lesão.

Qual deve ser a situação do dente para fazer o canal?

Qualquer alteração que possa ser percebida nos dentes, como a formação de uma cavidade ou a mudança de cor, serve de alerta para marcar uma consulta com um profissional especializado, que poderá avaliar e diagnosticar o problema. Outros sinais nos dentes devem ser levados em conta, como:

  • destruição do dente;
  • fratura no dente;
  • trauma dental, em que o dente fica escurecido em decorrência da morte das células da polpa;
  • degeneração da polpa;
  • aumento da sensibilidade nos dentes;
  • destruição da dentina e do esmalte, se estendendo até a polpa, que inflama ou é infectada por bactérias.

Como esse tratamento funciona?

Agora, vamos falar sobre como o tratamento é feito. Dessa forma, você poderá ir para a sua consulta com muito menos receio, o que garantirá que tudo aconteça de maneira tranquila.

Como mencionamos, durante o tratamento de canal, a polpa inflamada é removida. Depois, são realizadas a desinfecção e a obturação dos canais, selando os condutos. Essas etapas são fundamentais para garantir que a infecção seja interrompida e pare de se espalhar pelas estruturas da boca.

Em seguida, um preenchimento temporário é colocado até que o paciente receba uma restauração ou uma coroa, estruturas que se parecem muito com dentes naturais. É importante ressaltar que, após o tratamento endodôntico, é crucial a confecção da reabilitação protética, para que o dente não frature ou sofra uma nova infecção.

Quais são os passos do tratamento de canal?

Para que você entenda ainda mais sobre o procedimento e possa, enfim, ficar mais tranquilo sobre tudo que é feito no tratamento de canal, vamos conferir um passo a passo bastante simples e objetivo.

Para começar, é claro, temos a aplicação da anestesia. Ela é local e pode, em alguns casos, ser aplicada em mais de um local, para garantir que o paciente realmente não sinta nenhuma dor ou desconforto. Uma leve pressão é comum durante esses procedimentos, mas ela não chega a incomodar.

Depois, é feita a abertura da coroa, ou seja, da parte superior do dente (aquela que escovamos diariamente). Esse passo é realizado com o auxílio de uma pequena broca, a ferramenta que faz os barulhinhos já tão conhecidos pelos pacientes.

Depois, a polpa do dente é devidamente removida, e a limpeza de dentro do dente começa. É feito um tipo de raspagem, para garantir que nenhum foco de infecção será deixado para trás.

Por fim, o dente é “fechado”. Essa etapa pode ser feita ou não no mesmo dia em que as anteriores, e normalmente se usa um material temporário, que deve ser substituído por uma coroa específica.

Quais são os principais mitos e verdades sobre o tratamento de canal?

Bom, agora que você já sabe o que é o tratamento de canal e como ele funciona, é muito provável que várias dúvidas tenham surgido em sua mente. Muitas delas, inclusive, fazem parte do senso comum e são passadas de pessoa para pessoa por meio das conversas.

E como o tratamento é bastante temido, mas muito importante para a saúde, precisamos falar mais sobre ele. Assim, é possível afastar os receios e realizar um tratamento adequado nos casos necessários.

Para ajudar nessa conversa, separamos, abaixo, os mitos e verdades mais ouvidos sobre o assunto.

1. Tratamento de canal causa dor?

Mito. A dor não é causada pelo tratamento de canal. O que pode incomodar, e muito, é a inflamação da polpa que não foi tratada. Atualmente, os dentistas aplicam uma anestesia local, adormecendo o nervo, e utilizam tecnologias que tornam o acesso aos canais muito mais preciso, rápido e seguro.

Dessa forma, o tratamento ganha agilidade e conforto, além de ser praticamente indolor, na maioria dos casos. O importante é sempre ser bem sincero com o profissional responsável, para que ele possa minimizar o máximo possível do desconforto do procedimento.

2. O canal de dente pode enfraquecer o dente tratado?

Mito. A polpa dentária é um tecido mole que apresenta vasos sanguíneos e nervos, sendo de pouca resistência física. Então, na verdade, o que provoca o enfraquecimento do dente é a perda da estrutura dental, que está comprometida.

Assim, é um dente que se torna mais desgastado do que íntegro. Para resumir, é a situação clínica que deixa o dente mais enfraquecido, e não o tratamento de canal por si só.

3. O tratamento de canal só é indicado quando o dente dói?

Mito. Apesar de a inflamação na polpa normalmente causar dor, é possível que esse sintoma não apareça. Às vezes, mesmo sem dor, o dente apresenta degeneração avançada ou uma estrutura debilitada, necessitando do tratamento.

Por isso, realizar consultas regulares com um dentista é fundamental para descobrir se você precisa ou não fazer procedimento de canal. Além da higienização da boca, você receberá orientação sobre sua saúde bucal e ainda poderá descobrir algum tipo de lesão antes que os sintomas se manifestem — o que torna o processo de recuperação mais simples.

4. Tratar o canal mata a raiz do dente?

Verdade. De maneira genérica, tratar o canal significa remover os nervos de um dente que foram expostos a uma contaminação ou agressão. Quando isso acontece, qualquer tipo de irrigação sanguínea cessa, o que também elimina a dor — uma espécie de “morte” do canal.

Isso não significa, no entanto, que a região não tem mais função. Muito pelo contrário! A restauração colocada no lugar do dente tem o mesmo efeito estético da estrutura original, além, é claro, de ser capaz de realizar todas as funções mastigatórias.

5. Tratamento de canal pode escurecer o dente?

Nem sempre. Em alguns casos, devido à decomposição da polpa coronária ou por causa de uma hemorragia após sua remoção, algumas partes do dente podem escurecer. Esse tipo de consequência, no entanto, não é comum, devido às novas técnicas e ferramentas de obturação, que fazem com que as chances de as manchas surgirem diminuam significativamente.

Mesmo se ocorrer o escurecimento, porém, o paciente ainda pode recorrer a procedimentos que clareiam o dente. Há, inclusive, muitas opções para deixar os dentes mais brancos. Elas são bem simples e bastante eficientes!

6. O dente tratado nunca mais vai apresentar problemas?

Mito. O dente continua com sua estrutura e função, podendo ter cárie como os demais. O cuidado com esse dente, inclusive, deve ser redobrado. Como ele não tem mais o nervo, o paciente não sente dor se tiver cáries — o que só ocorre se o caso estiver avançado.

Portanto, os dentes que passaram por um tratamento de canal precisam do mesmo cuidado que os demais. Ou seja: faça escovação regular, use o fio dental e não abuse dos doces!

7. Não posso comer depois de fazer o tratamento de canal?

Mito. Após o tratamento, o paciente pode comer normalmente, desde que sejam alimentos líquidos e pastosos. Assim, para auxiliar nessa tarefa, é importante deixar de lado algumas comidas por um tempo, seguindo a recomendação do dentista.

Enquanto o dente não for restaurado ou não for confeccionada uma prótese fixa, a pessoa precisa evitar guloseimas e alimentos duros, o que reduz o risco de fraturas. Desse modo, quando o dente estiver totalmente reparado, o indivíduo pode retomar a sua alimentação normalmente.

Quais são as boas práticas para quem vai passar pelo procedimento dentário?

Para quem já passou ou vai passar pelo canal de dente, é fundamental tomar alguns cuidados para evitar traumas dentários e para que não se desenvolva uma infecção ou inflamação na polpa. Por exemplo:

  • mantenha uma alimentação balanceada e saudável e evite alimentos ácidos;
  • utilize uma proteção na prática de atividades ou esportes que causem impactos nos dentes;
  • passe o fio dental, no mínimo, uma vez ao dia;
  • use uma escova com cerdas macias, para evitar o excesso de atrito no esmalte, que pode provocar o seu enfraquecimento;
  • opte por uma pasta de dente rica em flúor;
  • escove os dentes, pelo menos, três vezes ao dia.

E aí, ficou mais tranquilo em relação ao canal de dente? Apesar de invasivo, esse é, atualmente, um procedimento considerado de rotina. Portanto, é feito com o auxílio de toda a tecnologia odontológica avançada, o que proporciona um tratamento seguro, rápido e bastante confortável. Não deixe de tirar as suas dúvidas com o profissional da sua confiança!

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Quando faz canal no dente pode beber cerveja?

Muitos perguntam: “Fiz um canal hoje, posso malhar, trabalhar ou consumir bebida alcoólica?”. Essas são perguntas recorrentes sobre os cuidados pós tratamento. E a resposta é a melhor possível: Sim, você pode fazer tudo isso normalmente.

Pode beber durante tratamento de canal?

Não há problema em tomar álcool antes do tratamento de canal. Mas caso o dentista tenha passado um antibiótico, não é recomendado pois o efeito do medicamento é cortado.

O que não pode fazer depois que faz canal?

Não mastigue alimentos duros na região em que foi feito o tratamento de canal dentário, sobretudo nas primeiras semanas após o tratamento. Deixe o dente tratado em repouso, porque é muito importante para evitar fraturas ou mesmo não expor as restaurações provisórias que são utilizadas em alguns casos.

Quantos dias de repouso após Fazer canal?

Não existe nenhuma restrição após o tratamento de canal. Apenas pode acontecer de o dente ficar alguns dias sensível, o que é perfeitamente controlado com analgésicos e anti-inflamatórios.